PEREGRINAÇÃO NA TERRA SANTA E TURQUIA
Em Jerusalém, visita a Igreja do Túmulo vazio da Mãe de Deus
No Cenáculo: local da Ceia Mística e Pentecostes
Em Belém: Gruta Natividade e Gruta do Leite
VISITA A GRUTA DA ANUNCIAÇÃO EM NAZARÉ E NA CASA DE SÃO JOSÉ
EM CANÁ DA GALILÉIA OS CASAIS FIZERAM A RENOVAÇÃO DO MATRIMÔNIO
SANTA MISSA NO MONTE TABOR
FREI ALBERTO, BRASILEIRO FRANCISCANO QUE TRABALHA NA BASÍLICA DO MONTE TABOR
VISITA A CAPELA DA ASCENSÃO ONDE ESTA A PEDRA COM AS MARCAS SOS PÉS DE NOSSO SENHOR
ESSE BICHANO FIGURA NAS FOTOS DA PEREGRINAÇÃO DO ANO PASSADO...ESTAVA MAIS NUTRIDO...
NAS GRUTAS DO PATER NOSTER
VISTA DE JERUSALÉM DESDE O DOMUS FLEVITI ONDE ACONTECEU A SANTA MISSA
VISITA A CIDADE DE JOPE ATOS DOS APÓSTOLOS CAP. 9,35SS
NOSSO MARAVILHOSO GUIA MOSHE (MOISÉS)
PORTO DE JOPE, JONAS 1,3
SANTA MISSA NO MONTE CARMELO
EMOCIONANTE ENCONTRO NA CIDADE DE EILABOUN DO ARQUIMANDRITA JOÃO COM DOM PIERRE MOUALLEM, ARCEBISPO EMÉRITO DE HAIFA E GALILÉIA QUE ORDENOU DIÁCONO E SACERDOTE O ARQUIMANDRITA JOÃO EM 1994
DOM PIERRE É NETO E FILHO DE PADRES DA NOSSA IGREJA PATRIACAL GRECO MELQUITA CATÓLICA
DOM PIERRE CAMINHANDO EM DIREÇÃO A IGREJA ONDE SEU AVÔ E SEU PAI FORAM SACERDOTES, ONDE ELE FOI BATIZADO
SOB O ALTAR A COMUNIDADE PREPAROU UM TÚMULO PARA SEU ILUSTRE FILHO
SANTA MISSA REALIZADA NO BARCO DURANTE A TRAVESSIA DO MAR DA GALILÉIA
CRISTO RESSUSCITOU!!!
13 DE MAIO
"CAMINHADA COM MARIA"
Evento realizado em nossa Paróquia: Oração do Terço
na Praça e Divina Liturgia.
Evento realizado pelas "EQUIPES DE NOSSA
SENHORA"
Movimento de Espiritualidade Conjugal
DE
14 A 29 DE MAIO
ESTAREMOS EM PEREGRINAÇÃO NA TERRA SANTA E TURQUIA
COM A CELEBRAÇÃO DA SANTA MISSA PELO ARQUIMANDRITA JOÃO NOS SEGUINTES LUGARES:
Monte Tabor
Monte Carmelo
Durante a travessia no Lago da Galiléia
Domus Flevit- Jerusalém
Santo Sepulcro-Jerusalém
Casa de Nossa Senhora em Éfeso-Turquia
Na Igreja de São Jorge nas grutas da Capadócia-Turquia
NESTA QUARTA FEIRA DIA 29 DE ABRIL ACONTECEU EM NOSSA SEDE EPARQUIAL NA CATEDRAL NOSSA SENHORA DO PARAÍSO EM SÃO PAULO-SP A PRIMEIRA REUNIÃO DO NOSSO CLERO GRECO MELQUITA CATÓLICO NO BRASIL COM O NOVO EPARCA DOM JOSEPH GEBARA
O ENCONTRO QUE TRANSCORREU NUM CLIMA DE FRATERNIDADE E CELEBRAÇÃO FOI CONCLUÍDO COM A DIVINA LITURGIA E ALMOÇO.
PRESIDIDO PELO NOSSO BISPO DOM JOSÉ ESTAVAM PRESENTES: O NOSSO VIGÁRIO GERAL ARQUIMANDRITA JOAQUIM, OS PÁROCOS DA CATEDRAL PE. ZIAD E PE SOUHAIL. ARQUIMANDRITA PHILIPE (FORTALEZA-CE), ARQUIMANDRITA JOÃO (JUIZ DE FORA-MG), PE. DIMITRIUS (TAUBATÉ-SP), PE. NECTARIOS (LINS-SP), PE. GEORGES MASIH (BELO HORIZONTE-MG), PE. FLÁVIO (COM. PATER NOSTER), DIÁCONOS TANUS NEMER E ANTONIO CARLOS (SÃO PAULO-SP). A ÚNICA AUSÊNCIA SENTIDA FOI DO ARQUIMANDRITA JORGE (RIO DE JANEIRO-RJ)
PRESIDIDO PELO NOSSO BISPO DOM JOSÉ ESTAVAM PRESENTES: O NOSSO VIGÁRIO GERAL ARQUIMANDRITA JOAQUIM, OS PÁROCOS DA CATEDRAL PE. ZIAD E PE SOUHAIL. ARQUIMANDRITA PHILIPE (FORTALEZA-CE), ARQUIMANDRITA JOÃO (JUIZ DE FORA-MG), PE. DIMITRIUS (TAUBATÉ-SP), PE. NECTARIOS (LINS-SP), PE. GEORGES MASIH (BELO HORIZONTE-MG), PE. FLÁVIO (COM. PATER NOSTER), DIÁCONOS TANUS NEMER E ANTONIO CARLOS (SÃO PAULO-SP). A ÚNICA AUSÊNCIA SENTIDA FOI DO ARQUIMANDRITA JORGE (RIO DE JANEIRO-RJ)
A fiel Jerusalém
canta um hino triunfal,
celebrando, jubilosa,
Jesus Cristo, a Luz pascal.
A serpente é esmagada
pelo Cristo, leão forte,
que ressurge e chama à vida
os cativos pela morte.
Ele vence, refulgindo
de grandeza e majestade.
Ele faz de céus e terra
uma pátria de unidade.
Nosso canto suplicante
pede ao Rei ressuscitado
que receba no seu Reino
o seu povo consagrado.
Ó Jesus, do vosso povo
sede o júbilo pascal.
Dai aos novos pela graça
a vitória triunfal.
Glória a vós, Jesus invicto,
sobre a morte triunfante.
Com o Pai e o Santo Espírito
sois luz nova e radiante.
canta um hino triunfal,
celebrando, jubilosa,
Jesus Cristo, a Luz pascal.
A serpente é esmagada
pelo Cristo, leão forte,
que ressurge e chama à vida
os cativos pela morte.
Ele vence, refulgindo
de grandeza e majestade.
Ele faz de céus e terra
uma pátria de unidade.
Nosso canto suplicante
pede ao Rei ressuscitado
que receba no seu Reino
o seu povo consagrado.
Ó Jesus, do vosso povo
sede o júbilo pascal.
Dai aos novos pela graça
a vitória triunfal.
Glória a vós, Jesus invicto,
sobre a morte triunfante.
Com o Pai e o Santo Espírito
sois luz nova e radiante.
DIA 23 DE ABRIL
FESTA DO NOSSO PADROEIRO O GLORIOSO
MÁRTIR SÃO JORGE
Missas ás 07:00 - 09:00- 10:00 - 12:00 - 13:00 - 15:00 - 17:00 e 19:00 horas
Feliz Aniversário!!!
S.S. o Papa Emérito Bento XVI celebra hoje dia 16 de abril 88 anos do seu natalício.
Dia 12 de abril- Domingo de São Tomé
Ó Cristo Deus,
Tomé pôs sua mão incrédula
no vosso lado que
dá a vida, pois, quando entrastes, estando as portas fechadas, ele aclamou com
os outros discípulos: És meu senhor e meu Deus!
Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da
Misericórdia
Misericordiae Vultus
Bula de Proclamação do Jubileu
Extraordinário da Misericórdia
Francisco
Bispo de Roma
Servo dos Servos de Deus
A quantos lerem esta carta
graça, misericórdia e paz
1. Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O
mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese. Tal
misericórdia tornou-se viva, visível e atingiu o seu clímax em Jesus de Nazaré.
O Pai, « rico em misericórdia » (Ef 2, 4), depois de ter revelado o
seu nome a Moisés como « Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio
de bondade e fidelidade » (Ex 34, 6), não cessou de dar a conhecer, de vários modos e em muitos
momentos da história, a sua natureza divina. Na « plenitude do tempo » (Gl 4, 4), quando tudo estava pronto segundo o seu plano de salvação, mandou
o seu Filho, nascido da Virgem Maria, para nos revelar, de modo definitivo, o
seu amor. Quem O vê, vê o Pai (cf. Jo14, 9). Com a sua palavra, os
seus gestos e toda a sua pessoa,[1]Jesus de
Nazaré revela a misericórdia de Deus.
2. Precisamos sempre de contemplar o mistério da
misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa
salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima
Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso
encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa,
quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida.
Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à
esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado.
3. Há momentos em que somos chamados, de maneira
ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós
mesmos sinal eficaz do agir do Pai. Foi por isso que proclamei um Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo favorável para a Igreja, a fim de se tornar mais forte e
eficaz o testemunho dos crentes.
O Ano Santo abrir-se-á no dia 8 de Dezembro de
2015, solenidade da Imaculada Conceição. Esta festa litúrgica indica o modo de
agir de Deus desde os primórdios da nossa história. Depois do pecado de Adão e
Eva, Deus não quis deixar a humanidade sozinha e à mercê do mal. Por isso,
pensou e quis Maria santa e imaculada no amor (cf. Ef 1, 4), para que Se tornasse a Mãe do Redentor do homem. Perante a
gravidade do pecado, Deus responde com a plenitude do perdão. A misericórdia
será sempre maior do que qualquer pecado, e ninguém pode colocar um limite ao
amor de Deus que perdoa. Na festa da Imaculada Conceição, terei a alegria de
abrir a Porta Santa. Será então uma Porta da Misericórdia, onde
qualquer pessoa que entre poderá experimentar o amor de Deus que consola,
perdoa e dá esperança.
No domingo seguinte, o Terceiro Domingo de Advento,
abrir-se-á a Porta Santa na Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão.
E em seguida será aberta a Porta Santa nas outras Basílicas Papais. Estabeleço
que no mesmo domingo, em cada Igreja particular – na Catedral, que é a
Igreja-Mãe para todos os fiéis, ou na Concatedral ou então numa Igreja de
significado especial – se abra igualmente, durante todo o Ano Santo, uma Porta da Misericórdia. Por opção do Ordinário, a mesma poderá ser aberta também nos
Santuários, meta de muitos peregrinos que frequentemente, nestes lugares
sagrados, se sentem tocados no coração pela graça e encontram o caminho da
conversão. Assim, cada Igreja particular estará diretamente envolvida na
vivência deste Ano Santo como um momento extraordinário de graça e renovação
espiritual. Portanto o Jubileu será celebrado, quer em Roma quer nas Igrejas
particulares, como sinal visível da comunhão da Igreja inteira.
4. Escolhi a data de 8 de Dezembro, porque é cheia
de significado na história recente da Igreja. Com efeito, abrirei a Porta Santa
no cinquentenário da conclusão do Concílio Ecuménico Vaticano II. A Igreja
sente a necessidade de manter vivo aquele acontecimento. Começava então, para
ela, um percurso novo da sua história. Os Padres, reunidos no Concílio, tinham
sentido forte, como um verdadeiro sopro do Espírito, a exigência de falar de
Deus aos homens do seu tempo de modo mais compreensível. Derrubadas as muralhas
que, por demasiado tempo, tinham encerrado a Igreja numa cidadela privilegiada,
chegara o tempo de anunciar o Evangelho de maneira nova. Uma nova etapa na evangelização
de sempre. Um novo compromisso para todos os cristãos de testemunharem, com
mais entusiasmo e convicção, a sua fé. A Igreja sentia a responsabilidade de
ser, no mundo, o sinal vivo do amor do Pai.
Voltam à mente aquelas palavras, cheias de significado,
que São João XXIII pronunciou na abertura do Concílio para indicar a senda a
seguir: « Nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da
misericórdia que o da severidade. (…) A Igreja Católica, levantando por meio
deste Concílio Ecuménico o facho da verdade religiosa, deseja mostrar-se mãe
amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade com os
filhos dela separados ».[2] E, no
mesmo horizonte, havia de colocar-se o Beato Paulo VI, que assim falou na
conclusão do Concílio: « Desejamos notar que a religião do nosso Concílio foi,
antes de mais, a caridade. (...) Aquela antiga história do bom samaritano foi
exemplo e norma segundo os quais se orientou o nosso Concílio. (…) Uma corrente
de interesse e admiração saiu do Concílio sobre o mundo atual. Rejeitaram-se
os erros, como a própria caridade e verdade exigiam, mas os homens,
salvaguardado sempre o preceito do respeito e do amor, foram apenas advertidos
do erro. Assim se fez, para que, em vez de diagnósticos desalentadores, se
dessem remédios cheios de esperança; para que o Concílio falasse ao mundo
actual não com presságios funestos mas com mensagens de esperança e palavras de
confiança. Não só respeitou mas também honrou os valores humanos, apoiou todas
as suas iniciativas e, depois de os purificar, aprovou todos os seus esforços.
(…) Uma outra coisa, julgamos digna de consideração. Toda esta riqueza
doutrinal orienta-se apenas a isto: servir o homem, em todas as circunstâncias
da sua vida, em todas as suas fraquezas, em todas as suas necessidades ».[3]
Com estes sentimentos de gratidão pelo que a Igreja
recebeu e de responsabilidade quanto à tarefa que nos espera, atravessaremos a
Porta Santa com plena confiança de ser acompanhados pela força do Senhor
Ressuscitado, que continua a sustentar a nossa peregrinação. O Espírito Santo,
que conduz os passos dos crentes de forma a cooperarem para a obra de salvação
realizada por Cristo, seja guia e apoio do povo de Deus a fim de o ajudar a
contemplar o rosto da misericórdia. [4]
5. O Ano Jubilar terminará na solenidade litúrgica
de Jesus Cristo, Rei do Universo, 20 de Novembro de 2016. Naquele dia, ao
fechar a Porta Santa, animar-nos-ão, antes de tudo, sentimentos de gratidão e
agradecimento à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo
extraordinário de graça. Confiaremos a vida da Igreja, a humanidade inteira e o
universo imenso à Realeza de Cristo, para que derrame a sua misericórdia, como
o orvalho da manhã, para a construção duma história fecunda com o compromisso
de todos no futuro próximo. Quanto desejo que os anos futuros sejam permeados
de misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas levando-lhes a bondade
e a ternura de Deus! A todos, crentes e afastados, possa chegar o bálsamo da
misericórdia como sinal do Reino de Deus já presente no meio de nós.
