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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A GRANDE QUARESMA NO RITO BIZANTINO


Para nós católicos de Rito Bizantino na segunda-feira que segue o domingo da abstinência de laticínios, antes da Quarta-feira de Cinzas, é o primeiro dia da Grande Quaresma propriamente dita. São quarenta dias que nos preparam para o tempo da Paixão e da Páscoa. Há elementos intensamente pertinentes que devem necessariamente ser considerados para de fato caracterizar a Quaresma: o primeiro dessas características é o jejum. Não se pode ignorar ou tratar superficialmente essa questão do jejum alimentar. Os Padres da Igreja e a consciência coletiva dos fiéis discerniram perfeitamente o valor espiritual, o valor da fé penitencial e purificadora da abstenção de certos alimentos. Basta lembrar que a desordem estabelecida pelo pecado dos primeiros pais (Adão e Eva) foi estabelecida pela desobediência ao comerem do fruto da árvore plantada por Deus no centro do Édem. Afastados de Deus o homem e mulher mesmo dos nossos dias por trazerem a maldita herança do pecado das origens; não se satisfazem. Nunca estão satisfeitos, plenos; o que só a graça de Deus pode fazer. Já disse Jesus: “Sem mim vocês não podem nada”. Daí que derivam toda espécie vícios e desequilíbrios com necessidade de suprimento: bebida, cigarro, drogas em geral, palavras excessivas, gritaria, prostituição... No entanto, seria um grande erro fazer consistir o jejum da Quaresma exclusivamente na observância dessa abstenção. O jejum do corpo deve ser acompanhado por outros jejuns. A disciplina da Igreja nos primeiros séculos prescrevia, durante a Grande Quaresma, a continência conjugal; ela interditava a participação em festas e a assistência a espetáculos. No Rito Bizantino não fazemos Casamentos e Batizados na Grande Quaresma exatamente para não induzir os fiéis a uma atitude de dispersão neste tempo de recolhimento e penitência (conheço paróquias por aí que se facilitar faz festa até na Sexta-feira da Paixão). Essa disciplina pode ter se enfraquecido e não se apresentar aos fiéis, hoje, com o mesmo rigor que no tempo dos Padres da Igreja. Ela permanece, no entanto, como uma indicação precisa do espírito, da intenção da Igreja. Essa intenção é, certamente, que nós exercitemos, durante a Quaresma, um controle mais estrito de nossos pensamentos, de nossas palavras, de nosso atos, e que concentremos nossa atenção sobre a Pessoa e sobre as exigências do Salvador. (apesar de que boa intenção por si não salva ninguém como dizia uma grande filósofa do século passado; minha avó:“de gente com boas intenções o inferno está cheio!”). O tempo da Grande Quaresma não pode ficar restrito apenas a um tempo no calendário, na mente das pessoas.
É preciso que a Igreja de modo geral em qualquer rito e seus fiéis possam dar sinais visíveis de estarem num determinado tempo litúrgico. A esmola é também uma forma de observância da Quaresma muito recomendada pelos Santos Padres. Embora hoje esta pratica deve ser feita acompanhada de certos critérios. Dar dinheiro na porta pode ser uma forma de incentivar a vadiagem, há muitas obras sérias comprometidas com verdadeiros trabalhos de ajuda médica, social...estas merecem atenção. O jejum agradável a Deus é um “todo”, portanto não deve ser dividido entre os aspectos interiores e exteriores, mas os primeiros são os mais relevantes. Quanto aos ritos das  a Liturgia celebrada nos domingos da Grande Quaresma, não é a Liturgia habitual de São João Crisóstomo, mas a Liturgia de São Basílio, Arcebispo de Cesaréia no século IV. Essa Liturgia tem orações mais longas que aquelas da de São João Crisóstomo. Nas quartas e sextas-feiras, durante a Grande Quaresma, celebra-se a Liturgia ditas dos Pré-Santificados, isto é, dos Santos Dons consagrados na Divina Liturgia do Domingo anterior. Não é uma Liturgia Eucarística, pois ela não comporta a consagração. É um serviço de Comunhão, no curso do qual o padre e fiéis comungam Dons Eucarísticos que foram consagrados em Liturgia Eucarística anterior. A Liturgia dos Pré-Santificados acrescenta-se ao ofício de Vésperas. É por isso que ela deve ser celebrada à noite.( Aqui nós fazemos na penumbra com velas nas mãos). Ela contém certos Salmos, Leituras das Escrituras e orações tiradas da Liturgia de São João Crisóstomo. Essa última é celebrada a cada sábado de manhã.

