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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017


Grande quaresma 2017

NAS SEXTAS FEIRAS TEM LUGAR DURANTE A GRANDE QUARESMA O CANTO DO "AKATISTOS" `A MÃE DE DEUS












QUINTO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
Santa Maria Egipcíaca


Maria Egipcíaca, chamada a Pecadora, passou 47 anos no deserto em austera penitência, começada por volta do ano do Senhor de 270, no tempo do Imperador Cláudio.

Certa vez, um abade chamado Zózimo atravessou o rio Jordão e percorria um grande deserto procurando um santo eremita, quando viu caminhando uma pessoa nua e de corpo enegrecido pelo sol. Era Maria Egipcíaca, que imediatamente fugiu, com Zózimo correndo atrás dela, por isso perguntou: “Abade Zózimo, por que me persegue? Desculpe-me, não posso mostrar meu rosto porque sou mulher e estou nua; dê-me seu manto para que eu possa olhá-lo sem me envergonhar”. Ouvindo ser chamado pelo nome, ele ficou surpreso e depois de dar seu manto prosternou-se aos seus pés e pediu a ela que o abençoasse. Ela disse: “É você, padre, que deve me abençoar, você que é ornado pela dignidade sacerdotal”.

Ao perceber que ela sabia seu nome e sua condição, ficou ainda mais impressionado e insistiu para que o abençoasse. Mas ela disse: “Bendito seja Deus, redentor de nossas almas”. Enquanto ela orava de mãos estendidas, Zózimo viu que ela tinha se erguido a um côvado do chão. Vendo aquilo, o ancião pôs-se a pensar se não era um espírito que estava fingindo rezar. Então ela disse: “Que Deus o perdoe por ter tomado uma mulher pecadora por um espírito imundo”. Zózimo conjurou-a em nome do Senhor a lhe contar sua vida. Ela retorquiu: “Perdoe-me, padre, mas se contar minha história você fugirá apavorado, como se visse uma serpente. Seus ouvidos serão maculados por minhas palavras e o ar contaminado por coisas sórdidas”. Mas diante da veemente insistência, ela contou:

Nasci no Egito, irmão, e aos doze anos de idade fui para Alexandria, onde durante dezessete anos entreguei-me publicamente à libertinagem e nunca me recusei a quem quer que fosse. Quando alguns homens da região embarcaram para Jerusalém a fim de adorar a Santa Cruz, pedi aos marinheiros que me levassem com eles. Como me pediram para pagar a passagem, respondi: “Não tenho dinheiro, irmãos, mas posso entregar meu corpo como pagamento”. Eles me levaram e usaram meu corpo.

Chegando a Jerusalém, fui com as outras pessoas até a igreja para adorar a cruz, mas imediatamente uma força invisível me repeliu e me impediu de entrar. Várias vezes, fui até a soleira da porta, e continuava a ser repelida, enquanto todo mundo entrava sem dificuldade e sem encontrar nenhum obstáculo. Pus-me a pensar e concluí que tudo aquilo tinha como causa a enormidade de meus crimes. Comecei a bater no peito com as mãos, a derramar lágrimas amargas, a dar profundos suspiros do fundo do coração e, ao erguer a cabeça, vi uma imagem da bem-aventurada Virgem Maria. Pedi então, com lágrimas, que ela obtivesse o perdão de meus pecados e me deixasse entrar para adorar a Santa Cruz, prometendo renunciar ao mundo e levar, dali em diante, uma vida casta.

Após essa prece, confiando na bem-aventurada Virgem, fui mais uma vez até a porta da igreja, pela qual passei sem o menor obstáculo. Quando terminei de adorar a Santa Cruz com grande devoção, alguém me deu três moedas, com as quais comprei três pães, e ouvi uma voz que me dizia: “Se atravessar o Jordão, estará salva”. Atravessei o Jordão e vim para este deserto, no qual fiquei 47 anos sem ter visto homem algum. Os três pães que levei comigo, embora com o tempo tenham se tornado duros como pedras, bastaram para me alimentar por 47 anos, mas minhas roupas há muito tempo apodreceram. Durante os primeiros dezessete anos passados neste deserto fui atormentada pelas tentações da carne, mas hoje já as venci, com a graça de Deus. Agora que contei toda a minha história, peço que reze a Deus por mim.

O ancião ajoelhou-se e abençoou a escrava do Senhor. Ela lhe disse: “Peço que no dia da ceia do Senhor você venha para a margem do Jordão e traga o corpo do Senhor. Eu irei encontrá-lo ali e receber de sua mão esse corpo sagrado, porque desde o dia em que vim para cá não recebi a comunhão do Senhor”. O ancião voltou para seu mosteiro e no ano seguinte, ao se aproximar o dia da Ceia, pegou o corpo do Senhor e foi até a margem do Jordão. Do outro lado estava de pé uma mulher que fez o sinal-da-cruz sobre as águas e veio ao encontro dele. Ao ver isso, tomado de surpresa, prosternou-se humildemente a seus pés. Disse ela: “Não faça isso, pois você carrega os sacramentos do Senhor e tem a dignidade sacerdotal. No entanto, padre, eu suplico que no próximo ano você se digne a me ver novamente no mesmo lugar em que nos encontramos pela primeira vez”. Depois de fazer o sinal-da-cruz, ela atravessou de volta as águas do Jordão para ganhar a solidão do seu deserto.


