Pessoas on line

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

MENSAGEM DO PAPA PARA A QUARESMA 2011



 Apresentamos a mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma de 2011, com o tema «Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes» (cf. Cl 2, 12). 


Amados irmãos e irmãs!
A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de Quaresma).
1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Baptismo, quando, «tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo» iniciou para nós «a aventura jubilosa e exaltante do discípulo» (Homilia na Festa do Baptismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010). São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O facto que na maioria dos casos o Baptismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo» (Fl 2, 5), é comunicada gratuitamente ao homem.
O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa «conhecê-Lo, a Ele, à força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos» (Fl 3, 10-11). O Baptismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do baptizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.
Um vínculo particular liga o Baptismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais abundantemente os elementos baptismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium, 109). De facto, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Baptismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8, 11). Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Baptismo como um acto decisivo para toda a sua existência.
2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é baptizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele.
O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição do homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Hb 6, 12), no qual o diabo é activo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às seduções do mal.
O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor.
O pedido de Jesus à Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14): é o dom do espírito Santo, que faz dos cristãos «verdadeiros adoradores» capazes de rezar ao Pai «em espírito e verdade» (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, «enquanto não repousar em Deus», segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.
O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz».
Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: «Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?» (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: «Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27). A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos e a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência: Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança.
O percurso quaresmal encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as promessas baptismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou quando renascemos «da água e do Espírito Santo», e reconfirmamos o nosso firme compromisso em corresponder à acção da Graça para sermos seus discípulos.
3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Baptismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a «terra», que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a «palavra da Cruz» manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1, 18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus caritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).
No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida. Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projectos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc 12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.
Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciámos no dia do Baptismo. A oração permite-nos também adquirir uma nova concepção do tempo: de facto, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que «as suas palavras não passarão» (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele «que ninguém nos poderá tirar» (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.
Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela acção do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.
Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Baptismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas acções. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.
Na proximidade da Grande Quaresma, olhemos para a
VIRGEM DA PAIXÃO


Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é um título conferido a Maria, mãe de Jesus, representada em um ícone de estilo bizantino. Na Igreja Católica Bizantina é conhecida como Mãe de Deus da Paixão, ou ainda, a Virgem da Paixão.
Um ícone célebre é venerado desde 1865 em Roma, na igreja de Santo Afonso, dos redentoristas, na Via Merulana.
A tipologia da Mãe de Deus da Paixão está presente no repertório da pintura bizantina desde, no mínimo, o século XII, apesar de rara. No século XV, esta composição que prefigura a paixão de Jesus, é difundida em um grande número de ícones.
Andreas Ritzos, pintor grego do século XV, realizou as mais belas pinturas neste tema. Por esta razão, muitos lhe atribuem este tipo iconográfico. Na verdade a tipologia é bizantina, e quase acadêmica a execução do rígido panejamento das vestes; mas é certamente novo o movimento oposto e assustado do menino, de cujo pé lhe cai a sandália, e ainda a comovente ternura do rosto da mãe.

O ícone é uma variante do tipo hodigítria cuja representação clássica é Maria em posição frontal, num braço ela porta Jesus que abençoa e, com o outro, o aponta para quem, olha para o quadro, aludindo no gesto à frase “é ele o caminho”.
Na representação da Virgem da Paixão, os arcanjos Gabriel e Miguel , na parte superior, de um lado e do outro de Maria, apresentam os instrumentos da paixão. Um dos arcanjos segura a cruz e o outro a lança e a cana com uma esponja na ponta ensopada de vinagre (Jo 19,29).
Ao ver estes instrumentos, o menino se assusta e agarra-se à mãe, enquanto uma sandália lhe cai do pé.
Sobre as figuras no retrato, estão algumas letras gregas. As letras “IC XC” são a abreviatura do nome “Jesus Cristo” e “MP ØY” são a abreviatura de “Mãe de Deus”. As letras que estão abaixo dos arcanjos correspondem à abreviatura de seus nomes.

ORAÇÃO
- Ó Senhora do Perpétuo Socorro, mostrai-nos que sois verdadeiramente nossa Mãe obtendo-me o seguinte benefício: (faz-se o pedido) e a graça de usar dela para a glória de Deus e a salvação de minha alma.
Ó glorioso Santo Afonso, que por vossa confiança na bem-aventurada Virgem conseguistes tantos favores e tão perfeitamente provastes, em vossos admiráveis escritos, que todas as graças nos vêm de Deus pela intercessão de Maria, alcançai-me a mais terna confiança para com nossa Mãe do Perpétuo Socorro e rogai-lhe, com instância, me conceda o favor que reclamo de seu poder e bondade maternal.
Eterno Pai, em nome de Jesus e pela intercessão de nossa Mãe do Perpétuo Socorro e de Santo Afonso, peço-vos me atendais para vossa glória e bem da minha alma. Amém.
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, rogai por nós.

