ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A GRANDE QUARESMA NO RITO BIZANTINO
Para nós
católicos de Rito Bizantino na segunda-feira que segue o domingo da abstinência
de laticínios, antes da Quarta-feira de Cinzas, é o primeiro dia da Grande
Quaresma propriamente dita. São quarenta dias que nos preparam para o tempo da
Paixão e da Páscoa. Há elementos intensamente pertinentes que devem
necessariamente ser considerados para de fato caracterizar a Quaresma: o
primeiro dessas características é o jejum. Não se pode ignorar ou tratar
superficialmente essa questão do jejum alimentar. Os Padres da Igreja e a
consciência coletiva dos fiéis discerniram perfeitamente o valor espiritual, o
valor da fé penitencial e purificadora da abstenção de certos alimentos. Basta
lembrar que a desordem estabelecida pelo pecado dos primeiros pais (Adão e Eva)
foi estabelecida pela desobediência ao comerem do fruto da árvore plantada por
Deus no centro do Édem. Afastados de Deus o homem e mulher mesmo dos nossos
dias por trazerem a maldita herança do pecado das origens; não se satisfazem.
Nunca estão satisfeitos, plenos; o que só a graça de Deus pode fazer. Já disse
Jesus: “Sem mim vocês não podem nada”. Daí que derivam toda espécie vícios e
desequilíbrios com necessidade de suprimento: bebida, cigarro, drogas em geral,
palavras excessivas, gritaria, prostituição... No entanto, seria um grande erro
fazer consistir o jejum da Quaresma exclusivamente na observância dessa
abstenção. O jejum do corpo deve ser acompanhado por outros jejuns. A
disciplina da Igreja nos primeiros séculos prescrevia, durante a Grande
Quaresma, a continência conjugal; ela interditava a participação em festas e a
assistência a espetáculos. No Rito Bizantino não fazemos Casamentos e Batizados
na Grande Quaresma exatamente para não induzir os fiéis a uma atitude de
dispersão neste tempo de recolhimento e penitência (conheço paróquias por aí que se facilitar faz festa até na Sexta-feira
da Paixão). Essa disciplina pode ter se enfraquecido e não se apresentar
aos fiéis, hoje, com o mesmo rigor que no tempo dos Padres da Igreja. Ela
permanece, no entanto, como uma indicação precisa do espírito, da intenção da
Igreja. Essa intenção é, certamente, que nós exercitemos, durante a Quaresma,
um controle mais estrito de nossos pensamentos, de nossas palavras, de nosso
atos, e que concentremos nossa atenção sobre a Pessoa e sobre as exigências do
Salvador. (apesar de que boa intenção por
si não salva ninguém como dizia uma grande filósofa do século passado; minha avó:“de
gente com boas intenções o inferno está cheio!”). O tempo da Grande Quaresma não pode ficar restrito apenas a um tempo no calendário, na mente das pessoas.
É preciso que a Igreja de modo geral em qualquer rito e seus fiéis possam dar sinais visíveis de estarem num determinado tempo litúrgico. A esmola é também uma forma de observância da Quaresma muito recomendada pelos Santos Padres. Embora hoje esta pratica deve ser feita acompanhada de certos critérios. Dar dinheiro na porta pode ser uma forma de incentivar a vadiagem, há muitas obras sérias comprometidas com verdadeiros trabalhos de ajuda médica, social...estas merecem atenção. O jejum agradável a Deus é um “todo”, portanto não deve ser dividido entre os aspectos interiores e exteriores, mas os primeiros são os mais relevantes. Quanto aos ritos das a Liturgia celebrada nos domingos da Grande Quaresma, não é a Liturgia habitual de São João Crisóstomo, mas a Liturgia de São Basílio, Arcebispo de Cesaréia no século IV. Essa Liturgia tem orações mais longas que aquelas da de São João Crisóstomo. Nas quartas e sextas-feiras, durante a Grande Quaresma, celebra-se a Liturgia ditas dos Pré-Santificados, isto é, dos Santos Dons consagrados na Divina Liturgia do Domingo anterior. Não é uma Liturgia Eucarística, pois ela não comporta a consagração. É um serviço de Comunhão, no curso do qual o padre e fiéis comungam Dons Eucarísticos que foram consagrados em Liturgia Eucarística anterior. A Liturgia dos Pré-Santificados acrescenta-se ao ofício de Vésperas. É por isso que ela deve ser celebrada à noite.( Aqui nós fazemos na penumbra com velas nas mãos). Ela contém certos Salmos, Leituras das Escrituras e orações tiradas da Liturgia de São João Crisóstomo. Essa última é celebrada a cada sábado de manhã.