Na segunda-feira, terça-feira, quarta-feira e quinta-feira da I Semana da Grande Quaresma, na Grande Completas, lê-se o Grande Canôn de Santo André de Creta (dividido em quatro partes). E na quinta-feira da V Semana da Quaresma, em Orthos, lê-se todo o Canôn. É uma composição enorme, compreendendo 250 estrofes. Esses poemas são divididos em 9 séries de Odes. Elas exprimem a aspiração da alma culpada e penitente. Eles opõe a bondade e misericórdia de Deus à fragilidade do homem.
Nos dias da Grande Quaresma nosso olhar se volta reverente para  a Virgem da Paixão.
Mencionemos enfim - e, talvez, sobretudo - a admirável oração atribuída a Santo Efrém. Recitamos esta oração várias vezes ao dia. Nela não se encontra poesia nem retórica como nas orações que acabamos de mencionar. Estamos agora diante de um puro impulso da alma, curto, sóbrio e caloroso. Ela é repetida na maior parte dos ofícios de Quaresma.
É uma oração bem conhecida pelos fiéis.Senhor e Mestre de minha vida,
Afastai de mim o espírito de preguiça.
O espírito de dissipação,
de domínio e vã loquacidade.
Concedei ao vosso servo um espírito de
temperança, de humildade, de paciência e de caridade.
Sim, Senhor e Rei
Concedei-me que veja as minhas faltas e que
não julgue a meu irmão,

pois só Vós sois Bendito pelos séculos dos séculos. Amém!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


TRI-ODES
Neste domingo dia 20 de janeiro de 2013 segundo o Rito Bizantino, começa o período de dez semanas que antecede e prepara-se para a Páscoa . Na tradição bizantina, este período é chamado de Triodion  três odes bíblicas são cantadas no Ofício das Matinas:  e inclui as pré-Quaresma e jejuns da Quaresma. Na pré-Quaresma os primeiros dois domingos são nomeados pelo Evangelho que é lido durante a Divina Liturgia: domingo do publicano e o fariseu:

O Senhor disse esta parábola: " Dois homens subiram ao templo para orar: um, fariseu, e o outro publicano. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo, Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo. O publicano, estando longe, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador. Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, em vez de a todos, outro que se exalta será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” . E o Domingo do Filho Pródigo:

Ele disse: " Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo reuniu todos os seus pertences e partiu para um país distante e lá desperdiçou os seus bens, vivendo soltos. Quando tinha gasto tudo, houve uma grande fome nesse país e ele começou a passar necessidade. Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. Ele ficaria feliz em ter alimentado com a comida que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. Então ele voltou a si e disse: Quantos contratado servos de meu pai têm pão suficiente e eu morro de fome! Vou me levantar e ir para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti não são mais digno de ser chamado teu filho. Trate-me como um dos teus jornaleiros. E ele levantou-se e foi para seu pai. Enquanto ele ainda estava longe, seu pai o viu e teve compaixão e, correndo e caiu sobre seu pescoço e o beijou. O filho disse-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti não são mais digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha, colocar um anel no dedo e sandálias nos pés. Tragam o novilho gordo e matai-o, comer e fazer feliz, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado '. E eles começaram a comemorar. O filho mais velho estava no campo no caminho de volta, quando ele se aproximou da casa, ouviu a música e dança chamado um servo e perguntou o que era aquilo. O servo lhe disse: O teu irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo, porque o recebeu de volta são e salvo. Ele ficou furioso e recusou-se a ir. Seu pai saiu e insistiu com ele. Mas ele respondeu ao pai: Eis que te serviu por muitos anos e eu nunca desobedeceu a seu comando, e você não fez alguma vez um garoto para festejar com os meus amigos. Mas agora que esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com as prostitutas, mataste-lhe o bezerro cevado. Ele disse-lhe: arte Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu, mas nós tínhamos que celebrar e se alegrar, porque este teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado ".