Conta a tradição que:
Na ilha de Creta havia um quadro da Virgem Maria muito venerado devido aos estupendos milagres que operava. Certo dia, porém, um rico negociante, pensando no bom preço que poderia obter por ele, roubou-o e levou-o para Roma. Durante a travessia do Mediterrâneo, o navio que transportava a preciosa carga foi atingido por terrível tempestade, que ameaçava submergi-lo. Os tripulantes, sem saber da presença do quadro, recorreram a Virgem Maria. Logo a tormenta amainou, permitindo que a embarcação ancorasse, sendo salva num porto italiano. Algum tempo depois o ladrão faleceu e a Santíssima Virgem apareceu a uma menina, filha da mulher que guardava a pintura em sua casa, avisando que a imagem de Santa Maria do Perpétuo Socorro deveria ser colocada numa igreja.
O milagroso quadro foi então solenemente entronizado na capela de São Mateus, em Roma, no ano de 1499, e aí permaneceu recebendo a homenagem dos fiéis durante três séculos, até que o templo foi criminosamente destruído. Os religiosos se dispersaram e a santa caiu no esquecimento. Finalmente em 1866 a milagrosa efígie foi conduzida triunfalmente ao seu atual santuário por ordem do Santo Padre, que recomendou aos filhos de Santo Afonso de Ligório: - "Fazei que todo o mundo conheça o Perpétuo Socorro".

domingo, 27 de fevereiro de 2011

"A VÓS, SENHOR, SUBA A MINHA PRECE COMO O
INCENSO...Sl 141,2
(Santo Padre Bento XVI durante a consagração de um altar) 

Ao iniciar a Divina Liturgia o aroma do incenso domina toda a igreja.

O incensário, bem como as velas acesas, são partes indispensáveis na Liturgia da Igreja (Levitico 16:12). Quem freqüenta nossa Paróquia logo percebe. Muito incenso e muitas velas.

Desde o tempo dos Apóstolos a incenção da Igreja é feita durante as orações.

A resina aromática de árvores do Oriente é colocada sobre a brasa ardente de um incensário de metal. Ao que esta resina queima, se dá um cheiro doce - o incenso.

A queima de sacrifícios diante de Deus pode ser vislumbrada quando rememoramos os tempos mais remotos. Basta mencionar o sacrifício feito pelo justo Abel.

(Ìcone do Santo Protodiácono e Mártir Estevão, portando o turibulo)


O próprio Senhor disse a Moisés para fazer um local especial para estabelecer o ritual da incenção com substâncias aromáticas. Os magos que vieram adorar a Cristo trouxeram essas substâncias resinosas, entre outros presentes para o recém-nascido de Deus.

São João, o Teólogo, um dos escritores do Evangelho, no seu Apocalipse viu um anjo no Templo Celestial dotado com um incensário de ouro (Ap 83-5).

O incenso que domina toda a igreja simboliza a oração dos fiéis, enviadas para Deus e ao mesmo tempo é um símbolo da Graça do Espírito Santo, que misteriosamente os abraça.

Antes de cada uso do incenso o padre lê de forma calma, uma oração: "Oferecemos para Vós, ó Cristo, nosso Deus, esse incenso, como um odor de espiritual suavidade , para que Vós o aceite no vosso altar celestial, enviando para nós, a Graça do vosso Espírito Santo ".

Ao ouvirmos esta oração entendemos que a fumaça visível a todos denota a presença invisível da graça do Senhor, que é a santificação dos fiéis.

A incensação durante Divina Liturgia e outros Ofícios só pode ser concluída quando este incenso cobre toda a Igreja. A incensação das coisas sagradas (como ícones e da igreja) é enviada a Deus, como um louvor legitimo.

(Turibulo usado em nossas Liturgias)

Quando o incensário é direcionado para pessoas, este ato atesta o fato de que o Espírito Santo desce sobre todos os fiéis, pois todos os homens são portadores da imagem de Deus dentro deles. Tradicionalmente, nos curvamos quando somos incensados.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Imagem Não Feita por Mãos Humanas ou Aqueropita

Quem entra em nossa Paróquia Greco Melquita Católica São Jorge em Juiz de Fora-MG, logo vê no centro do iconóstase a Sagrada Face de Nosso Senhor; eis a origem:

A versão mais popular no ocidente conta que durante a via sacra Verônica enxugou o rosto do Cristo, que estava com sangue e suor. A marca deixada no pano teria dado origem ao santo sudário. Note-se que o nome Verônica significa vera = verdadeira + icona = imagem.
A tradição oriental diz que o primeiro ícone foi o rosto de Jesus Cristo sobre um pano. Por volta do ano 30 o Rei Abgar V, de Edessa (atual Urfa, na Turquia), que era leproso, ouvindo falar sobre os poderes de cura de Jesus, mandou um mensageiro, Ananias, à Palestina. Sua missão era entregar uma carta a Jesus, pedindo-lhe que fosse curá-lo e fazer seu retrato, o mais fiel possível, para o rei. A carta dizia:
“Abgar, toparca da cidade de Edessa, a Jesus Cristo, o excelente médico que surgiu em Jerusalém, salve! Ouvi falar de ti e das curas que realizas sem remédios. Contam efetivamente que fazes os cegos ver, os coxos andar, que purificas os leprosos, expulsas os demônios e os espíritos imundos, curas os oprimidos por longas doenças e ressuscitas os mortos. Tendo ouvido falar de ti tudo isso, veio-me a convicção de duas coisas: ou que és Filho daquele Deus que realiza estas coisas, ou que és o próprio Deus. Por isso escrevi-te pedindo que venhas a mim e me cures da doença que me aflige e venhas morar junto a mim. Com efeito, ouvi dizer que os judeus murmuram contra ti e te querem fazer mal. Minha cidade é muito pequena, é verdade, mas honrada e bastará aos dois para nela vivermos em paz.”


