QUARTO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
São João Clímaco (†
580-650)
São João
Clímaco nasceu em 580. Clímaco foi um monge do Monte Sinai, e deve o seu
cognome a um livro seu, Escada (Klímax - Clímaco). A Escada é um resumo da vida
espiritual, concebida para os solitários e contemplativos. Para Clímaco, a
oração é a mais alta expressão da vida solitária; ela se desenvolve pela
eliminação das imagens e dos pensamentos. Daí a necessidade da 'monologia',
isto é, a invocação curta, de uma só palavra, incansavelmente repetida, que
paralisa a dispersão do espírito. Essa repetição deve assimilar-se com a
respiração. João Clímaco faleceu por volta do ano 650.
O nome de São João Clímaco é uma alusão à palavra "klímax', que em
grego significa escada. São João decidiu adotar este nome em virtude do livro
escrito por ele mesmo, intitulado Escada para Paraíso. Nesta obra ele explica
que existem 30 degraus a serem galgados para que possamos atingir a perfeição
moral. Este livro foi um grande sucesso na época e chegou até mesmo a
influenciar monges e outros religiosos cm sua conduta particular, tanto no
Ocidente como no Oriente. A importância desta obra literária para a época pode
ser notada na utilização do símbolo escada na arte bizantina.
São João Clímaco foi muito famoso como homem santo em toda a Palestina e
Arábia. Viveu por volta do ano 650 e morreu no Monte Sinai. Conta-se que ele
era palestino e na adolescência ingressou cm um mosteiro no Monte Sinai, onde
passou a dedicar sua vida às orações e à meditação. Até os 35 anos viveu desta
forma, mas quando seu mestre faleceu resolveu encerrar-se cm uma cela e viver à
moda dos monges do deserto: jejuando, orando e estudando a Bíblia. Durante este
novo período de sua vida São João Clímaco decidiu nunca mais comer carne, fosse
ela vermelha ou branca. Também passou a sair de sua cela apenas para participar
da Eucaristia, aos domingos. Já com 70 anos foi eleito bispo do Monte Sinai,
muito embora preferisse continuar com sua vida isolada. Nesta época construiu
hospitais para a população mais pobre, ajudado pelo papa Gregório Magno. Os
últimos quatro anos de sua vida foram dedicados a viver como ermitão. Neste
período de total isolamento ele escreveu Escada para o Paraíso.
FONTE:
Revista
Santo do Dia. São Paulo: Ed. Casa Dois, 2001.
OS TRINTA DEGRAUS DA ESCADA DE SÃO JOÃO CLIMACO:
1º degrau: a renúncia à vida do mundo;
2º degrau: renúncia aos afetos terrenos;
3º degrau: fuga do mundo;
4º degrau: bem-aventurada e sempre louvável obediência;
5º degrau: verdadeira e sincera penitência;
6º degrau: pensamento da morte e dom de lágrimas;
7º degrau: a tristeza que produz alegria;
8º degrau: a doçura que triunfa a cólera;
9º degrau: esquecimento das injúrias;
10º degrau: fugir da maledicência, que seca a virtude da
caridade;
11º degrau: amor ao silêncio, porque falar muito leva à
vanglória;
12º degrau: fugir da mentira, que é ato de hipocrisia;
13º degrau: combater o enfado e a preguiça, uma vez que
esta última destrói por si só todas as virtudes;
14º degrau: praticar a temperança, porque comer
guloseimas é hipocrisia do estômago;
15º degrau: amor à castidade;
16º degrau: viver a pobreza, oposta à avareza;
17º degrau: não deixar o coração endurecer (isso causa a
morte da alma);
18º degrau: sono e do canto público dos salmos;
19º degrau: fazer vigílias;
20º degrau: timidez pueril;
21º degrau: não praticar a vanglória;
22º degrau: fugir do orgulho;
23º degrau: fugir da blasfêmia;
24º degrau: doçura da alma, simplicidade;
25º degrau: humildade;
26º degrau: discernimento nos pensamentos;
27º degrau: vida interior e paz de alma;
28º degrau: oração, que é santa e fecunda fonte de
virtudes;
29º degrau: recolhimento do espírito e repouso do corpo
que lhe são necessários;
30º degrau: fé, esperança e caridade
PENSAMENTOS DE SÃO JOÃO CLÍMACO:
"O verdadeiro monge: o olhar da alma, imóvel; o
sentido corporal, inabalável... uma luz que não se apaga aos olhos do
coração".