 No sábado após o Domingo do Filho Pródigo é dedicado à comemoração dos mortos.
O terceiro domingo é chamado a julgamento, ou Carnaval, com a passagem do Evangelho de Mateus que fala do juízo final,  inicia neste dia a abstenção de carne.
 “Quando o Filho do Homem vier na sua glória, com todos os seus anjos, ele se sentará no seu trono glorioso. Serão reunidas diante dele todas as nações, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, recebei em herança o reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois eu estava com fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, um peregrino e recolhestes-me, nu e me vestistes, doente e me visitastes, na prisão e fostes ver-me. Então os justos lhe perguntarão: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e nós alimentamos, ou com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te fazer bem-vindos, sem roupa e te vestimos? E quando foi que te vimos doente ou na prisão e ir visitá-lo? Em resposta, o rei dizer-lhes: Em verdade vos digo que, como você fez isso a um destes meus pequeninos irmãos, você fez isso comigo. Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Pois eu estava com fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, um peregrino e recolhestes-me, nu e me vestistes, doente e na prisão e me visitastes. Então eles também responderão: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Em seguida, ele vai responder: Em verdade  vos digo que você fez isso a um destes meus pequeninos irmãos, você não fez isso para mim. E eles irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna. "
 No próximo domingo, do leite, começa a abster-se de produtos lácteos e ovos, e na segunda-feira seguinte começa o primeiro dia de jejum da Quaresma. Em algumas Igrejas de tradição bizantina este domingo é também conhecido como Domingo do Perdão, há que se dizer que de modo particular nossa Igreja Greco Melquita Católica não o tem; porém já faz uns bons anos que introduzi este gesto em nossa Comunidade Paroquial São Jorge aqui em Juiz de Fora-MG. Neste dia o padre pede perdão de modo público e solene para a comunidade e os fiéis entre si. Depois todos se abraçam. Grandes tem sido os testemunhos de reconciliação.
Durante a Grande Quaresma cada semana inicia com um evento diferente para a trabalhar melhor nossa dinâmica quaresmal. (Terá uma postagem própria)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

 
 
 


Os primeiros cristãos


Considerados os descendentes diretos dos apóstolos, melquitas celebram o Natal com tradições milenares

Publicado no Jornal O GLOBO

22 de dezembro 2012

Por DANIELA KRESCH

 

MI’ILYA, Israel - “Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso”. A passagem do Evangelho de Mateus (11:28) mudou a vida do técnico de enfermagem Osama Layous, de 43 anos, morador do vilarejo árabe cristão de Mi’ilya, na Galileia (Norte de Israel). No dia 13 de maio de 1996, ele internou sua mulher, Rawia, num hospital local para uma cirurgia de emergência. Nervoso, abriu uma Bíblia que encontrou na sala de espera e se deparou com o versículo acima. “Um sinal de Deus”, pensou. Entre preces e promessas, viu Rawia melhorar nos meses seguintes. Nada menos, para ele, do que um milagre.

Sentado entre quadros com ícones de santos, guirlandas, luzes e enfeites natalinos, Osama conta como esses acontecimentos há 16 anos levaram toda sua família a abraçar com força a fé católica tradicional de Mi’ilya, uma aldeia de 3.100 habitantes, todos cristãos — raridade no Estado Judeu, onde os cristãos são apenas 4% da população, e em todo o Oriente Médio, onde o percentual não chega a 2%. Ninguém da família Layous perde as procissões, missas e festividades da cidade, reduto da Igreja Greco-Católica Melquita, o rito católico mais antigo do mundo e a maior comunidade cristã, atualmente, na bíblica Galileia, berço de Jesus.

— Tudo começou aqui, por aqui passaram os apóstolos e os primeiros cristãos. Somos os descendentes diretos deles — diz o devoto Osama.