Ananias chegou a Jerusalém na vigília da Paixão e entregou a carta a Jesus. Enquanto esperava a resposta, tentou em vão fazer seu retrato. Adivinhando seu embaraço, Jesus pediu água para lavar o rosto e uma toalha. Pressionou a toalha sobre sua face e miraculosamente imprimiu sua imagem nela. Entregou a toalha a Ananias, com uma resposta da carta e prometendo que mais tarde um de seus discípulos iria até o rei. Essa seria a origem do mandylion (lenço, manto), imagem aqueropita (não feita pela mão humana) que se considera como o primeiro ícone. A resposta de Jesus à carta do rei dizia:
“Bem-aventurado és, Abgar, porque acreditaste em mim, embora não me tenhas visto! De mim, com efeito, está escrito que quem me vir, não crerá em mim, para que os que não me vêem creiam em mim e tenham a vida. Quanto ao convite que me fizestes para ir ter contigo, respondo que é preciso que eu cumpra aqui a minha missão, e que depois do seu cumprimento, que eu volte para aquele que me mandou. Mas quando eu tiver subido para junto dele, te mandarei um dos meus discípulos, de nome Tadeu, para curar-te do mal e oferecer-te a vida eterna e a paz a ti e aos teus, e para fazer, pela cidade, quanto for necessário para defende-la dos inimigos.”


 Ananias levou este pano para o rei. O rei melhorou, mas só ficou curado quando Tadeu, um dos setenta discípulos de Jesus enviados por Tomé, foi a Edessa e o batizou. O rei adotou o Cristianismo e o pano miraculoso foi colado a uma tábua e colocado nos portões da cidade, com inscrição: “Cristo Deus, quem em ti espera não se perderá”.

(Rei Abgar recebendo a toalha)


(O ícone do Monastério de Santa Catarina do Sinai mostra o Rei Abgar com o santo mandylion, e Tadeu à esquerda).



Da obra: Os Ícones de Cristo. Ed. Paulus
Mons. Georges Gharib, sacerdote greco melquita católico.

Oração à Sagrada Face
(Composta por Santa Teresinha)
Ó Jesus, que na Vossa crudelíssima Paixão Vos tornastes "o opróbio dos homens e o homem das dores", eu adoro a Vossa Divina Face sobre a qual resplandecem a beleza e ternura da Divindade e que agora se tornou para mim como a face de um "leproso" (Is. 53,4).
Mas sob estes traços desfigurados reconheço o Vosso infinito amor e ardentemente desejo amar-Vos e fazer-Vos amar por todos os homens.
As lágrimas que com tanta abundância correram dos Vossos olhos, se me afiguram quais pérolas preciosas, que eu quisera recolher para, com seu valor infinito, resgatar as almas dos pobres pecadores.
Ó Jesus, Vossa Face é a única beleza que encanta o meu coração, de boa mente quero renunciar na terra à doçura do Vosso olhar e ao inefável ósculo de Vossa boca divina, mas suplico-Vos, imprimi em meu coração Vossa Divina Imagem, e inflamai-me com Vosso amor, a fim de que possa um dia contemplar a Vossa Face gloriosa no Céu. Amém.
«A Quaresma e o Amor»
27 DE FEVEREIRO- 2011
3º DOMINGO DO TRIODION
JUIZO FINAL
Condaquion do dia: Quando vieres em glória sobre a terra, ó Deus,
toda a Criação tremerá e um rio de fogo fluirá diante do tribunal;
os livros serão abertos e os segredos dos corações serão descobertos,
então, ó Justo Juiz, livra-me do fogo que não se apaga
e torna-me digno de ser colocado à vossa direita.
«Em verdade vos digo:
tudo o que fizeste a um destes meus pequeninos
a Mim o fizeste»

Neste Terceiro Domingo do Triódion, nossa Igreja comemora o Dia do Juízo, ou seja, a Segunda Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Comemorar é fazer presente na Igreja o evento que se recorda. A leitura do Evangelho de hoje nos recorda o Dia do Juízo Final e põe ênfase na medida pela qual seremos julgados. Na maioria dos ícones do Juízo Final, vemos sobre a mesa uma balança que pesará nossas obras, junto à Bíblia Sagrada. Hoje a Igreja abre as Escrituras Sagradas para ler esta passagem do Último Juízo. E o que escutamos está claro: seremos julgados segundo a medida de nossa misericórdia, isto é, de nosso amor.

