SANTA
TEOFANIA DO NOSSO DEUS E SALVADOR JESUS CRISTO
06 DE JANEIRO
Esta
palavra significa: "manifestação" ou "aparição de Deus."
Várias passagens do Antigo e do Novo Testamento nos dizem que Deus é invisível,
inacessível para os seres criados. Outras, de fato, nos recomendam procurar a
face de Deus. Nós devemos aceitar juntas estas duas verdades aparentemente
contraditórias e lembrarmo-nos do texto evangélico que diz que só se conhece o
Pai através do Filho "e aquele a quem o Filho O quiser revelar" (Mat.
11:27).
A vida em Igreja, com suas festas e seus textos litúrgicos, nos
ajudam nesse caminho. De fato, Teofania, que significa manifestação de Deus, e
o nome da grande festa do Batismo do Senhor, celebrada a 6 de Janeiro. Este
Batismo de Jesus não é somente Sua manifestação no mundo como Cristo, como
Filho de Deus. Ele é também "Teofania," pois revela o mistério da
Trindade,* Pai, Filho e Espírito Santo.
"Aquele que tem ele só, a imortalidade e habita na luz
inacessível," como diz São Paulo (1 Tim 6:16), é a glória na qual Deus
apareceu aos justos do Antigo Testamento, é a luz eterna que, penetrando a
humanidade de Cristo, tornou visível aos apóstolos Sua divindade por ocasião da
Transfiguração, esta indizível Teofania.
Nós encontramos no Antigo Testamento numerosas
"Teofanias." E frequentemente coma aparição de um anjo que Deus Se
põe a serviço do homem (Gên. 16:7-14); 18). Deus permanece invisível, porém Sua
presença é assinalada, como no episódio do combate de Jacó com Deus (Gên
32:23-33). Para Moisés, foi de início sob o aspecto da sarça ardente (Êxo.
3:1-7) que Deus se manifestou antes de Se revelar "de costas" sobre o
Monte Sinai (Êx. 33:18-23). A presença de Deus Se manifestou a Elias como uma
"voz mansa e delicada" (1Reis 19:12).
Santa
Teofania do Nosso Senhor Jesus Cristo
CONSAGRAÇÃO
DAS ÁGUAS NAS DIVINAS LITURGIAS DOMINGO DIA 07 ÁS 09:00 E ÁS 19:00 HORAS E NO SÁBADO DIA 06
ÁS 19:00 HORAS.
ORAÇÃO
DA LITURGIA DAS HORAS 30 MINUTOS ANTES DE CADA CELEBRAÇÃO.
É UMA RICA OPORTUNIDADE PARA CADA UM QUE AO TOMAR CIÊNCIA DA GRAÇA DO SEU BATISMO DESCOBRIR A DATA DE SEU BATISMO E CELEBRAR COM TODA ALEGRIA TÃO GRANDE NASCIMENTO.
Tanto os fiéis de tradição constantinopolitana
como os de tradição romana conservaram, para o dia 6 de janeiro, uma festa
cristológica muito antiga, a primeira em que se sintetizavam todos os mistérios
do Senhor ao manifestar-se ao mundo. Mas quando no século IV, a data do nascimento
do Senhor foi colocada no dia 25 de dezembro, por iniciativa romana, e logo em
seguida aceita também pelos orientais, o conteúdo da festa do 6 de janeiro
se diversificou. Para os católicos latinos e o dia 6 de janeiro é o dia da
Epifania, a manifestação de Cristo "luz das nações" considerada a
partir da vinda dos Reis Magos em Belém. Esse evento, para os cristãos
bizantinos, está incluído na comemoração global do dia 25 de dezembro. Ao passo
que no dia 6 de janeiro eles celebram a "Santa Teofania" do Deus que
se encarnou. É a segunda manifestação do Salvador, no início de sua vida
pública, por ocasião do seu batismo no rio Jordão, que se deu num contexto
trinitário, em que Deus Pai fez ouvir sua voz e o Espírito Santo apareceu em
forma de pomba.
Era um dia em que os
catecúmenos recebiam solenemente o batismo, como na Páscoa. Os textos
litúrgicos da festa da Teofania resumem bem os mistérios fundamentais da fé
cristã: encarnação do Verbo, com muitas alusões ao nascimento, e a unidade de
Deus na Trindade. Os textos do "próprio" são abundantes, também
porque a pré-festa começa no dia 2 de janeiro e a pós-festa prolonga-se até o
dia 14 do mesmo mês. O tropárío principal, por isso o
mais repetido, assim reza:
"Em vosso batismo no
Jordão, Senhor, foi manifestada a adoração da Trindade; pois a voz do Pai te
testemunhou ao chamar-te Filho bem-amado; e o Espírito, em forma de pomba,
confirmou a verdade dessa palavra. ó Vós, que manifestastes e iluminastes o
mundo, Cristo Deus, glória a Vós!"
O kontákion da
festa, também ele muito repetido, é de Romanós, o Melode.