"Aqueles cujo espírito aprendeu a orar, na verdade
falam ao Senhor face a face, como os que falam ao ouvido do imperador; aqueles
cuja boca ora, fazem lembrar os que se prostram diante do imperador, na
presença de toda corte. Os que vivem no mundo são os que dirigem sua súplica ao
imperador, na balbúrdia de todo povo".
"Que vossa oração ignore toda multiplicidade: uma
única palavra bastou ao Publicano e ao filho pródigo para obter o perdão".
"O grande herói da sublime e perfeita oração diz:
'prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência... (1Cor14,19). As
crianças pequenas não tem ideia disso: imperfeito como somos, com a qualidade
também nos é necessária a quantidade. A segunda consegue para nós a
primeira...".
"A solidão do corpo é a ciência e a paz da conduta e
dos sentidos; a solidão da alma, a ciência dos pensamentos e um espírito
inviolável. O amigo da solidão é um espírito de sentinela, valente e
inflexível, sem sono, à porta do coração, para derrubar e matar os que se
aproximam".
"O monge tem necessidade de grande vigilância e de
um espírito isento de agitação. O cenobita tem frequentemente o apoio de um
irmão; o monge, o de um anjo".
"Fechai a porta da cela a vosso corpo, a porta dos
lábios às palavras, a porta interior aos sentidos".
"A obra da solidão (hesychia) é uma despreocupação
total por todas as coisas razoáveis ou não".
"Basta um fio de cabelo para embaralhar a vista;
basta uma simples preocupação para dissipar a solidão (hesychia), pois a
solidão é despojamento dos pensamentos e renúncia às preocupações
razoáveis".
"Quem possui verdadeiramente a paz, não se preocupa
mais com o próprio corpo".
“Quem quer apresentar a Deus um espírito purificado, e se
deixa perturbar pelas preocupações, assemelha-se a alguém que tivesse entravado
fortemente as pernas e pretendesse correr".
"É grande a utilidade da leitura para esclarecer e
recolher o espírito".
"Procurai vossas luzes sobre a ciência da santidade,
mais nos trabalhos do que nos livros".
"Quem se sente diante de Deus, do fundo do coração,
será como uma coluna imóvel durante a oração".
"O monge que vela é um pescador de pensamentos; sabe
distingui-los sem dificuldade, na calma da noite, e apanha-los".
"Nada de rebuscamento nas palavras de vossa oração:
quantas vezes os balbucios simples e monótonos das crianças fazem o pai
ceder!".
"Não vos entregueis a longos discursos, para que
vosso espírito não se dissipe na procura das palavras. Uma única palavra do
Publicano comoveu a misericórdia de Deus; uma única palavra cheia de fé salvou
o Ladrão".
"A prolixidade na oração frequentemente enche o
espírito de imagens e o dissipa, enquanto muitas vezes o efeito de uma única
palavra (monologia) é recolhê-lo".
"Senti-vos consolados e enternecidos por uma palavra
da oração? Parai nessa palavra; isso quer dizer que o nosso anjo da guarda
então ora conosco".
"Nada de segurança demais, mesmo tento conseguido a
pureza; mas, sim, uma grande humildade, e sentireis então maior
confiança".
"Quando vos tiverdes revestido da doçura da ausência
de ira, não vos será mais muito custoso libertar vosso espírito do
cativeiro".
"Trabalhai para elevar o vosso pensamento, ou
melhor, para recolhê-lo nas palavras de vossa oração; se a fraqueza o faz cair,
levantai-o".
"O primeiro degrau da oração consiste em expulsar,
por meio de um pensamento (ou uma palavra) simples e fixo (monologicamente), as
sugestões, no momento mesmo em que se manifestam. O segundo, em conservar nosso
pensamento unicamente no que dizemos e pensamos".
"Ressuscitados do amor pelo mundo e pelos prazeres,
afastai as preocupações, despojai-vos dos pensamentos, renunciai ao corpo, uma
vez que a oração nada mais é que um exílio do mundo visível e invisível".
"Não se aprende a ver; é um efeito da natureza. A
beleza da oração também não se aprende através do ensinamento. Ela tem em si
própria o seu mestre; Deus 'que ensina ao homem o saber' (Sl 94,10) dá a oração
e abençoa os anos dos justos".
"Bem aventurado o que apresenta por Deus um desejo
tão grande como de um louco enamorado"
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentar