O Mandilion
Sagrado de Edessa
Festa dia 16 de
agosto- Calendário Católico Bizantino
Uma história de
Jesus que a Bíblia não contou
Nos tempos de Jesus existia uma cidade cosmopolita conhecida como
Edessa, onde se desenvolveram algumas comunidades cristãs. Ela se localizava no
norte da Mesopotâmia, num lugar onde atualmente se situa a Urfa, no Sudeste da
Anatólia, Turquia. Uma certa vez, o rei Abgar V, de Edessa, tinha ouvido falar
num certo Jesus Cristo que era conhecido por seus milagres e resolveu escrever
uma carta a ele pedindo que o visitasse para curar-lhe da lepra. Em resposta,
Jesus teria dito que não poderia se encontrar com o rei, mas que brevemente
mandaria um discípulo em seu lugar. E foi o que aconteceu, um de seus
discípulos, Judas Tadeu (Addai), teria levado palavras de Jesus até
o rei enfermo e o curado milagrosamente. O primeiro relato dessa história se
deu no início do século IV, por Eusébio de Cesaréia e assim começava uma
história de Jesus que não foi relatada na bíblia.
Em 384 d.C. uma escritora chamada Egeria, originária provavelmente da
Galécia, uma província romana nas ribeiras mais afastadas do oceano ocidental,
tinha como principal característica a quantidade de viagens que fazia por toda
a Europa e Oriente Médio durante suas peregrinações em busca de novas
experiências que ela costumava relatar em seus livros. Em uma dessas viagens,
em especial, Egeria foi parar em Edessa, onde conheceu o bispo local que lhe
ofereceu fantásticos relatos a respeito do livramento de Edessa das
mãos dos persas. Além disso o bispo teria dado a honra da escritora ser a
primeira a analisar as transcrições das correspondências trocadas por Abgar e
Jesus. Egeria foi levada até um portão onde um mensageiro conhecido como
Ananias (que foi responsável pela entrega da carta de Abgar a Jesus) a esperava
com as cartas que o bispo havia comentado e, assim, durante três dias a
escritora estudou as transcrições e, também, a cultura da cidade e
das redondezas antes de partir novamente em peregrinação. O resultado disso
pôde ser confirmado em parte dos relatos que ela fez de suas viagens, que foram
enviados por carta ao seu convento e sobreviveram com o tempo.
Logo mais tarde, no ano 400 d.C., a história do contato de Jesus com o
rei Abgar V ressurgiu num manuscrito sírio denominado Doutrina de Addai, que
adiciona nessa história um pintor que o rei Abgar V teria enviado até Jesus
para que fosse pintado um retrato do messias. Este retrato teria sido então
levado até o rei que o recebeu com muita alegria, o guardando em um de seus
palácios reais.
No início do século VI, um documento posterior denominado “Atos do Santo
Apóstolo Tadeu” sugeriu que, na verdade, a imagem de Jesus não teria sido
concebida por um pintor enviado por Abgar e sim pelo próprio Jesus Cristo ao
enxugar o rosto numa toalha, no momento em que surgia diante dele o emissário
do rei de Edessa. Jesus teria então entregado a toalha onde estava impressa a
sua ‘imagem sagrada’ e dito a Ananias que não poderia visitar o rei no momento
pois precisava terminar sua missão, em virtude da Páscoa, e mandaria um de seus
apóstolos para Edessa posteriormente . Judas Tadeu foi então o escolhido para
pregar o evangelho aos pagãos daquela região e ficou responsável de entregar ao
rei de Edessa a toalha com a face de Jesus impressa. Ao receber a toalha das
mãos de Tadeu, Abgar ficou curado da lepra e decidiu guardar a imagem de Jesus
em um local de destaque no palácio.
Essa imagem de Jesus ficou conhecida pela igreja oriental como Mandilion
Sagrado e foi e ainda é usado como a principal fonte de inspiração para toda a
iconografia da sagrada face de Jesus, tanto no Oriente como no Ocidente
cristão. Existem muitas pesquisas sérias em relação ao Mandilion Sagrado, como
os amplos trabalhos de pesquisa feitos em 1970 pelo especialista em assuntos do
Vaticano, Corrado Pallenberg. Em um de seus relatórios consta a descoberta de
uma biblioteca do início da era cristã, durante escavações no sul da Turquia,
feitas por arqueólogos ingleses e franceses. Nessa biblioteca foram
encontrados, entre outros textos, fragmentos da carta do escrivão Labubna,
relatando as viagens de Ananias, secretário do rei Abgar V, que reinou do ano
13 ao 50 d.C. em Edessa.
O tal documento descoberto dizia o seguinte:
“Abgar, toparca da
cidade de Edessa, a Jesus Cristo, o excelente médico que surgiu em Jerusalém,
salve!
Ouvi falar de ti e
das curas que realizas sem remédios. Contam efetivamente que fazes os cegos
ver, os coxos andar, que purificas os leprosos, expulsas os demônios e os
espíritos imundos, curas os oprimidos por longas doenças e ressuscitas os
mortos. Tendo ouvido falar de ti tudo isso, veio-me a convicção de duas coisas:
ou que és Filho daquele Deus que realiza estas coisas, ou que és o próprio
Deus. Por isso escrevi-te pedindo que venhas a mim e me cures da doença que me
aflige e venhas morar junto a mim. Com efeito, ouvi dizer que os judeus
murmuram contra ti e te querem fazer mal. Minha cidade é muito pequena, é
verdade, mas honrada e bastará aos dois para nela vivermos em paz.” (GHARIB, Os Ícones de Cristo,
p.43
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