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quarta-feira, 16 de novembro de 2011


Palestra sobre as Orações para alcançar de Deus a cura
Esta Palestra foi realizada em Fortaleza no dia 08 de Novembro de 2011


As Orações para alcançar,
de Deus, a cura.
Agradeço a Nosso Senhor Jesus Cristo por essa oportunidade de transmitir a Sua Verdade, em Seu Nome. Rogo a Virgem Maria que acompanhe minhas palavras a fim de não cometer nenhuma injustiça. Imploro sua proteção.
Amados meus, estou feliz por sua disposição em me ouvir, desejo de coração poder saciá-los de Bem e Verdade.
Hoje, vamos falar das orações para alcançar de Deus a cura. Por isso, vamos começar sabendo ondedevemos olhar para descobrir a Deus.
Ninguém encontra Deus! Deus é que vem buscar cada um de nós. Deus não está dentro, nem fora de você, assim como uma pessoa não está dentro, nem fora de você. Então, como posso perceber a Deus? Você vai perceber a Deus pela AÇÃO que Deus faz em sua vida.
Quando dizem no mundo: “meu encontro com Deus”, “meu encontro com Nossa Senhora” a coisa não é bem assim. Perceba que você não pode sair de algum lugar para se encontrar cara a cara com Deus, você não se encontra cara a cara com Deus, porque você está Dentro De Deus.
Todos nós estamos Dentro De Deus, porque Ele é a realidade máxima, o Supramente Real.
Logo, ninguém pode sair de dentro do Supramente Real para se encontrar com Deus. Segundo o Apóstolo: Nele vivemos, nos movemos e somos!
Mas então, como posso perceber a Existência de Deus?
Podemos perceber a existência de Deus, somente quando podemos perceber a Ação de Deus nas nossas vidas.
Às vezes, essa Ação de Deus, em nossas vidas, é tão clara que só um idiota não perceberia. Agora, se você nunca se dispôs a olhar para a Ação de Deus na sua Vida, fica impossível de descobrir a Deus. E passará o resto de sua vida correndo atrás de infinitas dúvidas.
Para entender essas minhas palavras, não é preciso ser teólogo, basta saber ler o Evangelho, notem bem:
Em Mateus (11,1-6) perguntaram a Jesus se Ele era Aquele mesmo Messias que estavam esperando, ou deveriam esperar outro? E Jesus responde: Vocês estão vendo, vendo os paralíticos andarem, os cegos enxergarem, e assim por diante. Certo?
Então, comovocê pode descobrir a Deus? Como cada um de nós pode descobrir a Deus, sem nenhum Mistério? Pelos fatos.
Então, amados meus, qual foi o critério que Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou para sabermos como descobrir a Deus? Pelos fatos.
Agora, se o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, nos explicou, onde está Deus, aonde devemos olhar para descobrir Deus... porquedeveríamos fazer de outra maneira?
Sendo assim, comecemos olhando na direção dos sofrimentos humanos.

O que é o sofrimento?
O sofrimento é um Crescimento, mas também um Amadurecimento Espiritual. O homem que cresce, além de si mesmo, amadurece. O verdadeiro resultado do sofrimento é um processo de Amadurecimento Espiriual.
No que consiste essa Maturidade Espiritual?
No fato de que o ser humano alcança uma liberdade interior, não obstante a dependência exterior. Por conseguinte, as situações extremas fazem com que o homem não somente alcance uma liberdade interior, mas atinja a Maturidade interior.
Sofrer quer dizer crescer, amadurecer e tornar-se mais rico em humanidade, porque o homem, que sofrendo amadurece, cresce diante da verdade.
Por que Deus permite os sofrimentos?
Entendam que todos os sofrimentos possuem uma relevância metafísica, porque torna o homem perspicaz, sábio e disposto ao mundo transparente.