Quanto ao ancião, retornou a seu mosteiro e no ano seguinte foi ao lugar combinado, mas encontrou Maria morta. Pôs-se a chorar e não ousou tocá-la, mas disse consigo mesmo: “Eu sepultaria de bom grado o corpo desta santa, mas temo que isso a desagrade”. Enquanto pensava assim, viu as seguintes palavras gravadas na terra, perto da cabeça dela: “Zózimo, enterre o corpo de Maria, devolva à terra sua poeira e ore por mim ao Senhor, por ordem do qual deixei este mundo no segundo dia de abril”. Meditando o fato, o ancião concluiu que ela terminara sua vida no deserto, no ano anterior, logo após ter recebido o sacramento do Senhor. Ora, antes de ir para junto de Deus, Maria tinha ido em uma hora do Jordão ao deserto, distância que Zózimo com muita dificuldade levava trinta dias para percorrer.


Vendo um leão que mansamente vinha em sua direção, o ancião disse-lhe: “Esta santa mulher mandou sepultar aqui seu corpo, mas não posso cavar a terra porque sou velho e não tenho ferramentas. Cave você a terra para que possamos sepultar seu santíssimo corpo”. O leão começou a cavar e a fazer uma cova adequada, depois do que foi embora manso como um cordeiro, enquanto o ancião voltava para o seu mosteiro glorificando a Deus.

—————VERAZZE, Jacopo de. Legenda Áurea: Vida de Santos

ENCONTRO ANUAL DO CLERO GRECO MELQUITA CATÓLICO NO BRASIL
NOS DIAS 28, 29,30 E 31 ACONTECEU EM NOSSA CATEDRAL NOSSA SENHORA DO PARAÍSO EM SÃO PAULO-SP O 3º ENCONTRO DO CLERO COM NOSSO BISPO EPARCA DOM JOSEPH GEBARA.

 A homilia da Divina Liturgia foi proferida pelo Arquimandrita João.




QUARTO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
São João Clímaco ou João da Escada


Sendo a Grande Quaresma um momento de jornada intensa em meio ao deserto espiritual, se fazendo acompanhar pelo espírito de Oração, neste quarto domingo nos deparamos com  São João Clímaco que nasceu em 580. Clímaco foi um monge do Monte Sinai, e deve o seu cognome a um livro seu, Escada (Klímax - Clímaco). A Escada é um resumo da vida espiritual, concebida para os solitários e contemplativos. Para Clímaco, a oração é a mais alta expressão da vida solitária; ela se desenvolve pela eliminação das imagens e dos pensamentos. Daí a necessidade da 'monologia', isto é, a invocação curta, de uma só palavra, incansavelmente repetida, que paralisa a dispersão do espírito. Essa repetição deve assimilar-se com a respiração.
João Clímaco faleceu por volta do ano 650.
O nome de São João Clímaco é uma alusão à palavra "klímax', que em grego significa escada. São João decidiu adotar este nome em virtude do livro escrito por ele mesmo, intitulado Escada para o Paraíso.
Nesta obra ele explica que existem 30 degraus a serem galgados para que possamos atingir a perfeição moral. Este livro foi um grande sucesso na época e chegou até mesmo a influenciar monges e outros religiosos cm sua conduta particular, tanto no Ocidente como no Oriente. A importância desta obra literária para a época pode ser notada na utilização do símbolo escada na arte bizantina.
São João Clímaco foi muito famoso como homem santo em toda a Palestina e Arábia. Viveu por volta do ano 650 e morreu no Monte Sinai.
Conta-se que ele era palestino e na adolescência ingressou cm um mosteiro no Monte Sinai, onde passou a dedicar sua vida às orações e à meditação. Até os 35 anos viveu desta forma, mas quando seu mestre faleceu resolveu encerrar-se cm uma cela e viver à moda dos monges do deserto: jejuando, orando e estudando a Bíblia.
Durante este novo período de sua vida São João Clímaco decidiu nunca mais comer carne, fosse ela vermelha ou branca. Também passou a sair de sua cela apenas para participar da Eucaristia, aos domingos.
Já com 70 anos foi eleito bispo do Monte Sinai, muito embora preferisse continuar com sua vida isolada. Nesta época construiu hospitais para a população mais pobre, ajudado pelo papa Gregório Magno.
Os últimos quatro anos de sua vida foram dedicados a viver como ermitão. Neste período de total isolamento ele escreveu Escada para o Paraíso.