 Tradições milenares antes da ceia mediterrânea

Às vésperas do Natal na Terra Santa, onde a tradicional Igreja Católica Romana convive com 14 dos 22 ritos católicos orientais existentes no mundo, os melquitas de Mi’ilya saem às ruas para mostrar suas tradições milenares, abrindo as portas de suas casas a judeus, muçulmanos e adeptos de outras crenças. Além de missas, procissões, apresentações de corais sacros e quermesses, no dia 24 de dezembro dezenas de moradores da cidade se fantasiam de Papai Noel, adaptando uma tradição ocidental, e distribuem presentes às crianças antes da ceia natalina. No cardápio, quitutes mediterrâneos como abobrinha recheada com arroz e canela, tabule e charutos de folha de uva.

— Nossa comida vem da época de Cristo. São alimentos servidos a mulheres que acabaram de dar à luz, numa homenagem à Virgem Maria — explica o padre Nadim Shakur, um dos principais líderes comunitários.

Os moradores de Mi’ilya têm realmente muito para celebrar. A cidade é uma das mais ricas entre a minoria árabe de Israel, e um em cada quatro adultos tem diploma universitário. Mas a maior vitória é a comunidade ter sobrevivido a dois milênios de perseguições, rixas, conquistas, assimilação cultural e ao moderno conflito entre israelenses e palestinos.

A atual cidade recebeu os primeiros melquitas oriundos da Síria e do Líbano por volta de 1760 e eles mantiveram as tradições a duras penas. Em 1922, Mi’ilya só contava com 442 habitantes, nem todos cristãos. Hoje, são mais de três mil, todos católicos e dedicados à manutenção da comunidade.

 Igreja pequena para o número de fiéis

O lento mas constante aumento populacional faz com que a única Igreja de Mi’ilya, construída em 1846, com arquitetura bizantina e restaurada em 2006, não possa abrigar todos os fiéis. Dentro dela, só cabem 350 pessoas e muitos ficam de fora em dias importantes, como o Natal. Por causa disso, a prefeitura da cidade está em campanha para arrecadar US$ 6 milhões para construir uma nova igreja, maior e mais moderna.

— No ano que vem, já marcamos viagem para vários países para arrecadar contribuições. Vamos aos Estados Unidos, ao Canadá e também ao Brasil — avisa Eiliya Arraf, líder do conselho municipal, uma espécie de prefeito.

Mi’ilya, que fica a apenas 10km da fronteira de Israel com o Líbano, foi habitada desde 2000 a.C. por israelitas, babilônios, gregos, romanos, bizantinos, cruzados, mamelucos e otomanos, entre outros. Por volta de 1000 a.C., chamava-se Aloth, cidade-natal de um dos principais assessores do Rei Salomão. Foi destruída e reconstruída diversas vezes, até se tornar ponto de passagem obrigatório de cristãos que peregrinavam até Jerusalém, no período das Cruzadas. Foi na cidade, em 1160, que o Rei Balduíno III construiu uma ampla fortaleza chamada de “Castelo do Rei”, que acabou caindo nas mãos do rei árabe Saladino em 1187.

— Estamos numa terra atraente, a Terra Santa, todos querem passar por aqui — conta o historiador Shukri Arraf, especialista em Oriente Médio da Universidade Hebraica de Jerusalém e natural de Mi’ilya.

— A Igreja Melquita tem origem na Antioquia, atual Antaquia, na Turquia, uma cidade que desempenhou um importante papel na História do Cristianismo. Foi lá que a palavra “cristão” foi usada pela primeira vez para designar seguidores de Jesus. E também foi lá que São Pedro, o primeiro Papa, fez seus primeiros sermões em busca de seguidores — explica o historiador.

