TEOfania de Nosso Senhor Jesus Cristo
cONSAGRAÇÃO DAS áGUAS (AGIASMÓS)
Em vosso batismo no Jordão, Senhor, manifestou-se a adoração da
Trindade; pois a voz do Pai deu testemunha, chamando-vos Filho bem-amado; e o
Espírito, sob forma de pomba, confirmou a verdade desta palavra.
Ó Cristo Deus que vos manifestastes e iluminastes o mundo, glória a Vós!
Iluminando
todas as criaturas pela vossa manifestação,
o oceano amargo da incredulidade fugiu;
o Jordão, correndo para a sua foz, retrocedeu, elevando-nos ao céu.
faz-nos subir, ó Cristo Deus, às alturas dos vossos divinos mandamentos,
pelas orações da vossa santíssima Mãe, e salvai-nos!
o oceano amargo da incredulidade fugiu;
o Jordão, correndo para a sua foz, retrocedeu, elevando-nos ao céu.
faz-nos subir, ó Cristo Deus, às alturas dos vossos divinos mandamentos,
pelas orações da vossa santíssima Mãe, e salvai-nos!
Hoje,
Senhor, vos manifestastes ao Universo
e a vossa voz brilhou sobre nós,
que, conhecendo-vos, cantamos:
Viestes, aparecestes, ó Luz Inacessível!
e a vossa voz brilhou sobre nós,
que, conhecendo-vos, cantamos:
Viestes, aparecestes, ó Luz Inacessível!
Tanto
os fiéis de tradição constantinopolitana como os de tradição romana
conservaram, para o dia 6 de janeiro, uma festa cristológica muito antiga, a
primeira em que se sintetizavam todos os mistérios do Senhor ao manifestar-se
ao mundo. Mas quando no século IV, a data do nascimento do Senhor foi colocada
no dia 25 de dezembro, por iniciativa romana, e logo em seguida aceita também
pelos orientais, o conteúdo da festa do 6 de janeiro se diversificou. Para os
católicos latinos o dia 6 de janeiro é o dia da Epifania, a manifestação de
Cristo «luz das nações» considerada a partir da vinda dos Reis Magos em Belém.
Esse evento, para os cristãos bizantinos, está incluído na comemoração global
do dia 25 de dezembro. Ao passo que no dia 6 de janeiro eles celebram a "Santa
Teofania" do Deus que se encarnou. É a segunda manifestação do Salvador,
no início de sua vida pública, por ocasião do seu batismo no rio Jordão, que se
deu num contexto trinitário, em que Deus Pai fez ouvir sua voz e o Espírito
Santo apareceu em forma de pomba.
Era
um dia em que os catecúmenos recebiam solenemente o batismo, como na Páscoa. Os
textos litúrgicos da festa da Teofania resumem bem os mistérios fundamentais da
fé cristã: encarnação do Verbo, com muitas alusões ao nascimento, e a unidade de
Deus na Trindade. Os textos do «Próprio» são abundantes, também porque a
pré-festa começa no dia 2 de janeiro e a pós-festa prolonga-se até o dia 14 do
mesmo mês. O tropário principal, por isso o mais repetido, assim reza:
Em
vosso batismo no Jordão, Senhor,
foi manifestada a adoração da Trindade;
pois a voz do Pai te testemunhou
ao chamar-vos Filho bem-amado;
e o Espírito, em forma de pomba,
confirmou a verdade dessa palavra.
ó tu, que manifestaste e iluminaste o mundo,
Cristo Deus, glória a vós!
foi manifestada a adoração da Trindade;
pois a voz do Pai te testemunhou
ao chamar-vos Filho bem-amado;
e o Espírito, em forma de pomba,
confirmou a verdade dessa palavra.
ó tu, que manifestaste e iluminaste o mundo,
Cristo Deus, glória a vós!
O
Kondakion da festa, também ele muito repetido, é de Romanós, o Melode.
Hoje,
Senhor, vos manifestastes ao universo,
e vossa luz brilhou sobre nós;
reconhecendo-vos, a vós cantamos:
viestes, aparecestes, o luz inacessível!
e vossa luz brilhou sobre nós;
reconhecendo-vos, a vós cantamos:
viestes, aparecestes, o luz inacessível!
A
manifestação, a «teofania», ocorreu nas águas do Jordão na hora em que Cristo
foi batizado; é o que confirma também o ícone da festa, no qual vemos Cristo
Jesus, despido das vestes habituais, imerso na água. À sua direita vemos João
Batista, humildemente curvado, que por obediência lhe dá o batismo. A cena de
fundo mostra um deserto estilizado com uma amostra de vegetação.
