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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

15 de agosto
Padroeira da nossa eparquia nossa senhora do paraíso (São Paulo e todo o brasil)

DormIção da Santíssima Virgem Maria
A última grande festa do ano litúrgico bizantino
(que nos Minéa termina no dia 31 de agosto) é mariana: Dorrnição da SS. Mãe de Deus, Kóímesis no grego e Uspénie no eslavo eclesiástico, palavras que aludem justamente ao ato de dormir. E a tradicional representação iconográfica de 15 de agosto mostra a Virgem estendida no leito de morte, rodeada para o último sono pelos apóstolos, vindos prodigiosamente dos lugares onde pregavam o evangelho, tendo ao centro Jesus Cristo que acolhe a sua alma, representada como uma menina envolta em faixas e por ele sustentada.
A partir do dia 1 de agosto, o Oriente bizantino prepara-se para a festa com um jejum (do qual também fala São Teodoro Estudita, morto no ano 826) e dado que, além da pré-festa do dia 14 de agosto, os textos litúrgicos falam do trânsito de Maria SS. ao céu até o dia 23 de agosto, pode-se afirmar que este é o mês mariano dos fiéis ortodoxos e greco-católicos.
A celebração dessa solenidade no dia 15 de agosto foi fixada com um edito do imperador do Oriente, Maurício (582-602), confirmando uma tradição, sem dúvida, mais antiga. No Ocidente, a festa foi introduzida, juntamente com outras três festas marianas, pelo papa Sérgio I, coincidindo as datas de sua celebração. Quanto ao conteúdo, o tropário principal assim sintetiza o mistério:
Tropário (1º tom).
"Em vossa maternidade conservastes a virgindade e em vossa dormição não abandonastes o mundo, ó Mãe de Deus. Foste levada para a vida sendo a Mãe da Vida, e por vossas orações resgatais nossas almas da morte."




































Logo é posto em evidência o ministério de intercessão que a Mãe de Deus e nossa desempenha após sua entrada (também corpórea) no céu. O kontákion do dia, a segunda oração mais repetida, o confirma:
Kontákion (2º tom).
"Nem o túmulo nem a morte prevaleceram sobre a Mãe de Deus, que, sem cessar, rezai por nós e permanece firme esperança de intercessão. Com efeito, aquele que habitou um seio sempre virgem assumiu para a vida aquela que é a Mãe da Vida."
Embora os evangelhos não falem sobre o fim da vida de Maria, existe uma antiga tradição patrística, com informações provindas outrossim dos apócrifos, e que está na base do Ofício litúrgico bizantino do dia 15 de agosto.
São Germano de Constantinopla, de cuja autoria é o hino das Vésperas que se segue:
"Vinde de todos os confins do universo, cantemos a bem-aventurada trasladação da Mãe de Deus! Nas mãos do Filho ela depositou a sua alma sem pecado: com a sua santa Dormição o mundo é vivificado; e é com salmos, hinos e cânticos espirituais, em companhia dos anjos e dos apóstolos, que ele a celebra na alegria."
Como nos demais textos litúrgicos bizantinos, da maioria dos hinos, que se repetem há mais de mil anos, se desconhece o nome do autor: Eis um exemplo tirado ainda do Ofício de Vésperas:
"Oh, os vossos mistérios, ó Pura! Apareceste, ó Soberana, trono do Altíssimo e nesse dia vos transferistes da terra para o céu. A vossa glória brilha com o resplendor da graça. Virgens, subi para o alto com a Mãe do Rei. ó cheia de graça, salve, o Senhor é contigo: ele que doa ao mundo, por teu intermédio, a grande misericórdia."
Entre os lugares santos venerados em Jerusalém que se relacionam ao mistério final da vida da Mãe de Deus, não existe somente a Basílica da Dormição cuidada pelos Beneditinos católicos, mas há também o Túmulo da Virgem, que está aos cuidados dos ortodoxos, próximo ao jardim do Getsêmani e onde recentes escavações confirmam que a sepultura remonta, de fato, à época em que viveu Maria Santíssima, epode ter sido o lugar de seu breve sepultamento. A tradição bizantina, claramente expressa na oração, acredita na morte e no sepulcro da Virgem, mas também na sua antecipada glorificação ao céu com o corpo e a alma, à semelhança e em virtude de quanto aconteceu ao seu divino Filho. Assim começa o texto próprio das Grandes vésperas do dia 15 de agosto:
"Ó maravilha inaudita! A fonte da vida é posta no túmulo e o sepulcro transforma-se em escada que leva ao céu. Alegra-te, ó Getsêmani, santuário sagrado da Mãe de Deus!..."
A tradição narra que o apóstolo Tomé, tendo chegado atrasado para o sepultamento da Virgem e querendo rever seu amado semblante, fez reabrir o túmulo, mas este foi achado vazio e a mesma Mãe de Deus anunciou, numa visão, que havia ressuscitado e subido ao céu junto do seu Filho divino.
Se nos textos litúrgicos da festa encontramos várias alusões à tristeza dos Apóstolos que não verão mais junto deles a Mãe de Jesus, predomina, porém, a alegria pelo triunfo da Theotókos.
"A vossa gloriosa Dormição - diz um hino das Laudes - alegrai os céus, fazei exultar a multidão dos anjos: a terra toda exulta de alegria elevando a vós um canto de adeus, ó Mãe do Senhor de todas as coisas, Virgem santíssima desconhecedora de núpcias, que libertastes o gênero humano da antiga condenação."
A festa da Dormição da Santíssima Mãe de Deus - este nome, como também a representação iconográfica permaneceu comum no Oriente e no Ocidente por mais de um milênio.
Com esta citação de um teólogo russo ortodoxo concluímos, retomando do Ofício das Vésperas bizantinas uma última invocação:

"Ó imaculada Mãe de Deus, sempre vivente com o Rei da vida e Filho vosso, rezai sem cessar para que seja conservada e salvai de toda insídia do adversário a multidão de vossos filhos, pois nós estamos debaixo da vossa proteção e vos glorificamos por todos os séculos."
O Ano Liturgico Bizantino´
Ir. Maria Donadeo.
Ed. Ave Maria

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