Hoje, os melquitas são uma igreja sui juris (autônoma) com hierarquia, sacerdotes e bispos próprios, mesmo estando em comunhão com o Vaticano. Seu líder responde pela longa designação de “Patriarca de Antioquia e Todo o Oriente, Jerusalém e Alexandria, Décimo-Terceiro Apóstolo e Sucessor de Pedro”. Na Terra Santa, estão dividos em três dioceses: a de Jerusalém, com 3 mil fiéis espalhados pela Cidade Sagrada e arredores (Belém e Ramallah, entre outras); a de São João de Acre, com 73 mil fiéis na Galileia e arredores (incluindo Mi’ilya, Acre, Haifa e Nazaré); e a de Petra, com 32 mil fiéis, com jurisdição sobre a Jordânia.

Pouco conhecidos pelos católicos ocidentais, os ritos melquitas incorporam elementos gregos, latinos e orientais. A missa, chamada Divina Liturgia, é em árabe, grego e hebraico com cânticos à capela. Mas a maior diferença em relação ao catolicismo romano é o fato de que os padres melquitas podem se casar antes de serem ordenados. Uma vez padre não pode casar, ainda que fique viuvo.

 Fiéis ao cristianismo no mundo árabe

A palavra melquita vem de “melek”, ou “rei” em árabe. Era o apelido jocoso dos cristãos que, na época do Concílio da Calcedônia, no ano 451, apoiaram a visão defendida pelo Imperador Marciano de Bizâncio de que Jesus seria ao mesmo tempo divino e humano. Com a conquista islâmica do Mediterrâneo, no século VII, os melquitas foram cruciais para a manutenção do cristianismo no mundo árabe, mesmo tendo incorporado elementos da cultura dos conquistadores em seus ritos. Em 1724, o Vaticano reconheceu pela primeira vez um patriarca melquita e abraçou a facção.

No interior das igrejas melquitas não há estátuas, mas ícones de santos, de profetas, da Virgem Maria e de Cristo pendurados nas paredes. Na igreja de Mi’ilya, chamam a atenção os retratos dourados com molduras de madeira de ícones ou passagens bíblicas enfileirados na entrada do Sancta Sanctorum, o local mais sagrado, onde fica o Altar sobre o qual repousa o Evangeliário e o Ortoforion (sacrário).

Atualmente, eles contam com 1,3 milhão de fiéis em 28 dioceses pelo mundo. As principais comunidades se encontram na Síria, no Líbano, no Egito, na Galileia (Israel) e na Cisjordânia (territórios palestinos). Mas há comunidades nos Estados Unidos, no Canadá, na Argentina, na Austrália, no México e também no Brasil. Em São Paulo, existe a eparquia (diocese, no rito oriental) da Nossa Senhora do Paraíso, fundada por imigrantes sírios e libaneses em 1941. Outras paróquias também funcionam em cidades como Rio, Fortaleza e Juiz de Fora. Mas há pouca ligação com os melquitas da Galileia.

— Espero conhecer melhor nossos irmãos brasileiros para fortalecer ainda mais nossos costumes milenares — deseja o prefeito Eiliya Arraf.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A todos nossos leitores e seguidores depois de alguns eventos e viagens retornamos e desejamos um "Ano inteiro de graça da parte do Senhor" 

Festa da Teofania(Batismo) de Deus nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
Ações do documento
06 de janeiro

Festa da Teofania (Epifania) de nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo é celebrada todos os anos no dia 06 de janeiro. A festa comemora o Batismo de Cristo e a revelação divina da Santíssima Trindade. No batismo de Cristo, todas as três Pessoas da Santíssima Trindade se manifestam; o Pai, Filho e Espírito Santo.. Assim, o nome da festa é Epifania, que significa manifestação, ou Teofania, que significa manifestação de Deus.
O MENINO E A PALAVRA- O VERBO DE DEUS SE FEZ CARNE

