DIA DE SÃO BENTO
GRANDE PATRIARCA DO MONAQUISMO OCIDENTAL
DIVINA LITURGIA NO MOSTEIRO BENEDITINO(FEMININO) DA SANTA CRUZ
Nossa Comunidade Paroquial Greco Melquita Católica em Juiz de Fora-MG, sempre nutriu grande estima pelas Monjas Beneditinas. De modo muito particular pelo fato do Arquimandrita João ter adotado na sua espiritualidade a Regra de São Bento; conforme já foi apelidado de "o grande beneditino entre os bizantinos". Os Paroquianos aprenderam o caminho do Mosteiro, pelas Liturgias, Leituras e Orações que são trocadas como um grande dom entre a Paróquia e o Mosteiro.
Entrada do Arquimandrita com a Capa Monástica e Paramentação diante do Altar.
O Arquimandrita saúda a Abadessa Madre Paula e toda a Comunidade
Durante a Homilia o Arquimandrita falou sobre um dos ensinamentos de São Bento, que foi escolhido no momento, aleatoriamente pela Madre; e o tema foi: DEUS NOS MOSTRA O CAMINHO DA VIDA"
Capela do Santíssimo do Mosteiro da Santa Cruz
Há entre nós melquitas um ditado árabe que diz:" Vê por qual porta ou janela está ventando; vai lá e fecha". """""Os "coroinhas" da nossa Paróquia tem idade para serem meus pais""""""; diz o Arquimandrita João. Isso evita muitos comentários sobre...
Ao final da Divina Liturgia o Arquimandrita João distribuiu para os presentes uma Medalha de São Bento com a explicação sobre tal sacramental e fez o Exorcismo de São Bento
Neste dia festivo o Arquimandrita deu ao Mosteiro um "presentinho", em nome de toda Paróquia.
No final da Divina Liturgia o Arquimandrita João saudou a "pequena grande"pernambucana Irmã Ana Maria pelos seu nonagésimo aniversário natalício.
PRÓLOGO DA REGRA
[1] Escuta, filho, os preceitos do Mestre,
e inclina o ouvido do teu coração; recebe de boa vontade e executa eficazmente
o conselho de um bom pai, [2] para que voltes, pelo labor da obediência,
àquele de quem te afastaste pela desídia da desobediência. [3] A ti,
pois, se dirige agora a minha palavra, quem quer que sejas que, renunciando às
próprias vontades, empunhas as gloriosas e poderosíssimas armas da obediência
para militar sob o Cristo Senhor, verdadeiro Rei.
[4] Antes de tudo, quando encetares algo
de bom, pede-lhe com oração muito insistente que seja por ele plenamente
realizado, [5] a fim de que nunca venha a entristecer-se, por causa
das nossas más ações, aquele que já se dignou contar-nos no número de seus
filhos; [6] assim, pois, devemos obedecer-lhe em todo tempo, usando
de seus dons a nós concedidos para que não só não venha jamais, como pai irado,
a deserdar seus filhos, [7] nem tenha também, qual Senhor temível,
irritado com nossas más ações, de entregar-nos à pena eterna como péssimos
servos que o não quiseram seguir para a glória.
[8] Levantemo-nos então finalmente, pois a
Escritura nos desperta dizendo: "Já é hora de nos levantarmos do
sono". [9] E, com os olhos abertos para a luz deífica, ouçamos,
ouvidos atentos, o que nos adverte a voz divina que clama todos os dias: [10]
"Hoje, se ouvirdes a sua voz, não permitais que se endureçam vossos
corações", [11] e de novo: "Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça o que o Espírito diz às igrejas". [12] E que diz? –
"Vinde, meus filhos, ouvi-me, eu vos ensinarei o temor do Senhor. [13]
Correi enquanto tiverdes a luz da vida, para que as trevas da morte não vos
envolvam".
[14] E procurando o
Senhor o seu operário na multidão do povo, ao qual clama estas coisas, diz
ainda: [15] "Qual é o homem que quer a vida e deseja ver dias
felizes?" [16] Se, ouvindo, responderes: "Eu",
dir-te-á Deus: [17] "Se queres possuir a verdadeira e perpétua
vida, guarda a tua língua de dizer o mal e que teus lábios não profiram a
falsidade, afasta-te do mal e faze o bem, procura a paz e segue-a". [18]
E quando tiveres feito isso, estarão meus olhos sobre ti e meus ouvidos junto
às tuas preces, e antes que me invoques dir-te-ei: "Eis-me aqui". [19]
Que há de mais doce para nós, caríssimos irmãos, do que esta voz do Senhor a
convidar-nos? [20] Eis que pela sua piedade nos mostra o Senhor o
caminho da vida.
[21] Cingidos, pois, os
rins com a fé e a observância das boas ações, guiados pelo Evangelho, trilhemos
os seus caminhos para que mereçamos ver aquele que nos chamou para o seu reino.
[22] Se queremos habitar na tenda real do acampamento desse reino, é
preciso correr pelo caminho das boas obras, de outra forma nunca se há de
chegar lá. [23] Mas, com o profeta, interroguemos o Senhor,
dizendo-lhe: "Senhor, quem habitará na vossa tenda e descansará na vossa
montanha santa?". [24] Depois dessa pergunta, irmãos, ouçamos o
Senhor que responde e nos mostra o caminho dessa mesma tenda, [25]
dizendo: "É aquele que caminha sem mancha e realiza a justiça; [26]
aquele que fala a verdade no seu coração, que não traz o dolo em sua língua, [27]
que não faz o mal ao próximo e não dá acolhida à injúria contra o seu
próximo". [28] É aquele que quando o maligno diabo tenta persuadi-lo
de alguma coisa, repelindo-o das vistas do seu coração, a ele e suas sugestões,
redu-lo a nada, agarra os seus pensamentos ainda ao nascer e quebra-os de
encontro ao Cristo. [29] São aqueles que, temendo o Senhor, não se
tornam orgulhosos por causa de sua boa observância, mas, julgando que mesmo as
coisas boas que têm em si não as puderam por si, mas foram feitas pelo Senhor, [30]
glorificam Aquele que neles opera, dizendo com o profeta: "Não a nós,
Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai Glória". [31] Como,
aliás, o Apóstolo Paulo não atribuía a si próprio coisa alguma de sua pregação,
quando dizia: "Pela graça de Deus sou o que sou" [32] e
ainda: "Quem se glorifica, que se glorifique no Senhor".
[33] Eis porque no
Evangelho diz o Senhor: "Àquele que ouve estas minhas palavras e as põe em
prática, compará-lo-ei ao homem sábio que edificou sua casa sobre a pedra, [34]
cresceram os rios, sopraram os ventos e investiram contra a casa; e ela não
ruiu porque estava fundada sobre pedra". [35] Em conclusão
espera o Senhor todos os dias que nos empenhemos em responder com atos às suas
santas exortações. [36] Por essa razão, os dias desta vida nos são
prolongados como tréguas para a emenda dos nossos vícios, [37]
conforme diz o Apóstolo: "Então ignoras que a paciência de Deus te conduz
à penitência?". [38] Pois diz o bom Senhor: "Não quero a
morte do pecador, mas sim que se converta e viva".
[39] Como, pois, irmãos,
interrogássemos o Senhor a respeito de quem mora em sua tenda, ouvimos em
resposta, qual a condição para lá habitar: a nós compete cumprir com a
obrigação do morador!
[40] Portanto, é preciso
preparar nossos corações e nossos corpos para militar na santa obediência dos
preceitos; [41] e em tudo aquilo que nossa natureza tiver menores
possibilidades, roguemos ao Senhor que ordene a sua graça que nos preste
auxílio. [42] E, se, fugindo das penas do inferno, queremos chegar à
vida eterna, [43] enquanto é tempo, e ainda estamos neste corpo e é possível
realizar todas essas coisas no decorrer desta vida de luz, [44]
cumpre correr e agir, agora, de forma que nos aproveite para sempre.
[45] Devemos, pois,
constituir uma escola de serviço do Senhor. [46] Nesta instituição
esperamos nada estabelecer de áspero ou de pesado. [47] Mas se
aparecer alguma coisa um pouco mais rigorosa, ditada por motivo de eqüidade,
para emenda dos vícios ou conservação da caridade [48] não fujas
logo, tomado de pavor, do caminho da salvação, que nunca se abre senão por estreito
início. [49] Mas, com o progresso da vida monástica e da fé,
dilata-se o coração e com inenarrável doçura de amor é percorrido o caminho dos
mandamentos de Deus. [50] De modo que não nos separando jamais do
seu magistério e perseverando no mosteiro, sob a sua doutrina, até a morte,
participemos, pela paciência, dos sofrimentos do Cristo a fim de também
merecermos ser co-herdeiros de seu reino. Amém.
[Termina o Prólogo]
COMEÇA O TEXTO DA REGRA
É chamada Regra porque dirige os Costumes dos que a ela obedecem
[1] É sabido que há quatro gêneros de
monges. [2] O primeiro é o dos cenobitas, isto é, o monasterial, dos
que militam sob uma Regra e um Abade.
[3] O segundo gênero é o dos anacoretas,
isto é, dos eremitas, daqueles que, não por um fervor inicial da vida
monástica, mas através de provação diuturna no mosteiro, [4]
instruídos então na companhia de muitos aprenderam a lutar contra o demônio [5]
e, bem adestrados nas fileiras fraternas, já estão seguros para a luta isolada
do deserto, sem a consolação de outrem, e aptos para combater com as próprias
mãos e braços, ajudando-os Deus, contra os vícios da carne e dos pensamentos.
[6] O terceiro gênero de monges, e
detestável, é o dos sarabaítas, que, não tendo sido provados, como o ouro na
fornalha, por nenhuma regra, mestra pela experiência, mas amolecidos como numa
natureza de chumbo, [7] conservam-se por suas obras fiéis ao século,
e são conhecidos por mentir a Deus pela tonsura. [8] São aqueles que
se encerram dois ou três ou mesmo sozinhos, sem pastor, não nos apriscos do
Senhor, mas nos seus próprios; a satisfação dos desejos é para eles lei, [9]
visto que tudo quanto julgam dever fazer ou preferem, chamam de santo, e o que
não desejam reputam ilícito.
[10] O quarto gênero de
monges é o chamado dos giróvagos, que por toda a sua vida se hospedam nas
diferentes províncias, por três ou quatro dias nas celas de outros monges, [11]
sempre vagando e nunca estáveis, escravos das próprias vontades e das seduções
da gula, e em tudo piores que os sarabaítas. [12] Sobre o misérrimo
modo de vida de todos esses é melhor calar que dizer algo.
[13] Deixando-os de
parte, vamos dispor, com o auxilio do Senhor, sobre o poderosíssimo gênero dos
cenobitas.
[1] O Abade digno de presidir ao mosteiro,
deve lembrar-se sempre daquilo que é chamado, e corresponder pelas ações ao
nome de superior. [2] Com efeito, crê-se que, no mosteiro ele faz as
vezes do Cristo, pois é chamado pelo mesmo cognome que Este, [3] no
dizer do Apóstolo: "Recebestes o espírito de adoção de filhos, no qual
clamamos: ABBA, Pai.[4] " Por isso o Abade nada deve ensinar,
determinar ou ordenar, que seja contrário ao preceito do Senhor, [5]
mas que a sua ordem e ensinamento, como o fermento da divina justiça se espalhe
na mente dos discípulos; [6] lembre-se sempre o abade de que da sua
doutrina e da obediência dos discípulos, de ambas essas coisas, será feita
apreciação no tremendo juízo de Deus.
[7] E saiba o Abade que é atribuído à culpa
do pastor tudo aquilo que o Pai de família puder encontrar de menos no
progresso das ovelhas. [8] Em compensação, de outra maneira será, se
a um rebanho irrequieto e desobediente tiver sido dispensada toda diligência do
pastor e oferecido todo o empenho na cura de seu atos malsãos; [9]
absolvido então o pastor no juízo do Senhor, diga ao mesmo com o Profeta:
"Não escondi vossa justiça em meu coração, manifestei vossa verdade e a
vossa salvação; eles, porém, com desdém desprezaram-me". [10] E
então, finalmente, que prevaleça a própria morte como pena para as ovelhas que
desobedeceram aos seus cuidados.
[11] Portanto, quando
alguém recebe o nome de Abade, deve presidir a seus discípulos usando de uma
dupla doutrina, [12] isto é, apresente as coisas boas e santas, mais
pelas ações do que pelas palavras, de modo que aos discípulos capazes de
entendê-las proponha os mandamentos do Senhor por meio de palavras, e aos duros
de coração e aos mais simples mostre os preceitos divinos pelas próprias ações.
[13] Assim, tudo quanto ensinar aos discípulos como sendo nocivo,
indique pela sua maneira de agir que não se deve praticar, a fim de que.
pregando aos outros, não se torne ele próprio réprobo, [14] e Deus
não lhe diga um dia como a um pecador: "Por que narras as minhas leis e
anuncias o meu testamento pela tua boca? tu que odiaste a disciplina e atiraste
para trás de ti as minhas palavras", [15] e ainda: "Vias o
argueiro no olho de teu irmão e não viste a trave no teu próprio".
[16] Que não seja feita
por ele distinção de pessoas no mosteiro. [17] Que um não seja mais
amado que outro, a não ser aquele que for reconhecido melhor nas boas ações ou
na obediência. [18] Não anteponha o nascido livre ao originário de
condição servil, a não ser que exista outra causa razoável para isso; [19]
pois se parecer ao Abade que deve fazê-lo por questão de justiça, fá-lo-á seja
qual for a condição social; caso contrário, mantenham todos seus próprios
lugares, [20] porque, servo ou livre, somos todos um em Cristo e sob
um só Senhor caminhamos submissos na mesma milícia de servidão: "Porque
não há em Deus acepção de pessoas". [21] Somente num ponto
somos por ele distinguidos, isto é, se formos melhores do que os outros nas
boas obras e humildes. [22] Seja pois igual a caridade dele para com
todos; que uma só disciplina seja proposta a todos, conforme os merecimentos de
cada um.
[23] Portanto, em sua
doutrina deve sempre o Abade observar aquela fórmula do Apóstolo:
"Repreende, exorta, admoesta", [24] isto é, temperando as
ocasiões umas com as outras, os carinhos com os rigores, mostre a severidade de
um mestre e o pio afeto de um pai, quer dizer: [25] aos
indisciplinados e inquietos deve repreender mais duramente, mas aos obedientes,
mansos e pacientes, deve exortar a que progridam ainda mais, e quanto aos
negligentes e desdenhosos, advertimos que os repreenda e castigue. [26]
Não dissimule as faltas dos culpados, mas logo que começarem a brotar ampute-as
pela raiz, como lhe for possível, lembrando-se da desgraça de Heli, sacerdote
de Silo. [27] Aos mais honestos e de ânimo compreensível, censure
por palavras em primeira e segunda advertência; [28] porém aos
improbos, duros e soberbos ou desobedientes reprima com varadas ou outro
castigo corporal, desde o início da falta, sabendo que está escrito: "O
estulto não se corrige com palavras". [29] E mais: "Bate
no teu filho com a vara e livrarás a sua alma da morte".