Antes de passarmos por qualquer sofrimento, não imaginamos que no momento de sofrer nos surge uma coragem de trespassá-lo. Quem não se viu diante de um sofrimento com muito mais coragem do que imaginava possuir? O ser humano, com os sofrimentos, se torna transparente no profundo de uma dimensionalidade metafísica.
Amados meus, sofrimento, doença, morte...: Os raciocínios humanos não conseguem captar o segredo deste mistério. A Fé, somente a Fé em Deus, nos ajuda a arrancar este véu para procurar não tanto e não só a cura física, como, sobretudo, para compreender o que é verdadeiramente a vida humana no interior da qual também o sofrimento tem um sentido e um valor.
Devemos aprender a penetrar no Sentido Salvífico do sofrimento, constatando que o sofrimento é inseparável da existência terrestre do homem.
Assim, o Evangelho do Sofrimento torna-se Evangelho da Esperança, Evangelho do Amor.
O que Cristo ensinou a fazer quando sofremos?
Cristo ensinou o homem a fazer o Bem com o sofrimento e a fazer o Bem a quem sofre. Neste dúplice aspecto, Ele revelou, até ao fundo, o sentido do sofrimento, que é sobrenatural porque está preso, está vinculado, ao Mistério Divino da redenção do mundo, mas ao mesmo tempo também profundamente humano, porque nele o homem volta a encontrar-se a si mesmo, a própria humanidade, a sua dignidade.
Por isso, antes de sabermos as orações para alcançar a Cura de Deus, precisamos captar o valor dos sofrimentos em nossas vidas. Assim, tudo que pedirmos bem a Nosso Senhor nos será dado. Então, agora, façamo-nos outra pergunta:
Como Cristo procedeu diante destas doenças infecciosas quando as curou?
As curas dos leprosos, por exemplo:
Para entender como age Cristo quando cura os leprosos, é necessário ter em vista a concepção cultural que, no seu tempo, rodeava esta doença e que provém da legislação de Moisés no Antigo Testamento.
Permitam-me uma citação do capítulo (13 do livro do Levítico): “Se alguém for atacado de lepra, deve ser levado ao sacerdote. O sacerdote examina-o e vê uma inflamação esbranquiçada na pele com os pêlos brancos e com aspecto de estar em carne viva, é um caso de lepra crônica. O sacerdote deve declará-lo impuro. Não precisa de mandá-lo ficar isolado para verificação. Ele está impuro... Se ao observá-lo, o sacerdote verifica que, a mancha da cabeça ou da testa está branca avermelhada, tendo todo o aspecto de lepra, esse homem está atacado de lepra. Está impuro; o sacerdote deve declará-lo impuro, por causa do mal que ele tem na cabeça(13, 9-11; 43-44).
Devido à impureza, era proibido tocar os leprosos e, pela marginalização, era-lhes proibido habitar junto com o povo.
Passemos agora aos Evangelhos e vejamos o procedimento de Cristo na cura destes doentes. Temos relatos nos três Sinópticos de Mateus, Marcos e Lucas:
Mateus:
“Ao descer do monte, Jesus foi seguido por uma grande multidão. Então se aproximou dele um homem com lepra, que se ajoelhou e Lhe disse: “Senhor, se quisesses, podias curar-me”. Jesus estendeu a mão, tocou-lhe e disse: “Quero, fica curado!” No mesmo instante, o homem ficou livre da lepra. Jesus então disse-lhe: “Escuta, não fales disto a ninguém. Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece a Deus o sacrifício que Moisés ordenou, para ficarem a saber que estás curado(8, 1-4).
Marcos:
“Veio depois um homem com lepra procurar Jesus e pediu-Lhe, de joelhos: “Se tu quisesses, podias curar-me.” Jesus teve imensa pena dele, tocou-o, com a mão, e disse-lhe: “Quero, sim! Fica curado”. E naquele mesmo instante o homem ficou curado. Então Jesus repreendeu-o, em tom severo, mandou-o embora e disse-lhe: “Escuta! Não fales disto a ninguém. Vai primeiro ao sacerdote, para ele te examinar, e pela tua cura oferece o sacrifício que Moisés determinou, para que saibam que estás curado”” (1, 40-44).

