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domingo, 6 de março de 2011

Evangelho de Nosso Senhor Jesus†Cristo, segundo o Evangelista São Mateus

Naquele tempo, o Senhor disse: «Se vós perdoardes aos outros as suas faltas, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos outros, vosso Pai também não perdoará as vossas faltas.

Domingo do Perdão
06/03/2011

Neste domingo, o 7º antes da Páscoa pedimos perdão mutamente antes do início da Divina Liturgia, o padre para os fiéis e os fiéis entre si. 
O tempo da Grande Quaresma é tempo de reconciliação com Deus e entre nós.


Que olhemos para a Face de Jesus e sejamos restaurados pelo seu perdão nesta Grande Quaresma, para com Ele ressuscitarmos como homens e mulheres novos.


“Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.
(Mt 6,14-21)

Estará o nosso coração, porventura, enriquecido com a Graça da Ressurreição, desfazendo-nos de tudo que é falso, e auto-engano?
Estará o nosso coração, porventura, repleto somente de boas intenções, que nunca serão suficientes para modificar o nosso coração?
Estará o nosso coração, porventura, convertido a nos levar, ao encontro dos outros corações, e partilhar um encontro autêntico e verdadeiro com os outros, ajudando-nos a nos libertar daqueles vínculos que nos tornam escravos; levando-nos a redescobrir que somos filhos e filhas de um Mesmo Pai, “herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rom. 8,17), do Qual nós retemos as Riquezas Incorruptíveis?  
Estará o nosso coração, porventura, no caminho da Única Verdadeira Libertação, para aquela civilização do Amor habitada de Verdadeiras Testemunhas do Amor de Deus?

Meus amados, se nossos corações estão repletos da Graça da Ressurreição e de Ações Efetivas do Bem o nosso Espírito é Divino. Um Espírito Divino é a inclinação interior da nossa alma para julgar, amar, querer, agir de modo sobrenatural; por isso, nos inclina a fugir do mal, pela humildade, e a tender para Deus pela Obediência, Piedade, Fé, Confiança e Amor Efetivo. Pela Inspiração Divina, há unidade numa grande variedade de Virtudes, de Dons, de Vocações contemplativas, ativas e apostólicas.

A nós, não é pedido o martírio, mas Jesus pede-nos a Fidelidade nas pequenas coisas, o recolhimento interior, a participação íntima, a nossa fé e o esforço para conservar presente este Tesouro na nossa vida diária. Pede-nos a Fidelidade nos afazeres quotidianos, o Testemunho do Seu Amor, movidos por uma convicção interior e pela alegria da Sua Presença. Assim, podemos nos salvar e conduzir o nosso próximo a se salvar, PORQUE JESUS ESTÁ VIVO.

Afinal, o significado, da vida cristã, é a profunda dimensão existencial da vida humana: ou tudo ou nada. Não há meio termo, palavras de consolo, um doce afago, a questão é radical: ou será salvo ou condenado.

Amados meus, o Cristianismo não é uma doutrina de assistência social, de economia política ou mesmo uma teoria científica sobre a origem do universo, sobre a diferenciação das espécies, muito menos um cardápio para uma dieta saudável e uma receita eficaz para uma vida “feliz”.  Fundamentalmente, o cristianismo é uma Doutrina da Salvação e da Danação, da Redenção e Misericórdia.

Ser cristão é tomar consciência dessa tensão existencial radical que habita o coração de cada pessoa humana, seja rico, pobre, erudito, analfabeto, rei, escravo, não interessa, ou seremos salvos ou seremos condenados. É a Eternidade que está em jogo aqui, todo o resto é um acréscimo. Ou se acredita e vive isso, ou não.

Nosso Verdadeiro Tesouro, aqui e muito além daqui, não se reduz a uma hipótese ideal e segura. Porque a Verdade Cristã tem a ver exatamente com nossas incertezas, inquietações, fragilidades, erros, fracassos, com a vida concreta em um mundo real, com tomadas de decisões, escolhas difíceis e dramáticas diante de certezas relativas, expectativas, enfim, diante da nossa presença no mundo.

Integridade pessoal, coerência moral, amor incondicional pela Verdade e pelo Outro, liberdade de consciência, reconhecimento existencial da própria fragilidade e miséria, são princípios fundamentais que regem a vida de qualquer ser humano honesto consigo mesmo, que olha pra si mesmo com a dúvida radical de alguém que encara o próprio abismo.

Sendo assim, aquele Batismo de dor e de amor, Jesus recebeu-o para nós, para toda a humanidade. Sofreu pela Verdade e pela Justiça, trazendo à história dos homens o Evangelho do Sofrimento, que é a outra face do Evangelho do Amor.
Deus não pode padecer, mas pode e deseja           compadecer.
Da Paixão de Cristo pode entrar em cada sofrimento humano a consolação do Amor Solidário de Deus, surgindo assim a Esperança.
Amém! Aleluia!

Dom Farès Maakaroun
Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Greco-Melquita no Brasil

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