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sexta-feira, 25 de março de 2011


25 DE MARÇO
Hoje é o prelúdio de nossa Salvação
e a manifestação do Mistério
preparado desde a eternidade:
o Filho de Deus torna-se Filho da Virgem
e o Arcanjo Gabriel anuncia a graça.
Por isso, com ele clamamos à Mãe de Deus:
«Salve, ó Cheia de Graça, o Senhor é contigo!»


O mais sublime dos anjos foi enviado dos céus para saudar e anunciar a encarnação do Verbo à Virgem Maria. A virtude do Altíssimo tendo coberto Maria com sua sombra, tornou Mãe àquela que era Virgem sem núpcias: eis o mistério celebrado na Festa da Anunciação.
O Concilio de 860 afirma: «O que o Evangelho nos diz por palavras, o ícone nos anuncia pelas cores». Sendo assim, somos chamados a mergulhar na profundidade deste mistério contemplando com o coração aquilo que nossos olhos vislumbram sobre o ícone da Anunciação.
Nossos olhos são atraídos pelos esplendor dos detalhes das figuras principais deste acontecimento, iconografado de maneira tão minuciosa e precisa, que faz brotar do coração daquele que o contempla, o estupor e o êxtase divino. Um desses personagens é o Anjo Gabriel que está vestido de branco, a cor que precede a luz da manhã, a cor que anuncia o nascimento. As suas mangas são de cor azul que é a cor da imaterialidade e da pureza. Na mão esquerda, empunha um bastão, símbolo da autoridade e da dignidade da pessoa, do mensageiro e do peregrino. A sua mão direita e os seus olhos apontam para a Virgem, destinatária exclusiva daquela mensagem vinda dos Céus. Os dedos estão posicionados como na bênção tipicamente bizantina : os três dedos abertos (polegar, indicador e mínimo) recordam a Trindade enquanto que os outros dois (médio e anular) estão reunidos simbolizando a natureza divina e humana de Cristo.O Anjo está envolto numa luminosidade para distinguir que ele fora enviado por Deus como Mensageiro.
A outra personagem é Maria que se apresenta sentada, coberta por um manto bordado a ouro e por uma túnica de cor azul escura. A cor escura significa a humildade, o desprendimento dos valores deste mundo e a ascensão da alma que tende para o divino. No manto da Virgem, há três estrelas: uma sobre sua cabeça e as outras sobre cada um dos ombros. Essas estrelas são o sinal da santificação que a Trindade opera em Maria, após o seu SIM, como Mãe de Deus.
Maria está sentada sobre um trono dourado e este está colocado sobre um elevado. Calça sapatos de cor púrpura, evidenciando a realeza divina que a circunda . Na antiguidade, a púrpura e o dourado eram cores reservadas estritamente aos reis . Na sua mão esquerda, Maria segura a roca com a qual fia a púrpura , pois ela mesma tece em seu seio maternal, o corpo do Salvador e Rei do Universo.
O véu de cor igualmente púrpura que sobressai por cima da Virgem é uma alusão ao véu do Templo e símbolo da presença de Deus que pairava naquele lugar antes mesmo de em Maria fazer morada.
A mão direita da Virgem faz o gesto típico de atenção e de perturbação ante a mensagem que acabara de receber. Sua cabeça está ligeiramente inclinada, dando a impressão que está atenta, escutando a mensagem a ela enviada.
Do alto de um semicírculo, sai um raio de sombras que paira sobre Maria. Atravessa o véu de púrpura para pousar sobre sua cabeça , formando uma auréola. O raio representa o Espírito Santo que desce sobre ela. Não é um raio de luz, pois, conforme nos relata o Evangelho, «O Espírito Santo descerá sobre ti,e sobre ti o poder do Altíssimo estenderá sua sombra».
O Plano de Salvação e Redenção da humanidade precisa do consentimento humano. Deus não invade nossa liberdade. Ele age respeitando nossa vontade. Em Maria estava representada a humanidade e após seu "SIM", Deus inicia seu plano de salvação. É da parte de Deus que o Anjo fala, assim como é da parte de toda a humanidade que Maria responde.
No diálogo travado entre o Anjo Gabriel e Maria, Deus tomou a iniciativa, dando o primeiro passo. Era necessário esperar uma resposta para poder regenerar a Criação.
Em Maria, o Anjo saúda a humanidade. Ela estremece ante tal Anúncio. Ela é virgem, não conhece homem, para poder dar a luz e se perturba. A humanidade não conhecia igualmente a Deus, permanecendo intocada da presença divina, não podendo gerar seus filhos. Após o SIM de Maria as mães começaram a gerar os filhos de Deus.
Mesmo estremecida, Maria responde sim: «Faça-se em mi segundo Tua palavra». «E o Verbo se fez carne e habitou entre nós». Todas as vezes que os homens respondem positivamente às solicitudes divinas, Ele se faz presente.
Santo André de Creta, referindo-se a alegria de celebrar a Festa da Anunciação assim escreveu:
«Hoje, a alegria contagia a todos,
porque a antiga condenação fica sem efeito.
Hoje, chega Aquele que está em todos os lugares,
a fim de encher de alegria todas as coisas».

Bibliografia:
Passarelli, Gaetano O Ícone da Anunciação
Ed. Ave Maria – São Paulo – 1996

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