"Hoje, Senhor, vos
manifestastes ao universo, e vossa luz brilhou sobre nós; reconhecendo-vos, a
Vós cantamos: viestes, aparecestes, o luz inacessível!"
A manifestação, a "teofania,"
ocorreu nas águas do Jordão na hora em que Cristo foi batizado; é o que
confirma também o ícone da festa, no qual vemos Cristo Jesus, despido das
vestes habituais, imerso na água. À sua direita vemos João Batista,
humildemente curvado, que por obediência lhe dá o batismo. A cena de fundo
mostra um deserto estilizado com uma amostra de vegetação.
Do lado oposto estão uns
anjos, atônitos, considerando o admirável evento. Suas mãos estão encobertas
pelas extremidades dos mantos, sinal de respeito habitual, nesse caso também
sinal de disponibilidade em servi-lo quando sair das águas. No alto do ícone,
além do nome "Teofania do nosso Salvador Jesus Cristo," escrito em
caracteres abreviados, notamos um semicírculo que indica os céus abertos e
do qual desce um raio que, após a figura da pomba, torna-se tríplice, clara
alusão à Trindade. No nimbo cruciforme do Cristo notam-se as três letras gregas
significando "Aquele que é."
Voltemos aos textos
litúrgicos nos quais encontramos a explicação da festa. Num dos textos das
Vésperas, São João Damasceno (†749) afirma:
"Querendo salvar o
homem perdido, Senhor Deus, não desdenhaste assumir a forma de um escravo, pois
a ti convinha assumir a nossa natureza em nosso favor. De fato, enquanto eras
batizado na carne, ó Libertador, nos tornavas dignos do perdão. A vós clamamos,
pois: Benfeitor, Cristo nosso Deus! Glória a vós!"
São Cosme de Maiúma (†760). no Cânon
matutino explica:
"O Senhor que tira a
impureza dos homens, purificando-se por eles no Jordão, fez-se
voluntariamente semelhante a eles, permanecendo contudo o que era; e ilumina os
que estão nas trevas, porque recobriu-se de glória."
E evoca o ensinamento
profético:
"Isaías proclama:
Lavai-vos, purificai-vos, despojai-vos da vossa malícia perante o Senhor; vós
que tendes sede aproximai-vos da água viva. Cristo de fato vos asperge com a
água renovando os que se aproximam com fé, e batiza no Espírito para a vida
eterna."
Por fim, nas Laudes, assim
se expressa o Patriarca Germano (†733):
"Luz da luz, Cristo
nosso Deus, resplandece ao mundo; Deus se manifesta, povos, adoremo-lo."
"Ao ser batizado no Jordão, Salvador nosso, santificaste as águas,
aceitando a imposição das mãos de um servo, e sanaste as paixões do mundo.
Grande é o mistério da tua 'economia'! Senhor, amigo dos homens, glória a vós!"
"A verdadeira luz apareceu e a todos ilumina. Cristo, superior a toda
pureza, é batizado conosco; infunde a santidade na água que se torna
purificação para as nossas almas. Tudo o que vemos é terrestre, tudo o que
contemplamos é mais sublime que os céus. Mediante a ablução vem a salvação,
mediante a água vem o Espírito, mediante a descida na água vem a nossa subida a
Deus. Admiráveis são vossas obras, Senhor! Glória a Vós!"
Uma cerimônia muito antiga,
a bênção da água, caracteriza a festa do dia 6 de janeiro. Após o ofício das
Vésperas, ou depois da Liturgia eucarística, celebrantes e fiéis dirigem-se a
um curso de água, uma fonte, ou então a uma bacia de água colocada no meio da
igreja, enquanto o coro canta:
"A voz do Senhor
ecoa sobre as águas dizendo: Vinde, recebei todos do Cristo que se manifestou:
o Espírito de sabedoria, o Espírito de inteligência, o Espírito do temor de
Deus"
e acrescenta o tropárío da
festa (já apresentado na p. 49). Seguem as leituras bíblicas, entre as quais
Mc. 1:9-11, uma longa prece litânica, na qual se pede também para que a água
sirva para a "cura da alma e do corpo."
O sacerdote acrescenta uma antiga e longa
oração e mergulha por três vezes a cruz na água dizendo:
"Vós mesmo, Senhor,
santifica agora esta água com o vosso Santo Espírito. Concedei a todos aqueles
que a usam a santificação, a bênção, a purificação e a salvação."
A água é bebida em parte pelo povo e, com
ela, o sacerdote asperge os fiéis e suas casas. Aqui não se trata da bênção da
água para o batismo, embora se encontrem referências bíblicas comuns.
O tema do Cristo, luz do
mundo, que insistentemente aparece nos textos litúrgicos da festa, explica o
porquê da denominação "Festa das luzes" dado às vezes a essa
solenidade. Nela vibra também um sentido cósmico: "Hoje resplandece toda a
criação..." "as criaturas celestes fazem festa unidas às
terrestres..." e o convite se estende até nós, para que possamos
"tomar parte na alegria do mundo" redimido e iluminado pelo
nosso Senhor Jesus Cristo.
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California 90068
Editor: Bishop Alexander (Mileant)