Lucas:
“Uma vez Jesus estava numa certa povoação, onde havia um homem cheio de lepra; mal viu Jesus, inclinou-se até ao chão e pediu-Lhe: “Senhor, se tu quisesses, podias curar-me.” Jesus tocou-lhe e disse: “Quero sim! Fica curado”. E ao dizer isto, logo o homem ficou são. Mas Jesus deu-lhe ordem para não contar a ninguém o que se tinha passado e acrescentou: “Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece a Deus, pela tua cura, o sacrifício que Moisés mandou. Assim ficam, a saber, que estás curado”.
Quando Jesus se dirigia a Jerusalém, atravessou a Galileia e a Samaria. Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe, ao encontro, dez doentes com lepra. Ficaram a uma certa distância e puseram-se a gritar: “Jesus, Mestre, tem pena de nós!”. Jesus olhou para eles e disse: “Vão ter com os sacerdotes para que eles vos examinem”. Eles foram e enquanto iam no caminho, ficaram curados. Um deles, quando viu que estava curado, voltou e louvava a Deus em voz alta. Ajoelhou-se aos pés de Jesus, curvando-se até ao chão em agradecimento. E este era samaritano. Então Jesus perguntou: “Não eram dez os que foram curados? Onde estão os outros nove? Mais nenhum voltou para dar Graças a Deus, a não ser este estrangeiro?”. Depois disse-lhe: “Levanta-te e vai-te embora. A tua Fé te salvou”” (5, 12-14; 17, 11-19). (quem não voltou, não foi curado, acreditou que foi curado...)
No cumprimento das leis e prescrições mosaicas, os leprosos, que encontram Cristo, param à distância, sentem-se impuros, fora da convivência humana; quem os toca também ficará impuro. O Senhor cura-os e manifesta-lhes a Sua Vontade Salvífica com as palavras e com dois sinais muito consistentes: estende as mãos e toca-os. Cristo não aceita somente aproximar-se aos leprosos, mas, estende a sua mão, recebe-os e toca-os. Cristo identifica-se com o leproso, torna-se completamente solidário com ele. Identificação de Amor sem Temor. Destrói a impureza e a marginalização deles, manifesta a Sua Cumplicidade com eles. Cumplicidade que culmina em dar a vida por todosos homens que sofrem em todos os tempos.
Como podemos perceber, o tratamento de Jesus aos doentes era totalmente impregnado de Amor, Perdão e Cumplicidade: Sua dor é a minha dor.
Esta maneira de agir, que o Senhor tem com os doentes contaminados, não é casual, masderiva da mesma Vida Divina que nos veio dar; estáno coração da Redenção. O amor verdadeiro e profundo é a nossa participação da Vida Divina que Cristo nos dá com a Redenção.
Ao entrar na intimidade deste Amor, entramos na intimidade da Vida Divina e vemos que se trata de um Amor Pessoal, ou seja, que se trata da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: O Espírito Santo. (Por isso o que adiante todos os programas em todas as mídias falando de amor sem ensinar que o verdadeiro amor, só existe quando manifestamos a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade?).
O Espírito Santo é o Amor de Deus que se faz história na Misericórdia Solidária do Pai Eterno que nos envia o Seu Filho Redentor através da Sua Encarnação Pascal.
O Espírito Santo é a Intercomunicação Trinitária Infinita no Amor. A Terceira Pessoa, da Santíssima Trindade, mostra-nos a Natureza Divina de Deus como Amor; um Amor que é a entrega total do Pai ao Seu Filho e do Filho ao Seu Pai que, na sua total dedicação, fazem proceder deles a Pessoa Amor, a Pessoa Dom, que é o Espírito Santo. Portanto, o Espírito Santo significa a Infinita Posse pessoal individual tanto do Pai como do Filho em si próprios, Posse que O coloca em condição de se poder doar de modo absoluto.


