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sábado, 19 de fevereiro de 2011

20 DE FEVEREIRO-SEGUNDO DOMINGO DO TRIODION
9° ANTES DA PÁSCOA.

 

Na parábola do Filho Pródigo, o Senhor revela, de maneira forte e eloqüente, o perdão e a misericórdia de Deus, contextualizando personagens tão próximos em uma situação fácil de ser compreendida; por isso esta parábola é uma das mais conhecidas e meditadas pelos cristãos. Com muita freqüência é o texto mais lido no tempo da Grande Quaresma da Igreja.
A parábola mostra a imensa misericórdia de Deus para com o homem pecador, mas também as disposições do pecador para encontrar a misericórdia. Deus é misericórdia, mas não invade a liberdade de seus filhos.
A misericórdia Divina é diferente da do homem.
«Os homens exercem a misericórdia na medida que podem. Em troca recebem-na de Deus de maneira copiosa. Pois não há comparação entre a misericórdia humana e divina. Entre elas há uma grande distância.» (S.João Crisóstomo)
Jesus dá inicio a uma reveladora face do Pai que está pronto a perdoar. João Batista, preparava o povo insistindo que houvesse o arrependimento e a conversão, pois haveria um terrível juízo sobre a terra. No entanto, Jesus veio «não para condenar o mundo, mas para salvá-lo» e «veio não para os justos mas para os pecadores.» (Jo 12,47)
Os destinatários desta misericórdia são os pobres, os estrangeiros, os miseráveis e os repudiados pela sociedade, aqueles que eram tidos como os mais pecadores entre os filhos de Israel. Para Jesus, o filho pródigo está sempre sendo esperado para ser acolhido. Deus espera-nos como o pai da parábola, estendendo para nós os braços. Mas é necessário que lhe abramos o coração, que tenhamos saudades do lar paterno, que nos maravilhemos e nos alegremos perante o dom que nos fez seus filhos. É preciso que nos deixemos, aconchegar pelo abraço misericordioso do Pai.
«Não podemos conhecer a Deus segundo sua grandeza, mas podemos conhece-Lo segundo seu amor e sua misericórdia. O amor é identificado pela gratuita filiação e a misericórdia revela-se pelo ininterrupto perdão que nos é oferecido a cada queda.» Santo Irineu.
A vida humana é um constante voltar à casa do nosso Pai, pois somos pecadores e necessitamos deste retorno. «Levantar-me-ei e irei ter com meu pai... E lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.» (Lc 15,18)
Quando tomamos a decisão de retornar a casa do Pai, movidos pelo arrependimento, damos o primeiro passo para alcançar o perdão que nos é oferecido. A certeza deste perdão, só a teremos quando já estivermos dentro dos limites territoriais da casa. O perdão sacramental, que é a certeza absoluta do perdão divino, é dado quando já estivermos com nossos pés em solo familiar, isto é, na comunidade eclesial.

«Senhor misericordioso,
recebei a confissão do vosso servo
e não leveis em consideração os seus pecados,
mas o arrependimento e a contrição de seu coração
absolvei suas culpas e apagai suas iniqüidades,
pois, Vós dissestes, ó Senhor:
«não desejo a morte do pecador,
mas que se converta e viva»;
e, também: que os pecados devem ser perdoados
até setenta vezes sete.
Vós, de majestade incomparável e misericórdia infinita,
se vos fixares em cada transgressão à vossa Lei,
quem poderia subsistir?
Pois, Vós sois o Deus dos que se arrependem
e nós vos glorificamos, Pai , Filho e Espírito Santo,
agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém.»
(Oração do rito bizantino da Penitência).
A revelação que Jesus nos trouxe, mostrando um Pai que perdoa, tem sua continuidade na Igreja, através do sacramento da Reconciliação. «Tudo quanto ligares na terra será ligado no céu.»
O perdão divino continua a ser exercido na Igreja por iniciativa e vontade de Deus e pelo poder que lhe deu o próprio Cristo.
«A Igreja, corpo místico do Ressuscitado, abraça todos os filhos pródigos que voltam à casa paterna, oferecendo-lhes a roupa nova da reconciliação, o anel da filiação e a dignidade de sentar-se à mesa do Cordeiro.» (S. Agostinho de Hipona)
Participando das riquezas da casa paterna, mas desejando uma completa independência, o mais novo dos filhos achou melhor dirigir sua própria vida, apossando-se do dinheiro que lhe pertencia, gastando com festas, amizades e alegrias vãs. O pecado do filho mais novo, não foi sair de casa, nem tomar a herança que legalmente era sua. O erro consistiu em gastar a sua herança, desfrutando de prazeres mundanos, desprezando sua família, pois achava que ela não tinha mais nada a lhe oferecer. Ele queria ser seu próprio senhor e se transformou em escravo. Ele desejava a liberdade e se transformou em prisioneiro das paixões mundanas. Quando o homem se deixa iludir pelas tentações, toma decisões equivocadas, pois seu coração se enche de orgulho e vaidade.
A permanência do filho mais velho na casa de seu pai, no entanto, não lhe dava garantia de que seu coração fosse bom. Não bastou permanecer na casa do Pai para ser digno de participar do Banquete; era preciso saber perdoar. Não bastou nada ter feito de reprovável; era necessário esperar e desejar a volta daqueles que se afastaram. A Igreja não é a Comunidade daqueles que não erram, dos que não caem. Ela é a casa dos pecadores que se reconciliam com o Pai. È a casa daqueles que sentem imensa alegria em acolher os que retornam à convivência dos irmãos.
«Alegrai-vos comigo, pois teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado.» (Lc 15,32)
A alegria é uma característica do cristão, uma vez que nossa fé está alicerçada na Ressurreição de Jesus. Esta alegria é sinônimo de júbilo quando vemos que um irmão se reconcilia com o outro e quando nos reconciliamos com Deus, através do sincero arrependimento, pela sacramento da Confissão.
Sabemos o quanto este Sacramento, nos dias atuais, não é devidamente procurado por nós cristãos. A Igreja Bizantina empenha-se, principalmente neste tempo de preparação para a Páscoa, em proclamar o valor e a eficácia do sacramento da Reconciliação na vida dos fiéis. "É um verdadeiro tesouro da Igreja", diz-nos São João Damasceno. Tesouro este que deve ser redescoberto.
O segundo domingo do «Triodion Quaresmal» nos relembra a face misericordiosa de Deus e da necessidade de nosso arrependimento para que possamos ser merecedores desta Divina Misericórdia. Que saibamos, então, «trilhar os caminhos que nos levarão a alegria que nos reconciliar com Deus, por meio de orações e súplicas, pois Ele já está a caminho com seus braços abertos para nos acolher em seu divino coração.» (Santo Atanásio)

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