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sábado, 2 de abril de 2011


QUARTO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
Quem é São João Clímaco
Neste Quarto Domingo da Grande Quaresma nosso Rito Bizantino recorda a figura de São João Clímaco, que nos fornece alguns elementos inspirados para alcançarmos os frutos da oração. Num certo sentido o rigor do tempo quaresmal  vai se tornando cada vez mais árduo e nos ensina a usarmos especialmente  a mais preciosa de todas as armas no combate espiritual: a oração.   
S. João Clímaco é o autor da “Escada Celestial”. Ele foi para o Monte Sinai quando era um jovem de dezesseis anos e permaneceu lá, primeiro como um postulante em obediência, depois como recluso, e finalmente como abade do Sinai até os oitenta anos. Ele faleceu por volta do ano 563 d.C.
Seu biógrafo, o monge Daniel, diz a respeito dele: “Seu corpo ascendeu às alturas do Sinai, enquanto sua alma ascendeu às alturas celestiais.”
João permaneceu em obediência a seu pai espiritual, Martírio, por dezenove anos. Observando o jovem João, Anastácio do Sinai profetizou que ele se tornaria o abade do Sinai. Após a morte de seu pai espiritual, João se afastou para uma caverna, onde viveu uma difícil vida de ascetismo por vinte anos. Certo dia, seu discípulo, Moisés, adormeceu debaixo de uma enorme pedra. João, orando em sua cela, viu que seu discípulo estava em perigo e orou a Deus por ele. Quando Moisés retornou mais tarde, se ajoelhou e agradeceu a seu pai espiritual por ter lhe salvado da morte certa. Ele lhe contou como, em sonho, ouviu João lhe chamando e rapidamente se levantou. Naquele momento a pedra caiu. Se ele não tivesse se levantado, a pedra teria lhe esmagado.
Por insistência da irmandade, João concordou se tornar o abade, e ele encaminhava a salvação das almas dos homens com zelo e amor. João ouviu de alguém uma repreensão de que falava demais. Ele não ficou com raiva por causa disso, mas no entanto permaneceu em silêncio por um ano inteiro até que os irmãos lhe imploraram que voltasse a falar e lhes ensinasse sua sabedoria dada por Deus.
Em certa ocasião, quando seiscentos peregrinos vieram ao Mosteiro do Sinai, todos viram um jovem ágil vestido com trajes judeus servindo uma mesa e dando ordens aos outros servos e lhes dando tarefas. De repente este jovem desapareceu. Quando todos perceberam isto e começaram a inquirir, João lhes disse: “Não o busqueis, pois este era o profeta Moisés servindo no meu lugar.”
Durante o período de seu silêncio em sua caverna, João escreveu muitos livros importantes, dos quais o mais glorioso é “A Escada.” Este livro é lido por muitos até hoje. Nele João descreve o método de elevar a alma a Deus, como subindo uma escada. Antes de sua morte, João designou Jorge, seu irmão de sangue, como abade. Jorge sofreu muito por se separar de João. Então João lhe disse que, se ele (João), fosse digno de estar perto de Deus no outro mundo, que orai a Ele para que Jorge também fosse levado ao céu naquele mesmo ano. E assim aconteceu. Após dez meses Jorge o seguiu e foi habitar entre os cidadãos do céu como seu irmão mais velho, João.
Alguns aspectos da “ESCADA”



"O verdadeiro monge: o olhar da alma,
 imóvel; o sentido corporal, inabalável...
uma luz que não
 se apaga aos olhos do coração"

"Aqueles cujo espírito aprendeu a orar,
 na verdade falam ao Senhor face a face,
como os que falam ao ouvido do imperador;
 aqueles cuja boca ora,
fazem lembrar os que se prostram diante
do imperador,
na presença de toda corte.
 Os que vivem no mundo,
são os que dirigem sua súplica ao imperador,
 na balbúrdia de todo povo".

"Que vossa oração ignore toda multiplicidade:
 uma única palavra bastou ao Publicano
e ao filho pródigo para obter o perdão".

"O grande herói da sublime e perfeita oração diz:
 'prefiro dizer cinco palavras
com a minha inteligência...'(1Cor 14,19)
 As crianças pequenas não tem idéia disso: imperfeito como somos, com a qualidade
 também nos é
necessária a quantidade. A segunda
 consegue para nós a primeira..."

"A solidão do corpo é a ciência e a
 paz da conduta e dos sentidos;
a solidão da alma, a ciência
dos pensamentos e um espírito inviolável.
O amigo da solidão é um espírito de sentinela,
 valente e inflexível, sem sono,
 à porta do coração, para derrubar mas
atar os que se aproximam".

"O hesicasta é quem aspira a limitar
 o incorporal numa morada de carne.
O gato aspira o ratinho;
 o espírito do hesicasta
 espreita o ratinho invisível".

"O monge tem necessidade de grande vigilância
 e de um espírito isento de agitação.
 O cenobita tem frequentemente o apoio
de um irmão; o monge, o de um anjo".

"Fechai a porta da cela a vosso corpo,
 a porta dos lábios às palavras,
 a porta interior aos sentido".

"A obra da solidão (hesychia)
 é uma despreocupação total por todas as coisas,
 razoáveis ou não".

"Basta um fio de cabelo para embaralhar a vista;
basta uma simples preocupação
para dissipar a solidão (hesychia),
 pois a solidão é despojamento dos pensamentos e renúncia às preocupações razoáveis".

"Quem possui verdadeiramente a paz,
 não se preocupa mais com o próprio corpo".

"Quem quer apresentar a Deus um
 espírito purificado, e se deixa perturbar
pelas preocupações, assemelha-se
a alguém que tivesse entravado fortemente as pernas e pretendesse correr".

"É grande a utilidade da leitura para esclarecer e recolher o espírito".



"Procurai vossas luzes sobre a ciência da
 santidade, mais nos trabalhos do que nos livros".

"Quem se sente diante de Deus, do fundo do coração,
será como uma coluna imóvel
durante a oração".

"O monge que vela é um pescador
de pensamentos; sabe distingui-los sem dificuldade,
na calma da noite, e apanhá-los".

"Nada de rebuscamento nas palavras
 de vossa oração: quantas vezes
os balbucios simples e monótonos
das crianças fazem o pai ceder!"

"Não vos entregueis a longos discursos,
para que vosso espírito
 não se dissipe na procura das palavras.
 Uma única palavra do publicano
comoveu a miseriocórdia de Deus;
uma única palavra cheia de fé salvou o Ladrão".

"A prolixidade na oração frequentemente
 enche o espírito de imagens e o dissipa,
 enquanto muitas vezes o efeito de uma
 única palavra (monologia) é recolhê-lo".

"Senti-vos consolados e enternecidos
 por uma palavra da oração?
 Parai nessa palavra; isso quer dizer
que o nosso anjo da
 guarda então ora conosco".

"Nada de segurança demais,
 mesmo tento conseguido a pureza;
 mas, sim, uma grande humildade,
e sentireis então maior confiança".

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