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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

SANTA TEOFANIA DO NOSSO DEUS E SALVADOR JESUS CRISTO
06 DE JANEIRO

Esta palavra significa: "manifestação" ou "aparição de Deus." Várias passagens do Antigo e do Novo Testamento nos dizem que Deus é invisível, inacessível para os seres criados. Outras, de fato, nos recomendam procurar a face de Deus. Nós devemos aceitar juntas estas duas verdades aparentemente contraditórias e lembrarmo-nos do texto evangélico que diz que só se conhece o Pai através do Filho "e aquele a quem o Filho O quiser revelar" (Mat. 11:27).
A vida em Igreja, com suas festas e seus textos litúrgicos, nos ajudam nesse caminho. De fato, Teofania, que significa manifestação de Deus, e o nome da grande festa do Batismo do Senhor, celebrada a 6 de Janeiro. Este Batismo de Jesus não é somente Sua manifestação no mundo como Cristo, como Filho de Deus. Ele é também "Teofania," pois revela o mistério da Trindade,* Pai, Filho e Espírito Santo.
"Aquele que tem ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível," como diz São Paulo (1 Tim 6:16), é a glória na qual Deus apareceu aos justos do Antigo Testamento, é a luz eterna que, penetrando a humanidade de Cristo, tornou visível aos apóstolos Sua divindade por ocasião da Transfiguração, esta indizível Teofania.
Nós encontramos no Antigo Testamento numerosas "Teofanias." E frequentemente coma aparição de um anjo que Deus Se põe a serviço do homem (Gên. 16:7-14); 18). Deus permanece invisível, porém Sua presença é assinalada, como no episódio do combate de Jacó com Deus (Gên 32:23-33). Para Moisés, foi de início sob o aspecto da sarça ardente (Êxo. 3:1-7) que Deus se manifestou antes de Se revelar "de costas" sobre o Monte Sinai (Êx. 33:18-23). A presença de Deus Se manifestou a Elias como uma "voz mansa e delicada" (1Reis 19:12).


Santa Teofania do Nosso Senhor Jesus Cristo
CONSAGRAÇÃO DAS ÁGUAS NAS DIVINAS LITURGIAS DOMINGO DIA 07  ÁS 09:00 E ÁS 19:00 HORAS E NO SÁBADO DIA 06 ÁS 19:00 HORAS.
ORAÇÃO DA LITURGIA DAS HORAS 30 MINUTOS ANTES DE CADA CELEBRAÇÃO.

É UMA RICA OPORTUNIDADE PARA CADA UM QUE AO TOMAR CIÊNCIA DA GRAÇA DO SEU BATISMO DESCOBRIR A DATA DE SEU BATISMO E CELEBRAR COM TODA ALEGRIA TÃO GRANDE NASCIMENTO.

Tanto os fiéis de tradição constantinopolitana como os de tradição romana conservaram, para o dia 6 de janeiro, uma festa cristológica muito antiga, a primeira em que se sintetizavam todos os mistérios do Senhor ao manifestar-se ao mundo. Mas quando no século IV, a data do nascimento do Senhor foi colocada no dia 25 de dezembro, por iniciativa romana, e logo em seguida aceita também pelos orientais, o conteúdo da festa do 6 de janeiro se diversificou. Para os católicos latinos e  o dia 6 de janeiro é o dia da Epifania, a manifestação de Cristo "luz das nações" considerada a partir da vinda dos Reis Magos em Belém. Esse evento, para os cristãos bizantinos, está incluído na comemoração global do dia 25 de dezembro. Ao passo que no dia 6 de janeiro eles celebram a "Santa Teofania" do Deus que se encarnou. É a segunda manifestação do Salvador, no início de sua vida pública, por ocasião do seu batismo no rio Jordão, que se deu num contexto trinitário, em que Deus Pai fez ouvir sua voz e o Espírito Santo apareceu em forma de pomba.
Era um dia em que os catecúmenos recebiam solenemente o batismo, como na Páscoa. Os textos litúrgicos da festa da Teofania resumem bem os mistérios fundamentais da fé cristã: encarnação do Verbo, com muitas alusões ao nascimento, e a unidade de Deus na Trindade. Os textos do "próprio" são abundantes, também porque a pré-festa começa no dia 2 de janeiro e a pós-festa prolonga-se até o dia 14 do mesmo mês. O tropárío principal, por isso o mais repetido, assim reza:

"Em vosso batismo no Jordão, Senhor, foi manifestada a adoração da Trindade; pois a voz do Pai te testemunhou ao chamar-te Filho bem-amado; e o Espírito, em forma de pomba, confirmou a verdade dessa palavra. ó Vós, que manifestastes e iluminastes o mundo, Cristo Deus, glória a Vós!"


kontákion da festa, também ele muito repetido, é de Romanós, o Melode.

"Hoje, Senhor, vos manifestastes ao universo, e vossa luz brilhou sobre nós; reconhecendo-vos, a Vós cantamos: viestes, aparecestes, o luz inacessível!"

