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sexta-feira, 27 de maio de 2011


QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA
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N o Evangelho deste domingo, Jesus abre os olhos ao cego de nascença pelas águas de Silóe.
 
Mas antes de pedir ao cego que lavasse seus olhos naquelas águas, Jesus tinha feito uma mistura de terra com sua própria saliva. O milagre estava iminente, uma vez que a receita usada pelo Senhor, isto é, a matéria (terra) e o espírito (saliva saída da boca do próprio Deus), proporcionam ao homem a possibilidade de uma nova criação, uma criação perfeita, por isso, sem defeitos. Deus usa de nossa própria realidade para operar maravilhas.
(Piscina de Siloé)
Ele quer precisar de nossa história, nossas condições limitadas, nossas experiências, fazendo delas ingredientes necessários para revelar-se.
A luz é criada por Deus, conforme relata o Gênesis, para colocar ordem no Universo. Deus separa as trevas da luz e as nomeia Dia e Noite. Após ter feito a luz, cria o homem, a sua imagem e semelhança, sob a claridade da vida, para que ele governasse a Terra. No entanto preferiu o governo das trevas caindo no pecado. Foi necessária a Nova Luz que brota do caos da morte, para que ele pudesse retornar a sua essência, para que pudesse retornar à luz primitiva:
«Senhor, nosso Deus, fonte da vida e da imortalidade;
luz e vida de todos;
ó luz eterna da luz eterna;
luz invisível e incompreensível;
cuja morada está na luz inacessível;
luz da glória do Pai e seu esplendor;
luz das ordens celestes
que ilumina todo homem que vem ao mundo.
Tu, ó Salvador,
puseste uma lei ao primeiro homem que estava na luz,
para que o guiasse e dirigisse ao mundo novo,
infundindo nele o desejo de progredir na vida eterna.
Ele, porém, transgrediu teu mandamento
e caiu daquela sua glória
e, com sua queda, causou a sua própria morte
e sua expulsão para longe de Ti,
ó Luz glorificada.
Tu, no entanto, Senhor,
pela tua morte, imensa bondade e compaixão incomensurável,
desceste até a nossa baixeza, a nós, pecadores,
para devolver-nos aquela glória perdida e a luz primitiva.
Quiseste até morar no túmulo
por nós, transgressores de teus mandamentos divinos;
desceste aos invernos e às profundezas da terra,
despedaçaste as portas eternas
e libertaste os que estavam nas trevas da morte.
Pela tua Ressurreição ao terceiro dia,
iluminaste o nosso gênero humano;
deste ao mundo uma vida nova;
iluminaste a todos melhor que o sol;
e por tua misericórdia,
restituíste à nossa natureza,
o seu lugar primitivo
e a luz gloriosa da qual fora afastada".
«Deus, fonte da vida e da imortalidade;
luz e vida de todos;
ó luz eterna da luz eterna;
luz invisível e incompreensível;
cuja morada está na luz inacessível;
luz da glória do Pai e seu esplendor;
luz das ordens celestes
que ilumina todo homem que vem ao mundo» (*)
Na Criação, o Senhor reorganiza o caos e, com a Ressurreição de Cristo, dá ao homem a Luz nova; neste fato narrado pelo Evangelho, o Senhor reorganizou a vida daquele que era antes privado da visão: de incrédulo passou a ser testemunha do Messias e ao mesmo tempo sua cura manifestava que o Reino de Deus já estava no meio deles.
Em outras passagens do Novo Testamento, a luz também foi usada por Jesus como elemento pedagógico em suas parábolas ensinado-nos que não podemos escondê-la, mas colocá-la em lugares onde ela possa irradiar sua luminosidade.
Uma vez batizados somos possuidores da Luz pois no Batismo, a luz ocupa um lugar de destaque trazendo em seu bojo uma catequese: recebemos a luz (vela acesa) que nos faz Filhos de Deus, que nos faz criaturas iluminadas, com a missão de iluminar.
Ao nascer uma criança dizemos que a «mãe deu à luz uma criança»; isto é: a mãe dá de presente uma criança para a luz do mundo. Com o Batismo pais e padrinhos dão à luz um filho da Igreja. Nele, esta luz não é criada, é a nova luz, a luz que brota da Ressurreição, do túmulo de Cristo. A Igreja acolhe em seu seio, como Mãe, os novos filhos que pelo Batismo são dados à luz da fé. Da mesma forma que após o nascimento uma criança recebe todos os cuidados necessários, no Batismo, pais e padrinhos cuidam por zelar também por ela,para que de fato a Luz recebida no Batismo não seja escondida ou ocultada, mas pelo contrario, seja intensificada, divulgada e anunciada.
Não podemos agir, portanto, como se ignorássemos essas grandezas; não podemos nos esconder da própria luz que nos foi dada no dia de nosso Batismo. Semelhantemente, a prática deve confirmar a nossa adesão ao Cristo e não contrariar o que professamos em público.
O Cego, após o milagre, professou sua fé no Senhor, menosprezando o medo e as conseqüências que disto podia lhe advir.
Somente Cristo consegue lançar luz sobre as trevas. Renunciá-lo significa preferir a escuridão à Luz; luz esta que ilumina a todos e a tudo.
O Senhor abre também nossos olhos e nos ensina a ver nos sofrimentos, nas dores, na morte e nas dificuldades a presença de Jesus sofredor e não a sua completa ausência ou abandono que, as vezes, somos tentados a supor.
A terra e a saliva ainda são necessárias para que a Luz resplandeça e ilumine o mundo; e para que o mundo creia e professe que Jesus é o Senhor, o Messias prometido aos nossos pais desde os tempos mais antigos.
(*) Oração do Sábado Santo
Padre Paulo
Site: Ecclesia Brasil

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