Do
lado oposto estão uns anjos, atônitos, considerando o admirável evento. Suas
mãos estão encobertas pelas extremidades dos mantos, sinal de respeito
habitual, nesse caso também sinal de disponibilidade em servi-lo quando sair
das águas. No alto do ícone, além do nome «Teofania do nosso Salvador Jesus
Cristo», escrito em caracteres abreviados, notamos um semicírculo que indica os
céus abertos e do qual desce um raio que, após a figura da pomba, torna-se
tríplice, clara alusão à Trindade. No nimbo cruciforme do Cristo notam-se as
três letras gregas significando «Aquele que é».
Voltemos
aos textos litúrgicos nos quais encontramos a explicação da festa. Num dos
textos das Vésperas, São João Damasceno (†749) afirma:
Querendo
salvar o homem perdido, Senhor Deus,
não desdenhastes assumir a forma de um escravo,
pois a vós convinha assumir a nossa natureza em nosso favor.
De fato, enquanto eras batizado na carne, ó Libertador,
nos tornavas dignos do perdão.
A vós clamamos, pois:
Benfeitor, Cristo nosso Deus! Glória avós!
não desdenhastes assumir a forma de um escravo,
pois a vós convinha assumir a nossa natureza em nosso favor.
De fato, enquanto eras batizado na carne, ó Libertador,
nos tornavas dignos do perdão.
A vós clamamos, pois:
Benfeitor, Cristo nosso Deus! Glória avós!
São
Cosme de Maiúma (†760), no Cânon Matutino explica:
«O
Senhor que tira a impureza dos homens, purificando-se por eles no Jordão,
fez-se voluntariamente semelhante a eles, permanecendo contudo o que era; e
ilumina os que estão nas trevas, porque recobriu-se de glória.»
E
evoca o ensinamento profético:
«Isaías
proclama: Lavai-vos, purificai-vos, despojai-vos da vossa malícia perante o
Senhor; vós que tendes sede aproximai-vos da água viva. Cristo de fato vos
asperge com a água renovando os que se aproximam com fé, e batiza no Espírito
para a vida eterna.»
Por
fim, nas Laudes, assim se expressa o Patriarca Germano (†733):
Luz
da luz, Cristo nosso Deus,
resplandece ao mundo;
Deus se manifesta, povos, adoremo-lo.
resplandece ao mundo;
Deus se manifesta, povos, adoremo-lo.
Ao
ser batizado no Jordão, Salvador nosso,
santificaste as águas,
aceitando a imposição das mãos de um servo,
e sanaste as paixões do mundo.
Grande é o mistério da tua economia!
Senhor, amigo dos homens, glória a ti
santificaste as águas,
aceitando a imposição das mãos de um servo,
e sanaste as paixões do mundo.
Grande é o mistério da tua economia!
Senhor, amigo dos homens, glória a ti
A
verdadeira luz apareceu e a todos ilumina.
Cristo, superior a toda pureza, é batizado conosco;
infunde a santidade
na água que se torna purificação para as nossas almas.
Tudo o que vemos é terrestre,
tudo o que contemplamos é mais sublime que os céus.
Mediante a ablução vem a salvação,
mediante a água vem o Espírito,
mediante a descida na água vem a nossa subida a Deus.
Admiráveis são tuas obras, Senhor! Glória a ti!
Cristo, superior a toda pureza, é batizado conosco;
infunde a santidade
na água que se torna purificação para as nossas almas.
Tudo o que vemos é terrestre,
tudo o que contemplamos é mais sublime que os céus.
Mediante a ablução vem a salvação,
mediante a água vem o Espírito,
mediante a descida na água vem a nossa subida a Deus.
Admiráveis são tuas obras, Senhor! Glória a ti!
Uma
cerimônia muito antiga, a bênção da água, caracteriza a festa do dia 6 de
janeiro. Após o ofício das Vésperas, ou depois da Liturgia eucarística,
celebrantes e fiéis dirigem-se a um curso de água, uma fonte, ou então a uma
bacia de água colocada no meio da igreja, enquanto o coro canta:
A
voz do Senhor ecoa sobre as águas dizendo:
Vinde, recebei todos do Cristo que se manifestou:
o Espírito de sabedoria, o Espírito de inteligência,
o Espírito do temor de Deus.
Vinde, recebei todos do Cristo que se manifestou:
o Espírito de sabedoria, o Espírito de inteligência,
o Espírito do temor de Deus.
E
acrescenta o tropário da festa (já apresentado na p. 49). Seguem as leituras
bíblicas, entre as quais Mc. 1:9-11, uma longa prece litânica, na qual se pede
também para que a água sirva para a «cura da alma e do corpo».
O
sacerdote acrescenta uma antiga e longa oração e mergulha por três vezes a cruz
na água dizendo:
Tu
mesmo, Senhor,
santifica agora esta água com o teu Santo Espírito.
Concede a todos aqueles que a usam
a santificação, a bênção, a purificação e a salvação.
santifica agora esta água com o teu Santo Espírito.