A manifestação, a "teofania," ocorreu nas águas do Jordão na hora em que Cristo foi batizado; é o que confirma também o ícone da festa, no qual vemos Cristo Jesus, despido das vestes habituais, imerso na água. À sua direita vemos João Batista, humildemente curvado, que por obediência lhe dá o batismo. A cena de fundo mostra um deserto estilizado com uma amostra de vegetação.
Do lado oposto estão uns anjos, atônitos, considerando o admirável evento. Suas mãos estão encobertas pelas extremidades dos mantos, sinal de respeito habitual, nesse caso também sinal de disponibilidade em servi-lo quando sair das águas. No alto do ícone, além do nome "Teofania do nosso Salvador Jesus Cristo," escrito em caracteres abreviados, notamos um semicírculo que indica os céus abertos e do qual desce um raio que, após a figura da pomba, torna-se tríplice, clara alusão à Trindade. No nimbo cruciforme do Cristo notam-se as três letras gregas significando "Aquele que é."

Voltemos aos textos litúrgicos nos quais encontramos a explicação da festa. Num dos textos das Vésperas, São João Damasceno (†749) afirma:

"Querendo salvar o homem perdido, Senhor Deus, não desdenhaste assumir a forma de um escravo, pois a ti convinha assumir a nossa natureza em nosso favor. De fato, enquanto eras batizado na carne, ó Libertador, nos tornavas dignos do perdão. A vós clamamos, pois: Benfeitor, Cristo nosso Deus! Glória a vós!"
São Cosme de Maiúma (†760). no Cânon matutino explica:

"O Senhor que tira a impureza dos homens, purificando-se por eles no Jordão, fez-se voluntariamente semelhante a eles, permanecendo contudo o que era; e ilumina os que estão nas trevas, porque recobriu-se de glória."
E evoca o ensinamento profético:

"Isaías proclama: Lavai-vos, purificai-vos, despojai-vos da vossa malícia perante o Senhor; vós que tendes sede aproximai-vos da água viva. Cristo de fato vos asperge com a água renovando os que se aproximam com fé, e batiza no Espírito para a vida eterna."
Por fim, nas Laudes, assim se expressa o Patriarca Germano (†733):

"Luz da luz, Cristo nosso Deus, resplandece ao mundo; Deus se manifesta, povos, adoremo-lo." "Ao ser batizado no Jordão, Salvador nosso, santificaste as águas, aceitando a imposição das mãos de um servo, e sanaste as paixões do mundo. Grande é o mistério da tua 'economia'! Senhor, amigo dos homens, glória a vós!" "A verdadeira luz apareceu e a todos ilumina. Cristo, superior a toda pureza, é batizado conosco; infunde a santidade na água que se torna purificação para as nossas almas. Tudo o que vemos é terrestre, tudo o que contemplamos é mais sublime que os céus. Mediante a ablução vem a salvação, mediante a água vem o Espírito, mediante a descida na água vem a nossa subida a Deus. Admiráveis são vossas obras, Senhor! Glória a Vós!"

Uma cerimônia muito antiga, a bênção da água, caracteriza a festa do dia 6 de janeiro. Após o ofício das Vésperas, ou depois da Liturgia eucarística, celebrantes e fiéis dirigem-se a um curso de água, uma fonte, ou então a uma bacia de água colocada no meio da igreja, enquanto o coro canta:

"A voz do Senhor ecoa sobre as águas dizendo: Vinde, recebei todos do Cristo que se manifestou: o Espírito de sabedoria, o Espírito de inteligência, o Espírito do temor de Deus"

e acrescenta o tropárío da festa (já apresentado na p. 49). Seguem as leituras bíblicas, entre as quais Mc. 1:9-11, uma longa prece litânica, na qual se pede também para que a água sirva para a "cura da alma e do corpo."
O sacerdote acrescenta uma antiga e longa oração e mergulha por três vezes a cruz na água dizendo:

"Vós mesmo, Senhor, santifica agora esta água com o vosso Santo Espírito. Concedei a todos aqueles que a usam a santificação, a bênção, a purificação e a salvação."


A água é bebida em parte pelo povo e, com ela, o sacerdote asperge os fiéis e suas casas. Aqui não se trata da bênção da água para o batismo, embora se encontrem referências bíblicas comuns.
O tema do Cristo, luz do mundo, que insistentemente aparece nos textos litúrgicos da festa, explica o porquê da denominação "Festa das luzes" dado às vezes a essa solenidade. Nela vibra também um sentido cósmico: "Hoje resplandece toda a criação..." "as criaturas celestes fazem festa unidas às terrestres..." e o convite se estende até nós, para que possamos "tomar parte na alegria do mundo" redimido e iluminado pelo nosso Senhor Jesus Cristo.
Holy Protection Russian Orthodox Church
2049 Argyle Ave. Los Angeles, California 90068

Editor: Bishop Alexander (Mileant)

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