[30] Deve sempre
lembrar-se o Abade daquilo que é; lembrar-se de como é chamado, e saber que
daquele a quem mais se confia mais se exige. [31] E saiba que coisa
difícil e árdua recebeu: reger as almas e servir aos temperamentos de muitos; a
este com carinho, àquele, porém, com repreensões, a outro com persuasões [32]
segundo a maneira de ser ou a inteligência de cada um, de tal modo se conforme
e se adapte a todos, que não somente não venha a sofrer perdas no rebanho que
lhe foi confiado, mas também se alegre com o aumento da boa grei.
[33] Antes de tudo, que
não trate com mais solicitude das coisas transitórias, terrenas e caducas,
negligenciando ou tendo em pouco a salvação das almas que lhe foram confiadas, [34]
mas pense sempre que recebeu almas a dirigir, das quais deverá também prestar
contas. [35] E para que não venha, porventura, a alegar falta de
recursos, lembrar-se-á do que esta escrito: "Buscai primeiro reino de Deus
e sua justiça, e todas as coisas vos serão dadas por acréscimo"; [36]
e ainda: "Nada falta aos que O temem". [37] E saiba que
quem recebeu almas a dirigir, deve preparar-se para prestar contas. [38]
Saiba como certo que de todo o número de irmãos que tiver possuído sob seu
cuidado, no dia do juízo, deverá prestar contas ao Senhor das almas de todos
eles, e mais, sem dúvida também da sua própria alma. [39] E assim,
temendo sempre a futura apreciação do pastor acerca das ovelhas que lhe foram
confiadas enquanto cuida das contas alheias, torna-se solícito para com a suas
próprias, [40] e enquanto com suas exortações subministra a emenda
aos outros, consegue ele próprio emendar-se de seu vícios.
[1] Todas as vezes que deverem ser feitas
coisas importantes no mosteiro, convoque o Abade toda a comunidade e diga ele
próprio de que se trata. [2] Ouvindo o conselho dos irmãos,
considere consigo mesmo e faça o que julgar mais útil. [3] Dissemos
que todos fossem chamados a conselho porque muitas vezes o Senhor revela ao
mais moço o que é melhor. [4] Dêem pois os irmãos o seu conselho com
toda a submissão da humildade e não ousem defender arrogantemente o seu
parecer, e [5] que a solução dependa antes do arbítrio do Abade, e
todos lhe obedeçam no que ele tiver julgado ser mais salutar; [6]
mas, assim como convém aos discípulos obedecer ao mestre, também a este convém
dispor todas as coisas com prudência e justiça.
[7] Em tudo, pois, sigam todos a Regra
como mestra, nem dela se desvie alguém temerariamente. [8] Ninguém,
no mosteiro, siga a vontade do próprio coração, [9] nem ouse
discutir insolentemente com seu abade, nem mesmo discutir com ele fora do
mosteiro. [10] E, se ousar fazê-lo, seja submetido à disciplina
regular. [11] No entanto, que o próprio abade faça tudo com temor de
Deus e observância da Regra, cônscio de que, sem dúvida alguma, de todos os
seus juízos deverá dar contas a Deus, justíssimo juiz. [12] Se,
porém, for preciso fazer alguma coisa de menor importância dentre os negócios
do mosteiro, use o Abade somente do conselho dos mais velhos, [13]
conforme o que está escrito: "Faze tudo com conselho e depois de feito não
te arrependerás".
[1] Primeiramente, amar ao Senhor Deus de todo o coração, com toda a alma,
com todas as forças.
[2] Depois, amar ao próximo como a si mesmo.
[3] Em seguida, não matar.
[4] Não cometer adultério.
[5] Não furtar.
[6] Não cobiçar.
[7] Não levantar falso testemunho.
[8] Honrar todos os homens.
[9] E não fazer a outrem o que não quer que lhe seja feito.
[10] Abnegar-se a si mesmo para seguir o Cristo.
[11] Castigar o corpo.
[12] Não abraçar as delícias.
[13] Amar o jejum.
[14] Reconfortar os pobres.
[15] Vestir os nus.
[16] Visitar os enfermos.
[17] Sepultar os mortos.
[18] Socorrer na tribulação.
[19] Consolar o que sofre.
[20] Fazer-se alheio às coisas do mundo.
[21] Nada antepor ao amor de Cristo.
[22] Não satisfazer a ira.
[23] Não reservar tempo para a cólera.
[24] Não conservar a falsidade no coração.
[25] Não conceder paz simulada.
[26] Não se afastar da caridade.
[27] Não jurar para não vir a perjurar.
[28] Proferir a verdade de coração e de boca.
[29] Não retribuir o mal com o mal.
[30] Não fazer injustiça, mas suportar pacientemente as que lhe são feitas.
[31] Amar os inimigos.
[32] Não retribuir com maldição aos que o amaldiçoam, mas antes abençoá-los.
[33] Suportar perseguição pela justiça.
[34] Não ser soberbo.
[35] Não ser dado ao vinho.
[36] Não ser guloso.
[37] Não ser apegado ao sono.
[38] Não ser preguiçoso.
[39] Não ser murmurador.
[40] Não ser detrator.
[41] Colocar toda a esperança em Deus.
[42] O que achar de bem em si, atribuí-lo a Deus e não a si mesmo.
[43] Mas, quanto ao mal, saber que é sempre obra sua e a si mesmo atribuí-lo.
[44] Temer o dia do juízo.
[45] Ter pavor do inferno.
[46] Desejar a vida eterna com toda a cobiça espiritual.
[47] Ter diariamente diante dos olhos a morte a surpreendê-lo.
[48] Vigiar a toda hora os atos de sua vida.
[49] Saber como certo que Deus o vê em todo lugar.
[50] Quebrar imediatamente de encontro ao Cristo os maus pensamentos que lhe advêm ao coração e revelá-los a um conselheiro espiritual.
[51] Guardar sua boca da palavra má ou perversa.
[52] Não gostar de falar muito.
[53] Não falar palavras vãs ou que só sirvam para provocar riso.
[54] Não gostar do riso excessivo ou ruidoso.
[55] Ouvir de boa vontade as santas leituras.
[56] Dar-se freqüentemente à oração.
[57] Confessar todos os dias a Deus na oração, com lágrimas e gemidos, as faltas passadas e [58] daí por diante emendar-se delas.
[59] Não satisfazer os desejos da carne.
[60] Odiar a própria vontade.
[61] Obedecer em tudo às ordens do Abade, mesmo que este, o que não aconteça, proceda de outra forma, lembrando-se do preceito do Senhor: "Fazei o que dizem, mas não o que fazem".
[62] Não querer ser tido como santo antes que o seja, mas primeiramente sê-lo para que como tal o tenham com mais fundamento.
[63] Pôr em prática diariamente os preceitos de Deus.
[64] Amar a castidade.
[65] Não odiar a ninguém.
[66] Não ter ciúmes.
[67] Não exercer a inveja.
[68] Não amar a rixa.
[69] Fugir da vanglória.
[70] Venerar os mais velhos.
[71] Amar os mais moços.
[72] Orar, no amor de Cristo, pelos inimigos.
[73] Voltar à paz, antes do pôr-do-sol, com aqueles com quem teve desavença.
[74] E nunca desesperar da misericórdia de Deus.
[75] Eis aí os instrumentos da arte espiritual: [76] se forem postos em ação por nós, dia e noite, sem cessar, e devolvidos no dia do juízo, seremos recompensados pelo Senhor com aquele prêmio que Ele mesmo prometeu: [77] "O que olhos não viram nem ouvidos ouviram preparou Deus para aqueles que o amam". [78] São, porém, os claustros do mosteiro e a estabilidade na comunidade a oficina onde executaremos diligentemente tudo isso.
[2] Depois, amar ao próximo como a si mesmo.
[3] Em seguida, não matar.
[4] Não cometer adultério.
[5] Não furtar.
[6] Não cobiçar.
[7] Não levantar falso testemunho.
[8] Honrar todos os homens.
[9] E não fazer a outrem o que não quer que lhe seja feito.
[10] Abnegar-se a si mesmo para seguir o Cristo.
[11] Castigar o corpo.
[12] Não abraçar as delícias.
[13] Amar o jejum.
[14] Reconfortar os pobres.
[15] Vestir os nus.
[16] Visitar os enfermos.
[17] Sepultar os mortos.
[18] Socorrer na tribulação.
[19] Consolar o que sofre.
[20] Fazer-se alheio às coisas do mundo.
[21] Nada antepor ao amor de Cristo.
[22] Não satisfazer a ira.
[23] Não reservar tempo para a cólera.
[24] Não conservar a falsidade no coração.
[25] Não conceder paz simulada.
[26] Não se afastar da caridade.
[27] Não jurar para não vir a perjurar.
[28] Proferir a verdade de coração e de boca.
[29] Não retribuir o mal com o mal.
[30] Não fazer injustiça, mas suportar pacientemente as que lhe são feitas.
[31] Amar os inimigos.
[32] Não retribuir com maldição aos que o amaldiçoam, mas antes abençoá-los.
[33] Suportar perseguição pela justiça.
[34] Não ser soberbo.
[35] Não ser dado ao vinho.
[36] Não ser guloso.
[37] Não ser apegado ao sono.
[38] Não ser preguiçoso.
[39] Não ser murmurador.
[40] Não ser detrator.
[41] Colocar toda a esperança em Deus.
[42] O que achar de bem em si, atribuí-lo a Deus e não a si mesmo.
[43] Mas, quanto ao mal, saber que é sempre obra sua e a si mesmo atribuí-lo.
[44] Temer o dia do juízo.
[45] Ter pavor do inferno.
[46] Desejar a vida eterna com toda a cobiça espiritual.
[47] Ter diariamente diante dos olhos a morte a surpreendê-lo.
[48] Vigiar a toda hora os atos de sua vida.
[49] Saber como certo que Deus o vê em todo lugar.
[50] Quebrar imediatamente de encontro ao Cristo os maus pensamentos que lhe advêm ao coração e revelá-los a um conselheiro espiritual.
[51] Guardar sua boca da palavra má ou perversa.
[52] Não gostar de falar muito.
[53] Não falar palavras vãs ou que só sirvam para provocar riso.
[54] Não gostar do riso excessivo ou ruidoso.
[55] Ouvir de boa vontade as santas leituras.
[56] Dar-se freqüentemente à oração.
[57] Confessar todos os dias a Deus na oração, com lágrimas e gemidos, as faltas passadas e [58] daí por diante emendar-se delas.
[59] Não satisfazer os desejos da carne.
[60] Odiar a própria vontade.
[61] Obedecer em tudo às ordens do Abade, mesmo que este, o que não aconteça, proceda de outra forma, lembrando-se do preceito do Senhor: "Fazei o que dizem, mas não o que fazem".
[62] Não querer ser tido como santo antes que o seja, mas primeiramente sê-lo para que como tal o tenham com mais fundamento.
[63] Pôr em prática diariamente os preceitos de Deus.
[64] Amar a castidade.
[65] Não odiar a ninguém.
[66] Não ter ciúmes.
[67] Não exercer a inveja.
[68] Não amar a rixa.
[69] Fugir da vanglória.
[70] Venerar os mais velhos.
[71] Amar os mais moços.
[72] Orar, no amor de Cristo, pelos inimigos.
[73] Voltar à paz, antes do pôr-do-sol, com aqueles com quem teve desavença.
[74] E nunca desesperar da misericórdia de Deus.
[75] Eis aí os instrumentos da arte espiritual: [76] se forem postos em ação por nós, dia e noite, sem cessar, e devolvidos no dia do juízo, seremos recompensados pelo Senhor com aquele prêmio que Ele mesmo prometeu: [77] "O que olhos não viram nem ouvidos ouviram preparou Deus para aqueles que o amam". [78] São, porém, os claustros do mosteiro e a estabilidade na comunidade a oficina onde executaremos diligentemente tudo isso.
[1] O primeiro grau da humildade é a
obediência sem demora. [2] É peculiar àqueles que estimam nada haver
mais caro que o Cristo; [3] por causa do santo serviço que
professaram, por causa do medo do inferno ou por causa da glória da vida
eterna, [4] desconhecem o que seja demorar na execução de alguma
coisa logo que ordenada pelo superior, como sendo por Deus ordenada. [5]
Deles diz o Senhor: "Logo ao ouvir-me, obedeceu-me". [6] E
do mesmo modo diz aos doutores: "Quem vos ouve a mim ouve".
[7] Pois são esses mesmos que, deixando
imediatamente as coisas que lhes dizem respeito e abandonando a própria
vontade, [8] desocupando logo as mãos e deixando inacabado o que
faziam, seguem com seus atos, tendo os passos já dispostos para a obediência, a
voz de quem ordena. [9] E, como que num só momento, ambas as coisas
- a ordem recém-dada do mestre e a perfeita obediência do discípulo - são
realizadas simultânea e rapidamente, na prontidão do temor de Deus. [10]
Apodera-se deles o desejo de caminhar para a vida eterna; [11] por
isso, lançam-se como que de assalto ao caminho estreito do qual diz o Senhor:
"Estreito é o caminho que conduz à vida", [12] e assim,
não tendo, como norma de vida a própria vontade, nem obedecendo aos próprios
desejos e prazeres, mas caminhando sob o juízo e domínio de outro e vivendo em
comunidade, desejam que um Abade lhes presida. [13] Imitam, sem
dúvida, aquela máxima do Senhor que diz: "Não vim fazer minha vontade, mas
a d’Aquele que me enviou".
[14] Mas essa mesma
obediência somente será digna da aceitação de Deus e doce aos homens, se o que
é ordenado for executado sem tremor, sem delongas, não mornamente, não com
murmuração, nem com resposta de quem não quer. [15] Porque a
obediência prestada aos superiores é tributada a Deus. Ele próprio disse:
"Quem vos ouve, a mim me ouve". [16] E convém que seja
prestada de boa vontade pelos discípulos, porque "Deus ama aquele que dá
com alegria". [17] Pois, se o discípulo obedecer de má vontade
e se murmurar, mesmo que não com a boca, mas só no coração, [18]
ainda que cumpra a ordem, não será mais o seu ato aceito por Deus que vê seu
coração a murmurar; [19] e por tal ação não consegue graça alguma,
e, ainda mais, incorre no castigo dos murmuradores se não se emendar pela
satisfação.
[1] Façamos o que diz o profeta: "Eu
disse, guardarei os meus caminhos para que não peque pela língua: pus uma
guarda à minha boca: emudeci, humilhei-me e calei as coisas boas". [2]
Aqui mostra o Profeta que, se, às vezes, se devem calar mesmo as boas
conversas, por causa do silêncio, quanto mais não deverão ser suprimidas as más
palavras, por causa do castigo do pecado? [3] Por isso, ainda que se
trate de conversas boas, santas e próprias a edificar, raramente seja concedida
aos discípulos perfeitos licença de falar, por causa da gravidade do silêncio, [4]
pois está escrito: "Falando muito não foges ao pecado", [5]
e em outro lugar: "a morte e a vida estão em poder da língua". [6]
Com efeito, falar e ensinar compete ao mestre; ao discípulo convém calar e
ouvir.
