«A Quaresma e o Amor»
27 DE FEVEREIRO- 2011
3º DOMINGO DO TRIODION
JUIZO FINAL
Condaquion do dia: Quando vieres em glória sobre a terra, ó Deus,
toda a Criação tremerá e um rio de fogo fluirá diante do tribunal;
os livros serão abertos e os segredos dos corações serão descobertos,
então, ó Justo Juiz, livra-me do fogo que não se apaga
e torna-me digno de ser colocado à vossa direita.
toda a Criação tremerá e um rio de fogo fluirá diante do tribunal;
os livros serão abertos e os segredos dos corações serão descobertos,
então, ó Justo Juiz, livra-me do fogo que não se apaga
e torna-me digno de ser colocado à vossa direita.
«Em verdade vos digo:
tudo o que fizeste a um destes meus pequeninos
a Mim o fizeste»
tudo o que fizeste a um destes meus pequeninos
a Mim o fizeste»
Neste Terceiro Domingo do Triódion, nossa Igreja comemora o Dia do Juízo, ou seja, a Segunda Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Comemorar é fazer presente na Igreja o evento que se recorda. A leitura do Evangelho de hoje nos recorda o Dia do Juízo Final e põe ênfase na medida pela qual seremos julgados. Na maioria dos ícones do Juízo Final, vemos sobre a mesa uma balança que pesará nossas obras, junto à Bíblia Sagrada. Hoje a Igreja abre as Escrituras Sagradas para ler esta passagem do Último Juízo. E o que escutamos está claro: seremos julgados segundo a medida de nossa misericórdia, isto é, de nosso amor.
A palavra amor é, muitas vezes, manipulada ou mal entendida. A passagem bíblica destaca as palavras de Nosso Senhor Jesus quando diz: "Tudo quanto fizestes a um destes pequeninos..." A palavra amor, não tem um significado abstrato, mas de ação concreta. As palavras da Sagrada Escritura nos separam entre ovelhas e cabritos segundo nossas obras de amor. A medida é, pois, fazer ou não fazer as obras de amor.
A palavra amor é, muitas vezes, manipulada ou mal entendida. A passagem bíblica destaca as palavras de Nosso Senhor Jesus quando diz: "Tudo quanto fizestes a um destes pequeninos..." A palavra amor, não tem um significado abstrato, mas de ação concreta. As palavras da Sagrada Escritura nos separam entre ovelhas e cabritos segundo nossas obras de amor. A medida é, pois, fazer ou não fazer as obras de amor.
É um erro comum limitar o amor ao afeto, tão somente, à emoção ou, muitas vezes até, a muito menos do que isso, à palavras e opiniões. Este último tipo de «amor» é muito comum nos dias atuais, está em todas as partes e é muito barato. A obra de amor, no entanto, está livre de tudo isto. Podemos até ter sentimentos de ódio para com alguma pessoa, porém, se agimos com ela com delicadeza e amor, acabamos por transformar nosso ódio. Por outro lado, podemos ter em nosso interior o mais delicado sentimento para com alguém, até sentir-nos emocionalmente dependentes desta pessoa e, ainda assim, não lhe oferecer nenhuma obra de amor.
Na passagem do Evangelho de hoje, tanto as ovelhas como os cabritos escutaram as mesmas palavras do Senhor e passaram pelas mesmas situações existenciais: pobreza, cárcere, fome, sede etc.. O raro é que ambos os grupos se dirigem a Deus com as mesmas palavras: «Oh, Senhor ...». O que distingue um grupo do outro, no entanto, é o que fizeram ou deixaram de fazer, se cuidaram ou não de seus irmãos. De fato, o Evangelho quer dizer com «amor» as «obras do amor», posto que não podemos amar a Deus se não servimos os irmãos, sobretudo os mais necessitados. Ofereça a Deus uma obra de amor! Deus, que está nos céus não necessita de nada! Manifestamos nosso amor verdadeiro na medida em que oferecemos nossas obras de amor por Ele. Deus acolhe nosso amor se nos colocamos à serviço daqueles que Ele ama e por quem morreu e ressuscitou, ou seja, os nossos irmãos. Por isso, disse São João, o Apóstolo e Evangelista: «Quem diz que ama a Deus e não ama (serve) o seu irmão é um mentiroso».
São muitas as perguntas que o Evangelho de hoje nos põe e, a realidade da vida as repete constantemente. A resposta é sempre a mesma: vivemos para as obras de amor ou fechados em nós mesmos a fazer as obras do egoísmo?
Na obra «Cem Ditos Sobre o Amor» de São Máximo, o Confessor, seremos surpreendidos ao ver que ele define o amor como o estado de não-paixão. A paixão destrói o amor. As paixões são o amor-próprio, amor por si mesmo, a auto-satisfação dos interesses e desejos próprios etc. Tudo isto nos impede de fazer as obras do amor e nos encaminha para junto dos «cabritos».
Vemos assim como a Quaresma vai de mão com as obras de misericórdia, as quais se manifestam de diferentes formas. Foi instituída para que possamos aprender a amar; é instrumento que nutre em nós o sentimento de sacrifício e reconhecimento do direito do outro, acolhimento de sua existência no amor. O objetivo da Quaresma é nos fazer ver os demais com nossos próprios olhos, não ignorando sua maravilhosa presença; é o retorno ao paraíso real. O homem egoísta define o paraíso em base a seus interesses egoístas. A Quaresma, no entanto, nos leva a reconhecer que o serviço aos irmãos é a vida do verdadeiro paraíso.
Nesta Quaresma, deixemos para trás todos os nossos maus desejos, abstendo-nos dos interesses que nos levam à perdição e aprendendo as obras do amor, libertando-nos assim da tirania das paixões e dos desejos.
Que esta Quaresma nos conduza ao verdadeiro Amor e nos ensine as «obras do Amor»! Amém.
Sermões do Arcebispo Paulo Yazigi, Metropolita de Alepo - Síria
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