História Bíblica
A história bíblica do Batismo de Cristo está registrada em todos os quatro Evangelhos: Mateus 3, Marcos 1:1-9, Lucas 3:21-22 e João 1:31-34.João Batista, o primo de Jesus, é o escolhido por Deus para proclamar a sua vinda, estava pregando no deserto e batizava todos os que iam até ele respondendo ao seu apelo para o arrependimento. As Escrituras nos dizem que Jesus veio da Galiléia até João no Jordão para ser batizado por ele. Inicialmente, João não fazer isso, dizendo que Jesus é quem deveria batizá-lo. Jesus disse a João: "Que seja assim agora, pois é bom para nós, desta forma, cumprir toda a justiça (3:15). João consentiu e Jesus foi batizado. Quando Jesus saiu da água, o céu se abriu de repente, o Espírito Santo desceu sobre ele. O Evangelho diz que o Espírito Santo desceu como uma pomba e pousou sobre ele. Nisso veio uma voz do céu e disse: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo." Esta foi a voz de Deus Pai. O batismo de Cristo no Jordão era "teofania", uma manifestação de Deus para o mundo, porque era o início do ministério público de nosso Senhor. Foi também uma "teofania", em que ao mundo foi concedida uma revelação da Santíssima Trindade. Todas as três pessoas manifestaram juntas: o Pai testemunhou do alto a filiação divina de Jesus, o Filho recebeu o testemunho Pai, e o Espírito foi visto na forma de uma pomba, descendo do Pai e repousando sobre o Filho. O tema da "manifestação" ou "revelação" também é expressa na Escritura com o simbolismo da luz. No hino da Festa cantamos, "Cristo apareceu e iluminou o mundo." Assim, 06 de janeiro também é conhecida como a Festa das Luzes. A Igreja celebra neste dia a iluminação do mundo pela luz de Cristo.

Ícone da festa
O ícone da festa da Teofania conta a história dos Evangelhos em imagens e cores. No lado esquerdo do ícone vemos João Batista (1) que está vestido com pêlos de camelo e tem a aparência de alguém que vive no deserto. Seus braços estão abertos, mostrando uma atitude de oração e reverência, mas também apontando Cristo aos outros. Com a mão direita, ele está realizando o batismo.



No centro do ícone é o Cristo sendo batizado no rio Jordão. Ele está em pé na água usando um cinto, e com a mão direita Ele está abençoando as águas do Jordão. Acima de sua cabeça é o Espírito Santo descendo como uma pomba sobre ele (2). No topo do ícone, um semicírculo representa a abertura dos Céus e da voz do Pai.
No lado direito do ícone anjos são mostrados com suas cabeças inclinadas em reverência a Cristo .Eles estão preparados para recebê-Lo quando Ele sair da água.
A celebração da Festa da Epifania
A celebração desta festa de Nosso Senhor começa no dia 5 de janeiro, a Véspera da Teofania. Dependendo do dia da semana, poderia ser feito uma celebração com a Oração das Vésperas seguida pela Liturgia de São Basílio, ou um serviço de manhã com Matinas e da Liturgia de São João Crisóstomo. Após o serviço em 5 de janeiro, o Ofício da Bênção das Águas é realizado. No dia 6 de janeiro, o dia da festa, a Divina Liturgia de São João Crisóstomo é realizada precedida pelas Matinas e seguido pela segunda bênção das Águas. A Bênção das Águas é realizada na igreja, no entanto, em muitos lugares do mundo é realizada ás margens de um rio. Como um sinal de bênção, como Cristo batizado no Jordão, a água benta é derramada no curso do rio. Uma tradição tem sido associada ao arremesso de uma cruz na água para ser recuperada por mergulhadores.

Ícone do Santo Profeta a Precursor São João Batista
A água benta da igreja é dada aos fiéis para consumir e abençoar as suas casas. Nas semanas seguintes depois da festa, o clero visita as casas dos paroquianos e realiza uma bênção com a água benta que foi abençoada na Festa da Teofania. Leituras bíblicas para a festa são os seguintes: Nas Vésperas / Divina Liturgia em 5 de janeiro: 1 Coríntios 9:19-27 ; Lucas 3:1-18 . Na Divina Liturgia em 6 de janeiro: Tito 2:11-14, 3:4-7 ; Mateus 3:13-17 .