Quando falamos de Amor humano, este só é autêntico quando é feito à imagem de Deus. O homem torna-se Filho de Deus somente através do amor, que significa receber, numa doação gratuita plena, tudo aquilo que é, e doá-lo também, sem medida, a Deus e aos outros.
Somente sob esta luz se pode entender o mistério das curas redentoras: De fato, a maior doação que se possa pensar é a doação até à morte: Ninguém tem mais Amor do que quem dá a vida pelos seus amigos(Jo 15, 13). Conseqüentemente, o autêntico Amor é aquele a que não importa o risco da perda da vida até ao ponto de poder dar a vida pelos outros.


O que digo, anteriormente, é para alertá-los, de que antes de se pedir a cura a Deus se deve ter em mente as disposições que Cristo nos ensinou ao curar os doentes. Isso porque, quando pedimos orações para curar estamos dispostos de poder dar a vida pelos outros? Quando eu rezo por um doente estou absolutamente entregue a Deus por amor aquele doente. Rezo pela cura aqui ou muito além daqui, sem me importar com o que vai acontecer aquele doente naquele momento que estou rezando.
Amados meus, a oração que implora o restabelecimento da saúde é, pois, uma experiência presente em todas as épocas da Igreja e naturalmente nos dias de hoje. Mas, o que constitui um fenômeno, sob certos aspectos, novo, hoje em dia, é o multiplicar-se de reuniões de oração, com o fim de alcançar de Deus a cura. Em certos casos, que não são poucos, é só ligar a sua Televisão, para assistir às pregações de curas alcançadas, que só criam uma expectativa que o fenômeno se repita no noutras reuniões do mesmo gênero, o que não é verdade. Em tal contexto, faz-se por vezes apelo a um suposto carisma de cura.
Essas reuniões de oração, feitas para alcançar as curas, deveriam levar, em consideração, o justo discernimento sob o ponto de vista litúrgico da Igreja, o justo discernimento do valor do sofrimento de cada pessoa, e as verdadeiras disposições necessárias ensinadas por Cristo. O que justamente falta nestas reuniões.
Agora, novamente nos façamos uma pergunta:
As doenças só atingem os homens injustos e pecadores, com objetivo de se converterem à Deus?
Não, as doenças atingem também os justos, e todos nós, nos interrogamos sobre o porquê um homem justo é também acometido de sofrimentos e doenças. No livro de Job, essa interrogação está presente em muitas das suas páginas.
Se fosse verdade que o sofrimento tem um sentido de castigo, quando ligado à culpa, seria verdade que todo o sofrimento seja conseqüência da nossa culpa ou tenha um caráter de punição pelos nossos erros. Isto não é verdade, porque a figura do justo Jobé uma especial prova no Antigo Testamento. Se o Senhor permite que Job seja provado com o sofrimento, faz para demonstrar a Sua Justiça. O sofrimento, no caso de Job, tem um caráter de prova da Justiça Divina. Cada sofrimento, de cada indivíduo, tem o seu caráter especifico, segundo a Vontade Divina.
Contudo, sabemos que muitas vezes uma doença, ou até mesmo uma situação de sofrimento, pode ter uma conotação positiva, como forma de levar o pecador a arrepender-se e se converter, mas, esta conotação positiva depende da Vontade Divina. À nós ou que nos interessa é que todo sofrimento parece ter uma conotação negativa. Por isso que o Profeta Isaias anuncia os tempos futuros, em que não haverá mais desgraças nem invalidez, e o decurso da vida nunca mais será interrompido com doenças mortais (Is 35,5-6; 65,19-20).
No Novo Testamento encontramos uma resposta a interrogação porque a doença atinge também os justos. Na atividade pública de Jesus, as suas relações com os doentes não são casuais, mas constantes. Cura a muitos deles de forma prodigiosa, tanto que essas curas milagrosas tornam-se uma característica da Sua Atividade: As curas são sinais da Sua Missão Messiânica ( Lc 7,20-23), aliás o dom da cura está ligado a missão de cada um na vida. Felizes aqueles que podem conhecer médicos cristãos, que estão na medicina por Missão Divina.