A palavra amor é, muitas vezes, manipulada ou mal entendida. A passagem bíblica destaca as palavras de Nosso Senhor Jesus quando diz: "Tudo quanto fizestes a um destes pequeninos..." A palavra amor, não tem um significado abstrato, mas de ação concreta. As palavras da Sagrada Escritura nos separam entre ovelhas e cabritos segundo nossas obras de amor. A medida é, pois, fazer ou não fazer as obras de amor.
É um erro comum limitar o amor ao afeto, tão somente, à emoção ou, muitas vezes até, a muito menos do que isso, à palavras e opiniões. Este último tipo de «amor» é muito comum nos dias atuais, está em todas as partes e é muito barato. A obra de amor, no entanto, está livre de tudo isto. Podemos até ter sentimentos de ódio para com alguma pessoa, porém, se agimos com ela com delicadeza e amor, acabamos por transformar nosso ódio. Por outro lado, podemos ter em nosso interior o mais delicado sentimento para com alguém, até sentir-nos emocionalmente dependentes desta pessoa e, ainda assim, não lhe oferecer nenhuma obra de amor.
Amor significa, sem dúvida alguma, ceder aos demais o primeiro lugar. O egoísmo é exatamente o contrário disto. É tomar para mim o primeiro lugar e pôr os demais para os últimos lugares. Que eu ame a alguém não quer dizer que eu tenha sentimentos especiais para com esta pessoa, mas que quero e desejo dar a ela o primeiro lugar, amá-la mais do que a mim mesmo e desejar o bem a ela antes mesmo que a mim. Esta é a verdadeira obra do amor , o critério pelo qual seremos classificados e separados.
Na passagem do Evangelho de hoje, tanto as ovelhas como os cabritos escutaram as mesmas palavras do Senhor e passaram pelas mesmas situações existenciais: pobreza, cárcere, fome, sede etc.. O raro é que ambos os grupos se dirigem a Deus com as mesmas palavras: «Oh, Senhor ...». O que distingue um grupo do outro, no entanto, é o que fizeram ou deixaram de fazer, se cuidaram ou não de seus irmãos. De fato, o Evangelho quer dizer com «amor» as «obras do amor», posto que não podemos amar a Deus se não servimos os irmãos, sobretudo os mais necessitados. Ofereça a Deus uma obra de amor! Deus, que está nos céus não necessita de nada! Manifestamos nosso amor verdadeiro na medida em que oferecemos nossas obras de amor por Ele. Deus acolhe nosso amor se nos colocamos à serviço daqueles que Ele ama e por quem morreu e ressuscitou, ou seja, os nossos irmãos. Por isso, disse São João, o Apóstolo e Evangelista: «Quem diz que ama a Deus e não ama (serve) o seu irmão é um mentiroso».
O que nos proíbe de fazer as obras do amor? Por que não podemos dar de comer ao faminto? Somos tão ambiciosos que, mesmo as sobras de alimentos que podiam matar a fome de um faminto, queremos conservar para nós mesmos? Por que não dar de beber ao que tem sede? Será que precisamos armazenar a água, quando podíamos compartilhar com quem dela necessita mais do que nós? Por que não podemos vestir ao que está desnudo e acolher ao que está desamparado? Acaso nossas preocupações são exclusivamente com o que nós mesmos vestimos e com o mundo da moda que nos escraviza, nos leva à vaidade e nos impede de pensar nos demais? Por que não visitamos os que estão prisioneiros? Será que pensamos que o amor a compaixão que sentimos por eles nos desincumbem de visitá-los? A nós nos bastam os cuidados mundanos de cada dia, a preocupação em atender nossos próprios interesses pessoais e, não tem lugar em nós o cuidar dos que necessitam de nosso amor? Por que?
São muitas as perguntas que o Evangelho de hoje nos põe e, a realidade da vida as repete constantemente. A resposta é sempre a mesma: vivemos para as obras de amor ou fechados em nós mesmos a fazer as obras do egoísmo?
Na obra «Cem Ditos Sobre o Amor» de São Máximo, o Confessor, seremos surpreendidos ao ver que ele define o amor como o estado de não-paixão. A paixão destrói o amor. As paixões são o amor-próprio, amor por si mesmo, a auto-satisfação dos interesses e desejos próprios etc. Tudo isto nos impede de fazer as obras do amor e nos encaminha para junto dos «cabritos».
A Quaresma vem com um apelo à abstinência, a abandonar nosso egoísmo, purificando o homem velho e transformando-o em Homem o Novo. É uma mudança de direção, é arrependimento.
Vemos assim como a Quaresma vai de mão com as obras de misericórdia, as quais se manifestam de diferentes formas. Foi instituída para que possamos aprender a amar; é instrumento que nutre em nós o sentimento de sacrifício e reconhecimento do direito do outro, acolhimento de sua existência no amor. O objetivo da Quaresma é nos fazer ver os demais com nossos próprios olhos, não ignorando sua maravilhosa presença; é o retorno ao paraíso real. O homem egoísta define o paraíso em base a seus interesses egoístas. A Quaresma, no entanto, nos leva a reconhecer que o serviço aos irmãos é a vida do verdadeiro paraíso.
Nesta Quaresma, deixemos para trás todos os nossos maus desejos, abstendo-nos dos interesses que nos levam à perdição e aprendendo as obras do amor, libertando-nos assim da tirania das paixões e dos desejos.
Que esta Quaresma nos conduza ao verdadeiro Amor e nos ensine as «obras do Amor»! Amém.