[7] Por isso, se é preciso pedir alguma
coisa ao superior, que se peça com toda a humildade e submissão da reverência. [8]
Já quanto às brincadeiras, palavras ociosas e que provocam riso, condenamo-las
em todos os lugares a uma eterna clausura, para tais palavras não permitimos ao
discípulo abrir a boca.
[1] Irmãos, a Escritura divina nos clama
dizendo: "Todo aquele que se exalta será humilhado e todo aquele que se
humilha será exaltado". [2] Indica-nos com isso que toda
elevação é um gênero da soberba, [3] da qual o Profeta mostra
precaver-se quando diz: "Senhor, o meu coração não se exaltou, nem foram
altivos meus olhos; não andei nas grandezas, nem em maravilhas acima de mim. [4]
Mas, que seria de mim se não me tivesse feito humilde, se tivesse exaltado
minha alma? Como aquele que é desmamado de sua mãe, assim retribuirias a minha
alma.
[5] Se, portanto, irmãos, queremos atingir
o cume da suma humildade e se queremos chegar rapidamente àquela exaltação
celeste para a qual se sobe pela humildade da vida presente, [6]
deve ser erguida, pela ascensão de nossos atos, aquela escada que apareceu em
sonho a Jacó, na qual lhe eram mostrados anjos que subiam e desciam. [7]
Essa descida e subida, sem dúvida, outra coisa não significa, para nós, senão
que pela exaltação se desce e pela humildade se sobe. [8] Essa
escada ereta é a nossa vida no mundo, a qual é elevada ao céu pelo Senhor, se
nosso coração se humilha. [9] Quanto aos lados da escada, dizemos
que são o nosso corpo e alma, e nesses lados a vocação divina inseriu, para
serem galgados, os diversos graus da humildade e da disciplina.
[10] Assim, o primeiro
grau da humildade consiste em que, pondo sempre o monge diante dos olhos o
temor de Deus, evite, absolutamente, qualquer esquecimento, [11] e
esteja, ao contrário, sempre lembrado de tudo o que Deus ordenou, revolva
sempre, no espírito, não só que o inferno queima, por causa de seus pecados, os
que desprezam a Deus, mas também que a vida eterna está preparada para os que
temem a Deus; [12] e, defendendo-se a todo tempo dos pecados e
vícios, isto é, dos pecados do pensamento, da língua, das mãos, dos pés e da
vontade própria, como também dos desejos da carne, [13] considere-se
o homem visto do céu, a todo momento, por Deus, e suas ações vistas em toda
parte pelo olhar da divindade e anunciadas a todo instante pelos anjos. [14]
Mostra-nos isso o Profeta quando afirma estar Deus sempre presente aos nossos
pensamentos: "Deus que perscruta os corações e os rins". [15]
E também: "Deus conhece os pensamentos dos homens". [16] E
ainda: "De longe percebestes os meus pensamentos" [17] e
"o pensamento do homem vos será confessado". [18]
Portanto, para que esteja vigilante quanto aos seus pensamentos maus, diga
sempre, em seu coração, o irmão empenhado em seu próprio bem: "se me
preservar da minha iniqüidade, serei, então, imaculado diante d’Ele".
[19] Assim, é-nos
proibido fazer a própria vontade, visto que nos diz a Escritura:
"Afasta-te das tuas próprias vontades". [20] E, também,
porque rogamos a Deus na oração que se faça em nós a sua vontade.
[21] Aprendemos, pois,
com razão, a não fazer a própria vontade, enquanto nos acautelamos com aquilo
que diz a Escritura: "Há caminhos considerados retos pelos homens cujo fim
mergulha até o fundo do inferno", [22] e enquanto, também, nos
apavoramos com o que foi dito dos negligentes: "Corromperam-se e
tornaram-se abomináveis nos seus prazeres". [23] Por isso,
quando nos achamos diante dos desejos da carne, creiamos que Deus está sempre
presente junto a nós, pois disse o Profeta ao Senhor: "Diante de vós está
todo o meu desejo".
[24] Devemos, portanto,
acautelar-nos contra o mau desejo, porque a morte foi colocada junto à porta do
prazer. [25] Sobre isso a Escritura preceitua dizendo: "Não
andes atrás de tuas concupiscências". [26] Logo, se os olhos do
Senhor "observam os bons e os maus", [27] e "o Senhor
sempre olha do céu os filhos dos homens para ver se há algum inteligente ou que
procura a Deus" [28] e se, pelos anjos que nos foram
designados, todas as coisas que fazemos são, cotidianamente, dia e noite,
anunciadas ao Senhor, [29] devemos ter cuidado, irmãos, a toda hora,
como diz o Profeta no salmo, para que não aconteça que Deus nos veja no momento
em que caímos no mal, tornando-nos inúteis, [30] e para que, vindo a
poupar-nos nessa ocasião porque é Bom e espera sempre que nos tornemos
melhores, não venha a dizer-nos no futuro: "Fizeste isto e calei-me".
[31] O segundo grau da
humildade consiste em que, não amando a própria vontade, não se deleite o monge
em realizar os seus desejos, [32] mas imite nas ações aquela palavra
do Senhor: "Não vim fazer a minha vontade, mas a d’Aquele que me
enviou". [33] Do mesmo modo, diz a Escritura: "O prazer
traz consigo a pena e a necessidade gera a coroa".
[34] O terceiro grau da
humildade consiste em que, por amor de Deus, se submeta o monge, com inteira
obediência ao superior, imitando o Senhor, de quem disse o Apóstolo:
"Fez-se obediente até a morte".
[35] O quarto grau da
humildade consiste em que, no exercício dessa mesma obediência abrace o monge a
paciência, de ânimo sereno, nas coisas duras e adversas, ainda mesmo que se lhe
tenham dirigido injúrias, [36] e, suportando tudo, não se entregue
nem se vá embora, pois diz a Escritura: "Aquele que perseverar até o fim
será salvo". [37] E também: "Que se revigore o teu coração
e suporta o Senhor". [38] E a fim de mostrar que o que é fiel
deve suportar todas as coisas, mesmo as adversas, pelo Senhor, diz a Escritura,
na pessoa dos que sofrem: "Por vós, somos entregues todos os dias à morte;
somos considerados como ovelhas a serem sacrificadas". [39]
Seguros na esperança da retribuição divina, prosseguem alegres dizendo:
"Mas superamos tudo por causa daquele que nos amou". [40]
Também, em outro lugar, diz a Escritura: "Ó Deus, provastes-nos,
experimentastes-nos no fogo, como no fogo é provada a prata: induzistes-nos a
cair no laço, impusestes tribulações sobre os nossos ombros". [41]
E para mostrar que devemos estar submetidos a um superior, continua:
"Impusestes homens sobre nossas cabeças". [42] Cumprindo,
além disso, com paciência o preceito do Senhor nas adversidades e injúrias, se
lhes batem numa face, oferecem a outra; a quem lhes toma a túnica cedem também
o manto; obrigados a uma milha, andam duas; [43] suportam, como
Paulo Apóstolo, os falsos irmãos e abençoam aqueles que os amaldiçoam.
[44] O quinto grau da
humildade consiste em não esconder o monge ao seu Abade todos os maus
pensamentos que lhe vêm ao coração, ou o que de mal tenha cometido ocultamente,
mas em lho revelar humildemente, [45] exortando-nos a este respeito
a Escritura quando diz: "Revela ao Senhor o teu caminho e espera
nele". [46] E quando diz ainda: "Confessai ao Senhor
porque ele é bom, porque sua misericórdia é eterna". [47] Do
mesmo modo o Profeta: "Dei a conhecer a Vós a minha falta e não escondi as
minhas injustiças. [48] Disse: acusar-me-ei de minhas injustiças
diante do Senhor, e perdoastes a maldade de meu coração".
[49] O sexto grau da
humildade consiste em que esteja o monge contente com o que há de mais vil e
com a situação mais extrema e, em tudo que lhe seja ordenado fazer, se
considere mau e indigno operário, [50] dizendo-se a si mesmo com o
Profeta: "Fui reduzido a nada e não o sabia; tornei-me como um animal
diante de Vós, porém estou sempre convosco".
[51] O sétimo grau da
humildade consiste em que o monge se diga inferior e mais vil que todos, não só
com a boca, mas que também o creia no íntimo pulsar do coração, [52]
humilhando-se e dizendo com o Profeta: "Eu, porém, sou um verme e não um
homem, a vergonha dos homens e a abjeção do povo: [53] exaltei-me,
mas, depois fui humilhado e confundido". [54] E ainda: "É
bom para mim que me tenhais humilhado, para que aprenda os vossos
mandamentos".
[55] O oitavo grau da
humildade consiste em que só faça o monge o que lhe exortam a Regra comum do
mosteiro e os exemplos de seus maiores.
[56] O nono grau da
humildade consiste em que o monge negue o falar a sua língua, entregando-se ao
silêncio; nada diga, até que seja interrogado, [57] pois mostra a
Escritura que "no muito falar não se foge ao pecado" [58]
e que "o homem que fala muito não se encaminhará bem sobre a terra".
[59] O décimo grau da
humildade consiste em que não seja o monge fácil e pronto ao riso, porque está
escrito: "O estulto eleva sua voz quando ri".
[60] O undécimo grau da
humildade consiste em, quando falar, fazê-lo o monge suavemente e sem riso,
humildemente e com gravidade, com poucas e razoáveis palavras e não em alta
voz, [61] conforme o que está escrito: "O sábio manifesta-se
com poucas palavras".
[62] O duodécimo grau da
humildade consiste em que não só no coração tenha o monge a humildade, mas a
deixe transparecer sempre, no próprio corpo, aos que o vêem, [63]
isto é, que no ofício divino, no oratório, no mosteiro, na horta, quando em
caminho, no campo ou onde quer que esteja, sentado, andando ou em pé, tenha
sempre a cabeça inclinada, os olhos fixos no chão, [64]
considerando-se a cada momento culpado de seus pecados, tenha-se já como
presente diante do tremendo juízo de Deus, [65] dizendo-se a si
mesmo, no coração, aquilo que aquele publicano do Evangelho disse, com os olhos
pregados no chão: "Senhor, não sou digno, eu pecador, de levantar os olhos
aos céus". [66] E ainda, com o Profeta: "Estou
completamente curvado e humilhado".
[67] Tendo, por
conseguinte, subido todos esses degraus da humildade, o monge atingirá logo,
aquela caridade de Deus, que, quando perfeita, afasta o temor; [68]
por meio dela tudo o que observava antes não sem medo começará a realizar sem
nenhum labor, como que naturalmente, pelo costume, [69] não mais por
temor do inferno, mas por amor de Cristo, pelo próprio costume bom e pela deleitação
das virtudes.
[70] Eis o que, no seu
operário, já purificado dos vícios e pecados, se dignará o Senhor manifestar
por meio do Espírito Santo.
[1] Em tempo de inverno, isto é, de
primeiro de novembro até a Páscoa, em consideração ao que é razoável, devem os
monges levantar-se à oitava hora da noite [2] de modo que durmam um
pouco mais da metade da noite e se levantem tendo já feita a digestão. [3]
O tempo que resta depois das Vigílias seja empregado na preparação de algum
trecho do saltério ou das lições, por parte dos irmãos que disto necessitarem. [4]
Da Páscoa, porém, até o referido dia primeiro de novembro, seja regulada a hora
de tal maneira que as Matinas que devem ser celebradas quando começa a clarear,
venham em seguida ao ofício das Vigílias, depois de brevíssimo intervalo,
durante o qual os irmãos saem para as necessidades naturais.
[1] No tempo de inverno acima citado,
diga-se em primeiro lugar o versículo, repetido três vezes: "Senhor,
abrireis os meus lábios e minha boca anunciará vosso louvor", [2]
ao qual deve ser acrescentado o salmo terceiro e o "Glória". [3]
Depois desse, o salmo nonagésimo quarto, com antífona, ou então cantado. [4]
Segue-se o Ambrosiano e depois seis salmos com antífonas. [5]
Recitados esses e dito o versículo, o Abade dê a bênção; depois, achando-se
todos sentados nos bancos sejam lidas pelos irmãos, um de cada vez, três lições
do livro que está sobre a estante. Entre elas cantem-se três responsórios. [6]
Dois destes responsórios são ditos sem "Glória", porém, depois da
terceira lição, quem está cantando diga o "Glória". [7]
Quando esse começar, levantem-se logo todos de seus assentos em honra e
reverência à Santíssima Trindade. [8] Leiam-se, nas Vigílias, os
livros de autoria divina, tanto do Antigo como do Novo Testamento, e também as
exposições que sobre eles fizeram os Padres católicos conhecidos e ortodoxos. [9]
A essas três lições com seus responsórios, sigam-se os seis salmos restantes
cantados com "Aleluia". [10] Vêm, em seguida, a lição do
Apóstolo, que deve ser recitada de cor, o versículo e a súplica da litania,
isto é, "Kyrie eleison", [11] e assim terminem as Vigílias
noturnas.
[1] De Páscoa até primeiro de novembro,
mantenha-se, quanto à salmodia, a mesma medida acima determinada; [2]
as lições do livro, porém, por causa da brevidade das noites, não são lidas; em
lugar dessas três lições, seja recitada de memória uma do Antigo Testamento,
seguida de responsório breve, [3] e cumpram-se todas as outras
coisas como ficou dito acima, isto é: que nunca se digam nas Vigílias noturnas,
menos de doze salmos além do terceiro e do nonagésimo quarto.
[1] Aos domingos, levante-se mais cedo
para as Vigílias, [2] nas quais se mantenha a mesma medida já
referida, isto é: modulados, conforme dispusemos acima, seis salmos e o
versículo, e estando todos convenientemente e pela ordem assentados nos bancos,
leiam-se no livro, como já mencionamos, quatro lições com seus responsórios; [3]
só o quarto responsório é dito por quem está cantando o "Gloria", ao
começo do qual se levantem todos com reverência. [4] A essas lições
sigam-se, por ordem, outros seis salmos com antífonas, como os anteriores, e o
versículo. [5] Terminados esses, voltam-se a ler outras quatro
lições com seus responsórios, na mesma ordem que acima. [6] Em
seguida, digam-se três cânticos dos Profetas que o Abade determinar, os quais
sejam salmodiados com "Aleluia". [7] Dito também o
versículo, sejam lidas com a bênção do Abade outras quatro lições do Novo
Testamento, na mesma ordem que acima. [8] Depois do quarto
responsório o abade entoa o hino "Te Deum laudamus". [9]
Uma vez terminado, leia o Abade o Evangelho, permanecendo todos de pé com
reverência e temor. [10] Quando essa leitura terminar, respondam
todos: "Amém"; e o abade prossegue logo com o hino "Te decet
laus", e, dada a bênção, comecem as Matinas. [11] Essa
disposição das Vigílias para o domingo deve ser mantida, como está, em todo
tempo, tanto no verão quanto no inverno, [12] a não ser que, por
acaso, e que tal não aconteça, os monges se levantem mais tarde e se tenha de
abreviar algo das lições ou dos responsórios. [13] Haja, porém, todo
o cuidado para que isso não venha a suceder; se, porém, acontecer, satisfaça
dignamente a Deus no oratório, aquele por cuja culpa veio esse fato a
verificar-se.
[1] Nas Matinas de domingo, [2]
diga-se em primeiro lugar o salmo sexagésimo sexto, sem antífona, em tom
direto. Diga-se, depois, o quinquagésimo, com "Aleluia". [3]
Em seguida, o centésimo décimo sétimo e o sexagésimo segundo; [4]
seguem-se então os "Benedicite", e os "Laudate", uma lição
do Apocalipse de cor, o responsório, o ambrosiano, o versículo, o cântico do
Evangelho, a litania, e está terminado.
[1] Nos dias comuns, porém, a solenidade
das Matinas seja assim realizada, [2] a saber: recita-se o salmo
sexagésimo sexto sem antífona, um tanto lentamente, como no domingo, de modo
que todos cheguem para o quinquagésimo, o qual deve ser recitado com antífona. [3]
Depois desse, recitem-se outros dois salmos, segundo o costume, isto é, [4]
segunda-feira, o quinto e o trigésimo quinto; [5] terça-feira, o
quadragésimo segundo e o quinquagésimo sexto; [6] quarta-feira, o
sexagésimo terceiro e o sexagésimo quarto; [7] quinta-feira, o
octogésimo sétimo e o octogésimo nono; [8] sexta-feira, o
septuagésimo quinto e o nonagésimo primeiro; [9] sábado, o centésimo
quadragésimo segundo e o cântico do Deuteronômio, que deve ser dividido em dois
"Gloria". [10] Nos outros dias, diga-se um cântico dos
Profetas, um para cada dia, como canta a Igreja Romana. [11] A esses
seguem-se os "Laudate", depois uma lição do Apóstolo recitada de
memória, o responsório, o ambrosiano, o versículo, o cântico do Evangelho, a
litania, e está completo.
[12] Não termine, de
forma alguma, o ofício da manhã ou da tarde sem que o superior diga, em último
lugar, por inteiro e de modo que todos ouçam, a oração dominical, por causa dos
espinhos de escândalos que costumam surgir, [13] de maneira que,
interpelados os irmãos pela promessa da própria oração que estão rezando:
"perdoai-nos assim como nós perdoamos", se preservem de tais vícios. [14]
Nos demais ofícios diga-se a última parte dessa oração, de modo a ser
respondido por todos: "Mas livrai-nos do mal".
[1] Nas festas dos Santos e em todas as
solenidades, proceda-se do mesmo modo que indicamos para o domingo [2]
exceto que, quanto aos salmos, antífonas e lições, sejam ditos os que pertencem
à própria festa; mantenha-se, porém, a mesma disposição acima descrita.
[1] Da Santa Páscoa até Pentecostes,
diga-se sem interrupção o "Aleluia" tanto nos salmos como nos
responsórios. [2] De Pentecostes até o início da Quaresma, diga-se
todas as noites, mas somente com os seis últimos salmos dos noturnos . [3]
Em todo domingo, fora da Quaresma, digam-se com "Aleluia" os
Cânticos, as Matinas, Prima, Terça, Sexta e Noa; entretanto, as Vésperas sejam
ditas com antífona . [4] Quanto aos responsórios, nunca são ditos
com "Aleluia", a não ser de Páscoa até Pentecostes.
[1] Diz o Profeta: "Louvei-vos sete
vezes por dia". [2] Assim, também nós realizaremos esse sagrado
número, se, por ocasião das Matinas, Prima, Terça, Sexta, Noa, Vésperas e
Completas, cumprirmos os deveres da nossa servidão; [3] porque foi
destas Horas do dia que ele disse: "Louvei-vos sete vezes por dia". [4]
Quanto às Vigílias noturnas, diz da mesma forma o mesmo profeta:
"Levantava-me no meio da noite para louvar-vos". [5]
Rendamos, portanto, nessas horas, louvores ao nosso Criador "sobre os
juízos da sua justiça", isto é, nas Matinas, Prima, Terça, Sexta, Noa,
Vésperas e Completas; e à noite, levantemo-nos para louvá-Lo.
[1] Já dispusemos a Ordem da Salmodia, dos
Noturnos e das Matinas; vejamos agora a das Horas seguintes. [2] À
Hora de Prima sejam ditos: três salmos separadamente, não sob um só
"Gloria", [3] e o hino da mesma Hora, que virá depois do
versículo " Ó Deus, vinde em meu auxílio" e antes que sejam começados
os salmos. [4] Terminados os três salmos, recitem-se uma lição, o
versículo, "Kyrie eleison", e façam-se as orações finais. [5]
Terça, Sexta, e Noa sejam celebradas segundo a mesma ordem, isto é: versículo,
hinos de cada uma das Horas, três salmos, lição e versículo, "Kyrie eleison"
e as orações finais. [6] Se a comunidade for grande, sejam os salmos
cantados com antífona; se for pequena, em tom direto. [7] A sinaxe
vespertina consta de quatro salmos com antífonas; [8] depois dos
quais deve ser recitada uma lição; em seguida o responsório, o ambrosiano, o
versículo, o cântico do Evangelho, a litania, a oração dominical e as orações
finais. [9] As Completas compreendem a recitação de três salmos, que
devem ser ditos em tom direto, sem antífona; [10] Depois deles, o
hino da mesma Hora, uma lição, o versículo, o "Kyrie eleison", a
bênção e as orações finais.
[1] Diga-se o versículo: "Ó Deus,
vinde em meu auxílio; apressai-vos, Senhor, em socorrer-me", o Glória, e
depois o Hino de cada uma das Horas . [2] Em seguida, na hora de
Prima do domingo, devem ser ditas quatro divisões do salmo centésimo décimo
oitavo; [3] nas demais Horas, isto é, Terça, Sexta e Noa digam-se
três divisões do referido salmo centésimo décimo oitavo. [4] Na
Prima da Segunda feira, digam-se três salmos, a saber: o primeiro, o segundo e
o sexto. [5] E assim em cada dia, até o domingo, digam-se na Prima,
por ordem, três salmos até o décimo nono; de tal modo que sejam divididos em
dois o salmo nono e o décimo sétimo. [6] E faça-se assim, para que
sempre se comecem as Vigílias do domingo pelo vigésimo.
[7] Na Terça, Sexta e Noa da
segunda-feira, digam-se as nove divisões que restam do salmo centésimo décimo
oitavo, três em cada Hora. [8] Percorrido, portanto, o salmo
centésimo décimo oitavo nos dois dias - domingo e segunda-feira, [9]
já na Terça, Sexta e Noa da terça-feira, salmodiam-se três salmos de cada vez,
do centésimo décimo nono até o centésimo vigésimo sétimo, isto é, nove salmos. [10]
Repitam-se sempre esses salmos pelas mesmas Horas até o domingo, conservando-se
de maneira uniforme e todos os dias a disposição dos hinos, bem assim como a
das lições e versículos; [11] e, assim sendo, comece-se sempre no
domingo com o centésimo décimo oitavo.
[12] As Vésperas sejam
cantadas diariamente pela modulação de quatro salmos. [13] Esses
salmos vão do centésimo nono até o centésimo quadragésimo sétimo, [14]
excetuados alguns que dentre esses foram tirados para outras Horas, isto é, do
centésimo décimo sétimo ao centésimo vigésimo sétimo, mais o centésimo
trigésimo terceiro e o centésimo quadragésimo segundo; [15] todos os
demais devem ser ditos nas Vésperas. [16] Como, porém, ficam
faltando três salmos, devem ser divididos os mais longos dentre os
supracitados, isto é, o centésimo trigésimo oitavo, o centésimo quadragésimo
terceiro e o centésimo quadragésimo quarto. [17] O centésimo décimo
sexto, por ser pequeno, seja unido ao centésimo décimo quinto. [18]
Distribuída, pois, a ordem dos salmos vespertinos, quanto ao restante - isto é,
a lição, o responsório, o hino, o versículo e o cântico - proceda-se como
determinamos acima. [19] Nas Completas, repitam-se todos os dias os
mesmos salmos: o quarto, o nonagésimo e o centésimo trigésimo terceiro.
[20] Disposta a ordem da
salmodia diurna, distribuam-se igualmente todos os salmos que restam, pelas
sete Vigílias da noite, [21] partindo-se, naturalmente, os que,
dentre eles forem mais longos e estabelecendo-se doze para cada noite.
[22] Advertimos de modo
especial que, se porventura essa distribuição dos salmos não agradar a alguém,
que ordene como achar melhor; [23] mas, seja como for, atenda a que
seja salmodiado cada semana, integralmente, o saltério de cento e cinqüenta
salmos e que se comece sempre, de novo, nas Vigílias do domingo, [24]
porque os monges que, no decurso da semana, recitam menos do que o saltério com
os cânticos costumeiros revelam ser por demais frouxo o serviço de sua devoção.
[25] Pois lemos que os nossos santos Pais realizavam, corajosamente,
em um só dia isso que oxalá nós indolentes, cumprimos no decorrer de toda uma
semana.
[1] Cremos estar em toda parte a presença
divina e que "os olho do Senhor vêem em todo lugar os bons e os
maus". [2] Creiamos nisso principalmente e sem dúvida alguma,
quando estamos presentes ao Ofício Divino. [3] Lembremo-nos, pois,
sempre, do que diz o Profeta: "Servi ao Senhor no temor". [4]
E também: "Salmodiai sabiamente". [5] E ainda:
"Cantar-vos-ei em face dos anjos". [6] Consideremos, pois,
de que maneira cumpre estar na presença da Divindade e de seus anjos; [7]
e tal seja a nossa presença na salmodia, que nossa mente concorde com nossa
voz.
[1] Se queremos sugerir alguma coisa aos
homens poderosos, não ousamos fazê-lo a não ser com humildade e reverência; [2]
quanto mais não se deverá empregar toda a humildade e pureza de devoção para
suplicar ao Senhor Deus de todas as coisas? [3] E saibamos que
seremos ouvidos, não com o muito falar, mas com a pureza do coração e a
compunção das lágrimas. [4] Por isso, a oração deve ser breve e
pura, a não ser que, por ventura, venha a prolongar-se por um afeto de
inspiração da graça divina. [5] Em comunidade, porém, que a oração
seja bastante abreviada e, dado o sinal pelo superior, levantem-se todos ao
mesmo tempo.
[1] Se a comunidade for numerosa, sejam
escolhidos, dentre os seus membros, irmãos de bom testemunho e de vida
monástica santa, e constituídos Decanos; [2] empreguem sua
solicitude em tudo o que diz respeito às suas decanias, conforme os mandamentos
de Deus e os preceitos do seu Abade. [3] Que os Decanos eleitos
sejam tais que possa o Abade, com segurança, repartir com eles o seu ônus ; [4]
e não sejam escolhidos pela ordem na comunidade, mas segundo o mérito da vida e
a doutrina da sabedoria. [5] Se algum dentre os Decanos, acaso
inchado por qualquer soberba, for julgado merecedor de repreensão, seja
repreendido uma, duas, até três vezes; se não quiser emendar-se seja destituído
[6] e ponha-se em seu lugar outro que seja digno. [7] O
mesmo determinamos a respeito do Prior.
[1] Durma cada um em uma cama. [2]
Tenham seus leitos de acordo com o modo de viver monástico e conforme o abade
distribuir. [3] Se for possível, durmam todos num mesmo lugar; se,
porém, o número não o permitir, durmam aos grupos de dez ou vinte, em companhia
de monges mais velhos que sejam solícitos para com eles. [4] Esteja
acesa nesse recinto uma candeia sem interrupção, até o amanhecer. [5]
Durmam vestidos e cingidos com cintos ou cordas, mas de forma que não tenham,
enquanto dormem, as facas a seu lado, a fim de que não venham elas a ferir,
durante o sono, quem está dormindo; [6] e de modo que estejam os
monges sempre prontos e, assim, dado o sinal, levantando-se sem demora,
apressem-se mutuamente e antecipem-se no Ofício Divino, porém com toda
gravidade e modéstia. [7] Que os irmãos mais jovens não tenham
leitos juntos, mas intercalados com os dos mais velhos. [8]
Levantando-se para o Ofício Divino chamem-se mutuamente, para que não tenham
desculpas os sonolentos; façam-no, porém, com moderação.
[1] Se houver algum irmão teimoso ou
desobediente, soberbo ou murmurador, ou em algum modo contrário à santa Regra,
e desprezador dos preceitos dos seus superiores, [2] seja ele
admoestado, conforme o preceito de nosso Senhor, a primeira e a segunda vez, em
particular pelos seus superiores. [3] Se não se emendar, seja
repreendido publicamente, diante de todos. [4] Se porém, nem assim
se corrigir sofra a excomunhão, caso possa compreender o que seja essa pena. [5]
Se, entretanto, está de ânimo endurecido, seja submetido a castigo corporal.
[1] A medida tanto da excomunhão como da
disciplina, deve regular-se segundo a espécie da falta, [2] e esta
espécie das faltas está sob critério do julgamento do abade. [3] Se
algum irmão incorrer em faltas mais leves, seja privado da participação à mesa.
[4] Será este o proceder de quem está privado da mesa: não entoe
salmo, nem antífona no oratório, nem recite lição até que tenha sido dada a
devida satisfação. [5] Receba sozinho a sua refeição depois da
refeição dos irmãos; [6] de modo que, por exemplo, se os irmãos vão
tomar a refeição à hora sexta, aquele irmão o fará à hora nona; se os irmãos à
nona, ele à hora de Vésperas, [7] até que tenha obtido o perdão por
conveniente satisfação.
[1] Que seja suspenso da mesa e também do
oratório o irmão culpado de faltas mais graves. [2] Que nenhum irmão
se junte a ele em nenhuma espécie de relação, nem para lhe falar. [3]
Esteja sozinho no trabalho que lhe for determinado, permanecendo no luto da
penitência, ciente daquela terrível sentença do Apóstolo que diz: [4]
"Este homem foi assim entregue à morte da carne para que seu espírito se
salve no dia do Senhor". [5] Faça a sós a sua refeição na
medida e na hora que o Abade julgar convenientes, [6] não seja
abençoado por ninguém que por ele passe, nem também a comida que lhe é dada.
[1] Se algum irmão ousar juntar-se, de
qualquer modo, ao irmão excomungado sem ordem do Abade, ou de falar com ele ou
mandar-lhe um recado, [2] aplique-se-lhe o mesmo castigo de
excomunhão.
[1] Cuide o Abade com toda a solicitude
dos irmãos que caírem em faltas, porque "não é para os sadios que o médico
é necessário, mas para os que estão doentes". [2] Por isso,
como sábio médico, deve usar de todos os meios, enviar "simpectas",
isto é, irmãos mais velhos e sábios [3] que, em particular, consolem
o irmão flutuante e o induzam a uma humilde satisfação, o consolem "para
que não seja absorvido por demasiada tristeza", [4] mas, como
diz ainda o Apóstolo, "confirme-se a caridade para com ele", e rezem
todos por ele.