6. « É próprio de Deus usar de misericórdia e,
nisto, se manifesta de modo especial a sua omnipotência ».[5] Estas
palavras de São Tomás de Aquino mostram como a misericórdia divina não seja, de
modo algum, um sinal de fraqueza, mas antes a qualidade da omnipotência de
Deus. É por isso que a liturgia, numa das suas colectas mais antigas, convida a
rezar assim: « Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e
Vos compadeceis…»[6] Deus
permanecerá para sempre na história da humanidade como Aquele que está
presente, Aquele que é próximo, providente, santo e misericordioso.
« Paciente e misericordioso » é o binómio que
aparece, frequentemente, no Antigo Testamento para descrever a natureza de
Deus. O facto de Ele ser misericordioso encontra um reflexo concreto em muitas
ações da história da salvação, onde a sua bondade prevalece sobre o castigo e
a destruição. Os Salmos, em particular, fazem sobressair esta grandeza do agir
divino: « É Ele quem perdoa as tuas culpas e cura todas as tuas enfermidades. É
Ele quem resgata a tua vida do túmulo e te enche de graça e ternura » (103/102,
3-4). E outro Salmo atesta, de forma ainda mais explícita, os sinais concretos
da misericórdia: « O Senhor liberta os prisioneiros. O Senhor dá vista aos
cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama o homem justo. O Senhor
protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva, mas entrava
o caminho aos pecadores » (146/145, 7-9). E, para terminar, aqui estão outras
expressões do Salmista: « [O Senhor] cura os de coração atribulado e trata-lhes
as feridas. (...) O Senhor ampara os humildes, mas abate os malfeitores até ao
chão » (147/146, 3.6). Em suma, a misericórdia de Deus não é uma ideia
abstracta mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de
um pai e de uma mãe que se comovem pelo próprio filho até ao mais íntimo das
suas vísceras. É verdadeiramente caso para dizer que se trata de um amor «
visceral ». Provém do íntimo como um sentimento profundo, natural, feito de
ternura e compaixão, de indulgência e perdão.
7. « Eterna é a sua misericórdia »: tal é o refrão
que aparece em cada versículo do Salmo 136, ao mesmo tempo que se narra a
história da revelação de Deus. Em virtude da misericórdia, todos os acontecimentos
do Antigo Testamento aparecem cheios dum valor salvífico profundo. A
misericórdia torna a história de Deus com Israel uma história da salvação. O
facto de repetir continuamente « eterna é a sua misericórdia », como faz o
Salmo, parece querer romper o círculo do espaço e do tempo para inserir tudo no
mistério eterno do amor. É como se se quisesse dizer que o homem, não só na
história mas também pela eternidade, estará sempre sob o olhar misericordioso
do Pai. Não é por acaso que o povo de Israel tenha querido inserir este Salmo –
o « grande hallel », como lhe chamam – nas festas litúrgicas mais importantes.
Antes da Paixão, Jesus rezou ao Pai com este Salmo
da misericórdia. Assim o atesta o evangelista Mateus quando afirma que « depois
de cantarem os salmos » (26, 30), Jesus e os discípulos saíram para o Monte das
Oliveiras. Enquanto instituía a Eucaristia, como memorial perpétuo d’Ele e da
sua Páscoa, Jesus colocava simbolicamente este ato supremo da Revelação sob a
luz da misericórdia. No mesmo horizonte da misericórdia, viveu Ele a sua paixão
e morte, ciente do grande mistério de amor que se realizaria na cruz. O facto
de saber que o próprio Jesus rezou com este Salmo torna-o, para nós cristãos,
ainda mais importante e compromete-nos a assumir o refrão na nossa oração de
louvor diária: « eterna é a sua misericórdia ».
8. Com o olhar fixo em Jesus e no seu rosto
misericordioso, podemos individuar o amor da Santíssima Trindade. A missão, que
Jesus recebeu do Pai, foi a de revelar o mistério do amor divino na sua
plenitude. « Deus é amor » (1 Jo 4, 8.16): afirma-o, pela primeira e única vez em toda a Escritura, o
evangelista João. Agora este amor tornou-se visível e palpável em toda a vida
de Jesus. A sua pessoa não é senão amor, um amor que se dá gratuitamente. O seu
relacionamento com as pessoas, que se abeiram d’Ele, manifesta algo de único e
irrepetível. Os sinais que realiza, sobretudo para com os pecadores, as pessoas
pobres, marginalizadas, doentes e atribuladas, decorrem sob o signo da misericórdia.
Tudo n’Ele fala de misericórdia. N’Ele, nada há que seja desprovido de
compaixão.
Vendo que a multidão de pessoas que O seguia estava
cansada e abatida, Jesus sentiu, no fundo do coração, uma intensa compaixão por
elas (cf. Mt 9, 36). Em virtude deste amor compassivo, curou os doentes que Lhe foram
apresentados (cf. Mt 14, 14) e, com poucos pães e peixes, saciou grandes multidões (cf. Mt 15, 37). Em todas as circunstâncias, o que movia Jesus era apenas a
misericórdia, com a qual lia no coração dos seus interlocutores e dava resposta
às necessidades mais autênticas que tinham. Quando encontrou a viúva de Naim
que levava o seu único filho a sepultar, sentiu grande compaixão pela dor
imensa daquela mãe em lágrimas e entregou-lhe de novo o filho, ressuscitando-o
da morte (cf. Lc 7, 15). Depois de ter libertado o endemoninhado de Gerasa, confia-lhe
esta missão: « Conta tudo o que o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de
ti » (Mc 5, 19). A própria vocação de Mateus se insere no horizonte da
misericórdia. Ao passar diante do posto de cobrança dos impostos, os olhos de
Jesus fixaram-se nos de Mateus. Era um olhar cheio de misericórdia que perdoava
os pecados daquele homem e, vencendo as resistências dos outros discípulos,
escolheu-o, a ele pecador e publicano, para se tornar um dos Doze. São Beda o
Venerável, ao comentar esta cena do Evangelho, escreveu que Jesus olhou Mateus
com amor misericordioso e escolheu-o: miserando atque eligendo.[7] Sempre me
causou impressão esta frase, a ponto de a tomar para meu lema.
9. Nas parábolas dedicadas à misericórdia, Jesus
revela a natureza de Deus como a dum Pai que nunca se dá por vencido enquanto
não tiver dissolvido o pecado e superada a recusa com a compaixão e a
misericórdia. Conhecemos estas parábolas, três em especial: as da ovelha
extraviada e da moeda perdida, e a do pai com os seus dois filhos (cf. Lc 15, 1-32). Nestas parábolas, Deus é apresentado sempre cheio de alegria,
sobretudo quando perdoa. Nelas, encontramos o núcleo do Evangelho e da nossa fé,
porque a misericórdia é apresentada como a força que tudo vence, enche o
coração de amor e consola com o perdão.
Temos depois outra parábola da qual tiramos uma
lição para o nosso estilo de vida cristã. Interpelado pela pergunta de Pedro
sobre quantas vezes fosse necessário perdoar, Jesus respondeu: « Não te digo
até sete vezes, mas até setenta vezes sete » (Mt 18, 22) e contou a parábola do «
servo sem compaixão ». Este, convidado pelo senhor a devolver uma grande
quantia, suplica-lhe de joelhos e o senhor perdoa-lhe a dívida. Mas,
imediatamente depois, encontra outro servo como ele, que lhe devia poucos
centésimos; este suplica-lhe de joelhos que tenha piedade, mas aquele recusa-se
e fá-lo meter na prisão. Então o senhor, tendo sabido do facto, zanga-se muito
e, convocando aquele servo, diz-lhe: « Não devias também ter piedade do teu
companheiro, como eu tive de ti? » (Mt 18, 33). E Jesus concluiu: «
Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar ao seu
irmão do íntimo do coração » (Mt 18, 35).
A parábola contém um ensinamento profundo para cada
um de nós. Jesus declara que a misericórdia não é apenas o agir do Pai, mas
torna-se o critério para individuar quem são os seus verdadeiros filhos. Em
suma, somos chamados a viver de misericórdia, porque, primeiro, foi usada
misericórdia para connosco. O perdão das ofensas torna-se a expressão mais
evidente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que
não podemos prescindir. Tantas vezes, como parece difícil perdoar! E, no
entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para
alcançar a serenidade do coração. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a
violência e a vingança são condições necessárias para se viver feliz.
Acolhamos, pois, a exortação do Apóstolo: « Que o sol não se ponha sobre o
vosso ressentimento » (Ef 4, 26). E sobretudo escutemos a palavra de Jesus que colocou a
misericórdia como um ideal de vida e como critério de credibilidade para a
nossa fé: « Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia » (Mt 5, 7) é a bem-aventurança a que devemos inspirar-nos, com particular
empenho, neste Ano Santo.
Na Sagrada Escritura, como se vê, a misericórdia é
a palavra-chave para indicar o agir de Deus para connosco. Ele não Se limita a
afirmar o seu amor, mas torna-o visível e palpável. Aliás, o amor nunca poderia
ser uma palavra abstrata. Por sua própria natureza, é vida concreta:
intenções, atitudes, comportamentos que se verificam na atividade de todos os
dias. A misericórdia de Deus é a sua responsabilidade por nós. Ele sente-Se
responsável, isto é, deseja o nosso bem e quer ver-nos felizes, cheios de
alegria e serenos. E, em sintonia com isto, se deve orientar o amor
misericordioso dos cristãos. Tal como ama o Pai, assim também amam os filhos.
Tal como Ele é misericordioso, assim somos chamados também nós a ser
misericordiosos uns para com os outros.
10. A arquitrave que suporta a vida da Igreja é a
misericórdia. Toda a sua ação pastoral deveria estar envolvida pela ternura
com que se dirige aos crentes; no anúncio e testemunho que oferece ao mundo,
nada pode ser desprovido de misericórdia. A credibilidade da Igreja passa pela
estrada do amor misericordioso e compassivo. A Igreja « vive um desejo
inexaurível de oferecer misericórdia ».[8] Talvez,
demasiado tempo, nos tenhamos esquecido de apontar e viver o caminho da
misericórdia. Por um lado, a tentação de pretender sempre e só a justiça fez
esquecer que esta é apenas o primeiro passo, necessário e indispensável, mas a
Igreja precisa de ir mais além a fim de alcançar uma meta mais alta e
significativa. Por outro lado, é triste ver como a experiência do perdão na
nossa cultura vai rareando cada vez mais. Em certos momentos, até a própria
palavra parece desaparecer. Todavia, sem o testemunho do perdão, resta apenas
uma vida infecunda e estéril, como se se vivesse num deserto desolador. Chegou
de novo, para a Igreja, o tempo de assumir o anúncio jubiloso do perdão. É o
tempo de regresso ao essencial, para cuidar das fraquezas e dificuldades dos
nossos irmãos. O perdão é uma força que ressuscita para nova vida e infunde a
coragem para olhar o futuro com esperança.
11. Não podemos esquecer o grande ensinamento que
ofereceu São João Paulo II com a sua segunda encíclica, a Dives in misericordia, que então surgiu inesperada suscitando a surpresa de muitos pelo tema
que era abordado. Desejo recordar especialmente dois trechos. No primeiro
deles, o Santo Papa assinalava o esquecimento em que caíra o tema da
misericórdia na cultura dos nossos dias: « A mentalidade contemporânea, talvez
mais que a do homem do passado, parece opor-se ao Deus de misericórdia e, além
disso, tende a separar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia da
misericórdia. A palavra e o conceito de misericórdia parecem causar mal-estar
ao homem, o qual, graças ao enorme desenvolvimento da ciência e da técnica
nunca antes verificado na história, se tornou senhor da terra, a subjugou e a
dominou (cf. Gn 1, 28). Um tal domínio sobre a terra, entendido por vezes unilateral e
superficialmente, parece não deixar espaço para a misericórdia. (...) Por esse
motivo, na hodierna situação da Igreja e do mundo, muitos homens e muitos
ambientes guiados por um vivo sentido de fé, voltam-se quase espontaneamente,
por assim dizer, para a misericórdia de Deus ».[9]
Além disso, São João Paulo II motivava assim a
urgência de anunciar e testemunhar a misericórdia no mundo contemporâneo: « Ela
é ditada pelo amor para com o homem, para com tudo o que é humano e que,
segundo a intuição de grande parte dos contemporâneos, está ameaçado por um
perigo imenso. O próprio mistério de Cristo (...) obriga-me igualmente a
proclamar a misericórdia como amor misericordioso de Deus, revelada também no
mistério de Cristo. Ele me impele ainda a apelar para esta misericórdia e a
implorá-la nesta fase difícil e crítica da história da Igreja e do mundo ».[10] Tal
ensinamento é hoje mais atual do que nunca e merece ser retomado neste Ano
Santo. Acolhamos novamente as suas palavras: « A Igreja vive uma vida autêntica
quando professa e proclama a misericórdia, o mais admirável atributo do Criador
e do Redentor, e quando aproxima os homens das fontes da misericórdia do
Salvador, das quais ela é depositária e dispensadora ».[11]
12. A Igreja tem a missão de anunciar a
misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve
chegar ao coração e à mente de cada pessoa. A Esposa de Cristo assume o
comportamento do Filho de Deus, que vai ao encontro de todos sem excluir
ninguém. No nosso tempo, em que a Igreja está comprometida na nova
evangelização, o tema da misericórdia exige ser reproposto com novo entusiasmo
e uma acção pastoral renovada. É determinante para a Igreja e para a
credibilidade do seu anúncio que viva e testemunhe, ela mesma, a misericórdia.
A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e
desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar ao Pai, devem
irradiar misericórdia.
A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. E,
deste amor que vai até ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e
mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve
ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas
associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos –, qualquer pessoa
deve poder encontrar um oásis de misericórdia.
13. Queremos viver este Ano Jubilar à luz desta
palavra do Senhor: Misericordiosos
como o Pai. O evangelista refere o
ensinamento de Jesus, que diz: « Sede misericordiosos, como o vosso Pai é
misericordioso » (Lc 6, 36). É um programa de vida tão empenhativo como rico de alegria e
paz. O imperativo de Jesus é dirigido a quantos ouvem a sua voz (cf. Lc 6, 27). Portanto, para ser capazes de misericórdia, devemos primeiro
pôr-nos à escuta da Palavra de Deus. Isso significa recuperar o valor do
silêncio, para meditar a Palavra que nos é dirigida. Deste modo, é possível
contemplar a misericórdia de Deus e assumi-la como próprio estilo de vida.
14. A peregrinação é um sinal
peculiar no Ano Santo, enquanto ícone do caminho que cada pessoa realiza na sua
existência. A vida é uma peregrinação e o ser humano é viator, um
peregrino que percorre uma estrada até à meta anelada. Também para chegar à
Porta Santa, tanto em Roma como em cada um dos outros lugares, cada pessoa
deverá fazer, segundo as próprias forças, uma peregrinação. Esta será sinal de
que a própria misericórdia é uma meta a alcançar que exige empenho e
sacrifício. Por isso, a peregrinação há-de servir de estímulo à conversão: ao
atravessar a Porta Santa, deixar-nos-emos abraçar pela misericórdia de Deus e
comprometer-nos-emos a ser misericordiosos com os outros como o Pai o é
connosco.
