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sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Parte-5 Liturgia Eucarística
            Interrompido o diálogo com o povo pela Procissão dos Dons, o sacerdote o conclama agora: “Completemos nossa oração ao Senhor”. Em seguida, convida: “por estes dons oferecidos, oremos ao Senhor”. “Kyrie eleison” é a resposta.
            Concluindo esse “ofertório”, o sacerdote faz uma nova oração sacerdotal, com a novidade de fazer uma antecipação da Epíclese, pedindo a Deus que “recebe o sacrifício de louvor, dos que O invocam de todo o coração” que seja digno de lhe oferecer um sacrifício agradável, através da descida do Espírito Santo “sobre ele, sobre estes dons oferecidos e sobre todo o povo”. 
                  “Paz a todos” - o sacerdote dirige à assembléia a saudação de Cristo e convida: “Amemo-nos uns aos outros para confessarmos em unidade de espírito...”. O povo completa “...o Pai, o Filho e o Espírito Santo, Trindade consubstancial e indivisível”. O sacerdote beija o altar e os santos dons, haurindo do sacrifício a força do amor de Cristo. A verdadeira paz vem daí e, por isso, é o sacerdote que transmite a paz a toda assembléia. Dessa forma, o sacerdote beija alguém próximo, que pode ser um acólito ou um membro da comunidade, dizendo “Cristo está entre nós”: a assembléia reunida é o fundamento do Reino de Deus! Este responderá “Ele está e estará”, e transmitirá a saudação para outro; este a outro, e assim por diante. Para confessarmos um Deus de amor no Credo, que, em sua Trindade, é uma “comunidade de amor”, precisamos estar reconciliados uns com os outros. Também precisamos estar unidos, além do mais, para oferecer um sacrifício agradável a Deus. Como diz São Mateus em seu Evangelho (5, 23-24): Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta”.
“Que realidade maravilhosa! Os cristãos não podem esconder ou esconder seu amor que tudo abraça. A Igreja, para ser Igreja de Cristo, precisa ser a primeira revelação deste amor divino que Deus derrama em nossos corações. Sem este amor, nada é válido na Igreja. O beijo de Cristo é um sinal dinâmico no qual os cristãos expressam seu amor pelo próximo antes de partilhar do mesmo pão. Cristo é nosso verdadeiro amor, verdadeira vida e nosso perdão. Nós o compartilhamos com os outros. Partir o pão de Cristo torna-se um ato vazio se não partirmos nós mesmos. É Cristo que nos une a cada um e, por cada um, a Deus”[1].
            Unidos na fé e na caridade, todos seguem, então, com a profissão do mesmo Credo.
Cristãos que proclamam no Credo sua aceitação da vida em Deus, Pai-Filho-Espírito Santo, entram no domínio da criação, no Reino dos céus, e se tornam prontos para responder à excelência e amor de Deus no cumprimento dos mistérios que em breve se fará no altar. Dentro da realidade expressa pelo Credo, nós nos encontramos vivendo e nos movendo em um Ser infinito e imensurável, que é Pai e ternura, que é Filho e amante, que é Espírito e doador da vida. É a glória do cristão declarar que tudo foi planejado e é executado por Deus, não para Seu bem, mas “por nós homens e para nossa salvação”. Nós fomos redimidos, não por causa de nosso sucesso ou anos de amadurecimento, mas por nossos problemas, perigos e também do grande amor de Deus por nós. Nisto, nós encontramos renascimento na morte, ressurreição e vida eterna. Estamos prontos a ir mais fundo nas realidades de Deus e nos tornarmos “eucarísticos”[2].
Enquanto o povo recita o Credo, o sacerdote agita o véu maior do altar sobre as oferendas até “e subiu ao céu”. A interpretação tradicional é a seguinte:
São Germano de Constantinopla diz queo sacerdote levanta o véu descobrindo assim as oblatas para simbolizar o Anjo que revolveu a pedra que vedava a entrada do sepulcro, quando Cristo ressuscitou; e o agita para figurar o tremor de terra que houve naquela hora". Este simbolismo é mais claro nas Missas pontificais: o bispo inclina a cabeça em cima do altar e dois sacerdotes agitam o véu em cima dela como se fosse Cristo no túmulo. E quando o povo diz: "E ressuscitou ao terceiro dia e subiu ao céu", param de agitar o véu e o bispo levanta a cabeça figurando a ressurreição de Cristo”[3]
            Pessoalmente, eu proponho uma interpretação que me parece mais coerente com o momento da recitação do Credo: o véu sendo agitado representaria a ação de Deus pela humanidade, que professamos, do Deus que, embora invisível (atrás de um “véu), nunca deixou de agir, “balançar”, em favor do homem, até que se encarnou e, em sua grande manifestação, ressuscitou. Já com a presença do bispo, a atitude dele de se abaixar sob o véu que tremula poderia remeter ao homem novo que se esconde sob as águas, até que elas sejam santificadas pelo Batismo para ele ser revelado. O Batismo é o que nos inclui na comunidade dos crentes e nos permite rezar o Credo.

[1] RAYA, Arcebispo Joseph Passage to Heaven
[2] Idem
[3] ARBEX, Monsenhor Pedro A Divina Liturgia – Explicada e Meditada

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