As curas de Jesus manifestam a Vitória do Reino de Deus sobre todas as espécies de mal e tornam-se símbolo do saneamento integral do homem, corpo e alma. As curas de Jesus corroboravam para o Poder do Anúncio Evangélico. Aliás, tinha sido essa a promessa de Jesus ressuscitado, e as primeiras comunidades cristãs viam nelas que a Promessa se cumpria entre eles: “Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: (...) quando impuserem as mãos sobre os doentes, ficarão curados(Mc 16,17-18).
A pregação de Filipe que tinha a Missão Divina, do dom da cura na Samaria, foi acompanhada de curas milagrosas: “Filipe desceu a uma cidade da Samaria e começou a pregar sobre Jesus para àquela gente. As multidões aderiam unanimemente às palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres que ele fazia. De muitos possessos saíam espíritos impuros, soltando enormes gritos, e numerosos paralíticos e coxos foram curados(Act 8,5-7).
São Paulo apresenta o seu anúncio do Evangelho como sendo caracterizado por sinais e prodígios realizados com o Poder do Espírito: “não ousaria falar senão do que Cristo realizou por meu intermédio, para levar os gentios à obediência da fé, pela palavra e pela ação, pelo poder dos sinais e prodígios, pelo poder do Espírito” (Rom 15,18-19; cfr. 1 Tes 1,5; 1 Cor 2,4-5).
Não é por nada arbitrário supor que muitos desses sinais e prodígios, manifestação do Poder Divino que acompanhava a pregação, fossem curas prodigiosas. Eram prodígios que nãoestavam ligados exclusivamente à pessoa do Apóstolo, mas que se manifestavamtambém através dos fiéis: Àqueles, que foi dado o Espírito, realizam milagres entre vós, agem assim por cumprirem as obras da Lei ou porque ouviram a Mensagem da Fé. (Gal 3,5).
A Vitória Messiânica sobre a doença, aliás como sobre outros sofrimentos humanos, não se realiza apenas eliminando-a com curas prodigiosas, segundo nosso ponto de vista, mas também com o sofrimento voluntário e inocente de Cristo na Sua Paixão, e dando a cada homem a possibilidade de se associar à Cristo. De fato, o Próprio Cristo, embora fosse sem pecado, sofreu, na Sua Paixão, penas e tormentos de toda a espécie e fez Seus os sofrimentos de todos os homens: Cumpria assim quanto d'Ele havia escrito o Profeta Isaías ( Is 53,4-5).
Atenção, na Cruz de Cristo não só se realizou a Redenção através do sofrimento, mas também o próprio sofrimento humano foi redimido. O que significa isso: O sofrimento humano foi redimido? Significa que quando Cristo realiza a Redenção mediante o Seu sofrimento, Cristo elevou, ao mesmo tempo, o sofrimento humano ao nível de Redenção. (Por isso que Ele foi homem)
E o que significa que o sofrimento humano foi elevado ao nível de Redenção? Significa que todos os homens, que podem com os seus sofrimentos autênticos e verdadeiros, se tornarem também participantes do sofrimento Redentor de Cristo, do sofrimento que cura os demais homens, Deus vem buscá-los. Quem dentre nós não quer ser buscado, encontrado, acompanhado por Deus, em seus sofrimentos?
Estejam seguros que todos os sofrimentos humanos que estejam ao nível da Redenção, de Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus vem buscá-los... Deus os acompanha... Ninguém sofre sozinho...
Os homens que sofrem foram elevados ao nível da Redenção de Cristo, a viver a sua vocação humana e cristã e a participar no crescimento do Reino de Deus de um modo diferente e mais precioso, e muito mais precioso que os meus sofrimentos tenham uma finalidade, um sentido para o crescimento do Reino de Deus!
