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sexta-feira, 4 de março de 2016

  
QUARTO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
São João Clímaco († 580-650)
São João Clímaco nasceu em 580. Clímaco foi um monge do Monte Sinai, e deve o seu cognome a um livro seu, Escada (Klímax - Clímaco). A Escada é um resumo da vida espiritual, concebida para os solitários e contemplativos. Para Clímaco, a oração é a mais alta expressão da vida solitária; ela se desenvolve pela eliminação das imagens e dos pensamentos. Daí a necessidade da 'monologia', isto é, a invocação curta, de uma só palavra, incansavelmente repetida, que paralisa a dispersão do espírito. Essa repetição deve assimilar-se com a respiração. João Clímaco faleceu por volta do ano 650.
O nome de São João Clímaco é uma alusão à palavra "klímax', que em grego significa escada. São João decidiu adotar este nome em virtude do livro escrito por ele mesmo, intitulado Escada para Paraíso. Nesta obra ele explica que existem 30 degraus a serem galgados para que possamos atingir a perfeição moral. Este livro foi um grande sucesso na época e chegou até mesmo a influenciar monges e outros religiosos cm sua conduta particular, tanto no Ocidente como no Oriente. A importância desta obra literária para a época pode ser notada na utilização do símbolo escada na arte bizantina.
São João Clímaco foi muito famoso como homem santo em toda a Palestina e Arábia. Viveu por volta do ano 650 e morreu no Monte Sinai. Conta-se que ele era palestino e na adolescência ingressou cm um mosteiro no Monte Sinai, onde passou a dedicar sua vida às orações e à meditação. Até os 35 anos viveu desta forma, mas quando seu mestre faleceu resolveu encerrar-se cm uma cela e viver à moda dos monges do deserto: jejuando, orando e estudando a Bíblia. Durante este novo período de sua vida São João Clímaco decidiu nunca mais comer carne, fosse ela vermelha ou branca. Também passou a sair de sua cela apenas para participar da Eucaristia, aos domingos. Já com 70 anos foi eleito bispo do Monte Sinai, muito embora preferisse continuar com sua vida isolada. Nesta época construiu hospitais para a população mais pobre, ajudado pelo papa Gregório Magno. Os últimos quatro anos de sua vida foram dedicados a viver como ermitão. Neste período de total isolamento ele escreveu Escada para o Paraíso.
FONTE: Revista Santo do Dia. São Paulo: Ed. Casa Dois, 2001.
OS TRINTA DEGRAUS DA ESCADA DE SÃO JOÃO CLIMACO:

1º degrau: a renúncia à vida do mundo;
2º degrau: renúncia aos afetos terrenos;
3º degrau: fuga do mundo;
4º degrau: bem-aventurada e sempre louvável obediência;
5º degrau: verdadeira e sincera penitência;
6º degrau: pensamento da morte e dom de lágrimas;
7º degrau: a tristeza que produz alegria;
8º degrau: a doçura que triunfa a cólera;
9º degrau: esquecimento das injúrias;
10º degrau: fugir da maledicência, que seca a virtude da caridade;
11º degrau: amor ao silêncio, porque falar muito leva à vanglória;
12º degrau: fugir da mentira, que é ato de hipocrisia;
13º degrau: combater o enfado e a preguiça, uma vez que esta última destrói por si só todas as virtudes;
14º degrau: praticar a temperança, porque comer guloseimas é hipocrisia do estômago;
15º degrau: amor à castidade;
16º degrau: viver a pobreza, oposta à avareza;
17º degrau: não deixar o coração endurecer (isso causa a morte da alma);
18º degrau: sono e do canto público dos salmos;
19º degrau: fazer vigílias;
20º degrau: timidez pueril;
21º degrau: não praticar a vanglória;
22º degrau: fugir do orgulho;
23º degrau: fugir da blasfêmia;
24º degrau: doçura da alma, simplicidade;
25º degrau: humildade;
26º degrau: discernimento nos pensamentos;
27º degrau: vida interior e paz de alma;
28º degrau: oração, que é santa e fecunda fonte de virtudes;
29º degrau: recolhimento do espírito e repouso do corpo que lhe são necessários;
30º degrau: fé, esperança e caridade



