GRANDE QUARESMA
Dia 07
de fevereiro - DOMINGO DO PERDÃO
(Abertura da Grande Quaresma)
PROGRAMA DA GRANDE QUARESMA
Dia 14 de fevereiro – 1º DOMINGO DA GRANDE
QUARESMA – Festa da Ortodoxia ( Trazer os santos ícones ou imagens para a
benção)
Dia 21 de fevereiro - 2º DOMINGO DA GRANDE QUARESMA – Veneração das
Santas Relíquias.
Dia 28 de fevereiro – 3º DOMINGO DA GRANDE
QUARESMA – Domingo da Santa Cruz (Trazer as cruzes para benção e imposição)
Dia 06 de março - 4º DOMINGO DA GRANDE QUARESMA – Domingo de
São João Clímaco (Escada da Meditação)
Dia 13 de março – 4º DOMINGO DA GRANDE
QUARESMA – Memória de Santa Maria do Egito.
Dia 19 de março - SÁBADO DE LÁZARO – Ofício
pelos Falecidos ás 18:30 (Trazer os nomes dos falecidos) e em seguida Santa e
Divina Liturgia de abertura da Grande Semana Santa.
Dia 20 de março – DOMINGO DE RAMOS - Divina
Liturgia com Benção e Procissão de Ramos ás 09:00 horas (Única celebração do
dia)
Divina Liturgia: Sábado: 19:00 horas -
Domingo: 09:00 – 19:00 horas
Comunhão dos Dons Pré Santificados: Quarta
feira: 08:00 horas
Durante a Grande Quaresma o Sacramento da
Confissão será também concedido antes de cada Divina Liturgia.
MENSAGEM
SANTO PADRE O PAPA FRANCISCO
PARA A GRANDE
QUARESMA
2016
Tema: «“Prefiro a misericórdia ao sacrifício”
(Mt 9, 13). As obras de misericórdia no caminho jubilar»
1. Maria,
ícone duma Igreja que evangeliza porque é evangelizada.
Na
Bula de proclamação do Jubileu, fiz o convite para que «a Quaresma deste Ano
Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e
experimentar a misericórdia de Deus» (Misericordiӕ Vultus, 17). Com o apelo à escuta
da Palavra de Deus e à iniciativa «24 horas para o Senhor», quis sublinhar a
primazia da escuta orante da Palavra,
especialmente a palavra profética. Com efeito, a misericórdia de Deus é um
anúncio ao mundo; mas cada cristão é chamado a fazer pessoalmente experiência
de tal anúncio. Por isso, no tempo da Quaresma, enviarei os Missionários da
Misericórdia a fim de serem, para todos, um sinal concreto da proximidade e do
perdão de Deus. Maria, por ter acolhido a Boa Notícia que Lhe fora dada pelo
arcanjo Gabriel, canta profeticamente, no Magnificat, a misericórdia com que
Deus A predestinou. Deste modo a Virgem de Nazaré, prometida esposa de José,
torna-se o ícone perfeito da Igreja que evangeliza porque foi e continua a ser
evangelizada por obra do Espírito Santo, que fecundou o seu ventre virginal.
Com efeito, na tradição profética, a misericórdia aparece estreitamente ligada
– mesmo etimologicamente – com as vísceras maternas (rahamim) e com uma bondade
generosa, fiel e compassiva (hesed) que se vive no âmbito das relações
conjugais e parentais.
2.
A aliança de Deus com os homens: uma história de misericórdia
O
mistério da misericórdia divina desvenda-se no decurso da história da aliança
entre Deus e o seu povo Israel. Na realidade, Deus mostra-Se sempre rico de
misericórdia, pronto em qualquer circunstância a derramar sobre o seu povo uma
ternura e uma compaixão viscerais, sobretudo nos momentos mais dramáticos
quando a infidelidade quebra o vínculo do Pacto e se requer que a aliança seja
ratificada de maneira mais estável na justiça e na verdade. Encontramo-nos aqui
perante um verdadeiro e próprio drama de amor, no qual Deus desempenha o papel
de pai e marido traído, enquanto Israel desempenha o de filho/filha e esposa
infiéis. São precisamente as imagens familiares – como no caso de Oseias (cf.
Os 1-2) – que melhor exprimem até que ponto Deus quer ligar-Se ao seu povo. Este
drama de amor alcança o seu ápice no Filho feito homem. N’Ele, Deus derrama a
sua misericórdia sem limites até ao ponto de fazer d’Ele a Misericórdia
encarnada (cf. Misericordiӕ Vultus, 8).
Na realidade, Jesus de Nazaré enquanto homem é, para todos os efeitos, filho de Israel. E é-o
ao ponto de encarnar aquela escuta perfeita de Deus que se exige a cada judeu
pelo Shemà, fulcro ainda hoje da aliança de Deus com Israel: «Escuta, Israel! O
Senhor é nosso Deus; o Senhor é único! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o
teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5). O
Filho de Deus é o Esposo que tudo faz para ganhar o amor da sua Esposa, à qual
O liga o seu amor incondicional que se torna visível nas núpcias eternas com
ela. Este é o coração pulsante do querigma apostólico, no qual ocupa um lugar
central e fundamental a misericórdia divina. Nele sobressai «a beleza do amor
salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado» (Evangelii
gaudium, 36), aquele primeiro anúncio que «sempre se tem de voltar a ouvir de
diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma
ou doutra, durante a catequese» (Ibid., 164). Então a Misericórdia «exprime o
comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade
de se arrepender, converter e acreditar» (Misericordiӕ Vultus, 21), restabelecendo precisamente
assim a relação com Ele. E, em Jesus crucificado, Deus chega ao ponto de querer
alcançar o pecador no seu afastamento mais extremo, precisamente lá onde ele se perdeu e afastou d'Ele. E faz
isto na esperança de assim poder finalmente comover o coração endurecido da sua
Esposa.
3.
As obras de misericórdia
A
misericórdia de Deus transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um
amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. É um milagre
sempre novo que a misericórdia divina possa irradiar-se na vida de cada um de
nós, estimulando-nos ao amor do próximo e animando aquilo que a tradição da
Igreja chama as obras de misericórdia corporal e espiritual. Estas recordam-nos
que a nossa fé se traduz em atos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o
nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados:
alimentá-lo, visitá-lo, confortá-lo, educá-lo. Por isso, expressei o desejo de
que «o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia
corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas
vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no
coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia
divina» (Ibid., 15). Realmente, no pobre, a carne de Cristo «torna-se de novo
visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga... a
fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Ibid., 15).
É o mistério inaudito e escandaloso do prolongamento na história do sofrimento
do Cordeiro Inocente, sarça ardente de amor gratuito na presença da qual
podemos apenas, como Moisés, tirar as sandálias (cf. Ex 3, 5); e mais ainda,
quando o pobre é o irmão ou a irmã em Cristo que sofre por causa da sua fé. Diante
deste amor forte como a morte (cf. Ct 8, 6), fica patente como o pobre mais
miserável seja aquele que não aceita reconhecer-se como tal. Pensa que é rico,
mas na realidade é o mais pobre dos pobres. E isto porque é escravo do pecado,
que o leva a utilizar riqueza e poder, não para servir a Deus e aos outros, mas
para sufocar em si mesmo a consciência profunda de ser, ele também, nada mais
que um pobre mendigo. E quanto maior for o poder e a riqueza à sua disposição,
tanto maior pode tornar-se esta cegueira mentirosa. Chega ao ponto de não
querer ver sequer o pobre Lázaro que mendiga à porta da sua casa (cf. Lc 16,
20-21), sendo este figura de Cristo que, nos pobres, mendiga a nossa conversão.
Lázaro é a possibilidade de conversão que Deus nos oferece e talvez não
vejamos. E esta cegueira está acompanhada por um soberbo delírio de
omnipotência, no qual ressoa sinistramente aquele demoníaco «sereis como Deus»
(Gn 3, 5) que é a raiz de qualquer pecado. Tal delírio pode assumir também
formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e
mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem
tornar Deus irrelevante e reduzir o homem a massa possível de instrumentalizar.
E podem atualmente mostrá-lo também as estruturas de pecado ligadas a um modelo
de falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro, que torna
indiferentes ao destino dos pobres as pessoas e as sociedades mais ricas, que
lhes fecham as portas recusando-se até mesmo a vê-los. Portanto a Quaresma
deste Ano Jubilar é um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da
própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de
misericórdia. Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos
irmãos e irmãs necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados, as
obras espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de pecadores: aconselhar,
ensinar, perdoar, admoestar, rezar. Por isso, as obras corporais e as
espirituais nunca devem ser separadas. Com efeito, é precisamente tocando, no
miserável, a carne de Jesus crucificado que o pecador pode receber, em dom, a
consciência de ser ele próprio um pobre mendigo. Por esta estrada, também os
«soberbos», os «poderosos» e os «ricos», de que fala o Magnificat, têm a possibilidade
de aperceber-se que são, imerecidamente, amados pelo Crucificado, morto e
ressuscitado também por eles. Somente neste amor temos a resposta àquela sede
de felicidade e amor infinitos que o homem se ilude de poder se afirmar
mediante os ídolos do saber, do poder e do possuir. Mas permanece sempre o
perigo de que os soberbos, os ricos e os poderosos – por causa de um fechamento
cada vez mais hermético a Cristo, que, no pobre, continua a bater à porta do
seu coração – acabem por se condenar precipitando-se eles mesmos naquele abismo
eterno de solidão que é o inferno. Por isso, eis que ressoam de novo para eles,
como para todos nós, as palavras veementes de Abraão: «Têm Moisés e o Profetas;
que os ouçam!» (Lc 16, 29). Esta escuta ativa preparar-nos-á da melhor maneira
para festejar a vitória definitiva sobre o pecado e a morte conquistada pelo
Esposo já ressuscitado, que deseja purificar a sua prometida Esposa, na
expectativa da sua vinda.