[5] O Abade deve, pois, empregar
extraordinária solicitude e deve empenhar-se com toda sagacidade e indústria,
para que não perca alguma das ovelhas a si confiadas. [6]
Reconhecerá, pois, ter recebido a cura das almas enfermas, e não a tirania
sobre as sãs; [7] tema a ameaça do profeta, através da qual Deus nos
diz: "o que víeis gordo assumíeis e o que era fraco lançáveis fora". [8]
Imite o pio exemplo do bom pastor que, deixando as noventa e nove ovelhas nos
montes, saiu a procurar uma única ovelha que desgarrara, [9] de cuja
fraqueza a tal ponto se compadeceu, que se dignou colocá-la em seus sagrados
ombros e assim trazê-la de novo ao aprisco.
[1] Se algum irmão freqüentes vezes
corrigido por qualquer culpa não se emendar, nem mesmo depois de excomungado,
que incida sobre ele uma correção mais severa, isto é, use-se o castigo das
varas. [2] Se nem assim se corrigir, ou se por acaso, o que não
aconteça, exaltado pela soberba, quiser mesmo defender suas ações, faça então o
Abade como sábio médico: [3] se aplicou as fomentações, os ungüentos
das exortações, os medicamentos das divinas Escrituras e enfim a cauterização
da excomunhão e das pancadas de vara [4] e vir que nada obtém com
sua indústria, aplique então o que é maior: a sua oração e a de todos os irmãos
por ele, [5] para que o Senhor, que tudo pode, opere a salvação do
irmão enfermo. [6] Se nem dessa maneira se curar, use já agora o
Abade o ferro da amputação, como diz o Apóstolo: "Tirai o mal do meio de
vós" e também: [7] "Se o infiel se vai, que se vá", [8]
a fim de que uma ovelha enferma não contagie todo o rebanho.
[1] O irmão que sai do mosteiro por culpa
própria, se quiser voltar, prometa, antes, uma completa emenda do vício que foi
a causa de sua saída, [2] e então seja recebido no último lugar,
para que assim se prove a sua humildade. [3] Se de novo sair, seja
assim recebido até três vezes, já sabendo que depois lhe será negado todo
caminho de volta.
[1] Cada idade e cada inteligência deve
ser tratada segundo medidas próprias. [2] Por isso, os meninos e
adolescentes ou os que não podem compreender que espécie de pena é, na verdade,
a excomunhão, [3] quando cometem alguma falta, sejam afligidos com
muitos jejuns ou castigados com ásperas varas, para que se curem.
[1] Seja escolhido para Celeireiro do
mosteiro, dentre os membros da comunidade, um irmão sábio, maduro de caráter,
sóbrio, que não coma muito, não seja orgulhoso, nem turbulento, nem injuriador,
nem tardo, nem pródigo, [2] mas temente a Deus; que seja como um pai
para toda a comunidade. [3] Tome conta de tudo; [4] nada
faça sem ordem do Abade. [5] Cumpra o que for ordenado. [6]
Não entristeça seus irmãos. [7] Se algum irmão, por acaso, lhe pedir
alguma coisa desarrazoadamente, não o entristeça desprezando-o, mas negue,
razoavelmente, com humildade, ao que pede mal. [8] Guarde a sua
alma, lembrando-se sempre daquela palavra do Apóstolo: "Quem tiver
administrado bem, terá adquirido para si um bom lugar". [9]
Cuide com toda solicitude dos enfermos, das crianças, dos hóspedes e dos pobres,
sabendo, sem dúvida alguma, que deverá prestar contas de todos esses, no dia do
juízo. [10] Veja todos os objetos do mosteiro e demais utensílios
como vasos sagrados do altar. [12] Nada negligencie. [12]
Não se entregue à avareza, nem seja pródigo e esbanjador dos bens do mosteiro;
mas faça tudo com medida e conforme a ordem do Abade.
[13] Tenha antes de tudo
humildade e não possuindo a coisa com que atender a alguém, entregue-lhe como
resposta uma boa palavra, [14] conforme o que está escrito: "A
boa palavra está acima da melhor dádiva". [15] Mantenha sob
seus cuidados tudo o que o Abade determinar, não presuma, porém, a respeito do
que lhe tiver proibido. [16] Ofereça aos irmãos a parte estabelecida
para cada um, sem arrogância ou demora, a fim de que não se escandalizem,
lembrado da palavra divina sobre o que deve merecer "quem escandalizar um
destes pequeninos". [17] Se a comunidade for numerosa,
sejam-lhe dados auxiliares com a ajuda dos quais cumpra, com o espírito em paz,
o ofício que lhe foi confiado. [18] Às horas convenientes seja dado
o que deve ser dado e pedido o que deve ser pedido, [19] para que
ninguém se perturbe nem se entristeça na casa de Deus.
[1] Quanto aos utensílios do mosteiro em
ferramentas ou vestuário, ou quaisquer outras coisas, procure o Abade irmãos de
cuja vida e costumes esteja seguro [2] e, como julgar útil,
consigne-lhes os respectivos objetos para tomar conta e recolher. [3]
Mantenha o abade um inventário desses objetos, para que saiba o que dá e o que
recebe, à medida que os irmãos se sucedem no desempenho do que lhes for
incumbido. [4] Se algum deixar as coisas do mosteiro sujas ou as
tratar negligentemente, seja repreendido; [5] se não se emendar,
seja submetido à disciplina regular.
[1] Especialmente este vício deve ser
cortado do mosteiro pela raiz; [2] ninguém ouse dar ou receber
alguma coisa sem ordem do Abade, [3] nem ter nada de próprio, nada
absolutamente, nem livro, nem tabuinhas, nem estilete, absolutamente nada, [4]
já que não lhes é lícito ter a seu arbítrio nem o próprio corpo nem a vontade; [5]
porém, todas as coisas necessárias devem esperar do pai do mosteiro, e não seja
lícito a ninguém possuir o que o Abade não tiver dado ou permitido. [6]
Seja tudo comum a todos, como está escrito, nem diga nem tenha alguém a
presunção de achar que alguma coisa lhe pertence. [7] Se for
surpreendido alguém a deleitar-se com este péssimo vício, seja admoestado
primeira e segunda vez, [8] se não se emendar, seja submetido à
correção.
[1] Como está escrito, repartia-se para
cada um conforme lhe era necessário. [2] Não dizemos, com isso, que
deva haver acepção de pessoas, o que não aconteça, mas sim consideração pelas
fraquezas, [3] de forma que quem precisar de menos dê graças a Deus
e não se entristeça por isso; [4] quem precisar de mais, humilhe-se
em sua fraqueza e não se orgulhe por causa da misericórdia que obteve. [5]
E, assim, todos os membros da comunidade estarão em paz. [6] Antes
de tudo, que não surja o mal da murmuração em qualquer palavra ou atitude, seja
qual for a causa. [7] Se alguém for assim surpreendido, seja
submetido a castigo mais severo.
[1] Que os irmãos se sirvam mutuamente e
ninguém seja dispensado do ofício da cozinha, a não ser no caso de doença ou se
se tratar de alguém ocupado em assunto de grande utilidade; [2] pois
por esse meio se adquire maior recompensa e caridade. [3] Para os
fracos, arranjem-se auxiliares, a fim de que não o façam com tristeza; [4]
ainda conforme o estado da comunidade e a situação do lugar, que todos tenham
auxiliares. [5] Se a comunidade for numerosa, seja o Celeireiro
dispensado da cozinha, e também, como dissemos, os que estiverem ocupados em
assuntos de maior utilidade. [6] Os demais sirvam-se mutuamente na
caridade. [7] O que vai terminar sua semana faça, no sábado, a limpeza;
[8] lavem as toalhas com que os irmãos enxugam as mãos e os pés; [9]
ambos, tanto o que sai como o que entra, lavem os pés de todos. [10]
Devolva aquele ao Celeireiro os objetos do seu ofício, limpos e perfeitos; [11]
entregue-os outra vez o Celeireiro ao que entra, para que saiba o que dá e o
que recebe.
[12] Os semanários
recebam, uma hora antes da refeição, além da porção estabelecida, um pouco de
pão e algo para beber, [13] a fim de que, na hora da refeição,
sirvam a seus irmãos sem murmurar e sem grande cansaço; [14] no
entanto, nos dias solenes, esperem até depois da Missa. [15] No
domingo, logo que acabem as Matinas, os semanários que entram e os que saem
prostrem-se no oratório, aos pés de todos, pedindo que orem por eles. [16]
Aquele que termina a semana diga o seguinte versículo: "Bendito é o Senhor
Deus que me ajudou e consolou". [17] Dito isso três vezes e
recebida a bênção, sai; prossiga o que começa a semana, dizendo: "Ó Deus
vinde em meu auxílio; Senhor, apressai-vos em socorrer-me". [18]
Também isso seja repetido três vezes por todos e, recebida a bênção, entre no
seu ofício.
[1] Antes de tudo e acima de tudo deve
tratar-se dos enfermos de modo que se lhes sirva como verdadeiramente ao
Cristo, [2] pois Ele disse: "Fui enfermo e visitastes-me" [3]
e "Aquilo que fizestes a um destes pequeninos, a mim o fizestes". [4]
Mas que os próprios enfermos considerem que são servidos em honra a Deus e não
entristeçam com sua superfluidade aos irmãos que lhes servem. [5] No
entanto, devem os doentes ser levados pacientemente, porque por meio deles se
adquire recompensa mais copiosa. [6] Portanto, tenha o abade o
máximo cuidado para que não sofram nenhuma negligência. [7] Haja uma
cela destinada especialmente a estes irmãos enfermos, e um servo temente a
Deus, diligente e solícito. [8] O uso dos banhos seja oferecido aos
doentes sempre que convém; mas aos sãos, e sobretudo aos jovens, seja raramente
concedido. [9] Também a alimentação de carnes seja concedida aos enfermos
por demais fracos, para que se restabeleçam, mas logo que tiverem melhorado
abstenham-se todos de carnes, como de costume. [10] Que tenha, pois,
o Abade o máximo cuidado em que os enfermos não sejam negligenciados nem pelos
Celeireiros nem pelos que lhes servem, pois sobre ele recai qualquer falta que
tenha sido cometida pelos discípulos.
[1] Ainda que a própria natureza humana
seja levada à misericórdia para com estas idades, velhos e crianças, no entanto
que a autoridade da Regra olhe também por eles. [2] Considere-se
sempre a fraqueza que lhes é própria, e não se mantenha para com eles o rigor
da Regra no que diz respeito aos alimentos; [3] haja sim, em relação
a eles, uma pia consideração e tenham antecipadas as horas regulares.
[1] Às mesas dos irmãos não deve faltar a
leitura; não deve ler aí quem quer que, por acaso, se apodere do livro, mas sim
o que vai ler durante toda a semana, a começar do domingo. [2]
Depois da Missa e da Comunhão, peça a todos que orem por ele para que Deus
afaste dele o espírito de soberba. [3] No oratório, recitem todos,
por três vezes, o seguinte versículo, iniciando-o o próprio leitor: "Abri,
Senhor, os meus lábios, e minha boca anunciará vosso louvor"; [4]
e tendo assim recebido a bênção, entre a ler. [5] Faça-se o máximo
silêncio, de modo que não se ouça nenhum cochicho ou voz, a não ser a do que
está lendo. [6] Quanto às coisas que são necessárias aos que estão
comendo e bebendo, sirvam-se mutuamente os irmãos, de tal modo que ninguém
precise pedir coisa alguma. [7] Se porém se precisar de qualquer
coisa, seja antes pedida por algum som ou sinal do que, por palavra. [8]
Nem ouse alguém fazer alguma pergunta sobre a leitura, ou outro assunto
qualquer, para que se não dê ocasião, [9] a não ser que o superior,
porventura, queira dizer, brevemente, alguma coisa, para edificação. [10]
O leitor semanário, antes de começar a ler, recebe o "misto" por
causa da Comunhão e para que não aconteça ser-lhe pesado suportar o jejum; [11]
faça, porém, depois, a refeição com os semanários da cozinha e os serventes. [12]
Não leiam nem cantem os irmãos segundo a ordem da comunidade, mas façam-no
aqueles que edificam os ouvintes.
[1] Cremos que são suficientes para a
refeição cotidiana, quer seja esta à sexta ou à nona hora, em todas as mesas,
dois pratos de cozidos, por causa das fraquezas de muitos, [2] a fim
de que aquele que não puder, por acaso, comer de um prato, coma do outro. [3]
Portanto dois pratos de cozidos bastem a todos os irmãos; e se houver frutas ou
legumes frescos, sejam acrescentados em terceiro lugar. [4] Seja
suficiente uma libra de pão bem pesada, para o dia todo, quer haja uma só
refeição, quer haja jantar e ceia. [5] Se houver ceia, seja guardada
pelo Celeireiro a terça parte da libra e entregue aos que vão cear. [6]
Mas, se por acaso tiverem feito um trabalho maior, estará ao critério e em
poder do Abade acrescentar, se convier, alguma coisa, [7] afastados
antes de mais nada excessos de comida, e de modo que nunca sobrevenha ao monge
a indigestão, [8] porque nada é tão contrário a tudo o que é cristão
como os excessos na comida, [9] conforme diz Nosso Senhor:
"Cuidai que os vossos corações não se tornem pesados pela gula". [10]
Aos meninos de pouca idade não se sirva a mesma quantidade, mas sim menos que
aos maiores, guardada em tudo a sobriedade. [11] Abstenham-se todos
completamente de carnes de quadrúpedes, exceto os doentes demasiadamente
fracos.
[1] Cada um recebe de Deus um dom
particular, este de um modo, aquele de outro; [2] por isso, é com
algum escrúpulo que estabelecemos nós a medida para a alimentação de outros; [3]
no entanto, atendendo à necessidade dos fracos, achamos ser suficiente, para
cada um, uma hêmina de vinho por dia. [4] Aqueles, porém, aos quais
Deus dá a força de tolerar a abstinência, saibam que receberão recompensa
especial.
[5] Se a necessidade do lugar, o trabalho
ou o rigor do verão exigir mais, fique ao arbítrio do superior, considerando em
tudo que não sobrevenha saciedade ou embriaguez. [6] Ainda que
leiamos não ser absolutamente próprio dos monges fazer uso do vinho, como em
nossos tempos disso não se podem persuadir os monges, ao menos convenhamos em
que não bebamos até a saciedade, mas parcamente, [7] porque "o
vinho faz apostatar mesmo os sábios". [8] Onde, porém, a
necessidade do lugar exigir que nem a referida medida se possa encontrar, mas
muito menos ou absolutamente nada, bendigam a Deus os que ali vivem e não
murmurem: [9] antes de tudo exortamo-los a que vivam sem
murmurações.