PENSAMENTOS DE SÃO JOÃO CLÍMACO:
"O verdadeiro monge: o olhar da alma, imóvel; o sentido corporal, inabalável... uma luz que não se apaga aos olhos do coração".
"Aqueles cujo espírito aprendeu a orar, na verdade falam ao Senhor face a face, como os que falam ao ouvido do imperador; aqueles cuja boca ora, fazem lembrar os que se prostram diante do imperador, na presença de toda corte. Os que vivem no mundo são os que dirigem sua súplica ao imperador, na balbúrdia de todo povo".
"Que vossa oração ignore toda multiplicidade: uma única palavra bastou ao Publicano e ao filho pródigo para obter o perdão".
"O grande herói da sublime e perfeita oração diz: 'prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência... (1Cor14,19). As crianças pequenas não tem ideia disso: imperfeito como somos, com a qualidade também nos é necessária a quantidade. A segunda consegue para nós a primeira...".
"A solidão do corpo é a ciência e a paz da conduta e dos sentidos; a solidão da alma, a ciência dos pensamentos e um espírito inviolável. O amigo da solidão é um espírito de sentinela, valente e inflexível, sem sono, à porta do coração, para derrubar e matar os que se aproximam".
"O monge tem necessidade de grande vigilância e de um espírito isento de agitação. O cenobita tem frequentemente o apoio de um irmão; o monge, o de um anjo".
"Fechai a porta da cela a vosso corpo, a porta dos lábios às palavras, a porta interior aos sentidos".
"A obra da solidão (hesychia) é uma despreocupação total por todas as coisas razoáveis ou não".
"Basta um fio de cabelo para embaralhar a vista; basta uma simples preocupação para dissipar a solidão (hesychia), pois a solidão é despojamento dos pensamentos e renúncia às preocupações razoáveis".

"Quem possui verdadeiramente a paz, não se preocupa mais com o próprio corpo".
“Quem quer apresentar a Deus um espírito purificado, e se deixa perturbar pelas preocupações, assemelha-se a alguém que tivesse entravado fortemente as pernas e pretendesse correr".
"É grande a utilidade da leitura para esclarecer e recolher o espírito".
"Procurai vossas luzes sobre a ciência da santidade, mais nos trabalhos do que nos livros".
"Quem se sente diante de Deus, do fundo do coração, será como uma coluna imóvel durante a oração".
"O monge que vela é um pescador de pensamentos; sabe distingui-los sem dificuldade, na calma da noite, e apanha-los".
"Nada de rebuscamento nas palavras de vossa oração: quantas vezes os balbucios simples e monótonos das crianças fazem o pai ceder!".
"Não vos entregueis a longos discursos, para que vosso espírito não se dissipe na procura das palavras. Uma única palavra do Publicano comoveu a misericórdia de Deus; uma única palavra cheia de fé salvou o Ladrão".
"A prolixidade na oração frequentemente enche o espírito de imagens e o dissipa, enquanto muitas vezes o efeito de uma única palavra (monologia) é recolhê-lo".
"Senti-vos consolados e enternecidos por uma palavra da oração? Parai nessa palavra; isso quer dizer que o nosso anjo da guarda então ora conosco".
"Nada de segurança demais, mesmo tento conseguido a pureza; mas, sim, uma grande humildade, e sentireis então maior confiança".
"Quando vos tiverdes revestido da doçura da ausência de ira, não vos será mais muito custoso libertar vosso espírito do cativeiro".
"Trabalhai para elevar o vosso pensamento, ou melhor, para recolhê-lo nas palavras de vossa oração; se a fraqueza o faz cair, levantai-o".
"O primeiro degrau da oração consiste em expulsar, por meio de um pensamento (ou uma palavra) simples e fixo (monologicamente), as sugestões, no momento mesmo em que se manifestam. O segundo, em conservar nosso pensamento unicamente no que dizemos e pensamos".
"Ressuscitados do amor pelo mundo e pelos prazeres, afastai as preocupações, despojai-vos dos pensamentos, renunciai ao corpo, uma vez que a oração nada mais é que um exílio do mundo visível e invisível".
"Não se aprende a ver; é um efeito da natureza. A beleza da oração também não se aprende através do ensinamento. Ela tem em si própria o seu mestre; Deus 'que ensina ao homem o saber' (Sl 94,10) dá a oração e abençoa os anos dos justos".

"Bem aventurado o que apresenta por Deus um desejo tão grande como de um louco enamorado"

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