FONTE:
Revista Santo do Dia. São Paulo: Ed. Casa Dois, 2001




TERCEIRO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
DOMINGO DA SANTA CRUZ


Domingo situado exatamente no meio do tempo quaresmal, alude ao momento em que no meio do deserto Moisés levantou a  serpente de bronze, prefigurando o Cristo levantado na cruz.
Doravante, a espada de fogo não guardará mais a porta do Éden, 
porque o madeiro da Cruz apagou-a de modo maravilhoso; 
a morte foi vencida e a vitória dos infernos anulada. 
E Vós, ó meu Salvador, vos dirigistes aos que nele estavam, 
dizendo: "entrai de novo no paraíso!"

Vinde fiéis! Adoremos o Madeiro que dá a vida, 
no qual, Cristo, o Rei da glória, 
estendeu voluntariamente seus braços, 
restaurando em nós a felicidade primitiva; 
nós que, dominados pelo mal e pelas paixões 
estávamos afastados de Deus. 
Vinde, adoremos a Cruz, 
que nos dá a vitória sobre o mal. 
Vinde, povos da terra, 
honremos com hinos a Cruz do Senhor, cantando: 

Salve ó Cruz, libertação de Adão decaído, 
porque em ti, toda a Igreja se alegra! 
Nós, fiéis, a venerar-te com respeito e devoção, 
glorificamos a Deus que em Vós foi fixado, dizendo: 
Senhor que fostes crucificado, tende piedade de nós, 
porque Vós sois bom e amigo dos homens!

As características das Missas da Quaresma
A igreja ajuda aos cristãos no seu esforço de jejuar, criando condições, que dispõem ao jejum e à penitencia. Durante a Quaresma, tudo muda na igreja, tudo é incomum: as missas, as orações, os cânticos, as melodias, as prostrações e todo o ambiente. O ambiente festivo e a solenidade são substituídos pelo arrependimento e pela purificação da consciência. Os padres se vestem em vestimentas escuras; a Porta Real se abre com menos freqüência, a iluminação é mais fraca, o sino toca menos, há poucos cânticos e mais leitura de salmos e de outras orações que predispõem à penitencia; as pessoas se ajoelham com mais freqüência.
Durante a Quaresma se repete freqüentemente a oração do Sto. Efrem o Sírio: "Senhor e Mestre da minha vida" com prostrações. A missa liturgica completa, como a mais solene de todas as missas, só é oficiada aos sábados e aos domingos, às 4as e 6as feiras durante toda a Quaresma há missas liturgicas dos Dons Pré-Santificados, que têm o caráter de penitencia.
A primeira semana tem o caráter especialmente rigoroso e suas missas são repletas de uma profundidade espiritual. Na 2a, 3a, 4a e 5a — feiras durante o grande vesperal é lido o cânone de Sto. André de Creta, que é capaz de comover até a alma mais empedernida e conduzi-la à penitencia. No sábado é lembrado o milagre do S. Teodoro de Tiro, o Megalomártir , que com a sua aparição salvou os cristão da profanação pelo sangue derramado em honra dos falsos deuses e ordenou a eles de comer o trigo cozido com mel no lugar da comida impura.
O primeiro domingo da Quaresma se chama de Domingo de Ortodoxia, que foi estabelecido em comemoração da vitória sobre os iconoclastas dos séculos 8 e 9, quando os santos ícones voltaram a ser novamente veneradas. Após a liturgia, é celebrada uma missa especial pedindo a conversão dos enganados.
O terceiro domingo da Quaresma é dedicado à adoração da venerável e vivificante cruz. No sábado, durante a missa vesperal a santa Cruz é levada do altar para o centro da igreja para adoração. Com isto, a Igreja inspira os fiéis para continuarem a jejuar, porque pela cruz Nosso Senhor retirou o poder do diabo e livra-nos dos pecados. A cruz fica no centro da igreja durante toda a quarta semana. Ao adorar a cruz, cantamos ou rezamos: "Adoramos a Vossa cruz, Senhor, e glorificamos a Vossa santa ressurreição."
Na quarta-feira da quinta semana, à noite, novamente é lido o Grande Cânon do Sto. André de Creta e é oferecida como exemplo a vida da Sta. Maria Egípcia, a qual, sendo uma grande pecadora, após a penitencia, se regenerou e se transformou numa santa igual aos apóstolos. Na sexta-feira à noite é oficiado o akáthistos em louvor da Nossa Senhora, a qual, com a sua perfeição espiritual excedeu todos os homens e se transformou no nosso maior exemplo de inspiração.
Toda a sexta semana da Quaresma é uma preparação para a digna glorificação do Nosso Senhor, Que foi para Jerusalém para voluntariamente sofrer por nós. Na sexta-feira da sexta semana termina a Quaresma, como período designado para a penitencia. No domingo é comemorada a entrada do Nosso Senhor em Jerusalém e começa a Semana Santa — em que são lembrados os últimos dias de vida na terra do Nosso Senhor.
Durante a Quaresma, tudo nos ajuda a corrigir as nossas vidas: a abstinência da comida e de diversões, uma atenção especial nas orações em casa bem como na igreja. Desde os tempos antigos veio o costume de terminar a Quaresma com confissão e comunhão. Cada um de nós deve se preparar para a confissão, confessar sem pressa, com um profundo sentimento de arrependimento e com a intenção de modificar o nosso modo de viver. A comunhão nos proporciona uma enorme força espiritual. Por isso, é recomendável repetir a confissão e a comunhão várias vezes durante a Quaresma.
Bispo Alexander (Mileant).