 Ícone da teofania do senhor, venerado em nosso iconóstase

RITO DA ConsagRAÇÃO DAS ÁGUAS



BATISMO DAS CRIAnÇAs na teofania do senhor

Hinos da Festa
Apolytikion: (Tom primeiro)
Senhor, quando fostes batizado no rio Jordão, a adoração da Trindade foi manifestada. Eis que voz do Pai prestou-vos testemunho, chamando-Vos Filho Bem Amado, e o Espírito, em forma de uma pomba, confirmou a verdade de Vossas palavras. Glória a Vós, ó Cristo, nosso Deus, que aparecestes e iluminastes o mundo inteiro.
Kondakion: (Tom Quarta)
Hoje Vós aparecestes para o mundo, e vossa luz, ó Senhor, deixou a sua marca em nós, com a compreensão mais completa cantamos para Vós: “Viestes, e vos manifestastes, ó luz inacessível".
Fontes
The Festal Menaion. Translated by Mother Mary (South Canaan, PA: St. Tikhon Seminary Press, 1969) pp. 55-59.
The Incarnate God: the feast of Jesus Christ and the Virgin Mary, Catherine Aslanoff, editor and Paul Meyendorff, translator (Crestwood, NY: St. Vladimir Seminary Press, 1995).
Festival Icons for the Christian Year by John Baggley (Crestwood, NY: St. Vladimir Seminary Press, 2000

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

CIRCUNCISÃO DO SENHOR, segundo a carne.
01 de janeiro de 2013
(Ícone da circuncisão do Senhor e São Basílio)
Segundo a carne”: Expressão muito comum nas citações segundo o rito bizantino para algumas festividades do Senhor; visto que sua natividade e circuncisão foi na carne, porque gerado desde toda eternidade, consubstancial ao Pai e ao Espírito Santo, Jesus é: Deus de Deus, gerado não criado. 
  Circuncisão = cisão em forma de círculo no prepúcio do pênis do recém nascido. 

 A circuncisão, no povo de Israel, consistia em um talhe de pele praticado em todo indivíduo masculino oito dias após o seu nascimento. O Senhor Deus houve por bem impô-lo a Abraão (séc. XVIII a. C.) e a seus descendentes como sinal da Aliança travada com este Patriarca (cf. Gên 17,9-14). Tal devia ser a importância desse rito na legislação de Israel que o varão incircunciso havia de ser considerado como prevaricador da Aliança.Consciente disto, o rei sírio Antioco IV Epifanes em 167-164 a.C., querendo desviar da religião revelada o povo de Israel, lhe proibiu a praxe da circuncisão (1 Mac 1, 51.63s; 2 Mac 6,10). Os judeus que então frequentavam os teatros e ginásios dos pagãos, eram objeto de escárnio público; para evitá-lo, não poucos apostataram da fé, cancelando, mediante operação adequada, o sinal da circuncisão existente em sua pele (cf. 1 Mac 1,15s).A respeito do modo de executa circuncisão, sabe-se que podia ser praticada mediante lâminas de pedra (cf. Ex 4,24-26; Jos 5,3); o seu ministro habitual era o pai da criança ao menos nos inícios da história de Israel (cf. Gn 17,12s; 21,4). No judaísmo posterior, ou seja, nos tempos de Cristo, havia um oficial especialmente designado para cumprir o rito, que obedecia ao seguinte cerimonial:A circuncisão se dava geralmente em uma sinagoga, na presença do um mínimo de dez testemunhas e geralmente de manhã. Dois assentos eram preparados no recinto sagrado: um para o padrinho do candidato, o outro para o profeta Elias, que os rabinos imaginavam estar presente, baseando-se em uma interpretação sutil do texto de Malaquias 3,1, combinado com 3 Rs 19,10. Fazia-se o talhe na criança em meio a louvores e preces dirigidas a Deus. A seguir, impunha-se o nome à criança, pois o Senhor deu novo nome à Abraão quando lhe prescreveu a circuncisão (cf. Gên 17,5): de então por diante, o menino passava a fazer parte do povo de Deus e devia ser reconhecido por seu apelativo característico. A cerimônia terminava com uma refeição em família. Quando a criança no seu oitavo dia de vida estava doente, esperava-se a cura para fazer a operação ritual. Caso morresse antes do oitavo dia, era circuncidada em seu lençol mortuário sobre o respectivo túmulo, a fim de que não ficasse privada do sinal distintivo da aliança com Deus.Alguns rabinos afirmavam que o varão, trazendo a marca da circuncisão, não poderia sofrer a ruína eterna após a morte; Abraão, um anjo ou o próprio ar Senhor cancelariam o sinal sagrado nos pecadores que se perdessem para sempre. Rabi Levi julgava que Abraão ficava à porta da geena (região dos réprobos) a fim de colocar em todo israelita culpado um prepúcio (segmento de pele íntegra) tirado de uma criança falecida sem circuncisão (Bereschith rabba 48 [30a. 49]). — Estas proposições, por muito fantasistas que sejam, têm o valor de atestar a grande estima que Israel devotava à mencionada instituição.Dom Estêvão Bittencout, OSB
 Evangelho do dia para a Divina Liturgia
(Jesus entre os doutores)
 Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito. No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe. E quando se completaram os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele. Todos os anos, os pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando completou doze anos, eles foram para a festa, como de costume. Terminados os dias da festa, enquanto eles voltavam, Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais percebessem. Pensando que se encontrasse na caravana, caminharam um dia inteiro. Começaram então a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Mas, como não o encontrassem, voltaram a Jerusalém, procurando-o. Depois de três dias, o encontraram no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos aqueles que ouviam o menino ficavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. Quando o viram, seus pais ficaram comovidos, e sua mãe lhe disse: “Filho, por que agiste assim conosco? Olha, teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura!” Ele respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devo estar naquilo que é de meu pai?” Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes falou. Jesus desceu, então, com seus pais para Nazaré e era obediente a eles. Sua mãe guardava todas estas coisas no coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens.