Sermões do Arcebispo Paulo Yazigi, Metropolita de Alepo - Síria

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Os Sete Sacramentos segundo a Tradição
Católica Bizantina
Batismo: É o primeiro dos sete Sacramentos, que compõem os que chamamos de: Sacramentos da Iniciação Cristã. A saber: Batismo , Santo Crisma e Eucaristia. É o Sacramento Porta, por isso há de notar que em nossas igrejas a pia batismal está sempre junto à porta.. Sem ele os outros Sacramentos não podem ser ministrados. Pelo Batismo aderimos a Fé Cristã ensinada pela Igreja.». Por isso a Igreja Bizantina (Católica e Ortodoxa), seguindo a santa Tradição, ministra os três Sacramentos numa única celebração. No Batismo, a criança (ou o adulto) é submergido três vezes na água em nome de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Pelo Sacramento do Batismo, o fiel morre para a vida carnal do pecado e renasce, pelo Espírito Santo, para uma vida espiritual e santa: «Eu vos asseguro: ninguém pode entrar no Reino de Deus, se nã Primeiro, «João batizava como sinal de arrependimento e pedia que o povo acreditasse naquele que devia vir depois dele, isto é, em Jesus.» (At 19, 4). Depois, Jesus Cristo, por seu próprio exemplo, santificou o Batismo quando o recebeu de João. Finalmente, depois de sua Ressurreição, deu aos Apóstolos este solene mandamento: «Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo.» (Mt 28, 19-20)."Eu garanto a voçê: se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus..."ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do Espírito.» (Jo 3, 5).
O que se requer de quem deseja ser batizado? Arrependimento e fé. Por este motivo, também antes do Batismo se recita o símbolo da fé. «Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois vocês receberão do Pai o dom do Espírito Santo.»( At 2, 38). «Quem crer e for batizado, será salvo. Quem não crê, será condenado.» (Mc 16, 16). Voltados para o Ocidente(para a porta de saída da igreja), os pais e padrinhos realizam num primeiro momento a renúncia a Satanás e depois voltados para o Oriente(para o altar), fazem com velas acesas nas mãos a adesão a Cristo. Até porque nossas igrejas bizantinas são sempre construídas de modo que o sacerdote e todos os fiéis ficam com seus rostos voltados para a posição que o sol nasce todos os dias. Por isso também chamamos o Batismo de Sacramento da Iluminação. Os bebês que são batizados são despidos e mergulhados três vezes na pia batismal. Após o Batismo, são vestidos com a veste branca batismal. Os adultos são batizados com uma túnica simples para, só depois vestir a roupa batismal. Por que são, então, batizadas as crianças? Batizam-se as crianças porque a Igreja confia em seus pais e padrinhos que estão obrigados transmitir à criança a fé, desde pequena. Nos tempos do Antigo Testamento as crianças eram circuncidadas no oitavo dia depois do nascimento. O Batismo tomou lugar da circuncisão no Novo Testamento e, portanto, as crianças devem ser batizadas pequenas. Esta negativa em não batizar as crianças, segundo algumas aberrações protestantes nos dias de hoje, não tem nenhum fundamento nas Escrituras nem na Sagrada Tradição. «Em Cristo vocês foram circuncidados com uma circuncisão não feita por mãos humanas, mas com a circuncisão de Cristo, a qual consiste em despojar-se do corpo carnal. Com ele, vocês foram sepultados no batismo, e nele vocês foram também ressuscitados mediante a fé no poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos.» (Cl 2, 11-12) Destas palavras de São Paulo Apóstolo, se faz um exorcismo, para expulsar o demônio que, desde a queda de Adão tem acesso ao homem e exerce poder sobre ele, o prende e o escraviza. O Apóstolo Paulo se refere aos homens sem a graça dizendo: «Outrora vocês viviam nessas faltas e pecados, seguindo o modo de pensar deste mundo, seguindo o príncipe do poder do ar, o espírito que agora age nos homens desobedientes.»( Ef 2, 2).
A veste branca batismal significa a pureza da alma e da vida cristã. O Batismo não pode ser ministrado mais do que uma vez pois é o nascimento espiritual: o homem nasce só uma vez, por isso, é batizado uma só vez.
Santo Crisma: Imediatamente depois do Batismo, na mesma cerimônia, utilizando o óleo do Santo Crisma, o neo-batizado é ungido como rei, sacerdote e profeta do Reino de Deus. O sacerdote unge os olhos, as narinas, a boca, os ouvidos (representando os sentidos); unge o coração, as mãos e os pés dizendo: «o Selo do Dom do Espírito Santo». Assim, a pessoa inteira, corpo e alma, é consagrada a Deus e recebe o Espírito Santo. A santa Unção Crismal nos concede o dom do Espírito Santo. Desde o início da Igreja, este Sacramento sempre foi celebrado imediatamente após o Batismo. O escritor eclesiástico Tertuliano, (século II) diz: «Depois do batismo de salvação recebemos imediatamente o Santo Crisma, conforme os antigos costumes». Contudo, na Igreja católica de tradição latina, o Batismo foi separado da Crisma, passando assim a se ministrar a Santa Unção Crismal às crianças após a idade de 10 anos ou mais. A Igreja Bizantina pensa que, desta maneira, privam-se as crianças dos demais dons do Espírito Santo e da Santa Comunhão. Após o Batismo e a Confirmação, a Igreja Bizantina, seguindo a Tradição, ministra a Santa Comunhão às crianças, recordando as palavras do Senhor: «Deixai vir a mim as criancinhas.» (Lc 18, 15)
Uma vez ministrado o tríplice Sacramento à criança, o papel dos padrinhos e pais como mestres e responsáveis pela fé do pequeno cristão, torna-se relevante e fundamental. Mais que no Ocidente, os padrinhos são triplamente responsáveis pelos seus afilhados. Daí porque os pais devem escolher padrinhos que levem uma vida cristã séria e que, cujas atitudes, mostrem o quanto crêem em Deus e o quanto são fiéis à Igreja. Explica-se por isso a exigência dos padrinhos serem casados na igreja. Pais e padrinhos devem, desde cedo, transmitir às crianças os valores cristãos, por palavras e gestos concretos, como também os hábitos e costumes da Igreja.
Caso uma criança se afaste de sua fé, por causa do desleixo de seus pais e padrinhos, estes serão os primeiros responsáveis e terão que prestar contas a Deus. Algumas pessoas podem pensar que dar a Comunhão a uma criança pequenina seja uma negligência. A Igreja sempre assim o fez e sempre fará. A Igreja não pode se adaptar ao mundo no que se refere a transmissão de sua fé e Tradição. A Igreja não é do mundo; ela está no mundo como sinal, luz e dispensadora das graças divinas e dos dons do Espírito Santo.
 