Concede a todos aqueles que a usam
a santificação, a bênção, a purificação e a salvação.
A
água é bebida em parte pelo povo e, com ela, o sacerdote asperge os fiéis e
suas casas. Aqui não se trata da bênção da água para o batismo, embora se
encontrem referências bíblicas comuns.
O
tema do Cristo, luz do mundo, que insistentemente aparece nos textos litúrgicos
da festa, explica o porquê da denominação «Festa das luzes» dado às vezes a
essa solenidade. Nela vibra também um sentido cósmico: «Hoje resplandece toda a
criação... as criaturas celestes fazem festa unidas às terrestres...» e o
convite se estende até nós, para que possamos «tomar parte na alegria do mundo»
redimido e iluminado pelo nosso Senhor Jesus Cristo.
O ANO LITÚRGICO
BIZANTINO
Madre Maria Donadeo
Madre Maria Donadeo
CIRCUNCISÃO DE JESUS
01 DE JANEIRO
Vós, que estais sentado nas alturas em
um trono de fogo,
com vosso Pai eterno e vosso Espírito Divino,
quisestes nascer na terra de vossa Mãe,
a Virgem que não conheceu varão.
Por isso fostes também circuncidado como homem no oitavo dia.
Glória, pois, aos vossos bondosos desígnios;
glória à vossa economia;
glória à vossa condescendência,
ó único Amigo da humanidade!
com vosso Pai eterno e vosso Espírito Divino,
quisestes nascer na terra de vossa Mãe,
a Virgem que não conheceu varão.
Por isso fostes também circuncidado como homem no oitavo dia.
Glória, pois, aos vossos bondosos desígnios;
glória à vossa economia;
glória à vossa condescendência,
ó único Amigo da humanidade!
Circuncisão masculina
é a remoção do prepúcio do pênis humano. No
procedimento mais comum, o prepúcio é aberto, as aderências removidas e a pele
separada da glande. Posteriormente é colocado um grampo próprio para
estabilizar o pênis e a pele do prepúcio é cortada. O procedimento também pode
ser realizado sem um instrumento próprio. Para diminuir as dores e a ansiedade
pode por vezes ser usada anestesia local ou de aplicação tópica, embora a anestesia geral seja também uma opção
em adultos e crianças. Na maior parte dos casos, a circuncisão é uma cirurgia
planeada e realizada em bebes e crianças por motivos culturais e religiosos.
Há oito dias atrás estávamos celebrando a
Festa da Natividade de Nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, segundo a carne, conforme o costume dos judeus, no oitavo
dia o menino deve ser circuncidado. Recebe em seu pequeno pênis uma cisão
circular, daí o nome circuncisão. Para adiantar o assunto e facilitar a
compreensão dos nossos leitores este sinal serve como que uma identidade de
ingresso de todo menino judeu na sociedade civil do seu povo, imprimindo-lhe o
sentido de pertença ao Povo Eleito. Aqui podemos pensar no início do novo Ano
Civil, que começa exatamente neste dia; primeiro de janeiro. Convenhamos tomar a Epístola do Sano Apóstolo
Paulo aos Colossenses que é proclamada na Divina Liturgia deste dia: “Irmãos, cuidado para que ninguém escravize vocês através de
filosofias enganosas e vãs, de acordo com tradições humanas, que se baseiam nos
elementos do mundo, e não em Cristo. É em Cristo que habita, em forma corporal,
toda a plenitude da divindade. Em Cristo vocês têm tudo de modo pleno. Ele é a
cabeça de todo principado e de toda autoridade. Em Cristo vocês foram circuncidados com uma circuncisão não feita por
mãos humanas, mas com a circuncisão de Cristo, a qual consiste em despojar-se
do corpo carnal. Com ele, vocês foram sepultados no batismo, e nele
vocês foram também ressuscitados mediante a fé no poder de Deus, que
ressuscitou Cristo dos mortos.” De fato a nossa entrada no Povo de Deus, o Novo Israel, não
se deu por uma circuncisão humana, mas pelo Espírito Santo que nos foi dado
quando fomos batizados. Aqui volta mais uma vez o tema do Batismo muito caro em
nossa Liturgia Bizantina no Tempo do Natal. Retira-se agora não o prepúcio, mas
tudo aquilo que de inconveniente paira sobre nossos corações nos impedindo de
viver segundo a virtude do Espírito Santo de Deus. Desta maneira prosseguimos
nestes dias cantando:
“Vós que fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Aleluia! (3
vezes)
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos
séculos. Amém.
De Cristo vos revestistes. Aleluia!
De Cristo vos revestistes. Aleluia!
Vós que fostes batizados em Cristo
...
Cantando e caminhando na direção do ícone da
Teofania, que na Festa do Batismo de Jesus, vamos renovar a alegria do Batismo
que recebemos, quando fomos divinizados por Aquele, cujo nascimento tomou nossa
humanidade.
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