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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O Mandilion Sagrado de Edessa


Festa dia 16 de agosto- Calendário Católico Bizantino

Uma história de Jesus que a Bíblia não contou

Nos tempos de Jesus existia uma cidade cosmopolita conhecida como Edessa, onde se desenvolveram algumas comunidades cristãs. Ela se localizava no norte da Mesopotâmia, num lugar onde atualmente se situa a Urfa, no Sudeste da Anatólia, Turquia. Uma certa vez, o rei Abgar V, de Edessa, tinha ouvido falar num certo Jesus Cristo que era conhecido por seus milagres e resolveu escrever uma carta a ele pedindo que o visitasse para curar-lhe da lepra. Em resposta, Jesus teria dito que não poderia se encontrar com o rei, mas que brevemente mandaria um discípulo em seu lugar. E foi o que aconteceu, um de seus discípulos,  Judas Tadeu (Addai), teria levado palavras de Jesus até o rei enfermo e o curado milagrosamente. O primeiro relato dessa história se deu no início do século IV, por Eusébio de Cesaréia e assim começava uma história de Jesus que não foi relatada na bíblia.

Em 384 d.C. uma escritora chamada Egeria, originária provavelmente da Galécia, uma província romana nas ribeiras mais afastadas do oceano ocidental, tinha como principal característica a quantidade de viagens que fazia por toda a Europa e Oriente Médio durante suas peregrinações em busca de novas experiências que ela costumava relatar em seus livros. Em uma dessas viagens, em especial, Egeria foi parar em Edessa, onde conheceu o bispo local que lhe ofereceu fantásticos relatos a respeito do livramento de  Edessa das mãos dos persas. Além disso o bispo teria dado a honra da escritora ser a primeira a analisar as transcrições das correspondências trocadas por Abgar e Jesus. Egeria foi levada até um portão onde um mensageiro conhecido como Ananias (que foi responsável pela entrega da carta de Abgar a Jesus) a esperava com as cartas que o bispo havia comentado e, assim, durante três dias a escritora estudou as transcrições e, também,  a cultura da cidade e das redondezas antes de partir novamente em peregrinação. O resultado disso pôde ser confirmado em parte dos relatos que ela fez de suas viagens, que foram enviados por carta ao seu convento e sobreviveram com o tempo.

Logo mais tarde, no ano 400 d.C., a história do contato de Jesus com o rei Abgar V ressurgiu num manuscrito sírio denominado Doutrina de Addai, que adiciona nessa história um pintor que o rei Abgar V teria enviado até Jesus para que fosse pintado um retrato do messias. Este retrato teria sido então levado até o rei que o recebeu com muita alegria, o guardando em um de seus palácios reais.
No início do século VI, um documento posterior denominado “Atos do Santo Apóstolo Tadeu” sugeriu que, na verdade, a imagem de Jesus não teria sido concebida por um pintor enviado por Abgar e sim pelo próprio Jesus Cristo ao enxugar o rosto numa toalha, no momento em que surgia diante dele o emissário do rei de Edessa. Jesus teria então entregado a toalha onde estava impressa a sua ‘imagem sagrada’ e dito a Ananias que não poderia visitar o rei no momento pois precisava terminar sua missão, em virtude da Páscoa, e mandaria um de seus apóstolos para Edessa posteriormente . Judas Tadeu foi então o escolhido para pregar o evangelho aos pagãos daquela região e ficou responsável de entregar ao rei de Edessa a toalha com a face de Jesus impressa. Ao receber a toalha das mãos de Tadeu, Abgar ficou curado da lepra e decidiu guardar a imagem de Jesus em um local de destaque no palácio.

Essa imagem de Jesus ficou conhecida pela igreja oriental como Mandilion Sagrado e foi e ainda é usado como a principal fonte de inspiração para toda a iconografia da sagrada face de Jesus, tanto no Oriente como no Ocidente cristão. Existem muitas pesquisas sérias em relação ao Mandilion Sagrado, como os amplos trabalhos de pesquisa feitos em 1970 pelo especialista em assuntos do Vaticano, Corrado Pallenberg. Em um de seus relatórios consta a descoberta de uma biblioteca do início da era cristã, durante escavações no sul da Turquia, feitas por arqueólogos ingleses e franceses. Nessa biblioteca foram encontrados, entre outros textos, fragmentos da carta do escrivão Labubna, relatando as viagens de Ananias, secretário do rei Abgar V, que reinou do ano 13 ao 50 d.C. em Edessa.
O tal documento descoberto dizia o seguinte:

“Abgar, toparca da cidade de Edessa, a Jesus Cristo, o excelente médico que surgiu em Jerusalém, salve!

Ouvi falar de ti e das curas que realizas sem remédios. Contam efetivamente que fazes os cegos ver, os coxos andar, que purificas os leprosos, expulsas os demônios e os espíritos imundos, curas os oprimidos por longas doenças e ressuscitas os mortos. Tendo ouvido falar de ti tudo isso, veio-me a convicção de duas coisas: ou que és Filho daquele Deus que realiza estas coisas, ou que és o próprio Deus. Por isso escrevi-te pedindo que venhas a mim e me cures da doença que me aflige e venhas morar junto a mim. Com efeito, ouvi dizer que os judeus murmuram contra ti e te querem fazer mal. Minha cidade é muito pequena, é verdade, mas honrada e bastará aos dois para nela vivermos em paz.” (GHARIB, Os Ícones de Cristo, p.43

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