 Os apóstolos, para transmitir os dons do Espírito Santo, usavam o gesto da imposição das mãos (At 8, 14-16). Os sucessores dos apóstolos (os bispos) além da imposição das mãos, introduziram a unção com o santo óleo do crisma (santo mirrom-perfume), inspirados nas passagens do Êxodo e Reis: Ex. 30,25; Reis 1,39. Na Igreja Católica de tradição bizantina o ministro do Santo Crisma é aquele que celebra o batismo: seja o padre, seja o bispo. O Santo Crisma é usado nas Ordenações episcopais, é consagrado exclusivamente pelas mais altas autoridades eclesiásticas de uma Igreja local: geralmente os metropolitas ou patriarcas.
Na Unção Crismal, o celebrante unge a fronte do fiel (para santificar a mente e os pensamentos); unge o peito (para santificar o coração e os desejos); unge os olhos, orelhas e lábios (para santificar os sentidos); unge as mãos e os pés (para santificar as ações e o comportamento do fiel).

. 



Eucaristia: Imediatamente após o Batismo e a Unção Crismal, o sacerdote ministra o Sacramento da Eucaristia (Corpo e Sangue de Cristo) ao novo cristão. No caso do Batismo de um adulto, não há a necessidade da Confissão Sacramental para receber pela primeira vez a Eucaristia, uma vez que o Batismo apaga todos os pecados. A Igreja dispensa o Sacramento da Confissão como preparação para a Eucaristia às crianças até a idade de 7 anos. Contudo, o jejum prescrito, deve ser observado por todos, inclusive por elas.


Como se preparar para receber a Santa Comunhão:
·   Para receber o Sacramento da Santa Eucaristia é preciso estar preparado por meio de oração, jejum, bom comportamento e por meio da confissão sacramental.
·   Por meio de orações: O fiel que deseja comungar na Divina Liturgia, deve antes se preparar, em sua casa ou na Igreja, rezando, lendo as Sagradas Escrituras e participando do Ofício das Vésperas, no cair da tarde de sábado, se houver.
·   Por meio do Jejum: Desde a primeira hora do dia que se vai comungar, não se deve ingerir nenhum alimento (exceto beber água), observando momentos de oração e de silêncio. Para as celebrações dos Pré-santificados, na semana da Quaresma, jejua-se a partir do meio-dia para se comungar depois das Vésperas. A abstinência de alimentos e bebidas para a participação da Eucaristia deve ser ensinada às crianças desde já cedo.
·   Por meio da Confissão: Se desejamos comungar, devemos ir à Confissão, antes ou depois da Vigília Noturna (ou Vésperas) procurando, com o coração aberto e sincero, um sacerdote para recebermos o perdão sacramental. Antes porém, devemos procurar aqueles a quem ofendemos e pedir-lhes o perdão e a paz. Não sendo possível a Confissão na véspera, é necessário fazê-lo antes da Divina Liturgia.

Quantas vezes, no ano, devemos comungar?
«Em verdade vos digo: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida.» (Jo 6, 54-55)
A Igreja não tem uma resposta pronta para esta questão


Os cristãos dos primeiros séculos comungavam todos os domingos. Com o passar do tempo, mudaram as normas em relação a devoção cristã e, nem sempre para melhor. Para aquela pessoa que conhece o Evangelho e a doutrina da Igreja, é desnecessário explicar a importância de recebermos o Corpo e Sangue de Cristo, sem o que não podemos herdar a vida Eterna, conforme nos disse o Senhor no Evangelho de São João, capítulo 6.
Os fiéis sabem que a aproximação do santo Cálice exige preparação, purificação da alma dos pecados e das paixões. Assim reza o celebrante na Divina Liturgia de São João Crisóstomo: «Ninguém que está submetido às luxurias e às paixões da carne é digno de aproximar-se de Ti, ó Rei da Glória». A Igreja deixa a critério do fiel e de seu confessor a freqüência à comunhão, mas é bom lembrar que o hábito de comungar tanto quanto for possível, pois desta forma estaremos sempre na Graça de Deus.
Eis aqui algumas normas para o momento da comunhão:
·   Muitos fiéis costumam fazer uma reverência diante do santo Cálice, antes de comungar; outros preferem receber de joelhos as Sagradas Espécies.
·   Quando as Portas Santas se abrem, fazemos o sinal da Cruz e já nos encaminhamos para a fila da comunhão. Lá, colocamos as mãos cruzadas sobre o peito, a direita sobre a esquerda, e assim devemos permanecer até chegar nossa vez de comungar.
·   Primeiro comungam os que ajudam no altar, depois os monges, em seguida as crianças e, por fim, os adultos.
·   As mulheres costumam usar véus pretos, quando casadas, ou brancos, quando solteiras, ao aproximar da Comunhão.
·   Ao aproximar do cálice, devemos dizer nosso nome para o sacerdote e, em seguida, recebemos na boca, pelas mãos do sacerdote celebrante, o Corpo e Sangue de Cristo.
·   Somente pode dar a Eucaristia quem A consagrou (o celebrante, ou concelebrantes, quando houver), pois Jesus, na última Ceia, «tomou o pão, abençoou e distribuiu aos seus discípulos». Ele mesmo é Quem consagra. Ele mesmo é Quem distribui. Ele mesmo Se dá pela vida do mundo. Por isso, não há em nossa Igreja os "ministros da comunhão".
·   Alguns fiéis, após comungarem, costumam beijar o cálice. Não devemos tocar com as mãos o cálice, nem beijar a mão do sacerdote nesta hora, nem, tão pouco, beijar ícones ou falar com alguém ao sair da fila.
·   Ao comungar, levamos em nosso corpo o próprio Deus. Por isso o respeito, o silêncio e a meditação são fundamentais, e mostram o quanto cremos na Eucaristia.
·   Na tradição eslava, logo após a comunhão se recebe o "antidoron"(pão bento). Já na tradição grega, o "antidoron" é recebido somente no final da Divina Liturgia.
·   Não é permitido comungar mais que uma vez num mesmo dia.
·         Ao voltar para casa, deve-se evitar barulhos, gritarias, discussões, pois carregamos em nós Cristo Jesus.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A MONTANHA SAGRADA
Monte Athos
Αυτόνομη Μοναστική Πολιτεία Αγίου Όρους
(Aftonomi Monastiki Politia Ayiu Orus)
Estado Monástico Autónomo da Montanha Sagrada
(Bandeira do Monte Athos)