[1] Da Santa Páscoa até Pentecostes, façam
os irmãos a refeição à hora sexta e ceiem à tarde. [2] A partir de
Pentecostes, entretanto, por todo o verão, se os monges não têm os trabalhos
dos campos ou não os perturba o excesso do verão, jejuem quarta e sexta-feira
até a hora nona; [3] nos demais dias jantem à hora sexta. [4]
Se tiverem trabalho nos campos ou se o rigor do verão for excessivo, o jantar
deve ser mantido à hora sexta: ao Abade caiba tomar a providência. [5]
E, assim, que tempere e disponha tudo, de modo que as almas se salvem e que
façam os irmãos, sem justa murmuração, o que têm de fazer. [6] De 14
de setembro até o início da Quaresma façam a refeição sempre à hora nona. [7]
Durante a Quaresma, entretanto, até a Páscoa façam-na à hora de Vésperas. [8]
Sejam essas celebradas de tal modo, que os irmãos não precisem, à refeição, da
luz de uma lâmpada, mas que tudo esteja terminado com a luz do dia. [9]
E mesmo em todas as épocas esteja tanto a hora da Ceia como a do jantar de tal
modo disposta, que tudo se faça sob a luz do dia.
[1] Os monges devem, em todo tempo,
esforçar-se por guardar o silêncio, mas principalmente nas horas da noite. [2]
Por isso, em qualquer época do ano, seja de jejum, seja a época em que há
jantar; [3] se for época em que há jantar, logo que se levantarem da
refeição, sentem-se todos juntos e leia um deles as Colações ou as "Vidas
dos Pais", ou mesmo outra coisa que edifique os ouvintes; [4]
não, porém, o Heptateuco ou o livro dos Reis, porque não seria útil, às
inteligências fracas, ouvir essas partes da Escritura, nesta hora; sejam lidas,
porém, em outras horas. [5] Se, entretanto, for dia de jejum,
recitadas as Vésperas, depois de pequeno intervalo, dirijam-se logo para a
leitura das Colações, conforme dissemos; [6] e, lidas quatro ou
cinco folhas ou quanto a hora permitir, [7] reúnam-se todos os que
vão chegando no decorrer da leitura, isto no caso de alguém ter ficado ocupado
em ofício que lhe fora confiado. [8] Estando, pois, todos juntos,
recitem as Completas; saindo das Completas, não haja mais licença para ninguém
falar o que quer que seja. [9] Se alguém for encontrado
transgredindo esta regra do silêncio, seja submetido a severo castigo; [10]
exceto se sobrevier alguma necessidade da parte dos hóspedes ou se, por acaso,
o Abade ordenar alguma coisa a alguém. [11] Mas mesmo isso seja
feito com suma gravidade e honestíssima moderação.
[1] Na hora do Ofício Divino, logo que for
ouvido o sinal, deixando tudo que estiver nas mãos, corra-se com toda a pressa,
[2] mas com gravidade, para que a escurrilidade não encontre
incentivo. [3] Portanto nada se anteponha ao Ofício Divino.
[4] Se alguém chegar às Vigílias noturnas
depois do "Glória" do salmo nonagésimo quarto, que, por isso,
queremos que seja dito de modo muito prolongado e vagarosamente, não fique no
lugar de sua ordem no coro, [5] mas no último de todos ou em lugar à
parte determinado pelo Abade para tais negligentes, a fim de que sejam vistos
por ele e por todos; [6] até que, terminado o Ofício Divino, faça
penitência por pública satisfação. [7] Se achamos que devem ficar no
último lugar ou em lugar separado, é para que, vistos por todos, ao menos, pela
própria vergonha, se emendem. [8] Pois se permanecessem fora do
oratório, haveria talvez algum que ou se acomodaria novamente e dormiria, ou
então se assentaria do lado de fora, ou se entregaria a conversas e daria
ocasião ao maligno; [9] entrem, pois, no recinto para que nem tudo
percam e daí por diante, se emendem. [10] Nas Horas diurnas, o que
ainda não tiver chegado ao Ofício Divino depois do versículo e do
"Glória" do primeiro salmo que se diz depois do referido versículo,
fique no último lugar, conforme a lei que estabelecemos acima: [11]
nem presuma associar-se ao coro dos que salmodiam, até que tenha feito
satisfação, a não ser que o Abade, pelo seu perdão, dê licença, [12]
mas, ainda assim, que o culpado satisfaça por essa falta.
[13] Quanto à mesa, quem
não tiver chegado antes do versículo, de modo que todos digam o versículo e
orem juntos e se sentem ao mesmo tempo à mesa - [14] quem não tiver
chegado a tempo, por negligência ou culpa, seja castigado por este motivo até
duas vezes; [15] se de novo não se emendar, não lhe seja permitida a
participação à mesa comum, mas faça a refeição a sós, [16] separado
do consórcio de todos, sendo-lhe tirada a porção de vinho, até que tenha feito
satisfação, e se tenha emendado. [17] Seja tratado da mesma forma
quem não estiver presente ao versículo que se diz depois da refeição. [18]
E ninguém presuma servir-se de algum alimento ou bebida antes ou depois da hora
estabelecida. [19] Mas quanto àquele que não quis aceitar alguma
coisa que lhe tenha sido oferecida pelo superior, na hora em que desejar aquilo
que antes recusou ou outra coisa qualquer, absolutamente nada receba, até
conveniente emenda.
[1] Aquele que por culpas graves tiver
sido excomungado do oratório e da mesa, na hora em que no oratório se termina o
Ofício Divino, permaneça prostrado diante das portas do oratório, sem nada
dizer, [2] com o rosto em terra, estendido e inclinado aos pés de
todos os que saem do oratório. [3] E faça isso por tanto tempo, até
julgar o Abade que já está feita a satisfação. [4] Quando vier a ordem
do Abade, lance-se aos pés do mesmo Abade e depois aos de todos, para que rezem
por ele. [5] E, então, se o Abade mandar, seja recebido no coro, no
lugar de ordem que o Abade determinar; [6] mas de tal modo que não
presuma entoar, no oratório, salmo ou lição ou o que quer que seja, sem que, de
novo o Abade ordene. [7] E em todas as Horas, ao terminar o Ofício
Divino, prostre-se por terra, no lugar onde estiver; [8] e assim dê
satisfação até que, de novo, lhe ordene o Abade que cesse daí por diante essa
satisfação. [9] Aqueles que, por culpas leves, são excomungados
apenas da mesa, façam satisfação no oratório, até a ordem do Abade. [10]
Façam-na até que o Abade os abençoe e diga: Basta.
[1] Se alguém errar quando recitar um
salmo, responsório, antífona ou lição, e se não se humilhar, ali mesmo, diante
de todos por uma satisfação, sofra castigo maior, [2] de vez que não
quis corrigir, pela humildade, a falta que cometeu por negligência. [3]
As crianças por tal falta recebam pancadas.
[1] Se alguém, ocupado em qualquer
trabalho na cozinha, no celeiro, no cumprimento de uma ordem, na padaria, na
horta, enquanto trabalha em algum ofício e em qualquer lugar que seja, cometer
alguma falta, [2] quebrar ou perder qualquer coisa, ou exceder-se em
qualquer lugar [3] e não vier imediatamente, diante do abade e da
comunidade, espontaneamente, satisfazer e revelar o seu delito, [4]
quando a culpa for conhecida por outro, seja submetido a maior castigo. [5]
Mas, se a causa de seu pecado estiver escondida na alma, manifeste-o somente ao
abade ou aos conselheiros espirituais, [6] a alguém que saiba curar
as próprias chagas e as dos outros e não as revela e conta em público.
[1] Esteja ao cuidado do Abade o dever de
anunciar a hora do Ofício Divino, de dia e de noite; ele próprio dê o sinal ou
então encarregue desse cuidado a um irmão de tal modo solícito, que todas as
coisas se realizem nas horas competentes. [2] Entoem os salmos e
antífonas, depois do Abade, na respectiva ordem, aqueles aos quais for
ordenado. [3] Não presuma cantar ou ler, a não ser quem pode
desempenhar esse ofício de modo que se edifiquem os ouvintes; [4] e
seja feito com humildade, gravidade e tremor por quem o Abade tiver mandado.
[1] A ociosidade é inimiga da alma; por
isso, em certas horas devem ocupar-se os irmãos com o trabalho manual, e em
outras horas com a leitura espiritual. [2] Pela seguinte disposição,
cremos poder ordenar os tempos dessas duas ocupações: [3] isto é,
que da Páscoa até o dia 14 de setembro, saindo os irmãos pela manhã, trabalhem
da primeira hora até cerca da quarta, naquilo que for necessário. [4]
Da hora quarta até mais ou menos o princípio da hora sexta, entreguem-se à
leitura. [5] Depois da sexta, levantando-se da mesa, repousem em
seus leitos com todo o silêncio; se acaso alguém quiser ler, leia para si, de
modo que não incomode a outro.
[6] Celebre-se a Noa mais cedo, pelo fim
da oitava hora, e de novo trabalhem no que for preciso fazer até a tarde. [7]
Se, porém, a necessidade do lugar ou a pobreza exigirem que se ocupem,
pessoalmente, em colher os produtos da terra, não se entristeçam por isso, [8]
porque então são verdadeiros monges se vivem do trabalho de suas mãos, como
também os nossos Pais e os Apóstolos. [9] Tudo, porém, se faça
comedidamente por causa dos fracos.
[10] De 14 de setembro
até o início da Quaresma, entreguem-se à leitura até o fim da hora segunda, [11]
no fim da qual se celebre a Terça; e até a hora nona trabalhem todos nos
afazeres que lhes forem designados. [12] Dado o primeiro sinal da
nona hora, deixem todos os seus respectivos trabalhos e preparem-se para quando
tocar o sinal. [13] Depois da refeição, entreguem-se às suas
leituras ou aos salmos.
[14] Nos dias da
Quaresma, porém, da manhã até o fim da hora terceira, entreguem-se às suas
leituras, e até o fim da décima hora trabalhem no que lhes for designado. [15]
Nesses dias de Quaresma, recebam todos respectivamente livros da biblioteca e
leiam-nos pela ordem e por inteiro; [16] esses livros são
distribuídos no início da Quaresma. [17] Antes de tudo, porém, designem-se
um ou dois dos mais velhos, os quais circulem no mosteiro nas horas em que os
irmãos se entregam à leitura [18] e verão se não há, por acaso,
algum irmão tomado de acédia, que se entrega ao ócio ou às conversas, e não
está aplicado à leitura e não somente é inútil a si próprio como também distrai
os outros. [19] Se um tal for encontrado, o que não aconteça, seja
castigado primeira e segunda vez: [21] se não se emendar, seja
submetido à correção regular de tal modo que os demais temam. [21]
Que um irmão não se junte a outro em horas inconvenientes.
[22] Também no domingo,
entreguem-se todos à leitura, menos aqueles que foram designados para os
diversos ofícios. [23] Se, entretanto, alguém for tão negligente ou
relaxado, que não queira ou não possa meditar ou ler, determine-se-lhe um
trabalho que possa fazer, para que não fique à toa. [24] Aos irmãos
enfermos ou delicados designe-se um trabalho ou ofício, de tal sorte que não
fiquem ociosos nem sejam oprimidos ou afugentados pela violência do trabalho; [25]
a fraqueza desses deve ser levada em consideração pelo Abade.
[1] Se bem que a vida do monge deva ser,
em todo tempo, uma observância de Quaresma, [2] como, porém, esta
força é de poucos, por isso aconselhamos os monges a guardarem, com toda a
pureza, a sua vida nesses dias de Quaresma [3] e também a apagarem,
nesses santos dias, todas as negligências dos outros tempos. [4] E
isso será feito dignamente, se nos preservamos de todos os vícios e nos
entregamos à oração com lágrimas, à leitura, à compunção do coração e à
abstinência. [5] Acrescentemos, portanto, nesses dias, alguma coisa
ao encargo habitual da nossa servidão: orações especiais, abstinência de comida
e bebida; [6] e assim ofereça cada um a Deus, de espontânea vontade,
com a alegria do Espírito Santo, alguma coisa além da medida estabelecida para
si; [7] isto é: subtraia ao seu corpo algo da comida, da bebida, do
sono, da conversa, da escurrilidade, e, na alegria do desejo espiritual, espere
a Santa Páscoa. [8] Entretanto, mesmo aquilo que cada um oferece,
sugira-o ao seu Abade, e seja realizado com a oração e a vontade dele, [9]
pois o que é feito sem a permissão do pai espiritual será reputado como
presunção e vanglória e não como digno de recompensa. [10] Portanto,
tudo deve ser feito com a vontade do Abade.
[1] Os irmãos que se encontram em um
trabalho tão distante que não podem acorrer na devida hora ao oratório, [2]
e tendo o Abade ponderado que assim é, [3] celebrem o Ofício Divino
ali mesmo onde trabalham, dobrando os joelhos, com temor divino. [4]
Da mesma forma, os que são mandados em viagem não deixem passar as horas
estabelecidas, mas celebrem-nas consigo mesmos, como podem e não negligenciem
cumprir com o encargo de sua servidão.
[1] Não presuma comer fora o irmão que é
mandado a um afazer qualquer e que é esperado no mosteiro no mesmo dia, ainda
que seja instantemente convidado por qualquer pessoa; [2] a não ser
que, porventura, o Abade lhe tenha dado ordem para isso. [3] Se
proceder de outra forma, seja excomungado.
[1] Que o oratório seja o que o nome
indica, nem se faça ou se guarde ali coisa alguma que lhe seja alheio. [2]
Terminado o Ofício Divino, saiam todos com sumo silêncio e tenha-se reverência
para com Deus; [3] de modo que se acaso um irmão quiser rezar em
particular, não seja impedido pela imoderação de outro. [4] Se
também outro, porventura, quiser rezar em silêncio, entre simplesmente e ore,
não com voz clamorosa, mas com lágrimas e pureza de coração. [5]
Quem não procede desta maneira, não tenha, pois, permissão de, terminado o
Ofício Divino, permanecer no oratório, como foi dito, para que outro não venha
a ser perturbado.
[1] Todos os hóspedes que chegarem ao
mosteiro sejam recebidos como o Cristo, pois Ele próprio irá dizer: "Fui
hóspede e me recebestes". [2] E se dispense a todos a devida
honra, principalmente aos irmãos na fé e aos peregrinos. [3] Logo
que um hóspede for anunciado, corra-lhe ao encontro o superior ou os irmãos,
com toda a solicitude da caridade; [4] primeiro, rezem em comum e
assim se associem na paz. [5] Não seja oferecido esse ósculo da paz
sem que, antes, tenha havido a oração, por causa das ilusões diabólicas. [6]
Nessa mesma saudação mostre-se toda a humildade. Em todos os hóspedes que
chegam e que saem, adore-se, [7] com a cabeça inclinada ou com todo
o corpo prostrado por terra, o Cristo que é recebido na pessoa deles.
[8] Recebidos os hóspedes, sejam
conduzidos para a oração e depois sente-se com eles o superior ou quem esse
ordenar. [9] Leia-se diante do hóspede a lei divina para que se
edifique e depois disso apresente-se-lhe um tratamento cheio de humanidade. [10]
Seja o jejum rompido pelo superior por causa dos hóspedes; a não ser que se
trate de um dos dias principais de jejum, que não se possa violar; [11]
mas os irmãos continuem a observar as normas de jejum. [12] Que o
Abade sirva a água para as mãos dos hóspedes; [13] lave o Abade, bem
assim como toda a comunidade, os pés de todos os hóspedes; [14]
depois de lavá-los, digam o versículo: "Recebemos, Senhor, vossa
misericórdia no meio de vosso templo". [15] Mostre-se
principalmente um cuidado solícito na recepção dos pobres e peregrinos, porque
sobretudo na pessoa desses, Cristo é recebido; de resto o poder dos ricos, por
si só, já exige que se lhes prestem honras.