Traduzido por Tatiana Zyromsky / Natalia Martynenko



2º DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
DOMINGO DAS SANTAS RELÍQUIAS


Por Padre Pavlos Tamanini
A veneração às relíquias de santos cristãos teve inicio no culto aos mártires do inicio do cristianismo que eram vistos como símbolo do sofrimento, da morte e da vitória do Cristo. No santo mártir, a fé por Cristo ganhava forma; era uma realidade próxima, possível de ser imitada. Por isso restos dos corpos desses mártires e objetos que lhes pertenciam eram venerados com respeito e devoção pelos cristãos da Igreja perseguida, pois, não negando a fé no Ressuscitado, derramaram seu sangue por Ele, O testemunhavam com sua vida.
Após o Edito de Milão, quando a Igreja deixou de ser perseguida, essas relíquias dos primeiros santos mártires eram colocadas em altares para veneração. Tempos depois as relíquias eram incrustadas no Altar principal, onde se celebrava a Sagrada Liturgia.
O Altar é o símbolo do Cristo, Pedra Vida e Pedra Fundamental da Igreja . Da mesma forma que as relíquias estavam unidas ao Altar, o mártir estava unido ao Corpo Místico de Cristo de modo inseparável, pelo martírio e pela santidade de vida.
Na cerimônia Litúrgica de Consagração de uma nova Igreja ou de um novo Altar, as relíquias de um santo são colocadas naquela Igreja para veneração dos fiéis, lembrando também o primitivo costume da celebração eucarística nas catacumbas, na época da Igreja perseguida.
Neste Segundo Domingo da Quaresma, após venerarmos os santos Ícones, a Igreja do Oriente dá às santas relíquias, a mesma dignidade, honra, devoção e respeito. Os santos ícones unidos às santas relíquias são venerados pela Igreja, pois são vistos pelos cristãos como testemunhas vivas da sua fé.
A devoção aos santos ícones e às santas relíquias são pois, um convite para que vivamos a Quaresma santificando nossa vida. Ela é vista como um estímulo, um convite insistente para que não esqueçamos de nossa vocação primeira: sermos santos como nosso Pai é Santo.
Encontramos relatos extraordinários de curas e milagres graças à intercessão de um santo cujas relíquias foram tocadas. As relíquias dos santos na Igreja são testemunhas do possível: a santidade nos é possível. Venerar relíquias de pessoas que viveram santamente a sua fé nos dá coragem e ânimo.
A Quaresma nos convida, através das santas relíquias, a trilharmos o caminho da caridade, do amor e do perdão. Hoje são veneradas as relíquias não só de mártires mas de todos os que amaram a Cristo em sua vida cotidiana. Ser santo é viver sua fé de maneira simples mas verdadeira. A sinceridade de nossa vida rumo à santidade nos encaminha à perfeição. A perfeição de uma vida vivida na caridade, no desapego, na solidariedade e filantropia é causa de admiração e imitação.
Muitos são os que viajam para lugares distantes para ver e, se possível, tocar as relíquias em algum lugar sagrado. As peregrinações a estes lugares já são registradas desde o inicio do cristianismo, principalmente em Jerusalém.
Nós fiéis acreditamos que ao venerarmos estas relíquias estamos testemunhando a presença do Cristo na história dos homens e mulheres simples. O santo arrasta atrás de si milhares de pessoas, e em alguns casos, não só após a morte, mas já durante sua vida.
O Evangelho de Marcos, nos confirma este pensamento: onde Jesus estava, as pessoas recorriam a Ele. Numa atitude incomum, destelhando o lugar onde se encontrava Nosso Senhor, as pessoas fizeram chegar a Ele um paralítico. Alguns poderiam pensar que tal gesto beirasse ao vandalismo, outras poderiam argumentar que a capacidade das pessoas concretizarem seus objetivos, às vezes as leva às cenas pitorescas, como esta. De qualquer forma, o interessante é que Jesus não repreendeu as pessoas por destelharem a casa, ou as elogiou pela sua determinação em ali chegar. Jesus surpreende a todos manifestando a misericórdia de Deus, perdoando os pecados daquele paralítico, causando espanto a todos. Como se uma coisa estivesse de fato associada à outra, comunica ao paralítico primeiramente o perdão de seus pecados e liberta-o em seguida do mal que mantém paralisado o seu corpo: «Levanta-te, toma teu leito e vai para casa!» Logo após a purificação da alma, o Senhor purifica o corpo dos males físicos, curando-o.
Esta passagem nos faz refletir sobre o "pecado". Se na época de Jesus, a noção de pecado era distorcida, no mundo de hoje padecemos de uma generalizada e progressiva banalização da mesma. Do "tudo é pecado" ao "nada é pecado". Quando pensamos que "nada" é pecado nos privamos da experiência da misericórdia divina. Como sentir o perdão de Deus se nada achamos em nós que precise ser perdoado? Como dar perdão aos que nos ofendem, se não sabemos o que é ser perdoado?
Quem acredita não ter pecado, afasta a possibilidade da presença de Deus em sua vida. Os santos homens, ao atingirem um grau quase perfeito em sua vida espiritual, achavam-se pecadores e indignos. Por que então poderíamos nós pensar diferente?
Este Segundo Domingo da Quaresma nos convida, pois, ao sacramento do Perdão. A Igreja, sinal e sacramento do Perdão Divino, é lugar de conversão e perdão fraterno. Também é portadora da mensagem do perdão que o Pai misericordioso quer estender a todos os filhos e filhas para tê-los sempre próximos. E todos nós, tornados seus membros pelo batismo, somos chamados a assumir, comunitária e individualmente, esta tarefa: ser mensageiros do sacramento da misericórdia divina, instrumentos do amor misericordioso que o Pai quer fazer chegar a cada um de nós, seus filhos e filhas.http://www.ecclesia.com.br
NO DOMINGO DAS SANTAS RELÍQUIAS FOI DISTRIBUÍDO AOS FIÉIS PEQUENOS PEDAÇOS DO LENÇOL QUE FOI COLOCADO SOBRE A PEDRA DA UNÇÃO NO SANTO SEPULCRO E ENXUGOU O PERFUME DAS ERVAS AROMÁTICAS DO CALVÁRIO.