O Senhor Jesus indica as etapas da peregrinação
através das quais é possível atingir esta meta: « Não julgueis e não sereis
julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será
lançada no vosso regaço. A medida que usardes com os outros será usada convosco
» (Lc 6, 37-38). Ele começa por dizer para não julgar nem condenar. Se uma
pessoa não quer incorrer no juízo de Deus, não pode tornar-se juiz do seu
irmão. É que os homens, no seu juízo, limitam-se a ler a superfície, enquanto o
Pai vê o íntimo. Que grande mal fazem as palavras, quando são movidas por
sentimentos de ciúme e inveja! Falar mal do irmão, na sua ausência, equivale a
deixá-lo mal visto, a comprometer a sua reputação e deixá-lo à mercê das
murmurações. Não julgar nem condenar significa, positivamente, saber individuar
o que há de bom em cada pessoa e não permitir que venha a sofrer pelo nosso
juízo parcial e a nossa pretensão de saber tudo. Mas isto ainda não é
suficiente para se exprimir a misericórdia. Jesus pede também para perdoar e dar. Ser instrumentos do perdão, porque primeiro o obtivemos nós de Deus.
Ser generosos para com todos, sabendo que também Deus derrama a sua
benevolência sobre nós com grande magnanimidade.
Misericordiosos como o Pai é, pois, o « lema » do Ano Santo. Na misericórdia, temos a prova de como
Deus ama. Ele dá tudo de Si mesmo, para sempre, gratuitamente e sem pedir nada
em troca. Vem em nosso auxílio, quando O invocamos. É significativo que a
oração diária da Igreja comece com estas palavras: « Deus, vinde em nosso
auxílio! Senhor, socorrei-nos e salvai-nos » (Sal 70/69, 2). O auxílio que
invocamos é já o primeiro passo da misericórdia de Deus para connosco. Ele vem
para nos salvar da condição de fraqueza em que vivemos. E a ajuda d’Ele
consiste em fazer-nos sentir a sua presença e proximidade. Dia após dia,
tocados pela sua compaixão, podemos também nós tornar-nos compassivos para com
todos.
15. Neste Ano Santo, poderemos fazer a experiência
de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais,
que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática. Quantas
situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual! Quantas
feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi
esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos. Neste
Jubileu, a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas,
aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las
com a solidariedade e a atenção devidas. Não nos deixemos cair na indiferença
que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a
novidade, no cinismo que destrói. Abramos os nossos olhos para ver as misérias
do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e
sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda. As nossas mãos apertem
as suas mãos e estreitemo-los a nós para que sintam o calor da nossa presença,
da amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o nosso e, juntos,
possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente reina soberana
para esconder a hipocrisia e o egoísmo.
Não podemos escapar às palavras do Senhor, com base
nas quais seremos julgados: se demos de comer a quem tem fome e de beber a quem
tem sede; se acolhemos o estrangeiro e vestimos quem está nu; se reservamos
tempo para visitar quem está doente e preso (cf. Mt 25, 31-45). De igual modo
ser-nos-á perguntado se ajudamos a tirar da dúvida, que faz cair no medo e
muitas vezes é fonte de solidão; se fomos capazes de vencer a ignorância em que
vivem milhões de pessoas, sobretudo as crianças desprovidas da ajuda necessária
para se resgatarem da pobreza; se nos detivemos junto de quem está sozinho e
aflito; se perdoamos a quem nos ofende e rejeitamos todas as formas de
ressentimento e ódio que levam à violência; se tivemos paciência, a exemplo de
Deus que é tão paciente connosco; enfim se, na oração, confiamos ao Senhor os
nossos irmãos e irmãs. Em cada um destes « mais pequeninos », está presente o
próprio Cristo. A sua carne torna-se de novo visível como corpo martirizado,
chagado, flagelado, desnutrido, em fuga ... a fim de ser reconhecido, tocado e
assistido cuidadosamente por nós. Não esqueçamos as palavras de São João da
Cruz: « Ao entardecer desta vida, examinar-nos-ão no amor ».[12]
16. No Evangelho de Lucas, encontramos outro
aspecto importante para viver, com fé, o Jubileu. Conta o evangelista que Jesus
voltou a Nazaré e ao sábado, como era seu costume, entrou na sinagoga.
Chamaram-No para ler a Escritura e comentá-la. A passagem era aquela do profeta
Isaías onde está escrito: « O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o
Senhor me ungiu: enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os
desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos
prisioneiros; para proclamar um ano de misericórdia do Senhor » (61,1-2). « Um
ano de misericórdia »: isto é o que o Senhor anuncia e que nós desejamos viver.
Este Ano Santo traz consigo a riqueza da missão de Jesus que ressoa nas palavras
do Profeta: levar uma palavra e um gesto de consolação aos pobres, anunciar a
libertação a quantos são prisioneiros das novas escravidões da sociedade
contemporânea, devolver a vista a quem já não consegue ver porque vive curvado
sobre si mesmo, e restituir dignidade àqueles que dela se viram privados. A
pregação de Jesus torna-se novamente visível nas respostas de fé que o
testemunho dos cristãos é chamado a dar. Acompanhem-nos as palavras do
Apóstolo: « Quem pratica a misericórdia, faça-o com alegria » (Rm 12, 8).
17. A Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais
intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de
Deus. Quantas páginas da Sagrada Escritura se podem meditar, nas semanas da
Quaresma, para redescobrir o rosto misericordioso do Pai! Com as palavras do
profeta Miqueias, podemos também nós repetir: Vós, Senhor, sois um Deus que
tira a iniquidade e perdoa o pecado, que não Se obstina na ira mas Se compraz
em usar de misericórdia. Vós, Senhor, voltareis para nós e tereis compaixão do
vosso povo. Apagareis as nossas iniquidades e lançareis ao fundo do mar todos
os nossos pecados (cf. 7, 18-19).
As páginas do profeta Isaías poderão ser meditadas,
de forma mais concreta, neste tempo de oração, jejum e caridade. « O jejum que
me agrada é este: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo
que levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de
opressão, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem
casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão. Então, a tua luz
surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. A tua
justiça irá à tua frente, e a glória do Senhor atrás de ti. Então invocarás o
Senhor e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: “Aqui estou!” Se retirares
da tua vida toda a opressão, o gesto ameaçador e o falar ofensivo, se
repartires o teu pão com o faminto e matares a fome ao pobre, a tua luz
brilhará na escuridão, e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia. O Senhor
te guiará constantemente, saciará a tua alma no árido deserto, dará vigor aos
teus ossos. Serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas
inesgotáveis » (58, 6-11).
A iniciativa « 24 horas para o Senhor », que
será celebrada na sexta-feira e no sábado anteriores ao IV Domingo da Quaresma,
deve ser incrementada nas dioceses. Há muitas pessoas – e, em grande número,
jovens – que estão a aproximar-se do sacramento da Reconciliação e que
frequentemente, nesta experiência, reencontram o caminho para voltar ao Senhor,
viver um momento de intensa oração e redescobrir o sentido da sua vida. Com
convicção, ponhamos novamente no centro o sacramento da Reconciliação, porque
permite tocar sensivelmente a grandeza da misericórdia. Será, para cada
penitente, fonte de verdadeira paz interior.
Não me cansarei jamais de insistir com os
confessores para que sejam um verdadeiro sinal da misericórdia do Pai. Ser
confessor não se improvisa. Tornamo-nos tal quando começamos, nós mesmos, por
nos fazer penitentes em busca do perdão. Nunca esqueçamos que ser confessor
significa participar da mesma missão de Jesus e ser sinal concreto da
continuidade de um amor divino que perdoa e salva. Cada um de nós recebeu o dom
do Espírito Santo para o perdão dos pecados; disto somos responsáveis. Nenhum
de nós é senhor do sacramento, mas apenas servo fiel do perdão de Deus. Cada
confessor deverá acolher os fiéis como o pai na parábola do filho pródigo: um
pai que corre ao encontro do filho, apesar de lhe ter dissipado os bens. Os
confessores são chamados a estreitar a si aquele filho arrependido que volta a
casa e a exprimir a alegria por o ter reencontrado. Não nos cansemos de ir
também ao encontro do outro filho, que ficou fora incapaz de se alegrar, para
lhe explicar que o seu juízo severo é injusto e sem sentido diante da
misericórdia do Pai que não tem limites. Não hão-de fazer perguntas
impertinentes, mas como o pai da parábola interromperão o discurso preparado
pelo filho pródigo, porque saberão individuar, no coração de cada penitente, a
invocação de ajuda e o pedido de perdão. Em suma, os confessores são chamados a
ser sempre e por todo o lado, em cada situação e apesar de tudo, o sinal do
primado da misericórdia.
18. Na Quaresma deste Ano Santo, é minha intenção
enviar os Missionários
da Misericórdia. Serão um sinal da solicitude
materna da Igreja pelo povo de Deus, para que entre em profundidade na riqueza
deste mistério tão fundamental para a fé. Serão sacerdotes a quem darei
autoridade de perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica, para que se
torne evidente a amplitude do seu mandato. Serão sobretudo sinal vivo de como o
Pai acolhe a todos aqueles que andam à procura do seu perdão. Serão
missionários da misericórdia, porque se farão, junto de todos, artífices dum
encontro cheio de humanidade, fonte de libertação, rico de responsabilidade
para superar os obstáculos e retomar a vida nova do Batismo. Na sua missão,
deixar-se-ão guiar pelas palavras do Apóstolo: « Deus encerrou a todos na
desobediência, para com todos usar de misericórdia » (Rm 11, 32). Na verdade todos, sem excluir ninguém, estão chamados a acolher
o apelo à misericórdia. Os missionários vivam esta chamada, sabendo que podem
fixar o olhar em Jesus, « Sumo Sacerdote misericordioso e fiel » (Hb 2, 17).
Peço aos irmãos bispos que convidem e acolham estes
Missionários, para que sejam, antes de tudo, pregadores convincentes da
misericórdia. Organizem-se, nas dioceses, « missões populares », de modo que
estes Missionários sejam anunciadores da alegria do perdão. Seja-lhes pedido
que celebrem o sacramento da Reconciliação para o povo, para que o tempo de
graça, concedido neste Ano Jubilar, permita a tantos filhos afastados encontrar
de novo o caminho para a casa paterna. Os pastores, especialmente durante o
tempo forte da Quaresma, sejam solícitos em convidar os fiéis a aproximar-se «
do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e encontrar graça » (Hb 4, 16).
19. Que a palavra do perdão possa chegar a todos e
a chamada para experimentar a misericórdia não deixe ninguém indiferente. O meu
convite à conversão dirige-se, com insistência ainda maior, àquelas pessoas que
estão longe da graça de Deus pela sua conduta de vida. Penso de modo particular
nos homens e mulheres que pertencem a um grupo criminoso, seja ele qual for.
Para vosso bem, peço-vos que mudeis de vida. Peço-vo-lo em nome do Filho de
Deus que, embora combatendo o pecado, nunca rejeitou qualquer pecador. Não
caiais na terrível cilada de pensar que a vida depende do dinheiro e que, à
vista dele, tudo o mais se torna desprovido de valor e dignidade. Não passa de
uma ilusão. Não levamos o dinheiro connosco para o além. O dinheiro não nos dá
a verdadeira felicidade. A violência usada para acumular dinheiro que transuda
sangue não nos torna poderosos nem imortais. Para todos, mais cedo ou mais
tarde, vem o juízo de Deus, do qual ninguém pode escapar.
O mesmo convite chegue também às pessoas fautoras
ou cúmplices de corrupção. Esta praga putrefacta da sociedade é um pecado grave
que brada aos céus, porque mina as próprias bases da vida pessoal e social. A
corrupção impede de olhar para o futuro com esperança, porque, com a sua
prepotência e avidez, destrói os projectos dos fracos e esmaga os mais pobres.
É um mal que se esconde nos gestos diários para se estender depois aos escândalos
públicos. A corrupção é uma contumácia no pecado, que pretende substituir Deus
com a ilusão do dinheiro como forma de poder. É uma obra das trevas, alimentada
pela suspeita e a intriga. Corruptio
optimi pessima: dizia, com razão, São Gregório
Magno, querendo indicar que ninguém pode sentir-se imune desta tentação. Para a
erradicar da vida pessoal e social são necessárias prudência, vigilância,
lealdade, transparência, juntamente com a coragem da denúncia. Se não se
combate abertamente, mais cedo ou mais tarde torna-nos cúmplices e destrói-nos
a vida.
Este é o momento favorável para mudar de vida! Este
é o tempo de se deixar tocar o coração. Diante do mal cometido, mesmo crimes
graves, é o momento de ouvir o pranto das pessoas inocentes espoliadas dos
bens, da dignidade, dos afetos, da própria vida. Permanecer no caminho do mal
é fonte apenas de ilusão e tristeza. A verdadeira vida é outra coisa. Deus não
se cansa de estender a mão. Está sempre disposto a ouvir, e eu também estou,
tal como os meus irmãos bispos e sacerdotes. Basta acolher o convite à
conversão e submeter-se à justiça, enquanto a Igreja oferece a misericórdia.
20. Neste contexto, não será inútil recordar a
relação entre justiça e misericórdia. Não são dois aspectos em contraste entre si, mas duas dimensões duma
única realidade que se desenvolve gradualmente até atingir o seu clímax na
plenitude do amor. A justiça é um conceito fundamental para a sociedade civil,
normalmente quando se faz referimento a uma ordem jurídica através da qual se
aplica a lei. Por justiça entende-se também que a cada um deve ser dado o que
lhe é devido. Na Bíblia, alude-se muitas vezes à justiça divina, e a Deus como
juiz. Habitualmente é entendida como a observância integral da Lei e o
comportamento de todo o bom judeu conforme aos mandamentos dados por Deus. Esta
visão, porém, levou não poucas vezes a cair no legalismo, mistificando o
sentido original e obscurecendo o valor profundo que a justiça possui. Para
superar a perspectiva legalista, seria preciso lembrar que, na Sagrada
Escritura, a justiça é concebida essencialmente como um abandonar-se confiante
à vontade de Deus.
Por sua vez, Jesus fala mais vezes da importância
da fé que da observância da lei. É neste sentido que devemos compreender as
suas palavras, quando, encontrando-Se à mesa com Mateus e outros publicanos e
pecadores, disse aos fariseus que O acusavam por isso mesmo: « Ide aprender o
que significa: Prefiro
a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os
justos, mas os pecadores » (Mt 9, 13). Diante da visão duma justiça como mera observância da lei, que
julga dividindo as pessoas em justos e pecadores, Jesus procura mostrar o
grande dom da misericórdia que busca os pecadores para lhes oferecer o perdão e
a salvação. Compreende-se que Jesus, por causa desta sua visão tão libertadora
e fonte de renovação, tenha sido rejeitado pelos fariseus e os doutores da lei.
Estes, para ser fiéis à lei, limitavam-se a colocar pesos sobre os ombros das
pessoas, anulando porém a misericórdia do Pai. O apelo à observância da lei não
pode obstaculizar a atenção às necessidades que afectam a dignidade das
pessoas.