As palavras do Apóstolo Paulo hão-de tornar-se programa e, ainda mais, a luz que faz brilhar aos seus olhos o significado de Graça da sua própria situação: “Completo na minha carne o que falta à Paixão de Cristo, em benefício do Seu Corpo que é a Igreja”, ou seja, que são os outros. (Col 1,24).
Precisamente ao fazer tal descoberta, encontrou o Apóstolo a Alegria: “Por isso, alegro-me com os sofrimentos que suporto por vossa causa(Col 1,24). Nestas palavras, do Apóstolo Paulo, podemos deduzir, claramente, que todos aqueles sofrimentos que estejam ao nível da Redenção, ou seja, sofrimentos que servem para amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nos mesmos, Deus nos dá Graça de suportá-los.
Como São Paulo, muitos homens, que sofrem, podem se tornarem veículo da alegria do Espírito Santo em muitas tribulações e ser testemunhas da Ressurreição de Jesus. Quem tem olhos que veja!
Contudo estamos aqui para falar do desejo que todo o doente sente de ser curado, o que é bom e profundamente humano, sobretudo quando se traduz em oração confiante dirigida a Deus. O Ben-Sirá exorta a fazê-lo: “Filho, não desanimes na doença, mas reza ao Senhor e Ele curar-te-á(Sir 38,9). Vários salmos são uma espécie de súplica de cura (Sal 6; 37; 40; 87).
Durante a atividade pública de Jesus, muitos doentes a Ele se dirigem, implorando a recuperação da saúde. O Senhor acolhe esses pedidos, não se encontrando nos Evangelhos o mínimo aceno de reprovação dos mesmos. A única queixa do Senhor refere-se à eventual falta de Fé: Se posso? Tudo é possível a quem acredita(Mc9,23; Mc 6,5-6; Jo 4,48). Será, que realmente diante de algumas doenças e sofrimentos humanos temos realmente uma Fé Inabalável e Inatingível?Uma Fé Inabalável e Inatingível ao ponto de que Deus venha ao meu encontro?
Não só é louvável a oração de todo o fiel que pede a cura, sua ou alheia, mas a própria Igreja, na sua liturgia, pede ao Senhor pela saúde dos enfermos.
Antes de mais, tem um Sacramento destinado, de modo especial, a confortar os que sofrem com a doença: A Unção dos enfermos. Nele, por meio da unção e da oração dos presbíteros, a Igreja recomenda os doentes ao Senhor, padecente e glorificado, para que os alivie e salve, aqui e além daqui. Pouco antes, na bênção do óleo, a Igreja reza: “derramai a Vossa Santa Bênção para que [o óleo] sirva a quantos forem com ele ungidos, de auxílio do corpo, da alma e do espírito, para alívio de todas as dores, fraquezas e doenças” e, a seguir, após a Unção, pede-se a cura do enfermo.
No De benedictionibus do Rituale Romanum existe um Ordo benedictionis infirmorum que contém diversos textos da paixão dos povos para implorar a cura: nasquatro Orationes benedictionis pro adultis, nas duas Orationes benedictionis pro pueris, na oração do Ritus brevior.
Não só as curas prodigiosas confirmavam o poder do Anúncio Evangélico nos tempos apostólicos; o próprio Novo Testamento fala de uma verdadeira e própria concessão, aos Apóstolos e aos outros primeiros evangelizadores, de um poder para curar as enfermidades em Nome de Jesus. Assim, ao enviar os Doze para a sua primeira missão, o Senhor, segundo a narração de Mateus e de Lucas, concede-lhes o Poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades (Mt 10,1; Lc 9,1) e dá-lhes a ordem: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demônios(Mt 10,8).
Também na primeira missão dos setenta e dois, a ordem do Senhor é: “curai os enfermos que aí houver(Lc 10,9).
Agora muita atenção, meus queridos ouvintes, O poder de cura, foi concedido dentro de um contexto Missionário, para aqueles que estão dentro da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, para jamais exaltar as pessoas enviadas, mas para confirmar a missão desses Apóstolos de Cristo.
