Domingo de
Todos os Santos.
(22 de maio, domingo após Pentecostes)
No 1º domingo depois
de Pentecostes, a Igreja de tradição constantinopolitana ((bizantina) conclui o
tempo pascal exaltando "Todos os Santos," evidenciando assim que é o
Espírito Santo o principal artífice da santidade humana.
Como a descida da
terceira Pessoa da Santíssima Trindade sobre os apóstolos reunidos com Maria no
cenáculo mostrou a renovação, a iluminação daquelas criaturas que se tornaram
grandes santos, no Oriente pareceu oportuno celebrar, no domingo depois de
Pentecostes, também todos os
demais cooperadores da graça divina, santificados e aperfeiçoados na força do
Espírito vivificante do Senhor. As principais orações repetidas na festa de
Todos os Santos são as seguintes:
Tropário de Todos os
Santos
"A vossa Igreja revestiu-se, como de púrpura e de
linho, do sangue dos mártires do mundo inteiro e por intermédio deles invoca
Cristo Deus: tendem piedade do vosso povo; concedei às vossas cidades a paz, e
às nossas almas copiosa misericórdia."
Kontákion de Todos os
Santos
"ó Senhor e Criador,
quais primícias da natureza o universo vos oferece os teóforos mártires. Pelas suas
súplicas, ó Misericordioso, e pela intercessão da vossa divina Mãe, governa e
conserva em paz a vossa Igreja."
Essas que citamos são
orações bastante conhecidas, porque a primeira é retomada a cada dia na Hora
das Completas e a segunda repete-se especialmente aos sábados, dia dedicado
sempre a todos os santos e a todos os falecidos. Nota-se o destaque dado aos
mártires, carcaterística de toda a cristandade do primeiro milênio, diversificada, mas
ainda unida numa única Igreja indivisa. Resta-nos uma homilia de São João
Crisóstomo, em honra de todos os santos, pronunciada justamente num 1º domingo
depois de Pentecostes.
A palavra grega
mártyr pode ser traduzida por "testemunha," e sem número são os
"testemunhos" dados a Deus em grau eminente por aqueles que nós
chamamos de santos. Também o Oriente bizantino conhece diversas categorias de
santos, lembrados, por exemplo, neste tropário,
também cantado aos sábados:
Tropário de Todos os
Santos (2º tom).
"Apóstolos, mártires e
profetas; pontífices, confessores e justos, e vós, santas mulheres, que
levastes a bom termo o bom combate e conservastes a fé, pela benevolência que
desfrutastes junto ao Senhor, rogai a ele por nós - vo-lo suplicamos, - para
que, por sua bondade, salve as nossas almas."
A festa de Todos os
Santos, tanto no Oriente como no Ocidente, foi instituída também para honrar os
amigos de Deus, exemplares em sua vida cristã, que não obtiveram uma
canonização oficial. Explica-nos o professor G. Fëdotov, ortodoxo estudioso dos
santos russos:
"A Igreja sabe da existência de santos desconhecidos,
cuja glória não é manifestada nesta terra. A Igreja nunca proibiu uma prece
privada, um dirigir-se, na oração, aos justos que já se foram e que não são por
ela exaltados. Nesta oração dos vivos pelos mortos e aos mortos, que pressupõe
uma oração de resposta dos mortos para os vivos, exprime-se a unidade da Igreja
celeste e terrena, aquela comunhão dos santos de que fala o Credo dito 'apostólico'. Os santos
canonizados representam somente um círculo restrito, delimitado ao centro da
Igreja celeste."
O teólogo Serghij
Bulgakov, na sua apresentação da ortodoxia, confirma quanto foi acima citado:
"Na festa de Todos os Santos se faz memória em primeiro lugar de
todos os santos no seu conjunto e, em segundo lugar, de todos os santos mesmo
os não exaltados [com beatificação ou canonização]. A santidade alcançada
significa antes de tudo a saída de uma condição de incerteza rumo à vitória,
com a qual são liberadas forças para a ação, para o amor orante. Os santos
podem nos ajudar através dessa força de espiritual liberdade no amor por eles
alcançada. Ela lhes dá o poder de interceder junto de Deus na oração, e também
no amor operante para com as pessoas. Deus concede aos santos, como também aos
anjos, a capacidade de realizar a sua vontade na vida dos homens através de uma
ajuda atuante, mesmo que habitualmente invisível. Eles são as mãos de Deus, com
as quais Deus cumpre as suas obras... O saber que os santos rezam conosco e por
nós ao Cristo nos impele a incluir nessa oração também o dirigir-se a eles para
a sua súplica e ajuda: pela oração aos santos o nosso espírito se
expande."
As partes próprias do
domingo de Todos os Santos, juntamente com os temas dominicais da ressurreição
de Cristo, apresentam uma ampla reflexão-oração expressa em dezenas de hinos
ora de louvor, ora de súplica, que às vezes evocam juntas as várias categorias
dos eleitos e às vezes se concentra sobre as benemerências particulares de cada
grupo.