Centro Monástico Ortodoxo desde 1054, isolado numa península no norte do Egeu e com um estatuto autônomo desde os tempos bizantinos, Monte Athos, a "Montanha Santa” , é também um local artístico reconhecido. Os planos destes mosteiros (aproximadamente vinte, que estão presentemente habitados por 1.400 monges) exerceram sua influência tão longe como na Rússia, e sua escola de pintura influenciou a história da arte bizantina.


Os orientais costumam chamá-lo com veneração de "A SANTA MONTANHA DO ATHOS". Constitui uma autêntica República monástica, sob a jurisdição eclesiástica do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, um centro de espiritualidade e um dos vestígios mais interessantes do monaquismo medieval. Desde o século décimo, vem sobrevivendo a todas as dificuldades históricas e religiosas. Em 1982 contava ainda com 2700 monges.

(Alguns monastérios são sobre altas montanhas)

 No final de 1968, não somavam mais que 1238. Exemplo único de República monástica que tantos teólogos e doutores tem dado a Igreja antiga, e que conserva um valor de testemunho especial para os ortodoxos. Sua sensível decadência atual se deve a causas diversas, como o recrutamento de candidatos de procedência quase exclusivamente popular e rural, o isolamento intelectual que, erroneamente veio considerar-se como uma virtude ascética, e a falta de toda ajuda humana por parte dos diversos países, a exemplo da Grécia, em cujo território está encravado. Pela importância e singularidade de todas as comunidades monacais reunidas nesta Santa Montanha, é muito abundante a produção literária e histórica – religiosa – sobre ela. Foi particularmente abundante, na ocasião da celebração de seu primeiro milênio, em 1963, com a assistência oficial das mais ilustres personalidades do mundo ortodoxo, começando pelo patriarca Athenágoras de Constantinopla e o Rei Pavlos da Grécia.
(Mapa do Monte Athos com seus Monastérios)

Está situada num prolongamento da Península Calcídica, da qual se desprendem três faixas montanhosas que adentram no mar: Kassandra, Longos e Athos. Unida ao continente por um pequeno istmo de dois quilômetros de largura, sem a aridez do Egito e do Sinai, com um clima e uma natureza incomparáveis, oferecia geograficamente todas as condições para um isolamento que podia ser aproveitada para uma vida monástica. Toda a península está ocupada pela república de monastérios: uma organização autônoma, ao menos até a um ano, que representa um território com cerca de 80 km. de longitude por uns 20 de largura.





(Panorâmica de alguns Monastérios)

Deixando de lado o que pode ser objeto de lenda, que remonta a primeira cristianização deste lugar aproximadamente no ano 44, mediante uma visita pessoal da mesma Virgem Santíssima, podemos seguir melhor seu desenvolvimento histórico desde mil anos passados. Pouco a pouco foram sendo erigidos alguns mosteiros, de modo que, em 1046, o imperador Constantino Monômaco a batizava com o nome que se conserva até hoje: a Santa Montanha.
De fato, já então, constavam 180 grupos monásticos. Somente ao Monastério de Athanasio pertenciam uns 700 monges. O número total chegou a ultrapassar, em seus melhores tempos, o número de 50 mil monges. Poderiam distinguir-se 4 períodos em seu desenvolvimento histórico: o primeiro, de sua origem até a chagada do monge Santo Athanasio Athonita, e é caracterizado por uma intensa vida anacorética, como resultado dos documentos imperiais de Basílio II e Macedônio, e outros imperadores bizantinos. O segundo, tem início com a chegada de Athanasio, que em 936 fundava a Laura ou Monastério Central que existe até os dias de hoje, estendendo-se até o século XVI.

(Conjunto de monastérios "suspensos", conhecidos como "Meteóra") 

 Juntamente com os monges gregos, chegavam ao Monte Athos monges de outras procedências, como da Geórgia, Bulgária, Sérvia e Rússia. Em um terceiro período, que vai do século XVI ao XVIII, nota-se uma grande decadência naqueles monastérios, mais preocupados com seu bem estar social e terreno. Relaxamento na disciplina, discórdias internas, vida de ócio e de desperdício. Havia desaparecido o antigo fervor. A grande Laura, tão freqüentada antes, ficou reduzida a uma dezena de monges e nada mais. Somente no final do século XVIII o patriarca de Constantinopla determinou introduzir uma reforma geral que eliminara todos os abusos, e voltava ao seu antigo esplendor, aquela vida monástica que havia instituído o Grande Athanasio. Houve inclusive uma tentativa de aproximação de Roma. A Congregação para a Propaganda da Fé - Propaganda Fide – projetou uma escola própria na Santa Montanha, enquanto alguns monges Athonitas chegava a Constantinopla para freqüentar ali as aulas nos colégios dos jesuítas.
(Monges durante um Ofício Liturgico)

Nos anos passados sob o domínio turco, trouxeram outras inconveniências aos monges. Na insurreição grega de 1821 muitos deles intervieram abertamente na política, influenciados por um grupo de jovens exaltados, e se somaram à insurreição comum. As tropas turcas ocuparam os monastérios e impuseram pesados tributos. Com isso, tiveram de ceder ou transferir preciosos tesouros de arte ou de ciência; Somente uma intervenção das grandes potências conseguiu do Governo turco voltaria ao seu antigo regime de independência. Em 1912, tempo das guerras balcânicas, havia um total de 10 mil monges aproximadamente. Esta guerra recuperou para a Grécia a Península Calcídica, com suas três grandes faixas de terra. Para o Monte Athos constituía um acontecimento decisivo, voltando a unir ao seu passado. A Grécia garantiria mais adiante a sua antiga constituição religiosa, e os monges voltavam a ser donos absolutos de seu território. Com isto entrava já no quarto e último período.