Em especial, para mim, como Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Greco-Melquita e “Romana”, as pessoas leigas, que tenham o Dom da Cura, só o fazem se unidas ao nosso corpo eclesiástico, com nossas orientações e direcionamentos, inclusive com nossa autorização e acompanhamento.
Para informação de todos, os Atos dos Apóstolos se referem, de modo genérico, prodígios operados por estes: “inúmeros prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos (Act 2,43; 5,12). Eram prodígios e sinais e, portanto, obras grandiosas que manifestavam a verdade e a força da sua missão. Mas, além destas breves indicações genéricas, os Atos referem-se, sobretudo, a curas milagrosas, realizadas pelos Evangelizadores individualmente: Estevão ( Act 6,8), Filipe ( Act 8,6-7) e sobretudo Pedro (Act 3,1-10; 5,15; 9,33-34.40-41) e Paulo(Act 14,3.8-10; 15,12; 19,11-12; 20,9-10; 28,8-9).
Neste particular contexto, são de extrema importância as referências aos carismas de cura (1Cor 12,9.28.30). O significado de carisma é, por si, muito amplo: O de dom generoso, no caso em questão, trata-se de dons de curas obtidas. Estas graças, no plural, são atribuídas a um único sujeito (1 Cor 12,9) e, portanto, não se devem entender em sentido distributivo, como curas que cada um dos curados recebe para si mesmo; devem, invés, entender-se como dom concedido a uma determinada pessoa de obter graças de curas em favor dos outros.(Exemplo do Santo Papa João Paulo II)
Na Carta de São Tiago, se faz uma intervenção da Igreja, através dos sacerdotes, em favor da salvação, mesmo em sentido físico, dos doentes. Não se dá, porém, a entender que se trata de curas prodigiosas, segundo o que julgamos ser uma grandiosa cura: Um contexto diferente dos carismas de curas está na Primeira Carta de Coríntios (1Cor 12,9).Algum de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com o óleo em Nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o confortará e, se tiver pecados, ser-lhe-ão perdoados(Tg 5,14-15). Isso é: Trata-se de um Ato Sacramental: Unção do doente com óleo e oração sobre ele, não simplesmente por ele, como se fosse apenas uma oração de intercessão ou de súplica. Mais propriamente, trata-se de uma ação eficaz sobre o enfermo: Trata-se de um ato Sacramental.
Os verbos: salvará e confortará não exprimem uma ação que tenha em vista, exclusivamenteou, sobretudo, a cura física, mas de certo modo incluem-na. O primeiro verbo, se bem que nas outras vezes que aparece na dita Carta se refira à salvação espiritual (1,21; 2,14; 4,12; 5,20), é também usado no Novo Testamento no sentido de curar (Mt 9,21; Mc 5,28.34; 6,56; 10,52;Lc 8,48); o segundo verbo, embora assuma por vezes o sentido de ressuscitar (Mt 10,8; 11,5; 14,2), também é usado para indicar o gesto de levantar a pessoa que está acamada por causa de uma doença, curando-a de forma prodigiosa (Mt 9,5; Mc 1,31; 9,27; Act 3,7).
Os Padres da Igreja consideravam normal que o crente pedisse a Deus, não só a saúde da alma, mas também a do corpo.
A mesma orientação se encontra nos ritos litúrgicos, tanto ocidentais como orientais. Numa oração depois da Comunhão, pede-se que este Sacramento Celeste nos santifique totalmente a alma e o corpo.
Na solene liturgia da Sexta-Feira Santa convida-se a rezar a Deus Pai todo-poderoso para que afaste as doenças... dê saúde aos enfermos.
Entre os textos mais significativos, destaca-se o da bênção do óleo dos enfermos. Nele pede-se a Deus que derrame a Sua Santa Bênção sobre o óleo, a fim de que sirva, a quantos forem com ele ungidos, de auxílio do corpo, da alma e do espírito, para alívio de todas as dores, fraquezas e doenças.