"Vinde, fiéis,
exultemos de alegria, celebremos piedosamente neste dia a solenidade de todos
os santos e veneremos a sua gloriosa memória dizendo: Salve, apóstolos,
profetas e mártires, pontífices, justos, bem-aventurados e santas mulheres;
orai ao Cristo pelo mundo inteiro para que lhe conceda a paz e às nossas almas
a salvação."
Ao lado dessa
evocação geral, damos exemplo da evocação de um grupo específico:
"Como aos antigos
profetas, a vós foi concedido contemplar antecipadamente os bens futuros,
objeto do vosso desejo; e pela nobreza do vosso coração vos purificastes com
uma vida santa, ó Padres teóforos iluminados pela força do Espírito."
Nos textos afirma-se
também que se celebra a memória de "todos aqueles cujo nome foi escrito no
livro da vida," e não faltam referências à Mãe de Deus pela qual "os
homens se tornaram concidadãos dos anjos" e que é celebrada "pelo
coro de todos os santos."
Para concluir, eis o
tropário com o qual começa o cânon de Todos os Santos que cada um poderá
repetir como oração pessoal:
Tropário:
"Cantando a multidão
dos vossos santos, Senhor, pelas suas súplicas, peço-vos que ilumineis com a vossa
luz o meu espírito, pois Vós sois a inacessível luz que com o seu fulgor afasta
as trevas do erro, ó Verbo de Deus, doador de luz."
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California 90068
Editor: Bishop Alexander (Mileant)
Comemoração de todos os fiéis defuntos.
É espontâneo
pensar na celebração romana do Dia de finados do dia 2 de novembro. A ela
correspondem, na liturgia bizantina, dois dias de Finados: no sábado antes do
domingo de Carnaval na Quaresma e no sábado que precede o domingo de
Pentecostes. Diversas orações são iguais nas duas celebrações, entre as quais o
tropário principal:
Tropário
dos defuntos (8º tom).
"ó único Criador que em vossa profunda sabedoria e por
amor dos homens governais o universo e atribuis a cada criatura o que lhe
convém, concedei, Senhor, o descanso às almas dos vossos servos, pois em vós
puseram a sua esperança, ó nosso Autor, Criador e nosso Deus."
Encontramos o correspondente tropário mariano também em outras
oportunidades:
Theotókion
"ó Mãe de Deus ilibada, vós sois a salvação dos fiéis: em vós
vemos o nosso baluarte e porto de salvação: intercedei com benevolência junto
ao Deus que gerastes."
O kontákion dos
defuntos mais repetido durante o ano todo e especialmente aos sábados, dia
dedicado a todos os santos e a todos os falecidos, assim reza:
Kontákion
(8º tom).
"Concedei, ó Cristo, às almas dos vossos servos o
descanso com os santos, lá onde não existe nem dor, nem tristeza, nem gemido,
mas vida sem fim."
Nas
duas comemorações bizantinas de todos os defuntos repete-se a seguinte oração:
"Somente vós, ó Senhor, sois imortal, autor e criador
do gênero humano; nós, mortais, plasmados com a terra, para a terra voltaremos,
como prescrevestes dizendo: 'És pó e ao pó voltarás'. Transformemos as
lamentações fúnebres em cantos de Aleluia."
O
"Aleluia" é uma invocação que na liturgia do Ocidente caracteriza o
tempo pascal, ao passo que no Oriente repete-se inúmeras vezes nos Ofícios para
defuntos, nos tempos de jejum e penitência, sendo freqüentemente repetida três
vezes tanto pelo sacerdote como pelo coro. Também é freqüente na liturgia
bizantina a súplica a Deus para que perdoe as "culpas voluntárias e
involuntárias." Um exemplo é o kontákion que se segue, rezado em todas as
Horas no Sábado dos Defuntos antes de Pentecostes:
Kontákion
"Aos que já nos deixaram, Salvador imortal,
transfere-os desta morada temporânea para os tabernáculos dos vossos eleitos e
fazei com que descansem com os justos. Se enquanto homens eles pecaram nesta
terra,vós, ó Senhor, que desconheces o pecado, perdoai-lhes as faltas
voluntárias e involuntárias, pela intercessão da Theotókos que vos gerou, para que com uma só voz
possamos cantar para eles: Aleluia!"
JESUS:Pão e Palavra
Cada fiel tomou um envelope contendo como inspiração o nome de um dos FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO
Do domingo de Pentecostes já falamos, pois faz parte das Doze
grandes festas - das quais três com data móvel, porque ligadas à Páscoa. Não é,
porém, com essa data que termina o Pentikostárion,
o livro litúrgico desse importante ciclo do ano. No fim dos dias de pós-festa,
depois de uma semana especial e solene em que está abolido qualquer jejum
penitencial, temos uma outra típica festa bizantina.
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