A propósito, é muito significativo o apelo que
Jesus faz ao texto do profeta Oseias: « Eu quero a misericórdia e não os
sacrifícios » (6, 6). Jesus afirma que, a partir de agora, a regra de vida dos
seus discípulos deverá ser aquela que prevê o primado da misericórdia, como Ele
mesmo dá testemunho partilhando a refeição com os pecadores. A misericórdia
revela-se, mais uma vez, como dimensão fundamental da missão de Jesus. É um
verdadeiro desafio posto aos seus interlocutores, que se contentavam com o
respeito formal da lei. Jesus, pelo contrário, vai além da lei, a sua partilha
da mesa com aqueles que a lei considerava pecadores permite compreender até
onde chega a sua misericórdia.
Também o apóstolo Paulo fez um percurso semelhante.
Antes de encontrar Cristo no caminho de Damasco, a sua vida era dedicada a
servir de maneira irrepreensível a justiça da lei (cf. Fl 3, 6). A conversão a Cristo levou-o a inverter a sua visão, a ponto de
afirmar na Carta aos Gálatas: « Também nós acreditámos em Cristo Jesus, para
sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da lei » (2, 16). A sua
compreensão da justiça muda radicalmente: Paulo agora põe no primeiro lugar a
fé, e já não a lei. Não é a observância da lei que salva, mas a fé em Jesus
Cristo, que, pela sua morte e ressurreição, traz a salvação com a misericórdia
que justifica. A justiça de Deus torna-se agora a libertação para quantos estão
oprimidos pela escravidão do pecado e todas as suas consequências. A justiça de
Deus é o seu perdão (cf. Sl 51/50, 11-16).
21. A misericórdia não é contrária à justiça, mas
exprime o comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova
possibilidade de se arrepender, converter e acreditar. A experiência do profeta
Oseias ajuda-nos, mostrando-nos a superação da justiça na linha da
misericórdia. A época em que viveu este profeta conta-se entre as mais
dramáticas da história do povo judeu. O Reino está próximo da destruição; o
povo não permaneceu fiel à aliança, afastou-se de Deus e perdeu a fé dos pais.
Segundo uma lógica humana, é justo que Deus pense em rejeitar o povo infiel:
não observou o pacto estipulado e, consequentemente, merece a devida pena, ou
seja, o exílio. Assim o atestam as palavras do profeta: « Não voltará para o
Egito, mas a Assíria será o seu rei, porque recusaram converter-se » (Os 11, 5). E todavia, depois desta reação que faz apelo à justiça, o
profeta muda radicalmente a sua linguagem e revela o verdadeiro rosto de Deus:
« O meu coração dá voltas dentro de mim, comovem-se as minhas entranhas. Não
desafogarei o furor da minha cólera, não voltarei a destruir Efraim; porque sou
Deus e não um homem, sou o Santo no meio de ti e não me deixo levar pela ira »
(11, 8-9). Santo Agostinho, de certo modo comentando as palavras do profeta,
diz: « É mais fácil que Deus contenha a ira do que a misericórdia ».[13] É mesmo
assim! A ira de Deus dura um instante, ao passo que a sua misericórdia é
eterna.
Se Deus Se detivesse na justiça, deixaria de ser
Deus; seria como todos os homens que clamam pelo respeito da lei. A justiça por
si só não é suficiente, e a experiência mostra que, limitando-se a apelar para
ela, corre-se o risco de a destruir. Por isso Deus, com a misericórdia e o
perdão, passa além da justiça. Isto não significa desvalorizar a justiça ou
torná-la supérflua. Antes pelo contrário! Quem erra, deve descontar a pena; só
que isto não é o fim, mas o início da conversão, porque se experimenta a
ternura do perdão. Deus não rejeita a justiça. Ele engloba-a e supera-a num
evento superior onde se experimenta o amor, que está na base duma verdadeira
justiça. Devemos prestar muita atenção àquilo que escreve Paulo, para não cair
no mesmo erro que o apóstolo censurava nos judeus seus contemporâneos: « Por
não terem reconhecido a justiça que vem de Deus e terem procurado estabelecer a
sua própria justiça, não se submeteram à justiça de Deus. É que o fim da Lei é
Cristo, para que, deste modo, a justiça seja concedida a todo o que tem fé » (Rm 10, 3-4). Esta justiça de Deus é a misericórdia concedida a todos como
graça, em virtude da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Portanto a Cruz de
Cristo é o juízo de Deus sobre todos nós e sobre o mundo, porque nos oferece a
certeza do amor e da vida nova.
22. O Jubileu inclui também o referimento à indulgência. Esta, no Ano Santo da Misericórdia, adquire uma relevância particular.
O perdão de Deus para os nossos pecados não conhece limites. Na morte e
ressurreição de Jesus Cristo, Deus torna evidente este seu amor que chega ao
ponto de destruir o pecado dos homens. É possível deixar-se reconciliar com
Deus através do mistério pascal e da mediação da Igreja. Por isso, Deus está
sempre disponível para o perdão, não Se cansando de o oferecer de maneira
sempre nova e inesperada. No entanto todos nós fazemos experiência do pecado.
Sabemos que somos chamados à perfeição (cf. Mt 5, 48), mas sentimos fortemente o
peso do pecado. Ao mesmo tempo que notamos o poder da graça que nos transforma,
experimentamos também a força do pecado que nos condiciona. Apesar do perdão,
carregamos na nossa vida as contradições que são consequência dos nossos
pecados. No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são
verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos
nossos comportamentos e pensamentos permanece. A misericórdia de Deus, porém, é
mais forte também do que isso. Ela torna-se indulgência do Pai
que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de
qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com
caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado.
A Igreja vive a comunhão dos Santos. Na Eucaristia,
esta comunhão, que é dom de Deus, realiza-se como união espiritual que nos une,
a nós crentes, com os Santos e Beatos cujo número é incalculável (Ap 7, 4). A sua santidade vem em ajuda da nossa fragilidade, e assim a
Mãe-Igreja, com a sua oração e a sua vida, é capaz de acudir à fraqueza de uns
com a santidade de outros. Portanto viver a indulgência no Ano Santo significa
aproximar-se da misericórdia do Pai, com a certeza de que o seu perdão cobre
toda a vida do crente. A indulgência é experimentar a santidade da Igreja que
participa em todos os benefícios da redenção de Cristo, para que o perdão se
estenda até às últimas consequências aonde chega o amor de Deus. Vivamos
intensamente o Jubileu, pedindo ao Pai o perdão dos pecados e a indulgência
misericordiosa em toda a sua extensão.
23. A misericórdia possui uma valência que
ultrapassa as fronteiras da Igreja. Ela relaciona-nos com o judaísmo e o
islamismo, que a consideram um dos atributos mais marcantes de Deus. Israel foi
o primeiro que recebeu esta revelação, permanecendo esta na história como o
início duma riqueza incomensurável para oferecer à humanidade inteira. Como
vimos, as páginas do Antigo Testamento estão permeadas de misericórdia, porque
narram as obras que o Senhor realizou em favor do seu povo, nos momentos mais
difíceis da sua história. O islamismo, por sua vez, coloca entre os nomes dados
ao Criador o de Misericordioso e Clemente. Esta invocação aparece com
frequência nos lábios dos fiéis muçulmanos, que se sentem acompanhados e sustentados
pela misericórdia na sua fraqueza diária. Também eles acreditam que ninguém
pode pôr limites à misericórdia divina, porque as suas portas estão sempre
abertas.
Possa este Ano Jubilar, vivido na misericórdia,
favorecer o encontro com estas religiões e com as outras nobres tradições
religiosas; que ele nos torne mais abertos ao diálogo, para melhor nos
conhecermos e compreendermos; elimine todas as formas de fechamento e desprezo
e expulse todas as formas de violência e discriminação.
24. O pensamento volta-se agora para a Mãe da
Misericórdia. A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para
podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus. Ninguém, como
Maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem. Na sua vida,
tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita carne. A Mãe do
Crucificado Ressuscitado entrou no santuário da misericórdia divina, porque
participou intimamente no mistério do seu amor.
Escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus, Maria
foi preparada desde sempre, pelo amor do Pai, para ser Arca da Aliança entre Deus e os homens. Guardou, no seu coração, a misericórdia divina
em perfeita sintonia com o seu Filho Jesus. O seu cântico de louvor, no limiar
da casa de Isabel, foi dedicado à misericórdia que se estende « de geração em
geração » (Lc 1, 50). Também nós estávamos presentes naquelas palavras proféticas da
Virgem Maria. Isto servir-nos-á de conforto e apoio no momento de atravessarmos
a Porta Santa para experimentar os frutos da misericórdia divina.
Ao pé da cruz, Maria, juntamente com João, o
discípulo do amor, é testemunha das palavras de perdão que saem dos lábios de
Jesus. O perdão supremo oferecido a quem O crucificou, mostra-nos até onde pode
chegar a misericórdia de Deus. Maria atesta que a misericórdia do Filho de Deus
não conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém. Dirijamos-Lhe a
oração, antiga e sempre nova, da Salve
Rainha, pedindo-Lhe que nunca se canse
de volver para nós os seus olhos misericordiosos e nos faça dignos de contemplar
o rosto da misericórdia, seu Filho Jesus.
E a nossa oração estenda-se também a tantos Santos
e Beatos que fizeram da misericórdia a sua missão vital. Em particular, o
pensamento volta-se para a grande apóstola da Misericórdia, Santa Faustina
Kowalska. Ela, que foi chamada a entrar nas profundezas da misericórdia divina,
interceda por nós e nos obtenha a graça de viver e caminhar sempre no perdão de
Deus e na confiança inabalável do seu amor.
25. Será, portanto, um Ano Santo extraordinário
para viver, na existência de cada dia, a misericórdia que o Pai, desde sempre,
estende sobre nós. Neste Jubileu, deixemo-nos surpreender por Deus. Ele nunca
Se cansa de escancarar a porta do seu coração, para repetir que nos ama e
deseja partilhar connosco a sua vida. A Igreja sente, fortemente, a urgência de
anunciar a misericórdia de Deus. A sua vida é autêntica e credível, quando faz
da misericórdia seu convicto anúncio. Sabe que a sua missão primeira, sobretudo
numa época como a nossa cheia de grandes esperanças e fortes contradições, é a
de introduzir a todos no grande mistério da misericórdia de Deus, contemplando
o rosto de Cristo. A Igreja é chamada, em primeiro lugar, a ser verdadeira
testemunha da misericórdia, professando-a e vivendo-a como o centro da Revelação
de Jesus Cristo. Do coração da Trindade, do íntimo mais profundo do mistério de
Deus, brota e flui incessantemente a grande torrente da misericórdia. Esta
fonte nunca poderá esgotar-se, por maior que seja o número daqueles que dela se
abeirem. Sempre que alguém tiver necessidade poderá aceder a ela, porque a
misericórdia de Deus não tem fim. Quanto insondável é a profundidade do
mistério que encerra, tanto é inesgotável a riqueza que dela provém.
Neste Ano Jubilar, que a Igreja se faça eco da
Palavra de Deus que ressoa, forte e convincente, como uma palavra e um gesto de
perdão, apoio, ajuda, amor. Que ela nunca se canse de oferecer misericórdia e
seja sempre paciente a confortar e perdoar. Que a Igreja se faça voz de cada
homem e mulher e repita com confiança e sem cessar: « Lembra-te, Senhor, da tua
misericórdia e do teu amor, pois eles existem desde sempre » (Sl 25/24, 6).
Dado em
Roma, junto de São Pedro, no dia 11 de Abril – véspera do II Domingo de Páscoa
ou da Divina Misericórdia – do Ano do Senhor de 2015, o terceiro de
pontificado.
Francisco
[2] Discurso de abertura do
Concílio Ecuménico Vaticano II, Gaudet Mater Ecclesia (11 de Outubro de 1962), 2-3.
[6] Domingo XXVI do Tempo Comum. Esta
colecta já aparece, no séc. VIII, entre os textos eucológios do Sacramentário
Gelasiano (1198).
Dia 19 de abril- Domingo das Portadoras de Aromas
O Anjo, sentado junto do túmulo,
disse às mulheres
portadoras de aromas:
«Os aromas convêm aos mortos;
Cristo, porém, mostrou-se alheio à corrupção.
Aclamai, pois: O Senhor ressuscitou
dando ao mundo a grande misericórdia!»
«Os aromas convêm aos mortos;
Cristo, porém, mostrou-se alheio à corrupção.
Aclamai, pois: O Senhor ressuscitou
dando ao mundo a grande misericórdia!»
Grande Semana Santa
2015
As fotos das celebrações da Grande
Semana estão postadas abaixo de cada
dia do programa a seguir.
Ofício pelos Falecidos e Divina Liturgia no Sábado de Lázaro
Ícone da Ressurreição de Lázaro e de Entrada Triunfal de Nosso Senhor em Jerusalém
Os nomes dos Falecidos foram depositados diante do altar
Dia 28 de março- SÁBADO DE LÁZARO
Ofício pelos Falecidos e Divina Liturgia ás 18:30 horas- Início
da Grande Semana Santa.
Início da Grande Semana Santa: nenhum outro Rito da Igreja rivaliza com esta delicadeza do Rito Bizantino ao recordar a Ressurreição de Lázaro.
A Grande Semana inicia com uma ressurreição e culmina com outra. Em nossa Paróquia os Falecidos serão sufragados por um Ofício, seus nomes serão depositados diante do ícone da ressurreição de Lázaro e da Entrada Triunfal do Senhor em Jerusalém.
Sábado
de Lázaro
« Tendo completado o percurso dos 40 dias... nós
suplicamos ver a Semana Santa da tua paixão. »
É com
essas palavras, cantadas nas vésperas da sexta-feira de Ramos, que termina a
quaresma, e que entramos na comemoração anual dos sofrimentos de Cristo, de sua
morte e de sua ressurreição. Ela começa no sábado de Lázaro. A festa da ressurreição
de Lázaro, somada à da entrada do Senhor em Jerusalém, é chamada nos textos
litúrgicos: "Prelúdio da Cruz."
É portanto no contexto da grande semana que o significado desta festa
dupla fica mais claro. O tropário comum à esses dois dias nos diz:
« Ressuscitando
Lázaro, o Cristo confirmou a verdade da Ressurreição Universal. »
Aqueles que estão familiarizados com a liturgia bizantina, conhecem o
caráter singular e paradoxal dos ofícios desse sábado de Lázaro. Esse sábado é
celebrado como um domingo, quer dizer que se celebra aí o ofício da
Ressurreição quando, normalmente, o sábado é consagrado à comemoração dos
defuntos. A alegria que ressoa no ofício sublinha o tema principal: a vitória
próxima de Cristo sobre o Hades. Na Bíblia, o Hades significa a morte e seu
poder universal, a noite inevitável e a destruição que traga toda a vida,
envenenando com suas trevas devastadoras o mundo inteiro. Mas eis que, pela
ressurreição de Lázaro, "a morte começa a tremer"; é o começo
de um duelo decisivo entre a vida e a morte, um duelo que nos dá a chave de
todo o mistério litúrgico da Páscoa. Para a Igreja primitiva, o sábado de
Lázaro era, o "anúncio da Páscoa"; de fato, esse sábado
proclama e já faz aparecer a maravilhosa luz e a paz do sábado seguinte: o
grande e santo Sábado, o dia do túmulo vivificante que dá a vida.
Compreendemos logo que Lázaro, "o amigo de Jesus,"
personifica cada um de nós e toda a humanidade, e que Betânia, "a
casa" do homem Lázaro, é o símbolo de todo o universo, habitat do homem.
Todo homem foi criado amigo de Deus e chamado a esta amizade divina que
consiste no conhecimento de Deus, na comunhão com ele, o compartilhar da mesma
vida: "A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens" (Jo.
1,4). E portanto este amigo bem amado de Deus, criado por amor, ei-lo
destruído, aniquilado por um poder que Deus não criou: a morte. Deus é
afrontado em sua obra por um poder que a destrói e torna nulo seu desígnio. A
criação é apenas tristeza, lamentação, lágrimas e finalmente morte. Como é
possível? Essas questões se encontram latentes no texto detalhado que João nos
faz da vinda de Jesus à tumba de seu amigo. "Uma vez chegado à tumba de
seu amigo," diz o evangelista, "Jesus chorou" (Jo.
11,35). Por que ele chora, uma vez que ele sabe que dentro de um instante ele
ressuscitará Lázaro à vida?
Os
hinógrafos bizantinos não souberam compreender o sentido verdadeiro dessas
lágrimas, atribuindo-as à sua natureza humana, uma vez que, de sua natureza
divina ele detinha o poder de ressuscitar os mortos. Entretanto, a Igreja Oriental católica e ortodoxa ensina claramente
que todas as ações de Cristo são teândricas, isto é, ao mesmo tempo divinas e
humanas, sendo as ações do único e mesmo Deus-Homem, o Filho de Deus encarnado.
É o Homem-Deus que vemos chorar, é o Homem-Deus que fará sair Lázaro de seu
túmulo. Ele chora. . . são lágrimas divinas; ele chora porque contempla o
triunfo da morte e da destruição da criação saída das mãos de Deus. "Ele
já cheira mal," dizem os judeus, como para impedir Jesus de se aproximar
do corpo; terrível advertência que vale para todo o universo, para toda a Vida.
Deus é Vida e Doador de Vida, ele chamou o homem para esta realidade divina da
vida, e eis "que ele cheira mal." O mundo foi criado para
refletir e proclamar a glória de Deus, e eis "que ele cheira mal!"
No túmulo de Lázaro Deus encontra a morte, a realidade da antivida, da
destruição e do desespero. Ele se encontra face à face com seu Inimigo que lhe
arrebatou a criação, que era sua, para tornar-se o Príncipe. Nós que seguimos
Jesus se aproximando do túmulo, entramos com ele na sua Hora, aquela que ele
anunciou frequentemente como o apogeu e o cumprimento de toda sua obra. Neste
curto versículo do Evangelho: "Jesus chorou," é a Cruz que é
anunciada, sua necessidade e seu significado universal. Compreendemos agora que
é porque "Jesus chorou," melhor dizendo porque ele amava seu
amigo Lázaro, que ele tem o poder de o chamar à vida. A ressurreição não é a
simples manifestação de um poder divino, mas antes o poder de um amor, o amor
tornado poder. Deus é Amor e Amor é Vida, ele é criador de vida. . . É o Amor
que chora sobre o túmulo e é o Amor também que dá a vida; lá está o sentido das
lágrimas divinas de Jesus. Elas nos mostram o amor de novo à obra, recriando,
resgatando e restaurando a vida humana presa das trevas: "Lázaro, sai
para fora!..."
Eis
porque esse sábado de Lázaro inaugura ao mesmo tempo a cruz como supremo sacrifício
de Amor, e a ressurreição como seu último triunfo:
« Cristo é
para todos alegria, verdade, luz e vida, Ele é a ressurreição do
mundo, n'Ele o amor apareceu para aqueles que estão na terra, imagem da
ressurreição, concedendo a todos o perdão divino. » (Kondákion do Sábado de Lázaro)
Alexander
SCHMEMANN.
Professor e teótogo ortodoxo (1921-1983)
Ó Cristo Deus, dando-nos, antes da vossa
Paixão,
uma garantia da
ressurreição geral,
ressuscitastes
Lázaro dos mortos;
por isso, nós
também, como os filhos dos hebreus,
levamos os símbolos
da vitória, clamando:
Ó vencedor da
morte, hosana nas alturas!
Bendito o que vem
em nome do Senhor!
Dia 29 de março- DOMINGO DE RAMOS.
Divina Liturgia com Benção e Procissão de Ramos ás 09:00 horas. (Única
celebração do dia)
Domingo
de Ramos
O domingo que antecede a grande solenidade da Páscoa - dito
Domingo de Ramos seja no Oriente como no Ocidente - é a primeira das três
festas com data móvel que, junto às nove com data fixa, já apresentadas,
completam o grupo das Doze grandes festas do ano litúrgico bizantino.
A Semana Santa na tradição constantinopolitana começa com o
Sábado de Lázaro, no dia anterior ao Domingo de Ramos, cujo tropário principal
é repetido em todas as Horas do domingo junto a outro, próprio do dia, que
repete a aclamação dirigida a Jesus na sua entrada em Jerusalém.
2º Tropário da festa (4º tom).
"Sepultados contigo pelo batismo, Cristo
nosso Deus, por tua ressurreição, nos tornamos dignos da vida imortal. Por isso
a ti cantamos em alta voz: Hosana no mais alto dos céus; bendito o que vem em
nome do Senhor!"
"Festa esplêndida e gloriosa" é chamada pelo Triódion bizantino e de fato pode-se notar um
tom festivo e alegre em seus textos, ao passo que para os católicos romanos a
Missa do dia é velada de certa tristeza com a leitura que se faz da paixão de
Cristo. Na liturgia eucarística bizantina se lê o Evangelho de João (12:1-8),
com o episódio de Marta e Maria e da entrada de Jesus em Jerusalém.
"Alegra-te e permanece na alegria,
cidade de Sião; permanece na alegria e exulta, Igreja de Deus, pois o teu Rei
se aproxima" (do oficio de Vésperas). "O Senhor Deus apareceu-nos!
Celebrai juntos esta festa: vinde
jubilosos, adoremos Cristo e aclamemo-lo: Bendito o que vem em nome do Senhor
nosso Salvador!" (do ofício de Matinas).
Também para o Domingo de Ramos temos um testemunho da
peregrina Etéria sobre como se desenvolvia, em meados do século IV, a reunião
dos fiéis na basílica do Eleona no Monte das Oliveiras, e a procissão que lhe
seguia, com o povo agitando ramos de palmeira ou de oliveira até ao Calvário e
à basílica da Anástasis (isto é, da Ressurreição, a mesma que os católicos
latinos chamam de Santo Sepulcro). A Procissão dos Ramos de Jerusalém
espalhou-se em seguida por quase todas as Igrejas do Oriente e do Ocidente, mas
somente poucas conservaram esse costume. Os textos litúrgicos bizantinos
repetem o desenrolar-se do evento, contemplam ao mesmo tempo o fato visível e a
realidade eterna, como neste breve hino que se segue.
Kontákion (6º tom).
"Nos céus assentado num trono, aqui
na terra montado num jumentinho, ó Cristo Deus, acolhe os louvores dos anjos e
as aclamações das crianças que gritam: Bendito és tu que vens soerguer o Adão
decaído."
Não faltam aplicações para os fiéis de hoje:
"Com ramos espirituais de palmeira,
com a alma purificada, aclamamos a Cristo como os meninos, com fé gritando ao
Senhor em alta voz: Bendito és tu, ó Salvador! Espiritualmente te tornaste o
novo Adão e vieste para salvar o Adão da antiga maldição, conforme o teu
beneplácito, ó Amigo dos homens!"
Existe mais um tropário que se poderia definir de central
na festa, repetido em diversos momentos no decorrer dos Ofícios:
"Hoje a graça do Espírito Santo nos
reuniu. Todos, carregando a tua cruz, dizemos: Bendito o que vem no nome do
Senhor! Hosana nas alturas!"
"O triunfo de Jesus na cidade santa
na véspera da Páscoa é um grande mistério. Contemplando os textos bíblicos, as
profecias, os evangelhos, a liturgia sempre descobre neles novas facetas. A
entrada de Jesus em Jerusalém é uma teofania, na linha das antigas teofanias do
Antigo Testamento. A glória de Deus entra na cidade santa (Ez. 43:4), mas
humilhada na humildade do rei manso, do Cordeiro (Jo 1:29), que vem para ser
imolado. Com as crianças, os discípulos, as multidões, os povos, todas as
criaturas participam desse rito de entronização: as forças angélicas, os
elementos cósmicos."
Durante o oficio matutino (nos
países eslavos, freqüentemente antecipado para a noite anterior após as
Vésperas, numa única celebração que forma a Grande vigília) o sacerdote
dirige-se ao meio da nave central para benzer os ramos de palmeira ou de
oliveira que, como na liturgia latina, são considerados símbolos de vitória e
de ressurreição. Os fiéis aproximam-se para recebê-los das mãos dele, enquanto
beijam o ícone alusivo à festa que fixa visualmente os dados da narração
evangélica. No entanto o coro está cantando o cânon, repetindo, provavelmente
várias vezes, o tropário que transcrevemos, com evidentes remissões ao Antigo e
ao Novo Testamento.
Tropário:"O povo de Israel se dessedentou na pedra
dura, aberta sob o teu comando e que fez jorrar água e tu, ó Cristo, eras essa
pedra e a vida; sobre ela foi fundada a Igreja que clama: Hosana! Bendito és tu
que vens!"
Ano Litúrgico Bizantino, Ir. Maria Donadeo
Ícone da Entrada do Senhor em Jerusalém
Ícone da Virgem da Paixão
Os Judeus, louvaram primeiro a Cristo Deus com ramos
e, em seguida, prenderam-no com varapaus.
Quanto a nós, honremo-lo sempre como benfeitor
e com fé inabalável, clamemos:
bendito sois Vós que viestes para fazer Adão reviver!Ó Cristo Deus, que nos
céus estais sentado num trono, e
na terra montado num jumentinho,
recebestes com agrado o canto dos Anjos
e o louvor das crianças que vos aclamavam:
bendito sois Vós que viestes para fazer
Adão reviver!
Dia 01 de
abril- GRANDE QUARTA FEIRA SANTA. Divina Liturgia ás 19:00 horas com a Solene Benção dos Santos Óleos do Batismo,
Enfermos e Penitentes. No Rito Bizantino Católico esta benção é reservada aos Sacerdotes; enquanto que a confecção do Santo "miron" Crisma é prerrogativa do Patriarca.

Vasos com os Santos Óleos (Batismo, Enfermos e Penitentes)
Momentos da Benção e Unção dos Fiéis
Eis que o esposo vem no meio da noite.
Feliz o servo que ele encontrar vigilante.
Aquele, porém, que encontrar imprevidente,
será considerado indigno de acompanhá-lo.
Acautelai-vos, pois, ó minha alma,
a fim de que não sejais entregue à morte
e fiqueis fora das portas do Reino.
Mas, despertai, clamando: "Santo, Santo, Santo sois Vós ó Senhor!
Pela intercessão da Mãe de Deus, tende piedade de nós! Pequei mais que a
pecadora, ó Bom Deus,
mas não vos ofereci torrentes de lágrimas.
Prostro-me agora, diante de Vós, adorando-vos em silêncio
e beijando com amor vossos pés imaculados,
a fim de que Vós, que sois o Senhor,
perdoeis as minhas culpas, a mim que clamo:
"Ó Salvador, tirai-me da lama de minhas ações!"
Dia 02 de
abril- GRANDE QUINTA FEIRA SANTA. Divina
Liturgia da Ceia Mística, Lava pés, Proclamação dos Doze Evangelhos ás 19:00
horas.
A última vela não é apagada após a leitura do último Evangelho que narra a morte de Jesus na cruz: sua chama é guardada até o Sábado Santo para acender a Luz da Ressurreição. A morte não é a palavra final, mas a Vida.
«Recebe-me
Senhor neste dia
Na vossa mística
Ceia
Eu não desvendarei
os mistérios aos vossos inimigos
Eu não vos darei um
beijo como Judas
Mas como o ladrão
arrependido eu vos confesso.
Lembrai-vos de mim
Senhor no vosso Reino. Aleluia! Aleluia! Aleluia!»
Dia 03 de abril- GRANDE SEXTA
FEIRA SANTA. Ofício da Paixão-Cerimônia da descida simbólica da cruz do corpo de Nosso
Senhor, embalsamamento e procissão ás 15:00 horas. (Pedimos para trazer
as rosas vermelhas até ás 12:00 horas)
Exposta no centro da igreja a Santa Cruz foi venerada pelos fiéis que ofertavam rosas vermelhas
A última chama
Esquife para o ícone do Crucificado
Aqui os acólitos retiram da cruz o ícone de Jesus crucificado
O "Antimemsion" sobre o esquife lembra a pedra do Santo Sepulcro
Debaixo do esquife com todos os fiéis recordamos nosso primeiro "sepultamento": o Santo Batismo.
Hoje foi pendurado no madeiro
Aquele que pendurou a terra sobre as águas,Uma coroa de espinhos foi colocada
sobre a cabeça do Rei dos Anjos.
Aquele que revestiu o céu com as nuvens
foi revestido de falsa púrpura.
Aquele que libertou Adão, no Jordão,
recebeu uma bofetada.
O Esposo da Igreja foi pregado com cravos
e o Filho da Virgem teve o lado aberto com uma lança.
Adoramos vossa Paixão, ó Cristo. Mostrai-nos pois, a vossa
Ressurreição gloriosa.
Dia 04 de abril- GRANDE SÁBADO
SANTO. Grande Vigília Pascal com a trasladação do epitáfio, benção do Fogo
Novo e Divina Liturgia ás 19:00 horas;
pedimos para trazer velas, ás 18:30
O ícone da Ressurreição enfeitado com louro, 500 molhos de louro foram distribuidos aos fiéis com um ícone
«Neste dia, o inferno
lamenta-se e grita:
teria valido mais para mim não acolher o filho de Maria,
pois, penetrando em meus domínios, ele pôs fim ao meu poder,
ele quebrou minhas portas de ferro,
e aqueles a quem eu detinha desde tão longo tempo,
sendo Deus, ele os ressuscitou.
Glória, Senhor, a vossa
Cruz e a vossa Ressurreição!
Neste dia, o inferno
lamenta-se e grita:
Meu poder está destruído.
Eu recebi um morto como um qualquer dentre os mortos,
mas não o pude deter de modo algum
e eu vou ser despojado por ele
das almas de quem era o rei.
Eu que desde longo tempo possuía os mortos,
eis que ele os desperta a todos.
Glória, Senhor, a vossa
cruz e a vossa Ressurreição!
Neste dia, o inferno
lamenta-se e grita:
Meu poder está aniquilado,
o Pastor foi posto na Cruz e Adão levantou-se;
eu estou despojado daqueles sobre quem eu reinava,
eu devo entregar todos aqueles que engoli quando era forte.
O Crucificado esvaziou todos os túmulos.
O poderio da morte está sem forças.
Glória, Senhor, a vossa
cruz e a vossa Ressurreição!»
DIA 05 DE ABRIL
GRANDE DOMINGO DA SANTA E VIVIFICANTE
RESSURREIÇÃO DO NOSSO DEUS E SALVADOR JESUS CRISTO
Solene Abertura das Portas e Divina
Liturgia ás 09:00 horas. (Única celebração do dia)
A prósfora entregue a Maria Helena da Família Arbex que por 60 anos oferece o Pão Pascal
No final da Divina Liturgia recebemos a visita do Pe Isidoro sacerdote verbita (Congregação do Verbo Divino)

Os fiéis espalharam folhas de louro por toda a igreja: Cristo o grande atleta é vencedor da morte.
Pão e Palavra: a presença do Cristo Ressuscitado.

Os cânticos em árabe, grego e português dominaram a Liturgia
As companheiras de Maria Madalena,
tendo chegado antes do raiar da aurora,
e encontrando removida a pedra do túmulo,
ouviram um Anjo dizer-lhes:
Por que procurais, como a um homem
e entre os mortos, aquele que vive na luz eterna?
Vede as faixas funerárias; correi e anunciai ao mundo
que o Senhor ressuscitou, tendo vencido a morte,
pois ele é o Filho de Deus, que salva o gênero humano.
Tendo descido ao túmulo, ó imortal,
Vós destruístes o poderio dos infernos
As fotos das celebrações da Grande
Semana estão postadas abaixo de cada
dia do programa a seguir.
Ofício pelos Falecidos e Divina Liturgia no Sábado de Lázaro
Ícone da Ressurreição de Lázaro e de Entrada Triunfal de Nosso Senhor em Jerusalém
Os nomes dos Falecidos foram depositados diante do altar
Início da Grande Semana Santa: nenhum outro Rito da Igreja rivaliza com esta delicadeza do Rito Bizantino ao recordar a Ressurreição de Lázaro.
A Grande Semana inicia com uma ressurreição e culmina com outra. Em nossa Paróquia os Falecidos serão sufragados por um Ofício, seus nomes serão depositados diante do ícone da ressurreição de Lázaro e da Entrada Triunfal do Senhor em Jerusalém.
Sábado
de Lázaro
« Tendo completado o percurso dos 40 dias... nós suplicamos ver a Semana Santa da tua paixão. »
É com
essas palavras, cantadas nas vésperas da sexta-feira de Ramos, que termina a
quaresma, e que entramos na comemoração anual dos sofrimentos de Cristo, de sua
morte e de sua ressurreição. Ela começa no sábado de Lázaro. A festa da ressurreição
de Lázaro, somada à da entrada do Senhor em Jerusalém, é chamada nos textos
litúrgicos: "Prelúdio da Cruz."
É portanto no contexto da grande semana que o significado desta festa
dupla fica mais claro. O tropário comum à esses dois dias nos diz:
« Ressuscitando
Lázaro, o Cristo confirmou a verdade da Ressurreição Universal. »
Aqueles que estão familiarizados com a liturgia bizantina, conhecem o
caráter singular e paradoxal dos ofícios desse sábado de Lázaro. Esse sábado é
celebrado como um domingo, quer dizer que se celebra aí o ofício da
Ressurreição quando, normalmente, o sábado é consagrado à comemoração dos
defuntos. A alegria que ressoa no ofício sublinha o tema principal: a vitória
próxima de Cristo sobre o Hades. Na Bíblia, o Hades significa a morte e seu
poder universal, a noite inevitável e a destruição que traga toda a vida,
envenenando com suas trevas devastadoras o mundo inteiro. Mas eis que, pela
ressurreição de Lázaro, "a morte começa a tremer"; é o começo
de um duelo decisivo entre a vida e a morte, um duelo que nos dá a chave de
todo o mistério litúrgico da Páscoa. Para a Igreja primitiva, o sábado de
Lázaro era, o "anúncio da Páscoa"; de fato, esse sábado
proclama e já faz aparecer a maravilhosa luz e a paz do sábado seguinte: o
grande e santo Sábado, o dia do túmulo vivificante que dá a vida.
Compreendemos logo que Lázaro, "o amigo de Jesus,"
personifica cada um de nós e toda a humanidade, e que Betânia, "a
casa" do homem Lázaro, é o símbolo de todo o universo, habitat do homem.
Todo homem foi criado amigo de Deus e chamado a esta amizade divina que
consiste no conhecimento de Deus, na comunhão com ele, o compartilhar da mesma
vida: "A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens" (Jo.
1,4). E portanto este amigo bem amado de Deus, criado por amor, ei-lo
destruído, aniquilado por um poder que Deus não criou: a morte. Deus é
afrontado em sua obra por um poder que a destrói e torna nulo seu desígnio. A
criação é apenas tristeza, lamentação, lágrimas e finalmente morte. Como é
possível? Essas questões se encontram latentes no texto detalhado que João nos
faz da vinda de Jesus à tumba de seu amigo. "Uma vez chegado à tumba de
seu amigo," diz o evangelista, "Jesus chorou" (Jo.
11,35). Por que ele chora, uma vez que ele sabe que dentro de um instante ele
ressuscitará Lázaro à vida?
Os
hinógrafos bizantinos não souberam compreender o sentido verdadeiro dessas
lágrimas, atribuindo-as à sua natureza humana, uma vez que, de sua natureza
divina ele detinha o poder de ressuscitar os mortos. Entretanto, a Igreja Oriental católica e ortodoxa ensina claramente
que todas as ações de Cristo são teândricas, isto é, ao mesmo tempo divinas e
humanas, sendo as ações do único e mesmo Deus-Homem, o Filho de Deus encarnado.
É o Homem-Deus que vemos chorar, é o Homem-Deus que fará sair Lázaro de seu
túmulo. Ele chora. . . são lágrimas divinas; ele chora porque contempla o
triunfo da morte e da destruição da criação saída das mãos de Deus. "Ele
já cheira mal," dizem os judeus, como para impedir Jesus de se aproximar
do corpo; terrível advertência que vale para todo o universo, para toda a Vida.
Deus é Vida e Doador de Vida, ele chamou o homem para esta realidade divina da
vida, e eis "que ele cheira mal." O mundo foi criado para
refletir e proclamar a glória de Deus, e eis "que ele cheira mal!"
No túmulo de Lázaro Deus encontra a morte, a realidade da antivida, da
destruição e do desespero. Ele se encontra face à face com seu Inimigo que lhe
arrebatou a criação, que era sua, para tornar-se o Príncipe. Nós que seguimos
Jesus se aproximando do túmulo, entramos com ele na sua Hora, aquela que ele
anunciou frequentemente como o apogeu e o cumprimento de toda sua obra. Neste
curto versículo do Evangelho: "Jesus chorou," é a Cruz que é
anunciada, sua necessidade e seu significado universal. Compreendemos agora que
é porque "Jesus chorou," melhor dizendo porque ele amava seu
amigo Lázaro, que ele tem o poder de o chamar à vida. A ressurreição não é a
simples manifestação de um poder divino, mas antes o poder de um amor, o amor
tornado poder. Deus é Amor e Amor é Vida, ele é criador de vida. . . É o Amor
que chora sobre o túmulo e é o Amor também que dá a vida; lá está o sentido das
lágrimas divinas de Jesus. Elas nos mostram o amor de novo à obra, recriando,
resgatando e restaurando a vida humana presa das trevas: "Lázaro, sai
para fora!..."
Eis
porque esse sábado de Lázaro inaugura ao mesmo tempo a cruz como supremo sacrifício
de Amor, e a ressurreição como seu último triunfo:
« Cristo é
para todos alegria, verdade, luz e vida, Ele é a ressurreição do
mundo, n'Ele o amor apareceu para aqueles que estão na terra, imagem da
ressurreição, concedendo a todos o perdão divino. » (Kondákion do Sábado de Lázaro)
Alexander SCHMEMANN.
Professor e teótogo ortodoxo (1921-1983)
Ó Cristo Deus, dando-nos, antes da vossa
Paixão,
uma garantia da ressurreição geral,
ressuscitastes Lázaro dos mortos;
por isso, nós também, como os filhos dos hebreus,
levamos os símbolos da vitória, clamando:
Ó vencedor da morte, hosana nas alturas!
Bendito o que vem em nome do Senhor!
uma garantia da ressurreição geral,
ressuscitastes Lázaro dos mortos;
por isso, nós também, como os filhos dos hebreus,
levamos os símbolos da vitória, clamando:
Ó vencedor da morte, hosana nas alturas!
Bendito o que vem em nome do Senhor!
Domingo
de Ramos
O domingo que antecede a grande solenidade da Páscoa - dito
Domingo de Ramos seja no Oriente como no Ocidente - é a primeira das três
festas com data móvel que, junto às nove com data fixa, já apresentadas,
completam o grupo das Doze grandes festas do ano litúrgico bizantino.
A Semana Santa na tradição constantinopolitana começa com o
Sábado de Lázaro, no dia anterior ao Domingo de Ramos, cujo tropário principal
é repetido em todas as Horas do domingo junto a outro, próprio do dia, que
repete a aclamação dirigida a Jesus na sua entrada em Jerusalém.
2º Tropário da festa (4º tom).
"Sepultados contigo pelo batismo, Cristo
nosso Deus, por tua ressurreição, nos tornamos dignos da vida imortal. Por isso
a ti cantamos em alta voz: Hosana no mais alto dos céus; bendito o que vem em
nome do Senhor!"
"Festa esplêndida e gloriosa" é chamada pelo Triódion bizantino e de fato pode-se notar um
tom festivo e alegre em seus textos, ao passo que para os católicos romanos a
Missa do dia é velada de certa tristeza com a leitura que se faz da paixão de
Cristo. Na liturgia eucarística bizantina se lê o Evangelho de João (12:1-8),
com o episódio de Marta e Maria e da entrada de Jesus em Jerusalém.
"Alegra-te e permanece na alegria,
cidade de Sião; permanece na alegria e exulta, Igreja de Deus, pois o teu Rei
se aproxima" (do oficio de Vésperas). "O Senhor Deus apareceu-nos!
Celebrai juntos esta festa: vinde
jubilosos, adoremos Cristo e aclamemo-lo: Bendito o que vem em nome do Senhor
nosso Salvador!" (do ofício de Matinas).
Também para o Domingo de Ramos temos um testemunho da
peregrina Etéria sobre como se desenvolvia, em meados do século IV, a reunião
dos fiéis na basílica do Eleona no Monte das Oliveiras, e a procissão que lhe
seguia, com o povo agitando ramos de palmeira ou de oliveira até ao Calvário e
à basílica da Anástasis (isto é, da Ressurreição, a mesma que os católicos
latinos chamam de Santo Sepulcro). A Procissão dos Ramos de Jerusalém
espalhou-se em seguida por quase todas as Igrejas do Oriente e do Ocidente, mas
somente poucas conservaram esse costume. Os textos litúrgicos bizantinos
repetem o desenrolar-se do evento, contemplam ao mesmo tempo o fato visível e a
realidade eterna, como neste breve hino que se segue.
Kontákion (6º tom).
"Nos céus assentado num trono, aqui
na terra montado num jumentinho, ó Cristo Deus, acolhe os louvores dos anjos e
as aclamações das crianças que gritam: Bendito és tu que vens soerguer o Adão
decaído."
Não faltam aplicações para os fiéis de hoje:
"Com ramos espirituais de palmeira,
com a alma purificada, aclamamos a Cristo como os meninos, com fé gritando ao
Senhor em alta voz: Bendito és tu, ó Salvador! Espiritualmente te tornaste o
novo Adão e vieste para salvar o Adão da antiga maldição, conforme o teu
beneplácito, ó Amigo dos homens!"
Existe mais um tropário que se poderia definir de central
na festa, repetido em diversos momentos no decorrer dos Ofícios:
"Hoje a graça do Espírito Santo nos
reuniu. Todos, carregando a tua cruz, dizemos: Bendito o que vem no nome do
Senhor! Hosana nas alturas!"
"O triunfo de Jesus na cidade santa
na véspera da Páscoa é um grande mistério. Contemplando os textos bíblicos, as
profecias, os evangelhos, a liturgia sempre descobre neles novas facetas. A
entrada de Jesus em Jerusalém é uma teofania, na linha das antigas teofanias do
Antigo Testamento. A glória de Deus entra na cidade santa (Ez. 43:4), mas
humilhada na humildade do rei manso, do Cordeiro (Jo 1:29), que vem para ser
imolado. Com as crianças, os discípulos, as multidões, os povos, todas as
criaturas participam desse rito de entronização: as forças angélicas, os
elementos cósmicos."
Durante o oficio matutino (nos
países eslavos, freqüentemente antecipado para a noite anterior após as
Vésperas, numa única celebração que forma a Grande vigília) o sacerdote
dirige-se ao meio da nave central para benzer os ramos de palmeira ou de
oliveira que, como na liturgia latina, são considerados símbolos de vitória e
de ressurreição. Os fiéis aproximam-se para recebê-los das mãos dele, enquanto
beijam o ícone alusivo à festa que fixa visualmente os dados da narração
evangélica. No entanto o coro está cantando o cânon, repetindo, provavelmente
várias vezes, o tropário que transcrevemos, com evidentes remissões ao Antigo e
ao Novo Testamento.
Tropário:"O povo de Israel se dessedentou na pedra
dura, aberta sob o teu comando e que fez jorrar água e tu, ó Cristo, eras essa
pedra e a vida; sobre ela foi fundada a Igreja que clama: Hosana! Bendito és tu
que vens!"
Ano Litúrgico Bizantino, Ir. Maria Donadeo
Ícone da Entrada do Senhor em JerusalémÍcone da Virgem da Paixão
Os Judeus, louvaram primeiro a Cristo Deus com ramos
e, em seguida, prenderam-no com varapaus.
Quanto a nós, honremo-lo sempre como benfeitor
e com fé inabalável, clamemos:
bendito sois Vós que viestes para fazer Adão reviver!Ó Cristo Deus, que nos céus estais sentado num trono, e na terra montado num jumentinho,
recebestes com agrado o canto dos Anjos
e o louvor das crianças que vos aclamavam:
bendito sois Vós que viestes para fazer Adão reviver!
e, em seguida, prenderam-no com varapaus.
Quanto a nós, honremo-lo sempre como benfeitor
e com fé inabalável, clamemos:
bendito sois Vós que viestes para fazer Adão reviver!Ó Cristo Deus, que nos céus estais sentado num trono, e na terra montado num jumentinho,
recebestes com agrado o canto dos Anjos
e o louvor das crianças que vos aclamavam:
bendito sois Vós que viestes para fazer Adão reviver!
Vasos com os Santos Óleos (Batismo, Enfermos e Penitentes)
Momentos da Benção e Unção dos Fiéis
Eis que o esposo vem no meio da noite.
Feliz o servo que ele encontrar vigilante.
Aquele, porém, que encontrar imprevidente,
será considerado indigno de acompanhá-lo.
Acautelai-vos, pois, ó minha alma,
a fim de que não sejais entregue à morte
e fiqueis fora das portas do Reino.
Mas, despertai, clamando: "Santo, Santo, Santo sois Vós ó Senhor!
Pela intercessão da Mãe de Deus, tende piedade de nós! Pequei mais que a pecadora, ó Bom Deus,
mas não vos ofereci torrentes de lágrimas.
Prostro-me agora, diante de Vós, adorando-vos em silêncio
e beijando com amor vossos pés imaculados,
a fim de que Vós, que sois o Senhor,
perdoeis as minhas culpas, a mim que clamo:
"Ó Salvador, tirai-me da lama de minhas ações!"
Aquele, porém, que encontrar imprevidente,
será considerado indigno de acompanhá-lo.
Acautelai-vos, pois, ó minha alma,
a fim de que não sejais entregue à morte
e fiqueis fora das portas do Reino.
Mas, despertai, clamando: "Santo, Santo, Santo sois Vós ó Senhor!
Pela intercessão da Mãe de Deus, tende piedade de nós! Pequei mais que a pecadora, ó Bom Deus,
mas não vos ofereci torrentes de lágrimas.
Prostro-me agora, diante de Vós, adorando-vos em silêncio
e beijando com amor vossos pés imaculados,
a fim de que Vós, que sois o Senhor,
perdoeis as minhas culpas, a mim que clamo:
"Ó Salvador, tirai-me da lama de minhas ações!"
A última vela não é apagada após a leitura do último Evangelho que narra a morte de Jesus na cruz: sua chama é guardada até o Sábado Santo para acender a Luz da Ressurreição. A morte não é a palavra final, mas a Vida.
«Recebe-me Senhor neste dia
Na vossa mística Ceia
Eu não desvendarei os mistérios aos vossos inimigos
Eu não vos darei um beijo como Judas
Mas como o ladrão arrependido eu vos confesso.
Lembrai-vos de mim Senhor no vosso Reino. Aleluia! Aleluia! Aleluia!»
Exposta no centro da igreja a Santa Cruz foi venerada pelos fiéis que ofertavam rosas vermelhas
A última chama
Esquife para o ícone do Crucificado
Aqui os acólitos retiram da cruz o ícone de Jesus crucificado
O "Antimemsion" sobre o esquife lembra a pedra do Santo Sepulcro
Debaixo do esquife com todos os fiéis recordamos nosso primeiro "sepultamento": o Santo Batismo.
Hoje foi pendurado no madeiro
Aquele que pendurou a terra sobre as águas,Uma coroa de espinhos foi colocada
sobre a cabeça do Rei dos Anjos.
Aquele que revestiu o céu com as nuvens
foi revestido de falsa púrpura.
Aquele que libertou Adão, no Jordão,
recebeu uma bofetada.
O Esposo da Igreja foi pregado com cravos
e o Filho da Virgem teve o lado aberto com uma lança.
sobre a cabeça do Rei dos Anjos.
Aquele que revestiu o céu com as nuvens
foi revestido de falsa púrpura.
Aquele que libertou Adão, no Jordão,
recebeu uma bofetada.
O Esposo da Igreja foi pregado com cravos
e o Filho da Virgem teve o lado aberto com uma lança.
Adoramos vossa Paixão, ó Cristo. Mostrai-nos pois, a vossa
Ressurreição gloriosa.
O ícone da Ressurreição enfeitado com louro, 500 molhos de louro foram distribuidos aos fiéis com um ícone
«Neste dia, o inferno
lamenta-se e grita:
teria valido mais para mim não acolher o filho de Maria,
pois, penetrando em meus domínios, ele pôs fim ao meu poder,
ele quebrou minhas portas de ferro,
e aqueles a quem eu detinha desde tão longo tempo,
sendo Deus, ele os ressuscitou.
teria valido mais para mim não acolher o filho de Maria,
pois, penetrando em meus domínios, ele pôs fim ao meu poder,
ele quebrou minhas portas de ferro,
e aqueles a quem eu detinha desde tão longo tempo,
sendo Deus, ele os ressuscitou.
Glória, Senhor, a vossa
Cruz e a vossa Ressurreição!
Neste dia, o inferno
lamenta-se e grita:
Meu poder está destruído.
Eu recebi um morto como um qualquer dentre os mortos,
mas não o pude deter de modo algum
e eu vou ser despojado por ele
das almas de quem era o rei.
Eu que desde longo tempo possuía os mortos,
eis que ele os desperta a todos.
Meu poder está destruído.
Eu recebi um morto como um qualquer dentre os mortos,
mas não o pude deter de modo algum
e eu vou ser despojado por ele
das almas de quem era o rei.
Eu que desde longo tempo possuía os mortos,
eis que ele os desperta a todos.
Glória, Senhor, a vossa
cruz e a vossa Ressurreição!
Neste dia, o inferno
lamenta-se e grita:
Meu poder está aniquilado,
o Pastor foi posto na Cruz e Adão levantou-se;
eu estou despojado daqueles sobre quem eu reinava,
eu devo entregar todos aqueles que engoli quando era forte.
O Crucificado esvaziou todos os túmulos.
O poderio da morte está sem forças.
Glória, Senhor, a vossa
cruz e a vossa Ressurreição!»Meu poder está aniquilado,
o Pastor foi posto na Cruz e Adão levantou-se;
eu estou despojado daqueles sobre quem eu reinava,
eu devo entregar todos aqueles que engoli quando era forte.
O Crucificado esvaziou todos os túmulos.
O poderio da morte está sem forças.
A prósfora entregue a Maria Helena da Família Arbex que por 60 anos oferece o Pão Pascal
No final da Divina Liturgia recebemos a visita do Pe Isidoro sacerdote verbita (Congregação do Verbo Divino)
Os fiéis espalharam folhas de louro por toda a igreja: Cristo o grande atleta é vencedor da morte.
Pão e Palavra: a presença do Cristo Ressuscitado.
Os cânticos em árabe, grego e português dominaram a Liturgia
As companheiras de Maria Madalena,
tendo chegado antes do raiar da aurora,
e encontrando removida a pedra do túmulo,
ouviram um Anjo dizer-lhes:
Por que procurais, como a um homem
e entre os mortos, aquele que vive na luz eterna?
Vede as faixas funerárias; correi e anunciai ao mundo
que o Senhor ressuscitou, tendo vencido a morte,
pois ele é o Filho de Deus, que salva o gênero humano.
Tendo descido ao túmulo, ó imortal,e encontrando removida a pedra do túmulo,
ouviram um Anjo dizer-lhes:
Por que procurais, como a um homem
e entre os mortos, aquele que vive na luz eterna?
Vede as faixas funerárias; correi e anunciai ao mundo
que o Senhor ressuscitou, tendo vencido a morte,
pois ele é o Filho de Deus, que salva o gênero humano.
Vós destruístes o poderio dos infernos
QUINTO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
Santa Maria do Egito
Tropário:
Fugindo da penumbra do pecado, e
iluminando o vosso coração com a luz de penitencia, chegastes, ó Maria
gloriosa, ao Cristo. Trouxestes convosco a Santíssima e Puríssima Virgem Mãe
Dele, como a vossa intercessora misericordiosa. Assim, recebestes o perdão dos
pecados e vos alegrastes com os anjos pela eternidade.
Santa
Maria do Egito viveu em meados do século 5 e começo do século 6. A sua
juventude não era nada promissora. Ela tinha somente 12 anos, quando saiu de
sua casa em Alexandria, e ficando livre do controle dos pais, jovem e
inexperiente como era, ela se envolveu com a vida devassa. Não havia ninguém
quem podia detê-la, e tinha muitos sedutores e muitas tentações em volta dela.
Assim, ela passou 17 anos nesta vida que leva à perdição, até que Deus
misericordioso providenciou a sua penitencia.
Aconteceu isto assim: Por força das
circunstancias, Maria se juntou a um grupo de peregrinos, que estavam se
dirigindo para a Terra Santa. Durante a viagem no navio, a Maria não parava de
seduzir os romeiros e a pecar. Ao chegar em Jerusalém, ela se juntou a um grupo
de pessoas que iam para a igreja de Ressurreição.
Esta capela egípcia copta ortodoxa em Jerusalém na entrada do Santo Sepulcro é dedicada a Santa Maria Egípcia
Todos homens entravam livremente na
igreja, porém a Maria foi parada por uma mão invisível e não conseguia entrar
de jeito algum. Aí ela compreendeu, que Deus não deixa ela entrar num lugar
santo por causa da sua devassidão.
Ela ficou possuída de um grande temor e de
um grande desejo de penitencia, e começou a pedir a Deus o perdão dos pecados,
prometendo se regenerar. Ela viu logo na entrada o ícone de Nossa Senhora e
começou a pedi-La interceder por ela perante Deus. Logo ela sentiu um grande
alívio e entrou livremente na igreja. Chorando muito no Santo Sepulcro, ela
saiu da igreja completamente transformada.
Maria cumpriu a sua promessa de mudar a
sua vida. Ela se retirou de Jerusalém para o deserto de Jordão e lá viveu quase
meio século em solidão, rezando e jejuando. Assim, com estes atos de penitencia
ela se livrou completamente de todo desejo pecaminoso e purificou o seu coração
para que este se transformasse num templo do Espírito Santo.
O ancião Zossima, no mosteiro do Profeta
João o Precursor, por providencia de Deus, encontrou a santa Maria no deserto,
quando esta já era uma anciã. Ele foi maravilhado com a sua santidade e seu dom
de prever as coisas. Uma vez ele viu a Maria, quando durante a oração ela se
levantou acima da terra, levitando, e uma outra vez, quando ela atravessava o
rio Jordão como uma terra firme.
Na despedida do velho Zossima, Maria
pediu-lhe que ele voltasse dentro de um ano, para dar-lhe a comunhão. Zossima
voltou para o deserto conforme combinado e lhe deu a Santa Comunhão. Depois,
após um ano voltando mais uma vez, ele achou ela morta.
O velho Zossima enterrou as santas
relíquias lá mesmo no deserto e na sua tarefa lhe ajudou um leão, que com as
suas garras cavou a cova para o sepultamento do corpo da justa. Santa Maria
faleceu em 521.
Assim, de uma grande pecadora, a santa
Maria se transformou, com a ajuda de Deus, numa grande justa, numa das maiores
santas e nos deixou um grande exemplo de penitencia. Ela é lembrada pela igreja
em 1 de abril e no 5o domingo
da Quaresma.
Esta capela egípcia copta ortodoxa em Jerusalém na entrada do Santo Sepulcro é dedicada a Santa Maria Egípcia
fESTA DE são josé
(sEGUNDO O rITO rOMANO, NO RITO BIZANTINO É NO PRIMEIRO DOMINGO DEPOIS DO NATAL DO SENHOR)
Queridos irmãos e irmãs!
Celebra-se hoje, (...) , a solenidade de São José. (...) O contexto mariano do Angelus convida a deter-se hoje em veneração sobre a figura do esposo da Bem-Aventurada Virgem Maria e Padroeiro da Igreja universal. Apraz-me recordar que era muito devoto de São José também o amado Papa João Paulo II, o qual lhe dedicou a Exortação apostólica Redemptoris Custos Guarda do Redentor e certamente experimentou a sua assistência na hora da morte.
A figura deste grande Santo, mesmo sendo bastante escondida, reveste na história da salvação uma importância fundamental. Antes de tudo, pertencendo ele à tribo de Judá, ligou Jesus à descendência davídica, de forma que, realizando as promessas sobre o Messias, o Filho da Virgem Maria se pôde tornar verdadeiramente “filho de David”. O Evangelho de Mateus, de modo particular, ressalta as profecias messiânicas que encontraram cumprimento mediante o papel de José: o nascimento de Jesus em Belém (2, 1-6); a sua passagem através do Egipto, onde a Sagrada Família se tinha refugiado (2, 13-15); a alcunha “Nazareno” (2, 22-23). Em tudo isto ele demonstrou-se, ao mesmo nível da esposa Maria, herdeiro autêntico da fé de Abraão: fé no Deus que guia os acontecimentos da história segundo o seu misterioso desígnio salvífico. A sua grandeza, ao mesmo nível da de Maria, sobressai ainda mais porque a sua missão se desempenhou na humildade e no escondimento da casa de Nazaré. De resto, o próprio Deus, na Pessoa do seu Filho encarnado, escolheu este caminho e este estilo a humildade e o escondimento na sua existência terrena.
O exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou. Penso antes de tudo, nos pais e nas mães de família, e rezo para que saibam sempre apreciar a beleza de uma vida simples e laboriosa, cultivando com solicitude o relacionamento conjugal e cumprindo com entusiasmo a grande e difícil missão educativa. Aos sacerdotes, que exercem a paternidade em relação às comunidades eclesiais, São José obtenha que amem a Igreja com afeco e dedicação total, e ampare as pessoas consagradas na sua jubilosa e fiel observância dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência. Proteja os trabalhadores de todo o mundo, para que contribuam com as suas várias profissões para o progresso de toda a humanidade, e ajude cada cristão a realizar com confiança e com amor a vontade de Deus, cooperando assim para o cumprimento da obra da salvação.
Papa Bento XVI
Angelus de 19 de Março de 2006
O exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou. Penso antes de tudo, nos pais e nas mães de família, e rezo para que saibam sempre apreciar a beleza de uma vida simples e laboriosa, cultivando com solicitude o relacionamento conjugal e cumprindo com entusiasmo a grande e difícil missão educativa. Aos sacerdotes, que exercem a paternidade em relação às comunidades eclesiais, São José obtenha que amem a Igreja com afeco e dedicação total, e ampare as pessoas consagradas na sua jubilosa e fiel observância dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência. Proteja os trabalhadores de todo o mundo, para que contribuam com as suas várias profissões para o progresso de toda a humanidade, e ajude cada cristão a realizar com confiança e com amor a vontade de Deus, cooperando assim para o cumprimento da obra da salvação.
Papa Bento XVI
Angelus de 19 de Março de 2006
Quarto domingo da grande quaresma
15 de março
MEMÓRIA DE SÃO JOÃO CLÍMACO (escada)
DE QUE SE TRATA OS
TRINTA DEGRAUS DA ESCADA DE SÃO JOÃO CLIMACO:
1º degrau: a renúncia à vida do mundo;
2º degrau: renúncia aos afetos terrenos;
3º degrau: fuga do mundo;
4º degrau: bem-aventurada e sempre louvável obediência;
5º degrau: verdadeira e sincera penitência;
6º degrau: pensamento da morte e dom de lágrimas;
7º degrau: a tristeza que produz alegria;
8º degrau: a doçura que triunfa a cólera;
9º degrau: esquecimento das injúrias;
10º degrau: fugir da maledicência, que seca a virtude da
caridade;
11º degrau: amor ao silêncio, porque falar muito leva à
vanglória;
12º degrau: fugir da mentira, que é ato de hipocrisia;
13º degrau: combater o enfado e a preguiça, uma vez que
esta última destrói por si só todas as virtudes;
14º degrau: praticar a temperança, porque comer
guloseimas é hipocrisia do estômago;
15º degrau: amor à castidade;
16º degrau: viver a pobreza, oposta à avareza;
17º degrau: não deixar o coração endurecer (isso causa a
morte da alma);
18º degrau: sono e do canto público dos salmos;
19º degrau: fazer vigílias;
20º degrau: timidez pueril;
21º degrau: não praticar a vanglória;
22º degrau: fugir do orgulho;
23º degrau: fugir da blasfêmia;
24º degrau: doçura da alma, simplicidade;
25º degrau: humildade;
26º degrau: discernimento nos pensamentos;
27º degrau: vida interior e paz de alma;
28º degrau: oração, que é santa e fecunda fonte de
virtudes;
29º degrau: recolhimento do espírito e repouso do corpo
que lhe são necessários;
30º degrau: fé, esperança e caridade
PENSAMENTOS DE SÃO JOÃO CLÍMACO:
"O verdadeiro monge: o olhar da alma, imóvel; o
sentido corporal, inabalável... uma luz que não se apaga aos olhos do
coração".