 Comemoração do nosso santo pai na fé:Basílio  
São Basílios pertence, por seu pai, também chamado Basílio, à província do Ponto, e por sua mãe Emília à Capadócia.
Nasceu em Cesaréia da Capadócia entre 329-330. Ele estudou primeiro em Cesaréia e depois em Constantinopla, com o célebre reitor Litânios, enfim em Atenas onde travou estreita amizade com São Gregórios de Nazianzo.
Pouco depois de sua volta à Cesaréia, que aconteceu por volta de 356, retirou-se na solidão, nos arredores de Neocesaréiz, onde a sua mãe e irmã Macrina já viviam a vida monástica. Foi então que ele compôs seus escritos ascéticos. Foi ordenado sacerdote por Eusébios, arcebispo de Cesaréia, e com a morte deste último, foi eleito, em 370, para sucedê-lo e reger a Igreja de Cristo.
Depois de governá-la por oito anos, durante os quais se mostrou testemunha da verdade em face da heresia e cheio de coragem diante das ameaças do imperador ariano Valente, morreu em 1 de Janeiro de 379.
A sabedoria e erudição que estão repletas em suas obras, sua Filocalia (extratos das obras de Orígenes), o tratado sobre o Espírito Santo, a obra Teológica contra o ariano Eunômios, os escritos ascéticos, regras monásticas, comentários das Sagradas Escrituras, panegíricos que ele fez de vários Santos, sua correspondência, enfim o esplendor da força de sua palavra, valeram-lhe o justo título e o epíteto de "Revelador do Céu" e de "Grande".

 NO PRÓXIMO DOMINGO, DIA 06, FESTA DA TEOFANIA DO SENHOR COM A SOLENE CONSAGRAÇÃO DAS ÁGUAS.
NO DOMINGO DIA 13, CELEBRAÇÃO DA SANTA E DIVINA LITURGIA COM A SOLENE CONSAGRAÇÃO DAS ÁGUAS EM FLOREAL-SP ÁS 09:00 NA PARÓQUIA SENHOR BOM JESUS
 MOMENTOS DA DIVINA LITURGIA E BATISMO DE CECÍLIA FERZOLLI








COM MEUS TIOS PADRINHOS DE BATISMO E CRISMA (SEBASTIÃO E MARIA) 

BENÇÃO DA ÁGUA