PRIMEIRO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
DOMINGO DA ORTODOXIA.
05 DE MARÇO

 Ele foi estabelecido como um dia memorial especial pelo Concilio de Constantinopla em 843. Ele comemora antes de tudo a vitória da Igreja sobre a heresia dos Iconoclastas: o uso e veneração dos Santos Ícones foi restaurada. Neste dia nós continuamos a cantar o tropário da Santa Imagem de Cristo: "Nós reverenciamos Vossa sagrada Imagem, ó Cristo..."
Á primeira vista, pode parecer ser uma ocasião inadequada para comemorar a glória da Igreja e todos os heróis e mártires da Fé da Igreja. Não seria mais razoável fazer isto nos dias dedicados à memória dos grandes Concílios Ecumênicos ou dos Santos Padres da Igreja? A veneração do Ícone não é mais uma peça de um ritual e cerimonial externo? Um Ícone pintado não é justamente mais uma decoração, muito bonita de fato, e de diversas maneiras instrutiva, mas dificilmente um artigo de Fé? Esta é a opinião corrente, infelizmente largamente espalhada mesmo entre os próprios Ortodoxos e Católicos. E é a responsável por um pesaroso decaimento da nossa arte religiosa. Nós usualmente confundimos Ícones com "pinturas religiosas", e assim não encontramos dificuldade em usar as mais inadequadas pinturas como Ícones, mesmo nas nossas igrejas. Com excessiva freqüência nós simplesmente perdemos o significado religioso dos Santos Ícones. Nós esquecemos do verdadeiro e definitivo propósito dos Ícones.

Olhemos o testemunho de São João Damasceno — um dos primeiros e maiores defensores dos Santos Ícones na época da luta — o grande teólogo e poeta devocional da nossa Igreja. Em um de seus sermões em defesa dos Ícones ele diz: "Eu tenho visto a imagem humana de Deus e minha alma está salva". É uma afirmação forte e mobilizadora. Deus é invisível, Ele vive na luz inaproximável. Como pode um homem frágil ver ou contemplar Ele? Porém, Deus Se manifestou na carne. O Filho de Deus, Que está no seio do Pai, "desceu do céu" e "Se fez homem". Ele habitou entre os homens. Este foi o grande movimento do Amor Divino. O Pai Celestial foi movido pela miséria do homem e enviou Seu Filho porque Ele amava o mundo. "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho Unigênito, Que está no seio do Pai, Este o fez conhecer." (Jo. 1: 18). O Ícone de Cristo, Deus Encarnado, é um testemunho contínuo da Igreja para aquele mistério da Santa Encarnação, que é a base e substância de nossa fé e esperança. Cristo Jesus, nosso abençoado Senhor, é Deus Encarnado. Isto significa que desde a Encarnação Deus é visível. Pode-se ter agora uma verdadeira imagem de Deus. A Encarnação é uma identificação íntima e pessoal de Deus com o homem, com as necessidades e misérias do homem. O Filho de Deus "Se fez homem", como afirma o Credo, "e por nós homens e para nossa salvação". Ele tomou sobre Si os pecados do mundo, e morreu por nós pecadores na árvore da Cruz, e assim Ele fez da Cruz a árvore da vida para os fiéis. Ele Se tornou o novo e Último Adão. A Cabeça da nova e redimida humanidade. A Encarnação significa uma intervenção pessoal de Deus na vida do homem, uma intervenção do Amor e Misericórdia.