(Após algum período sepultados os monges são exumados e seus crânios recolhidos)
(Tendo entrado e feito os votos monásticos os monges nunca saem do Monte Athos até a morte)

Segundo a Carta Constitucional, o Estado Grego reconhecia o Monte Athos como uma Província Autônoma e nomeava seu representante como monarca com status e privilégio diplomático. Na ordem eclesiástica, o Monte Athos constitui uma Exarquia Patriarcal sobre a qual o Patriarca de Constantinopla exerce toda a jurisdição.
A partir de 21 de fevereiro de 1969 a situação política mudou notavelmente. O governo grego anunciava nesta data a assinatura de um decreto pelo que se suprimia a autonomia da comunidade de monges do Monte Athos. Segunda a nova situação, o Governo grego se propunha suprimir algumas liberdades concedidas à República religiosa do Monte Athos em 1926, confirmada logo pela constituição de 1952. Estipulava o seguinte: concessão de maiores poderes administrativos ao supervisor nomeado pelo governo; autorização de ulteriores inspeções governativas dentro do recinto dos monastérios para determinar se as relíquias religiosas e os manuscritos estavam adequadamente conservados; autorização para sentenciar e encarcerar pessoas dos monastérios, em caso de algum membro da comunidade ser declarado culpado de haver perdido, vendido ou destruído qualquer relíquia ou manuscrito; concessão de poderes ao governo para supervisionar o manutenção das propriedades dos monastérios; estipulação de sentença de prisão para aquelas pessoas que se negassem a obedecer as ordens do governo; autorização ao governo para determinar se os documentos e decisões das autoridades monásticas estiverem de acordo com o espírito da nova carta, a qual, ainda concede uma maior liberdade sobre a educação e administração eclesiástica, permite ao estado controlar as finanças da Igreja e declara propriedade nacional os tesouros e objetos valiosos dos monastérios.

( A chegada ao Monte Athos se faz somente por meio de embarcações marítimas)

Na atualidade o Monte Athos está constituído por vinte monastérios pertencentes às diversas igrejas ortodoxas nacionais, ainda que predomine as de procedência grega. Os monastérios estão sob a direção de um abade, chamado higúmenon, quando são de vida comum; os demais são governados por um Conselho de Anciãos. Existe ainda as chamadas Skites, estabelecidas dentro de cada monastério, fundações menores com maior ou menor dependência do monastério. E logo, as grutas dos eremitas onde habitam os três monges em comum. Todavia, podem ver-se eremitas, monges peregrinos e mendicantes. O Governo fica assegurada por um Conselho composto por vinte delegados dos vinte monastérios, e divididos em cinco comitês que dirigem, por turnos, os negócios ordinários.
A Santa Igreja celebra o ícone milagroso da Mãe de Deus, que se encontra no Monte Athos.
Certa vez, durante a celebração de uma vigília dominical, um misterioso monge apareceu entre a congregação, e se postando diante de um determinado ícone da Mãe de Deus, instou a todos a recitação de um novo hino a Toda Pura e Santa Mãe do Nosso Deus.

" És verdadeiramente digno que Vos Bendigamos, ó Bem Aventurada Mãe do Nosso Deus, Mais Venerável que os Querubins, incomparavelmente mais gloriosa que os Serafins, Deste a Luz ao Verbo de Deus, conservando intacta a Vossa virgindade, nos Vos glorificamos, ó Mãe de Deus!"

Ao cantar o novo hino recitado, todo o ambiente foi permeado por uma indescritível luz celestial, e todos os monges se emocionaram muito com aquela graça.
O misterioso monge pediu para que anotassem a letra do celestial hino, mas pelo estado atônito dos monges, não foi possível ofertar rapidamente um papel para a anotação. Foi então, que tomando uma pedra em suas mãos, o misterioso monge escreveu nela, naquela pedra que agora se tornava macia como cera.
Após transcrever a letra do hino, o misterioso monge se apresentou a todos como sendo o Arcanjo Gabriel, e desapareceu miraculosamente diante dos olhos maravilhados de todos os monges.
O ícone da Mãe de Deus, perante o qual foi cantado o "És Digno", foi transferido para a catedral da Dormição da Mãe de Deus em Kareia (o centro administrativo do Monte Athos). A pedra na qual a música foi inscrita pelo Arcanjo Gabriel, foi levada para Constantinopla, durante o tempo do Santo patriarca Nicolau Chrysoberges.
Várias cópias deste Santo Ícone foram enviadas para igrejas, sendo especialmente veneradas na Rússia.
Somente homens são permitidos visitarem o Monte Athos.
Não há nenhum Monastério Católico
Os católicos romanos precisam de uma apresentação por escrito de um bispo ortodoxo para visitar o Monte Athos.