No Rito Bizantino, durante a unção do enfermo reza-se: “Pai Santo, Médico das almas e dos corpos, Vós que enviastes o Vosso Filho Unigênito Jesus Cristo para curar de toda a doença e libertar-nos da morte, curai também, pela Graça do Vosso Cristo, este Vosso servo da enfermidade do corpo e do espírito que o aflige”
No Rito Copto pede-se ao Senhor que abençoe o óleo para que todos os, que com ele forem ungidos, possam alcançar a saúde do espírito e do corpo. Depois, durante a unção do enfermo, os sacerdotes, depois de terem mencionado Jesus Cristo, mandado ao mundo para curar todas as enfermidades e libertar da morte, pedem a Deus que cure o enfermo das enfermidades do corpo e lhe indique o reto caminho.
Meus queridos, no decorrer dos séculos da história da Igreja, não faltaram santos taumaturgos que realizaram curas milagrosas. O chamado carisma de cura, sobre o qual convém dar alguns esclarecimentos doutrinais, não fazia parte desses fenômenos taumaturgos.
As curas ligadas aos lugares de oração (nos santuários, junto de relíquias de Mártires ou de outros Santos, etc.) são abundantemente testemunhadas ao longo da história da Igreja. Na antiguidade e na idade média, contribuíram para concentrar as peregrinações em determinados santuários, que se tornaram famosos também por essa razão. O mesmo acontece na atualidade, como, por exemplo, há mais de um século com Lourdes e Fátima no Ocidente, e no Oriente, no Líbano, com São Charbel, santa Rifka e muitos outros. Estas curas não comportam um carisma de cura, porque não estão ligadas a uma pessoa que é detentora de tal carisma, mas há que tê-las sob o ponto de vista doutrinal.
Uma realidade que não podemos esquecer, é que não se deve pôr em primeiro plano o desejo de alcançar a cura dos doentes, fazendo com que a exposição da Santíssima Eucaristia, do Santíssimo Sacramento, venha a perder a sua finalidade. Por que a finalidade da exposição do Santíssimo Sacramento, em nossas Igrejas, consiste, não apenas de desejar a cura dos doentes, mas, principalmente, em reconhecer, na exposição do Santíssimo Sacramento, a Admirável Presença de Cristo que convida a todos a uma íntima união com Ele, união que atinge o auge na Comunhão Sacramental.
Concluindo, o carisma de cura não se atribui a uma determinada categoria de fiéis. Aliás é bem claro em São Paulo, quando ele se refere aos diversos carismas em (1 Cor 12), ele não atribui o dom dos carismas de cura a um grupo particular: Ao dos Apóstolos ou dos Profetas, ao dos Mestres ou dos que governam, ou a outro qualquer. A lógica, que preside à sua distribuição, é outra: “É um só e mesmo Espírito que faz tudo isto, distribuindo os dons a cada um conforme Lhe agrada(1 Cor 12,11). Por conseguinte, nas reuniões de oração, organizadas com o intuito de implorar curas, seria completamente arbitrário atribuir um carisma de cura a uma categoria de participantes.
Devemos confiar apenas na vontade totalmente livre do Espírito Santo, que dá a alguns um especial carisma de cura para manifestar a força da Graça do Ressuscitado. Recordemos, por outro lado, que nem as orações, mais intensas, alcançam a cura de todas as doenças. E Por que? Porque São Paulo nos ensina, claramente, que o Senhor nos transmitiu: Basta-te a Minha Graça, porque é na fraqueza que se manifesta todo o Meu Poder(2 Cor12,9) como ele nos ensina também que os sofrimentos, que temos de suportar, podem ter o sentido da Redenção Divina: “Completo na minha carne o que falta à Paixão de Cristo, em benefício do Seu Corpo que é a Igreja(Col 1,24). Quem tem olhos que veja!
Muito Obrigado,
Até uma próxima vez, se assim Nosso Senhor Jesus Cristo desejar!

Minha Benção Apostólica
Dom Farès Maakaroun
Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Greco-Melquita no Brasil

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