 O Santo Ícone de Cristo é um símbolo disto, mas muito mais do que um mero símbolo ou sinal. É também um eficiente sinal e recordação da presença em habitação de Cristo na Igreja, que é Seu Corpo. Mesmo em uma pintura comum há sempre algo da pessoa representada. Uma pintura não só nos lembra da pessoa, mas de alguma forma conduz a alguma coisa dela, isto é, "representa" a pessoa, ou seja, "torna ela presente de novo". Isto é ainda mais verdade com a sagrada Imagem de Cristo. Como os professores da Igreja nos ensinaram — especialmente São Teodoro o Estudita, outro grande confessor e defensor dos Santos Ícones — um Ícone, em certo sentido, pertence á própria personalidade de Cristo. O Senhor está lá, nas Suas "Santas Imagens".
Por isso, nem todo mundo tem permissão para fazer ou pintar um Ícone, se se tratar de verdadeiros Ícones. O pintor de Ícones deve ser um membro fiel da Igreja, e deve se preparar para sua tarefa sagrada com jejum e oração. Não se trata somente de uma questão de arte, ou de habilidade artística ou técnica. É um tipo de testemunho, uma profissão de fé. Pela mesma razão, a arte em si deve ser subordinada de todo o coração à regra da fé. Há limites para a imaginação artística. Existem certos padrões estabelecidos a serem seguidos. Em todo caso, o Ícone de Cristo deve ser executado de maneira a conduzir à verdadeira concepção de Sua pessoa, isto é, testemunhar a Sua Divindade, ainda que Encarnada. Todas estas regras foram mantidas por séculos na Igreja, e então elas foram esquecidas. Até mesmo descrentes foram autorizados a pintar ícones de Cristo nas igrejas, e assim certos ‘ícones’ modernos não são mais do que pinturas, nos mostrando somente um homem. Estas pinturas falham em ser "Ícones" em qualquer sentido próprio e verdadeiro, e cessam de ser testemunhas da Encarnação. Em tais casos, nós simplesmente "decoramos" nossas igrejas.

O uso dos Santos Ícones sempre foi uma das características mais distintivas da Igreja (Ortodoxa e Católica) Oriental. O Ocidente Cristão, mesmo antes do Cisma, tinha pouco entendimento desta substância dogmática e devocional da pintura de Ícones. No Ocidente ela significava simplesmente decoração. E foi sob influência ocidental que a pintura de Ícones também se deteriorou no Oriente (Ortodoxo e Católico) nos tempos modernos. O decaimento da pintura de Ícones foi um sintoma do enfraquecimento da fé. A arte dos Santos Ícones não é uma matéria neutra. Ele pertence à Fé.
Não deve haver risco, nem "improvisação" na pintura de nossas igrejas. Cristo nunca está sozinho, afirma São João Damasceno. Ele está sempre com Seus santos, que são Seus amigos para sempre. Cristo é a Cabeça, e os verdadeiros fiéis são o Corpo. Nas igrejas antigas o estado completo da Igreja Triunfante estava representado pictorialmente nas paredes. De novo, isto não era simplesmente uma decoração, nem era uma simplesmente uma história contada em linhas e cores para os ignorantes e iletrados. Era mais uma visão da realidade invisível da Igreja. A companhia toda do Céu estava representada porque ela estava presente ali, apesar de invisivelmente. Nós sempre oramos na Divina Liturgia, durante a Pequena Entrada, "que os Santos Anjos entrem conosco para servirem conosco...". E nossa oração é, sem dúvida, atendida. Nós não vemos os Anjos, na verdade. Nossa visão é fraca. Mas é relatado que São Serafim costumava vê-los, pois eles estavam lá de fato. Os eleitos do Senhor os vêem e a Igreja Triunfante. Ícones são sinais desta presença. "Quando nós estamos no templo de Tua glória, nós os vemos nos Céus".


Assim, é bastante natural que no Domingo da Ortodoxia nós devamos celebrar não somente a restauração da veneração dos Ícones, mas comemorar também o glorioso corpo de testemunhas e fiéis que professaram sua fé, mesmo ao custo de sua segurança, prosperidade e a própria vida mundana. É o grande dia da Igreja. De fato, nesse dia nós celebramos a Igreja do Verbo Encarnado: nós celebramos o Amor redimidor do Pai, o Amor Crucificado do Filho, e o Companheirismo do Espírito Santo, tornados visíveis na companhia toda dos fiéis, que já entraram no Repouso Celeste, na alegria Permanente do Senhor e Mestre deles. Santos Ícones são nossas testemunhas do Reino que há de vir, e já presente.

Do Capítulo VI, "Dimensões da Redenção," da
Collected Works of Georges Florovsky, Vol. III:
Creation and Redemption (Nordland Publishing Company):

Belmont, Mass., 1976), pp. 209-212.