[16] Seja a cozinha do
Abade e dos hóspedes separada, de modo que os irmãos não sejam incomodados, com
a chegada, em horas incertas, dos hóspedes, que nunca faltam no mosteiro. [17]
Entrem todos os anos para o trabalho dessa cozinha dois irmãos que desempenhem
bem esse ofício. [18] Sejam-lhes concedidos auxiliares quando
precisarem, para que sirvam sem murmuração; e do mesmo modo, quando têm menos
ocupação, deixem esse ofício, para trabalhar no que lhes for ordenado. [19]
E não só em relação a esses, mas em todos os ofícios do mosteiro, seja este o
critério: se precisarem de auxiliares, [20] sejam-lhes concedidos;
por outro lado, quando estão livres, obedeçam ao que lhes for ordenado. [21]
Do mesmo modo, cuide do recinto reservado aos hóspedes um irmão cuja alma seja
possuída pelo temor de Deus: [22] haja ali leitos suficientemente
arrumados e seja a casa de Deus sabiamente administrada por monges sábios. [23]
De modo algum se associe ou converse com os hóspedes quem não tiver recebido
permissão: [24] se encontrar ou vir algum deles, saúde-o
humildemente, como dissemos, e, pedida a bênção, afaste-se, dizendo não lhe ser
permitido conversar com os hóspedes.
[1] Não seja permitido de modo algum o
monge receber ou enviar a seus pais ou a qualquer pessoa ou um ao outro cartas,
eulógias, ou quaisquer pequenos presentes, sem permissão do abade. [2]
E também, se alguma coisa lhe for enviada pelos seus pais, não presuma
recebê-la sem que seja mostrada ao Abade. [3] Se ordenar que a
receba, esteja ainda no poder do Abade ordenar a quem a coisa deve ser dada: [4]
e não se entristeça o irmão a quem, porventura, a coisa fora enviada, a fim de
não dar ocasião ao diabo. [5] Quem presumir proceder de outra
maneira, seja submetido à disciplina regular.
[1] Sejam dadas vestes aos irmãos de
acordo com as condições e temperatura dos lugares em que habitam [2]
porque, nas regiões frias, tem-se necessidade de mais, e nas quentes, de menos.
[3] Cabe ao Abade a consideração disso. [4] Cremos,
porém, que, para os lugares de temperatura mediana, aos monges são suficientes
uma cogula e uma túnica para cada um: [5] a cogula felpuda no inverno,
fina ou mais usada no verão, [6] e um escapulário para o trabalho;
para os pés: meias e calçado. [7] Não se preocupem os monges com a
cor e qualidade de todas essas coisas, mas sejam as que se puderem encontrar no
lugar onde moram e as que puderem ser adquiridas mais barato.
[8] Providencie o Abade a respeito da
medida, para que estas vestes não fiquem curtas para quem as usa, mas de boa
medida. [9] Os que recebem novas entreguem sempre, ao mesmo tempo,
as velhas, que devem ser recolocadas na rouparia, para os pobres. [10]
Basta ao monge possuir duas túnicas e duas cogulas, para a noite e para poder
lavá-las; [11] o que houver a mais é supérfluo e deve ser cortado. [12]
E devolvam também os calçados e tudo o que está velho, quando recebem os novos.
[13] Os que são mandados em viagem recebam calças, da rouparia, e
devolvam-nas lavadas, ao mesmo lugar, quando voltarem. [14] Suas
cogulas e túnicas sejam um pouco melhores que as de costume; recebam-nas da
rouparia e, voltando, restituam-nas.
[15] Como peças que
guarnecem o leito, bastam uma esteira, uma colcha, um cobertor e um
travesseiro. [16] Esses leitos devem ser freqüentemente revistados
pelo Abade para que não haja ali coisas particulares. [17] E aquele
com quem for encontrada alguma coisa que não recebeu do Abade, seja submetido a
pesadíssimo castigo. [18] E para que este vício da propriedade seja
amputado pela raiz, seja dado pelo Abade tudo o que é necessário, [19]
isto é: cogula, túnica, meias, calçado, cinto, faca, estilete, agulha, lenço,
tabuinhas, para que se tire a todos a desculpa de necessidade. [20]
No entanto, considere sempre o Abade aquela sentença dos Atos dos Apóstolos que
diz: "Era dado a cada um conforme precisava". [21] Assim,
pois, considere o Abade as fraquezas dos que precisam e não a má vontade dos
invejosos. [22] Mas, em todas as suas decisões, pense na retribuição
de Deus.
[1] Tenha sempre o Abade a sua mesa com os
hóspedes e peregrinos. [1] Toda vez, porém, que não há hóspedes,
esteja em seu poder chamar dentre os irmãos os que quiser; [3] mas
um ou dois dos mais velhos devem sempre ser deixados com os irmãos, por causa
da disciplina.
[1] Se há artistas no mosteiro, que
executem suas artes com toda a humildade, se o Abade o permitir. [2]
E se algum dentre eles se ensoberbece em vista do conhecimento que tem de sua
arte, pois parece-lhe que com isso alguma vantagem traz ao mosteiro, [3]
que seja esse tal afastado de sua arte e não volte a ela a não ser que, depois
de se ter humilhado, o Abade, porventura, lhe ordene de novo. [4]
Se, dentre os trabalhos dos artistas, alguma coisa deve ser vendida, cuidem
aqueles por cujas mãos devem passar essas coisas de não ousar cometer alguma
fraude. [5] Lembrem-se de Ananias e Safira, para que a mesma morte
que esses mereceram no corpo não venham a sofrer na alma [6] aqueles
e todos os que cometerem alguma fraude com os bens do mosteiro. [7]
Quanto aos próprios preços, que não se insinue o mal da avareza, [8]
mas venda-se sempre um pouco mais barato do que pode ser vendido pelos
seculares, [9] para que em tudo seja Deus glorificado.
[1] Apresentando-se alguém para a vida
monástica, não se lhe conceda fácil ingresso, [2] mas, como diz o
Apóstolo: "Provai os espíritos, se são de Deus". [3]
Portanto, se aquele que vem, perseverar batendo à porta e se depois de quatro
ou cinco dias, sendo-lhe feitas injúrias e dificuldade para entrar, parece
suportar pacientemente e persistir no seu pedido [4] conceda-se-lhe
o ingresso, e permaneça alguns dias na cela dos hóspedes. [5] Fique,
depois, na cela dos noviços, onde esses se exercitam, comem e dormem. [6]
Seja designado para eles um dos mais velhos, que seja apto a obter o progresso
das almas e que se dedique a eles com todo o interesse. [7] Que haja
solicitude em ver se procura verdadeiramente a Deus, se é solícito para com o
Ofício Divino, a obediência e os opróbrios. [8] Sejam-lhe dadas a
conhecer, previamente, todas as coisas duras e ásperas pelas quais se vai a
Deus. [9] Se prometer a perseverança na sua estabilidade, depois de
decorridos dois meses, leia-se-lhe por inteiro esta Regra, [10] e
diga-se-lhe: Eis a lei sob a qual queres militar: se podes observá-la entra;
mas se não podes, sai livremente. [11] Se ainda ficar, seja então
conduzido à referida cela dos noviços e seja de novo provado, em toda
paciência. [12] Passados seis meses, leia-se-lhe a Regra, a fim que
saiba para o que ingressa. [13] Se ainda permanece, depois de quatro
meses, releia-se-lhe novamente a mesma Regra. [14] E se, tendo
deliberado consigo mesmo, prometer guardar todas as coisas e observar tudo
quanto lhe for ordenado, seja então recebido na comunidade, [15]
sabendo estar estabelecido, pela lei da Regra, que a partir daquele dia não lhe
é mais lícito sair do mosteiro, [16] nem retirar o pescoço ao jugo
da Regra, a qual lhe foi permitido recusar ou aceitar por tão demorada
deliberação.
[17] No oratório, diante
de todos, prometa o que vai ser recebido a sua estabilidade e conversação de
seus costumes, e a obediência, [18] diante de Deus e de seus Santos,
a fim de que, se alguma vez proceder de outro modo, saiba que será condenado
por aquele de quem zomba. [19] Desta sua promessa faça uma petição
no nome dos Santos cujas relíquias aí estão e do Abade presente. [20]
Escreva tal petição com sua própria mão; ou então, se não souber escrever,
escreva outro rogado por ele, e que o noviço faça um sinal e a coloque com sua
própria mão sobre o altar. [21] Quando a tiver colocado, comece logo
o seguinte versículo: "Suscipe me, Domine, secundum eloquium tuum et
vivam, et non confundas me ab expectatione mea". [22] Responda
toda a comunidade este versículo, por três vezes, acrescentando: "Gloria
Patri". [23] Prosterna-se, então, o irmão noviço aos pés de
cada um para que orem por ele; e já daquele dia em diante seja considerado na
comunidade. [24] Se possui quaisquer bens, ou os distribua antes aos
pobres, ou, por solene doação, os confira ao mosteiro, nada reservando para si
de todas essas coisas: [25] pois sabe que, deste dia em diante, nem
sobre o próprio corpo terá poder. [26] Portanto, seja logo no
oratório despojado das roupas seculares com que está vestido, e seja vestido
com as roupas do mosteiro. [27] As vestes que despiu sejam colocadas
na rouparia, onde devem ser conservadas, [28] para que, se algum
dia, por persuasão do demônio, consentir em sair do mosteiro - que isso não
aconteça! - seja expulso, despido das roupas do mosteiro. [29] Não
lhe seja entregue, porém, aquela sua petição que o Abade tirou de cima do
altar, mas fique guardada no mosteiro.
[1] Se porventura, algum nobre oferece o
seu filho a Deus no mosteiro, se o jovem é de menor idade façam os seus pais a
petição de que falamos acima; [2] e envolvam na toalha do altar essa
petição e a mão do menino junto com a oblação, e assim o ofereçam.
[3] Prometam na presente petição, sob
juramento, que nunca, por si, nem por pessoa interposta, lhe dão coisa alguma,
em qualquer tempo, nem lhe proporcionam ocasião de possuir; [4] ou
então, se não quiserem fazer isso e, como esmola, desejam oferecer ao mosteiro
alguma coisa para a própria recompensa, [5] façam a doação das
coisas que querem dar ao mosteiro, reservando o usufruto para si, se assim o
desejarem. [6] E dessa forma, todos os caminhos estarão impedidos, de
modo que no menino nenhuma esperança permaneça, pela qual - que isso não
aconteça - venha a ser enganado e possa perecer; eis o que aprendemos por
experiência. [7] Da mesma forma procedam os mais pobres. [8]
Aqueles porém, que absolutamente nada possuem, façam simplesmente a petição e
ofereçam seu filho, com a sua oblação, diante de testemunhas.
[1] Se alguém da ordem dos sacerdotes
pedir para ser recebido no mosteiro, não lhe seja concedido logo; [2]
mas, se persistir absolutamente nessa súplica, saiba que deverá observar toda a
disciplina da Regra [3] e não se lhe relaxará nada, de modo que lhe
seja dito, como está escrito: "Amigo, a que vieste?". [4]
Seja-lhe concedido, entretanto, colocar-se depois do Abade, dar a bênção e
celebrar Missa, mas se o Abade mandar. [5] Em caso contrário, não
presuma fazer coisa alguma, sabendo que é súdito da disciplina regular; antes,
dê a todos exemplos de maior humildade. [6] E se, por acaso, no
mosteiro surgir questão de preenchimento de cargo ou outro qualquer assunto, [7]
atente para o lugar da sua entrada no mosteiro e não para aquele que lhe foi
concedido em reverência para com o sacerdócio. [8] Se algum da ordem
dos clérigos, pelo mesmo desejo, quiser associar-se ao mosteiro, sejam
colocados em lugar mediano, [9] mas desde que prometam, também eles,
a observância da Regra e a própria estabilidade.
[1] Se chegar algum monge peregrino de
longínquas províncias e quiser habitar no mosteiro como hóspede, [2]
e mostra-se contente com o costume que encontrou neste lugar, e, porventura,
não perturba o mosteiro com suas exigências supérfluas, [3] mas
simplesmente está contente com o que encontra, seja recebido por quanto tempo
quiser. [4] Se repreende ou faz ver alguma coisa razoavelmente e com
a humildade da caridade, trate o Abade prudentemente desse caso, pois talvez
por causa disto Deus o tenha enviado. [5] Mas, se depois quiser
firmar a sua estabilidade, não se rejeite tal desejo, máxime porque se pôde
conhecer sua vida durante o tempo da hospedagem.
[6] Mas, se durante o tempo da hospedagem
for julgado exigente em coisas supérfluas ou vicioso, não somente não deve ser
associado ao corpo do mosteiro, [7] como também lhe seja dito
honestamente que se vá embora para que também outros não se viciem com sua
miséria. [8] Mas, se não for tal que mereça ser expulso, - não
somente, se pedir para aderir à comunidade, seja ele recebido, [9]
mas também seja persuadido a ficar, para que outros sejam instruídos pelo seu
exemplo [10] e porque em todo lugar se serve a um só Senhor,
milita-se sob um só Rei. [11] E se o Abade julgar que o merece,
seja-lhe lícito estabelecê-lo em lugar um pouco mais alto. [12] Não
só para um monge, mas também para os já referidos ordenados sacerdote e
clérigos, pode o Abade estabelecer um lugar mais elevado que aquele em que
ingressam, se achar ser digna de tal a vida deles. [13] Cuide,
porém, o Abade que nunca receba, para ficar, monge de outro mosteiro conhecido,
sem o consentimento do respectivo Abade ou carta de recomendação, [14]
porque está escrito: "Aquilo que não queres que te seja feito, não o farás
a outrem".
[1] Se o Abade quiser pedir que alguém
seja ordenado presbítero ou diácono para si, escolha dentre os seus, quem seja
digno de desempenhar o sacerdócio. [2] Acautele-se o que tiver sido
ordenado contra o orgulho ou soberba [3] e não presuma fazer senão o
que for mandado pelo Abade, sabendo que deverá submeter-se muito mais à
disciplina regular. [4] E não se esqueça, por causa do sacerdócio,
da obediência e da disciplina da Regra, mas progrida mais e mais para Deus.
[5] Atente sempre para o lugar em que
entrou no mosteiro, [6] exceto no ofício do altar, mesmo que, pelo
mérito de sua vida, o quiserem promover a escolha da comunidade e a vontade do
Abade. [7] Saiba, no entanto, observar de sua parte a Regra
constituída para os Decanos e Priores. [8] E se presumir proceder de
outro modo, seja julgado não como sacerdote, mas como rebelde; [9] e
se, admoestado muitas vezes, não se corrigir, chame-se também o bispo em
testemunho. [10] Se nem assim se emendar, sendo claras as suas
faltas, seja expulso do mosteiro, [11] mas isso no caso de ser tal a
sua contumácia, que não queira submeter-se ou obedecer à Regra.