Não
percamos este tempo de Quaresma favorável à conversão! Pedi-mo-lo pela
intercessão materna da Virgem Maria, a primeira que, diante da grandeza da
misericórdia divina que Lhe foi concedida gratuitamente, reconheceu a sua
pequenez (cf. Lc 1, 48), confessando-Se a humilde serva do Senhor (cf. Lc 1,
38).
Vaticano, 4 de Outubro de 2015
Festa
de S. Francisco de Assis
07 DE FEVEREIRO - INÍCIO DA QUARESMA
DOMINGO DO PERDÃO
Sermão de São Leão Magno sobre a
Grande Quaresma (séc.IV)
Há muitas batalhas dentro de nós: a carne contra o espírito, o espírito
contra a carne. Se, na luta, são os desejos da carne que prevalecem, o espírito
será vergonhosamente rebaixado de sua dignidade própria e isto será uma grande
infelicidade, de rei que deveria ser, torna-se escravo. Se, ao contrário, o
espírito se submete ao seu Senhor, põe sua alegria naquilo que vem do céu,
despreza os atrativos das volúpias terrestres e impede o pecado de reinar sobre
o seu corpo mortal, a razão manterá o cetro que lhe é devido de pleno direito,
nenhuma ilusão dos maus espíritos poderá derrubar seus muros; porque o homem só
tem paz verdadeira e a verdadeira liberdade quando a carne é regida pelo
espírito, seu juiz, e o espírito governado por Deus, seu mestre. É, sem dúvida,
uma preparação que deve ser feita em todos os tempos: impedir, por uma
vigilância constante, a aproximação dos espertos inimigos. Mas é preciso
aperfeiçoar essa vigilância com ainda mais cuidado, e organizá-la com maior
zelo, nesta época do ano, quando nossos pérfidos inimigos redobram também a
astúcia de suas manobras. Eles sabem muito bem que esses são os dias da santa
Quaresma e que passamos a Quaresma castigando todas as molezas, apagando todas
as negligências do passado; usam então de todo o poder de sua malícia para
induzir em alguma impureza aqueles que querem celebrar a santa Páscoa do
Senhor; mudar para ocasião de pecado o que deveria ser uma fonte de perdão.
Meus caros irmãos, entramos na Quaresma, isto é, em uma fidelidade maior
ao serviço do Senhor. É como se entrássemos em um combate de santidade. Então
preparemos nossas almas para o combate das tentações e saibamos que quanto mais
zelosos formos por nossa salvação, mais violentamente seremos atacados por
nossos adversários. Mas aquele que habita em nós é mais forte do que aquele que
está contra nós. Nossa força vem d’Aquele em quem pomos nossa confiança. Pois
se o Senhor se deixou tentar pelo tentador foi para que tivéssemos, com a força
de seu socorro, o ensinamento de seu exemplo. Acabaste de ouvi-lo. Ele venceu
seu adversário com as palavras da lei, não pelo poder de sua força: a honra
devida a sua humanidade será maior, maior também a punição de seu adversário se
Ele triunfa sobre o inimigo do gênero humano não como Deus, mas como homem.
Assim, Ele combateu para que combatêssemos como Ele; Ele venceu para que também
nós vencêssemos da mesma forma. Pois, meus caríssimos irmãos, não há atos de
virtude sem a experiência das tentações, a fé sem a provação, o combate sem um
inimigo, a vitória sem uma batalha. A vida se passa no meio das emboscadas, no
meio dos combates. Se não quisermos ser surpreendidos, é preciso vigiar; se
quisermos vencer, é preciso lutar. Eis porque Salomão, que era sábio, diz: Meu
filho, quando entras para o serviço do Senhor, prepara a tua alma para a
tentação (Eclo. 2,1). Cheio da sabedoria de Deus, sabia que não há fervor sem
combate laborioso; prevendo o perigo desses combates, anunciou-os de antemão
para que, advertidos dos ataques do tentador, estivéssemos preparados para
aparar seus golpes.
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