A penitencia limpa o coração
A abstinência de comida nos dá a possibilidade de acordar para as necessidades espirituais. Quando se acalmam as paixões do corpo, a mente espiritual do homem se torna límpida e o homem começa a ver melhor as suas faltas. O homem começa a se sentir envergonhado de seus atos pecaminosos e maus costumes e começa sentir a necessidade, de limpar a sua consciência e se arrepender.
Começamos a entender e valorizar a penitencia quando nos lembramos que o ensinamento cristão começou precisamente com o pedido da penitência. O profeta, são João Batista, chamava o povo a se arrepender, dizendo: "Arrependais-vos, pois é chegado o Reino dos Céus" (Mateus 3:1-2). Com estas mesmas palavras Nosso Senhor começou o seu ministério. "Eu agora vos batizo com água em penitencia — disse são João Batista — mas já vem aí Um mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias. Ele é quem vos batizará no Espírito Santo e com fogo" (Mateus 3:11). Esta foi a profecia sobre a ação vivificante do Espírito Santo na Igreja, que desce sobre os que se arrependem.
Após a descida do Espírito Santo, o sermão dos Apóstolos foi principalmente o apelo à penitencia e o começo de uma vida nova em Cristo, Quem, para os cristãos foi o Salvador do mal que está reinando no mundo. Aceitar o Cristo como Salvador significava crer Nele. Esta é a essência da fé em Cristo. No dia de Pentecostes, após a descida do Espírito Santo, o povo perguntou: "O que devemos fazer, irmãos?" O Apóstolo Pedro respondeu com o apelo à penitencia: "Arrependais-vos e que se batize cada um de vos em Nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados e para receber o dom do Espirito Santo ... Salvai-vos desta geração depravada!" Estas palavras do apóstolo demonstram a profunda ferida pecaminosa da humanidade e nos chamam à cura pela penitencia, renascimento em Cristo e união com Ele.
Estes acontecimentos demonstram que o sermão do cristianismo chama à mudança dos ânimos do homem e também à mudança radical na sua consciência. O cristianismo é um apelo à uma profunda e radical mudança do modo de pensar, de sentimentos e de desejos, é um apelo a uma vida nova em Cristo. Eis porque, durante a Quaresma, a Igreja nos chama com tanta insistência à penitencia. A penitencia é o começo da nossa salvação e o jejum — o freio do nosso estômago, renúncia à coisas supérfluas e à uma inútil ambição — colabora com o arrependimento. Assim nós alcançamos o objetivo da nossa fé: "Assim, se alguém está em Cristo, ele é uma nova criatura; passou o que era antigo e apareceu o que é novo" (2 Cor. 5:17).
Bispo Alexander (Mileant).