[1] Conservem os monges no mosteiro a sua
ordem, conforme o tempo que têm de vida monástica, o merecimento da vida e
conforme o Abade constituir. [2] Que o Abade não perturbe o rebanho
que lhe foi confiado, nem usando como que de livre poder, disponha alguma coisa
injustamente: [3] mas lembre-se sempre de que deverá prestar contas
a Deus de todos os seus juízos e obras. [4] Portanto, segundo a
ordem que ele tiver estabelecido ou que tiverem os irmãos, apresentem-se estes
para a Paz, para a comunhão, para entoar os salmos, para estar no coro. [5]
Em qualquer lugar que seja, que a idade não distinga ou prejudique aquela
ordem, [6] porque Samuel e Daniel, meninos, julgaram anciãos. [7]
Portanto, exceto aqueles, que, como dissemos, com superior conselho, o Abade
tiver posto à frente ou postergado por determinados motivos, todos os demais
estejam segundo a ordem de ingresso, [8] de modo que, por exemplo,
aquele que chegar ao mosteiro na segunda hora do dia, se reconhecerá mais moço
do que o que chegar na primeira hora do dia, seja qual for a idade ou
dignidade; [9] quanto aos meninos, seja a disciplina em tudo
conservada por todos.
[10] Por isso, honrem os
mais moços aos mais velhos que eles e os mais velhos amem aos irmãos mais
moços: [11] No próprio modo de chamar pelo nome, a ninguém seja
permitido chamar o outro pelo simples nome, [12] mas os mais velhos
chamem aos mais moços pelo nome de irmãos e os mais moços chamem aos mais
velhos de "nonos", o que significa reverência paterna. [13]
O Abade, que se crê fazer as vezes do Cristo, seja chamado Senhor e Abade, não
em virtude de sua própria atribuição, mas em honra e por amor a Cristo. [14]
Que ele pense nisso e se mostre de tal forma que seja digno de tal honra. [15]
Em qualquer lugar em que se encontrem os irmãos, peça o mais moço a bênção ao
mais velho. [16] Passando um mais velho, levante-se o mais moço e
ceda-lhe o lugar, e não presuma o mais moço se assentar junto, a não ser que o
convide o seu irmão mais velho, [17] a fim de que se faça o que está
escrito: "Antecipando-se mutuamente em honra". [18] Os
meninos pequenos e adolescentes conservem com disciplina sua ordem no oratório
e na mesa. [19] Fora ou em qualquer lugar, sejam guardados e tenham
disciplina até que atinjam a idade da compreensão.
[1] Na ordenação do Abade considere-se
sempre a seguinte norma: seja constituído aquele que tiver sido eleito por toda
a comunidade concorde no temor de Deus, ou, então, por uma parte, de conselho
mais são, ainda que pequena. [2] Aquele que deve ser ordenado seja
eleito pelo mérito da vida e pela doutrina da sabedoria, ainda que seja o
último na ordem da comunidade. [3] E se toda a comunidade eleger, em
conselho comum, o que não aconteça, uma pessoa conivente com seus vícios [4]
e estes vícios chegarem de algum modo ao conhecimento do bispo da diocese a que
pertence o lugar, ou se tornarem evidentes para os Abades ou cristãos vizinhos,
[5] não permitam que prevaleça o consenso dos maus, mas constituam
para a casa de Deus um dispensador digno, [6] sabendo que por isso
receberão a boa recompensa, se o fizerem castamente e com zelo divino; mas se,
pelo contrário negligenciam, cometerão pecado.
[7] Pense sempre o Abade ordenado no ônus
que recebeu e a quem deverá prestar contas da sua administração, [8]
e saiba convir-lhe mais servir que presidir. [9] Deve ser, pois,
douto na lei divina para que saiba e tenha de onde tirar as coisas novas e
antigas; deve ser casto, sóbrio, misericordioso [10] e faça
prevalecer sempre a misericórdia sobre o julgamento, para que obtenha o mesmo
para si. [11] Odeie os vícios, ame os irmãos. [12] Na
própria correção proceda prudentemente e não com demasia, para que, enquanto
quer raspar demais a ferrugem, não se quebre o vaso; [13] e suspeite
sempre da própria fragilidade, e lembre-se que não deve esmagar o caniço já
rachado. [14] Com isso não dizemos que permita que os vícios sejam
nutridos, mas que os ampute prudentemente e com caridade, conforme vê que
convém a cada um, como já dissemos; [15] e se esforce por ser mais
amado que temido. [16] Não seja turbulento nem inquieto, não seja
excessivo nem obstinado, nem ciumento, nem muito desconfiado, pois, nunca terá
descanso; [18] seja prudente e refletido nas suas ordens, e quer
seja de Deus, quer do século o trabalho que ordenar, faça-o com discernimento e
equilíbrio, [18] lembrando-se da discrição do santo Jacó, quando
diz: "Se fizer meus rebanhos trabalhar andando demais, morrerão todos num
só dia". [19] Assumindo esse e outros testemunhos da discrição,
mãe das virtudes, equilibre tudo de tal modo, que haja o que os fortes desejam
e que os fracos não fujam; [20] precipuamente, conserve em tudo a
presente Regra [21] para que, depois de ter bem administrado, ouça
do Senhor o que disse ao bom servo que distribuiu o trigo a seus conservos no
devido tempo: [22] "Na verdade vos digo - diz - estabelece-o
sobre todos os seus bens".
[1] Muitas vezes acontece que, pela
ordenação do Prior, se originam graves escândalos nos mosteiros; [2]
quando existem alguns que, inchados por um maligno espírito de soberba e
julgando-se segundos Abades, atribuindo a si mesmos um poder tirânico, nutrem
escândalos e fazem dissenções nas comunidades [3] principalmente
naqueles lugares em que, pelo mesmo sacerdote ou pelos mesmos Abades que
ordenam o Abade, é também ordenado o Prior. [4] Facilmente se
verifica o quanto isto é absurdo porque, desde o início da ordenação se lhe dá
matéria para se orgulhar, [5] enquanto os seus pensamentos lhe
sugerem que está livre do poder de seu Abade: [6] "porque és
ordenado, também tu, pelos mesmos que o Abade". [7] Daí são
suscitadas invejas, brigas, detrações, rivalidades, dissenções, desordens, [8]
pois, enquanto o Abade e o Prior sentem de maneira diferente, necessariamente,
sob esta dissensão, perigam suas almas; [9] os que lhes estão
subordinados, enquanto adulam as partes, caminham para a perdição. [10]
O mal deste perigo recai, em primeiro lugar, sobre aqueles que se fizeram
autores de tal desordem.
[11] Por isso achamos
conveniente, para a defesa da paz e da caridade, que dependa do arbítrio do
Abade a organização do seu mosteiro. [12] E, se for possível, seja
organizado por meio dos Decanos, como estabelecemos acima, todo o serviço do
mosteiro, conforme dispuser o Abade; [13] para que, sendo confiado a
muitos um só não se ensoberbeça. [14] E se o lugar o exige ou a
comunidade pedir razoavelmente e com humildade, e o Abade julgar conveniente, [15]
ordene ele próprio, para si, o Prior, na pessoa de quem quer que, com o
conselho dos irmãos tementes a Deus, tiver escolhido. [16] Execute,
pois, o Prior, com reverência, aquilo de que for encarregado pelo Abade, nada
fazendo contra a vontade ou disposição do Abade; [17] porque quanto
mais elevado está acima dos outros, tanto mais solicitamente lhe cumpre
observar os preceitos da Regra. [18] Se este Prior for achado com
vícios ou se ensoberbecer, enganado pelo orgulho, ou se se tornar desprezador
comprovado da Santa Regra, seja admoestado por palavras até a quarta vez; [19]
se não se emendar, aplique-se-lhe a correção da disciplina regular. [20]
E se nem assim se corrigir, seja então expulso da ordem de Prior e coloque-se,
em seu lugar, outro que seja digno. [21] Se depois não permanecer
quieto e obediente na comunidade, seja também expulso do mosteiro. [22]
Pense, no entanto, o Abade que deve dar contas a Deus de todos os seus juízos,
para que não aconteça que a chama da inveja e do ciúme queime a sua alma.
[1] Coloque-se à porta do mosteiro um
ancião sábio que saiba receber e transmitir um recado e cuja maturidade não lhe
permita vaguear. [2] O porteiro deverá ter a cela junto à porta para
que os que chegam o encontrem sempre presente e dele recebam resposta. [3]
Logo que alguém bater ou um pobre chamar, responda "Deo gratias" ou
"Benedic" [4] e, com toda a mansidão do temor de Deus,
responda com presteza e com o fervor da caridade. [5] Se o porteiro
precisa de auxiliar, receba um irmão mais moço. [6] Seja, porém, o
mosteiro, se possível, construído de tal modo que todas as coisas necessárias,
isto é, água, moinho, horta e os diversos ofícios, se exerçam dentro do
mosteiro, [7] para que não haja necessidade de os monges vaguearem
fora, porque, de nenhum modo convém às suas almas. [8] Queremos que
esta Regra seja freqüentemente lida na comunidade para que nenhum irmão se
escuse por ignorância.
[1] Os irmãos que vão partir em viagem
recomendem-se às orações de todos os irmãos e do Abade; [2] e
sempre, na última oração do Ofício Divino, faça-se a comemoração de todos os
ausentes. [3] Os irmãos que voltam de viagem, no mesmo dia em que
chegam, em todas as Horas canônicas, quando termina o Ofício Divino, prostrados
no chão do oratório, [4] peçam a todos a sua oração por causa dos
excessos que, porventura, durante a viagem, se tenham nele insinuado, vendo ou
ouvindo coisas más ou em conversas ociosas. [5] E ninguém presuma
relatar a outrem qualquer das coisas que tiver visto ou ouvido fora do
mosteiro, pois é grande a destruição. [6] E se alguém presumir
fazê-lo, seja submetido ao castigo regular, [7] da mesma forma quem
presumir sair dos claustros do mosteiro ou ir a qualquer lugar, ou fazer
qualquer coisa, por menor que seja, sem ordem do Abade.
[1] Se a algum irmão são acaso ordenadas
coisas pesadas ou impossíveis, que receba a ordem de quem manda com toda a
mansidão e obediência. [2] Se vê que o peso do ônus excede
absolutamente a medida de suas forças, sugira paciente e oportunamente ao seu
superior as causas de sua impossibilidade, [3] não se enchendo de
soberba, nem resistindo ou contradizendo. [4] Se, depois de sua
sugestão, a ordem do superior permanecer em sua determinação, saiba o súdito
ser-lhe isso conveniente [5] e, confiando pela caridade, no auxílio
de Deus, obedeça.
[1] Deve-se tomar precaução para que no
mosteiro não presuma um monge defender outro, seja por que motivo for, ou como
que protegê-lo, [2] mesmo se ligados por qualquer laço de
consangüinidade. [3] De modo algum seja isso presumido pelos monges,
pois por este meio pode originar-se gravíssima ocasião de escândalos. [4]
Se alguém tiver transgredido isso, seja mais severamente punido.
[1] Seja vedada no mosteiro toda ocasião
de presunção, [2] e determinamos que a ninguém seja lícito
excomungar ou bater em qualquer dos seus irmãos, a não ser aquele a quem foi
dado o poder pelo Abade. [3] Que os transgressores sejam
repreendidos diante de todos para que os demais tenham medo. [4] A
diligência da disciplina e guarda das crianças até quinze anos de idade caiba a
todos, [5] mas, também isso, com toda medida e inteligência. [6]
Quem de qualquer modo o presume, sem ordem do Abade, contra os que já são mais
velhos, ou bater sem discrição mesmo nas crianças, seja submetido à disciplina
regular, [7] porque está escrito: "Não faças a outrem o que não
queres que te façam".
[1] Não só ao Abade deve ser tributado por
todos o bem da obediência, mas, da mesma forma, obedeçam também os irmãos uns
aos outros, [2] sabendo que por este caminho da obediência irão a
Deus. [3] Colocado, pois, antes de tudo o poder do Abade e dos
superiores por ele constituídos, ao qual não permitimos que seja antepostos
poderes particulares - [4] quanto ao mais, que todos os mais moços
obedeçam aos respectivos irmãos mais velhos, com toda a caridade e solicitude. [5]
Se se encontrar algum com espírito de contenção, que seja castigado. [6]
Se algum irmão, por qualquer motivo, ainda que mínimo, for repreendido, de
qualquer modo pelo Abade ou por qualquer superior seu, [7] ou se
levemente sentir o ânimo de qualquer superior seu irado ou alterado contra si,
ainda que pouco, [8] logo, sem demora, permaneça prostrado em terra,
a seus pés, fazendo satisfação, até que pela bênção esteja sanada aquela
comoção. [9] Se alguém não o quiser fazer, ou seja submetido a
castigo corporal ou, se for contumaz, seja expulso do mosteiro.
[1] Assim como há um zelo mau, de
amargura, que separa de Deus e conduz ao inferno, [2] assim também
há o zelo bom, que separa dos vícios e conduz a Deus e à vida eterna. [3]
Exerçam, portanto, os monges este zelo com amor ferventíssimo [4]
isto é, antecipem-se uns aos outros em honra. [5] Tolerem
pacientissimamente suas fraquezas, quer do corpo quer do caráter; [6]
rivalizem em prestar mútua obediência; [7] ninguém procure aquilo
que julga útil para si, mas, principalmente, o que o é para o outro; [8]
ponham em ação castamente a caridade fraterna; [9] temam a Deus com
amor; [10] amem ao seu Abade com sincera e humilde caridade; [11]
nada absolutamente anteponham a Cristo - [12] que nos conduza juntos
para a vida eterna.
[1] Escrevemos esta Regra para demonstrar
que os que a observamos nos mosteiros, temos alguma honestidade de costumes ou
algum início de vida monástica. [2] Além disso, para aquele que se
apressa para a perfeição da vida monástica, há as doutrinas dos Santos Padres,
cuja observância conduz o homem ao cume da perfeição. [3] Que
página, com efeito, ou que palavra de autoridade divina no Antigo e no Novo
Testamento não é uma norma retíssima da vida humana? [4] Ou que
livros dos Santos Padres Católicos ressoam outra coisa senão o que nos faça
chegar, por caminho direto, ao nosso Criador? [5] E também as
Colações dos Padres, as Instituições e suas Vidas, e também a Regra de nosso
santo Pai Basílio, [6] que outra coisa são senão instrumentos das
virtudes dos monges que vivem bem e são obedientes? [7] Mas para
nós, relaxados, que vivemos mal e somos negligentes, são o rubor da confusão. [8]
Tu, pois, quem quer que sejas, que te apressas para a pátria celeste, realiza
com o auxílio de Cristo esta mínima Regra de iniciação aqui escrita [9]
e, então, por fim, chegarás, com a proteção de Deus, aos maiores cumes da
doutrina e das virtudes de que falamos acima. Amém.
Termina a Regra
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