É preciso que a Igreja de modo geral em qualquer rito e seus fiéis possam dar sinais visíveis de estarem num determinado tempo litúrgico. A esmola é também uma forma de observância da Quaresma muito recomendada pelos Santos Padres. Embora hoje esta pratica deve ser feita acompanhada de certos critérios. Dar dinheiro na porta pode ser uma forma de incentivar a vadiagem, há muitas obras sérias comprometidas com verdadeiros trabalhos de ajuda médica, social...estas merecem atenção. O jejum agradável a Deus é um “todo”, portanto não deve ser dividido entre os aspectos interiores e exteriores, mas os primeiros são os mais relevantes. Quanto aos ritos das a Liturgia celebrada nos domingos da Grande Quaresma, não é a Liturgia habitual de São João Crisóstomo, mas a Liturgia de São Basílio, Arcebispo de Cesaréia no século IV. Essa Liturgia tem orações mais longas que aquelas da de São João Crisóstomo. Nas quartas e sextas-feiras, durante a Grande Quaresma, celebra-se a Liturgia ditas dos Pré-Santificados, isto é, dos Santos Dons consagrados na Divina Liturgia do Domingo anterior. Não é uma Liturgia Eucarística, pois ela não comporta a consagração. É um serviço de Comunhão, no curso do qual o padre e fiéis comungam Dons Eucarísticos que foram consagrados em Liturgia Eucarística anterior. A Liturgia dos Pré-Santificados acrescenta-se ao ofício de Vésperas. É por isso que ela deve ser celebrada à noite.( Aqui nós fazemos na penumbra com velas nas mãos). Ela contém certos Salmos, Leituras das Escrituras e orações tiradas da Liturgia de São João Crisóstomo. Essa última é celebrada a cada sábado de manhã.
Nos dias da Grande Quaresma nosso olhar se volta reverente para a Virgem da Paixão.
Mencionemos enfim - e, talvez, sobretudo - a admirável oração atribuída a Santo
Efrém. Recitamos esta oração várias vezes ao dia. Nela não se encontra poesia
nem retórica como nas orações que acabamos de mencionar. Estamos agora diante
de um puro impulso da alma, curto, sóbrio e caloroso. Ela é repetida na maior
parte dos ofícios de Quaresma.
É uma oração
bem conhecida pelos fiéis.Senhor e
Mestre de minha vida,
Afastai de mim o espírito de preguiça.
O espírito de dissipação,
de domínio e vã loquacidade.
Concedei ao vosso servo um espírito de
temperança, de humildade, de paciência e de caridade.
Sim, Senhor e Rei
Concedei-me que veja as minhas faltas e que
não julgue a meu irmão,
pois só Vós sois Bendito pelos séculos dos séculos. Amém!
Afastai de mim o espírito de preguiça.
O espírito de dissipação,
de domínio e vã loquacidade.
Concedei ao vosso servo um espírito de
temperança, de humildade, de paciência e de caridade.
Sim, Senhor e Rei
Concedei-me que veja as minhas faltas e que
não julgue a meu irmão,
pois só Vós sois Bendito pelos séculos dos séculos. Amém!
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