Traduzido por Tatiana Zyromsky / Natalia Martynenko


Grande quaresma 2017

A Indispensabilidade de Abstinência
A palavra "jejum" significa a abstinência de certas comidas, bebidas e prazeres. As vezes, a abstinência se expressa no que a pessoa não come absolutamente nada durante um ou mais dias, mas geralmente na abstinência de carnes, ovos e leite e seus derivados (de tudo o que provem de um animal). Neste sentido, o jejum, do ponto de vista da medicina, pode ser chamado de regime.
A necessidade da abstinência, de refrear o estômago é a conseqüência do próprio mecanismo da natureza humana, que além do corpo mortal, tem ainda a alma imortal. O pecado rompeu a harmonia entre o corpo e a alma e como conseqüência os desejos pecaminosos do corpo na maioria prevalecem sobre os desejos da alma, e as vezes, até aniquilam todas as boas tendências da alma. O homem se transforma no escravo de suas paixões, e desta forma, fica pior que um animal. Para conter a violência de sua natureza humana, para abrir e fortalecer as tendências sublimes da alma é que precisamos dos jejuns. Eis porque a Igreja dá tanta importância ao jejum e afirma que sem o jejum a vida cristã é impossível.
É importante nos lembrarmos que a abstinência já era ordenada aos nossos antepassados, Adão e Eva, quando eles ainda moravam no paraíso e ainda não tinham pecado (Gênesis 2:17 — proibição de comer o fruto da árvore do "conhecimento do bem e do mal"). Tanto mais, após a transgressão, a abstinência se tornou ainda mais indispensável e por isso, vemos como as pessoas justas observam severamente os jejuns durante diversos períodos de suas vidas. Em seguida daremos alguns exemplos.
O grande profeta Moisés, legislador do Antigo Testamento, jejuou durante 40 dias antes de receber de Deus, no monte Sinai, os dez mandamentos (Êxodo 34:28). Também muitas vezes jejuou o justo rei Davi, como dá para perceber nos seus maravilhosos salmos. Jejuou também o grande profeta Elias (1 Reis 19), que foi levado para o céu ainda vivo. Também jejuou o profeta Daniel, antes de receber de Deus as revelações sobre o destino do seu povo (Daniel cap. 10). O profeta e precursor São João Batista observou a vida inteira um rigorosíssimo jejum e ensinou aos seus discípulos a jejuar. A profetisa Ana que sempre estava no templo, servia dia e noite a Deus com jejum e com orações, pelo que recebeu de Deus a graça de revelação sobre o nascimento do Nosso Senhor (Lucas 2:37). Jejuou até o Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, durante 40 dias, para Se preparar para a grande tarefa da salvação do mundo. Os Seus discípulos, os santos apóstolos jejuaram também, como podemos perceber das suas epístolas (Atos 13:3; 1 Cor. 7:5; 2 Cor. 6:5 e 11:27). Na igreja cristã, desde os tempos antigos era prática comum dedicar determinados dias no ano ao jejum.
Nos livros do Novo Testamento achamos indicações sobre a necessidade de jejum. Respondendo à critica dos fariseus, de que os discípulos de Cristo não jejuavam, Nosso Senhor respondeu, que para eles ainda não chegou a hora de jejuar, enquanto o Esposo (Cristo) estiver junto com eles. Mas quando o Esposo lhes será tirado (quando Cristo morrer), então farão jejum (Lucas 5:33-35). Portanto, desde aqueles dias é costume de jejuar nas 4as-feiras, quando o Judas traiu Cristo e nas 6as-feiras, quando o Nosso Senhor Jesus Cristo foi crucificado e morreu na cruz. E também é por isso que a Quaresma precede a Semana Santa. Quando os discípulos perguntaram, porque não podiam expulsar o demônio, Nosso Senhor disse que "a essa raça de demônios não se consegue expulsar, a não ser à força de oração e jejum" (Mateus 17:21). E realmente, os demônios na maioria das vezes agem através do nosso corpo, despertando as mais selvagens paixões e assim nos empurram para o pecado e tomam o controle sobre a nossa vontade. Para se livrar de sua influencia, precisamos enfraquecer o corpo e fortalecer o espírito. Naturalmente, devemos jejuar por causa de nossa própria correção e não para sermos louvados por outras pessoas, como ouvimos no Sermão da Montanha: "quando jejuas, unge a cabeça e lava o rosto, afim de não pareceres diante dos homens que estás fazendo jejum, mas ao teu Pai, que está presente também no segredo; e o teu Pai, que vê também no segredo, te recompensará" (Mateus 6:18).
Os sucessores dos apóstolos, os santos padres e doutores da igreja, recomendaram aos cristãos jejuar durante a Quaresma. "Não desprezem a Quaresma" — escreve o Santo Inácio Teóforo aos cristãos em Filipas, "pois ela imita a vida de Cristo." O abençoado Jerônimo, representando toda a comunidade cristã, dizia: "Nos jejuamos durante a Quaresma conforme o legado dos Apóstolos." "Quanto mais dias de jejum, tanto melhor a medicação; quanto mais prolongada a abstinência, tanto mais ampla a salvação," nos ensina o abençoado Agostinho. De acordo com as palavras do Sto. Asterio de Amassia, a santa Quaresma é "uma mestra de moderação, mãe de virtude, educadora dos filhos de Deus, guia dos desorientados, tranqüilidade das almas, apoio da vida, a paz duradoura; a sua austeridade e seriedade apazigua as paixões, ela apaga a ira e o ódio, esfria e acalma toda e qualquer agitação proveniente de muita comida."
São João Kolov dizia: "Quando um rei quer conquistar uma cidade, ele primeiro corta o suprimento dos alimentos. Daí, os cidadãos que sofrem de fome, se submetem ao rei. A mesma coisa acontece com os nossos desejos: quando o homem leva uma vida austera, jejuando e até passando fome, as paixões morrem." Conforme os ensinamentos do são João Crisóstomo, da mesma forma como a imoderação na comida muitas vezes é a causa e a origem de inúmeros males do homem, assim também a abstinência e o desprezo aos prazeres do mundo sempre foram a causa de inúmeros bens para nós... Assim como barcos leves atravessam os mares com mais facilidade, e os carregados em demasia se afundam; da mesma forma o jejum nos torna mais leve e nos ajuda a atravessar o mar de nossa vida e a se dirigir ao céu e às coisas divinas.
Segundo são Basilio, o Grande o jejum gera profetas, fortalece os fortes, aconselha os legisladores. O jejum é um bom guarda da alma, uma arma dos heróis. Ele repele as tentações, convive com a sobriedade, ele é a base da castidade ... O jejum eleva a nossa oração até o céu, pois ele se transforma em asas dela. Os santos padres, explicando a importância do jejum, insistiram no que é preciso, ao mesmo tempo, se abster dos vícios, pois a meta principal do homem consiste na correção moral.
São Basilio, o Grande nos ensina: "Não limita a vantagem do jejum à abstinência de comida, porque o verdadeiro jejum é o afastamento de atos maus. Soluciona qualquer briga. Perdoa ao próximo as ofensas, perdoa-lhe as dívidas. Você não come a carne, mas ofende o irmão ... Jejuaremos de uma forma agradável a Deus. O jejum verdadeiro é abster-se do mal, conter a língua, dominar a própria ira, abster-se das paixões, das palavras maldosas, da mentira e perjúrio. O verdadeiro jejum é a abstinência de tudo isto."
Assim como pela falta de abstinência dos nossos antepassados nós caímos e perdemos a delícia do paraíso, assim também, através da livre e espontânea prática de abstinência podemos receber de volta o perdido paraíso.
Bispo Alexander (Mileant).

Traduzido por Tatiana Zyromsky / Natalia Martynenko

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