"Aqueles cujo espírito aprendeu a orar, na verdade falam
ao Senhor face a face, como os que falam ao ouvido do imperador; aqueles cuja
boca ora, fazem lembrar os que se prostram diante do imperador, na presença de
toda corte. Os que vivem no mundo são os que dirigem sua súplica ao imperador,
na balbúrdia de todo povo".
"Que vossa oração ignore toda multiplicidade: uma
única palavra bastou ao Publicano e ao filho pródigo para obter o perdão".
"O grande herói da sublime e perfeita oração diz:
'prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência... (1Cor14,19). As
crianças pequenas não tem idéia disso: imperfeito como somos, com a qualidade
também nos é necessária a quantidade. A segunda consegue para nós a
primeira...".
"A solidão do corpo é a ciência e a paz da conduta e
dos sentidos; a solidão da alma, a ciência dos pensamentos e um espírito
inviolável. O amigo da solidão é um espírito de sentinela, valente e
inflexível, sem sono, à porta do coração, para derrubar e matar os que se
aproximam".
"O monge tem necessidade de grande vigilância e de um
espírito isento de agitação. O cenobita tem frequentemente o apoio de um irmão;
o monge, o de um anjo".
"Fechai a porta da cela a vosso corpo, a porta dos
lábios às palavras, a porta interior aos sentidos".
"A obra da solidão (hesychia) é uma despreocupação
total por todas as coisas razoáveis ou não".
"Basta um fio de cabelo para embaralhar a vista;
basta uma simples preocupação para dissipar a solidão (hesychia), pois a
solidão é despojamento dos pensamentos e renúncia às preocupações
razoáveis".
"Quem possui verdadeiramente a paz, não se preocupa
mais com o próprio corpo".
"Quem quer apresentar a Deus um espírito purificado,
e se deixa perturbar pelas preocupações, assemelha-se a alguém que tivesse
entravado fortemente as pernas e pretendesse correr".
"É grande a utilidade da leitura para esclarecer e
recolher o espírito".
"Procurai vossas luzes sobre a ciência da santidade,
mais nos trabalhos do que nos livros".
"Quem se sente diante de Deus, do fundo do coração,
será como uma coluna imóvel durante a oração".
"O monge que vela é um pescador de pensamentos; sabe
distingui-los sem dificuldade, na calma da noite, e apanhá-los".
"Nada de rebuscamento nas palavras de vossa oração:
quantas vezes os balbucios simples e monótonos das crianças fazem o pai
ceder!".
"Não vos entregueis a longos discursos, para que
vosso espírito não se dissipe na procura das palavras. Uma única palavra do
Publicano comoveu a misericórdia de Deus; uma única palavra cheia de fé salvou
o Ladrão".
"A prolixidade na oração frequentemente enche o
espírito de imagens e o dissipa, enquanto muitas vezes o efeito de uma única
palavra (monologia) é recolhê-lo".
"Senti-vos consolados e enternecidos por uma palavra
da oração? Parai nessa palavra; isso quer dizer que o nosso anjo da guarda
então ora conosco".
"Nada de segurança demais, mesmo tento conseguido a
pureza; mas, sim, uma grande humildade, e sentireis então maior
confiança".
"Quando vos tiverdes revestido da doçura da ausência
de ira, não vos será mais muito custoso libertar vosso espírito do
cativeiro".
"Trabalhai para elevar o vosso pensamento, ou
melhor, para recolhê-lo nas palavras de vossa oração; se a fraqueza o faz cair,
levantai-o".
"O primeiro degrau da oração consiste em expulsar,
por meio de um pensamento (ou uma palavra) simples e fixo (monologicamente), as
sugestões, no momento mesmo em que se manifestam. O segundo, em conservar nosso
pensamento unicamente no que dizemos e pensamos".
"Ressuscitados do amor pelo mundo e pelos prazeres,
afastai as preocupações, despojai-vos dos pensamentos, renunciai ao corpo, uma
vez que a oração nada mais é que um exílio do mundo visível e invisível".
"Não se aprende a ver; é um efeito da natureza. A
beleza da oração também não se aprende através do ensinamento. Ela tem em si
própria o seu mestre; Deus 'que ensina ao homem o saber' (Sl 94,10) dá a oração
e abençoa os anos dos justos".
Fontes: Revista
Santo do Dia, Ed. Casa Dois, S. Paulo, 2001.
1º degrau: a renúncia à vida do mundo;
PENSAMENTOS DE SÃO JOÃO CLÍMACO:
TERCEIRO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
DOMINGO DA CRUZ (08 de março)
Os
apóstolos ensinam, conforme vimos, que todas as bênçãos dessa vida e da vida futura é o
resultado direto do sofrimento na cruz do Filho de Deus encarnado. Essas
bênçãos não se estendem somente sobre a humanidade, mas também sobre toda a
natureza e até mesmo sobre todo o universo e elas serão renovadas no dia da
ressurreição geral (cf. Rom 8:18; 2Pdr 3:13). A bênção mais importante
resultante da morte redentora e da ressurreição de Cristo para o ser humano é o
dom de uma nova vida em Cristo e a capacidade de viver aperfeiçoando-se
espiritualmente, para tornar-se semelhante a Deus. Tudo isso é citado nas
Escrituras. As demais bênçãos espirituais acham-se intimamente relacionadas com
a possibilidade do homem transformar-se em um novo homem ou em uma nova criação. Antes da vinda
de Cristo, a humanidade era incapaz de levar uma verdadeira vida espiritual,
pois ela estava prisioneira de seus desejos carnais, que eram freqüentemente
desejos pecaminosos. As bênçãos da redenção de Cristo induz ao homem novos
pensamentos e nova perspectiva na vida. A redenção de Cristo desmascara o vazio
e a vaidade de nossa vida terrena e nos permite perceber o significado de nossa
existência, ajudando-nos aproximarmos a cada passo de nossa meta e nos
revelando como é alegre e maravilhosa a vida futura. A graça do Espírito Santo
ajuda-nos constantemente ao caminho de nosso objetivo final. Ela substitui o
sentimento de opressão e amargura que atinge o homem de maneira geral, pela
sensação de leveza e de paz interior; ela substitui a sede dos prazeres
infames, pela doçura do relacionamento com Deus; ela substitui o amor próprio
doentio, pelo desejo nobre de praticar o bem.
DIVINA LITURGIA, VENERAÇÃO E PROCISSÃO COM A SANTA CRUZ TRAZIDA DE JERUSALÉM (MADEIRA DE OLIVEIRA REVESTIDA DE MADREPÉROLA)
Entretanto, qualquer tipo de crescimento e
aperfeiçoamento requer também esforço pessoal. Deus nos conduz, ajuda-nos e nos
dá todas as ferramentas para o sucesso, porém, constância e luta são
ingredientes necessários para se tornar virtuoso. Todas as dificuldades
externas ou internas são denominadas pessoalmente de "cruz." Todo
cristão é chamado a seguir o Senhor, carregando a cruz de sua vida. Cada
cristão tem que levar sua cruz pessoal, se ele quiser participar da vitória
contra o mal. A salvação consiste de duas partes: a parte objetiva já concluída
por Jesus Cristo na cruz e a parte subjetiva que se baseia no esforço pessoal
para se tornar um verdadeiro cristão. O próprio Senhor falou sobre esse segundo
aspecto da salvação: "O
que não toma a sua cruz e (não) Me segue, não é digno de Mim" (Mt 10:38).
Não há nada desolador para o cristão levar
a sua cruz pessoal. Os apóstolos consolam a si próprios e aos demais, quando
falam sobre o sacrifício do cristão, afirmando: "E, se (somos) filhos, também
(somos) herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; mas isto, se
sofremos com Ele, para ser com Ele glorificados" (Rom 8:17).
Quanto mais um cristão compartilha nos
sofrimentos de Cristo, tanto mais ele compartilhará na Sua glória. Os apóstolos
lembrando o infinito amor de Cristo ainda ensinavam: "Nisto conhecemos o amor de
Deus: em ter dado a Sua vida por nós; igualmente nós devemos também dar a vida
pelos nossos irmãos" (1João
3:16).
Antes de Cristo, a cruz era um instrumento
da mais cruel punição e um símbolo de horror. Depois de Seus sofrimentos, ela
tornou-se o sinal da vitória do bem sobre o mal, da vida sobre a
morte, da lembrança do amor infinito de Deus e da fonte de alegria. O Filho de
Deus encarnado santificou a cruz com Seu sangue, tornou-a condutora de suas
bênçãos e santidade e a transformou em fonte de inspiração dos fiéis. Isso nos
convence a experiência milenar da Igreja. Por causa desses bens, o sinal da
cruz tornou-se um componente essencial na vida do cristão desde os tempos
apostólicos, sendo usado em todos os ofícios religiosos e em orações
particulares. Por exemplo, a água é abençoada com o sinal da cruz e torna-se
água benta, o pão e o vinho são abençoados com o sinal da cruz durante a
liturgia e se transformam no Corpo e Sangue de Cristo. Em resumo, todos os
sacramentos adquirem suas forças espirituais através do sinal da cruz e com o
poder do sinal da cruz expulsa-se a força do mal. Assim como as moscas não
podem suportar a chama, assim os demônios não podem suportar a presença da
cruz. O sinal da cruz protege o cristão de acidentes e infortúnios e atrai a
ajuda de Deus para si. Esse é o porquê, dos cristãos orientais venerarem tanto
a Santa Cruz, de se abençoarem com o sinal da cruz, de usarem a cruz em seu
peito e de adornarem seus lares e templos com cruzes.
Autor: Bispo Alexander
(Mileant)
Tradução: N. Namestnikov
Santo e Divino
Desabafo
(roxo de...deixa prá
lá...)
A Santa Quaresma é também chamado de "primavera da abstinência." Neste
período realmente as almas cristãs recebem novas sementes espirituais, cujos
rebentos dão seus frutos durante o ano todo.
Saindo da beleza e poesia dos textos que nos
ensinam e nos inspiram a irmos de encontro com o as exigências do Tempo
Quaresmal, tem coisas que em virtude da minha ignorância, que não é pouca, eu
não consigo entender. Os mais próximos de mim conhecem meu obstinado vício pela
leitura especialmente patrística, litúrgica e histórica....já rezei, já
perguntei a outrem e até agora nada...afinal vamos ao pomo da minha discórdia: ouvimos o tempo todo os bispos, os padres, os
pregadores(moda agora na nossa Igreja )falando nas Missas, nos programas de
televisão católicos, no rádio, nos jornais(que há de se dizer que todos são uma
m...e os participantes meros artistas sagrados), dizendo que o Tempo da
Grande Quaresma é tempo de REFLEXÃO, SILÊNCIO, PENITÊNCIA,CONVERSÃO, ABSTINÊNCIA,
ORAÇÃO, MORTIFICAÇÃO, JEJUM, ESMOLA e outros recursos mais da boiolice teológica....
Pois bem, então
porque pelo Brasil afora neste sábado e nos demais da Quaresma, as Paróquias
estão repletas de Casamentos, Batizados, Formaturas....sem falar nas Show
Missas...Ora, não estará a mesma Igreja incentivando os fiéis a irem ao encontro
das baladas, do barulho, da bebedeira, da comilança, das risadas, do excesso de
palavras, da moda nada modesta, e outras coisas impublicáveis...Ainda falam em
conservar a Tradição, voltar as Fontes...ora: uma destas fontes da Igreja
indivisa está no nosso Rito Bizantino Católico que nem sequer a MISSA pode ser
celebrada nas quartas e sextas feiras da Quaresma, em virtude da sua solenidade...comungamos dos Dons consagrados no domingo anterior, não realizamos casamentos nem batizados por serem dias intensamente
penitenciais, quanto mais outros eventos que induzem a dispersão ou talvez eu esteja por fora de tudo e quem manda é o costume de chamar de Quaresma os dias que estão entre a Páscoa e o Carnaval.
Portanto, não desperdicem este tempo de salvação! Igual a um campo
preparado durante a primavera, aceitem em vossos corações estas benéficas
sementes, semeadas pela Igreja. "Eis o tempo propício, eis o dia da
salvação!" — assim diz o apóstolo Paulo. A igreja não obriga a ninguém,
mas chama a todos para uma renovação espiritual voluntária: portanto, ouçam com
atenção as suas orações e cânticos, para sentir como ressuscita a vossa alma,
como começa a despertar em vós a sede de uma vida virtuosa. A Quaresma parece
difícil e enfadonha somente àqueles que a cumprem sem pensar em Jesus Cristo,
mas quando é cumprida em nome de Jesus, com fé e amor, aí ela se torna fácil e
gratificante!
A Santa Quaresma é também chamado de "primavera da abstinência." Neste período realmente as almas cristãs recebem novas sementes espirituais, cujos rebentos dão seus frutos durante o ano todo.
DOMINGO DAS SANTAS RELÍQUIAS
(01 de fevereiro, 2º domingo da Grande Quaresma)Santo Padre Papa Francisco segurando a urna com os ossos do Santo Apóstolo Pedro
Dando veneração aos santos de Deus que
partiram com suas almas para o céu, a Santa Igreja ao mesmo tempo honra as
relíquias ou corpos dos santos de Deus que permanecem na terra.
No Velho Testamento não havia a veneração dos
corpos dos justos, pois os justos estavam ainda esperando a sua libertação.
Então também a carne (dos mortos) era considerada impura.
No Novo Testamento após a Encarnação do
Salvador, houve uma elevação não só do conceito do homem em Cristo, mas também
do conceito do corpo como morada do Espírito Santo. O próprio Senhor, o Verbo
de Deus, encarnou e tomou sobre si um corpo humano. Os Cristãos são chamados
para isso: que não só suas almas mas também seus corpos, santificados pelo
santo Batismo, santificados pela recepção do Puríssimo Corpo e Sangue de
Cristo, possam tornar-se verdadeiros templos do Espírito Santo. "Não
sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós?"
(1 Co 6:19). E por isso os corpos dos Cristãos que viveram uma vida justa ou
tornaram-se santos pelo recebimento de uma morte em martírio, são dignos de
especial veneração e honra.
A santa igreja em todos os tempos,
seguindo a Sagrada Tradição, mostrou honra às santas relíquias. Essa honra tem
sido expressa: a) pela reverente coleta e preservação dos remanescentes dos
santos de Deus, como é sabido pelos relatos desde o segundo século, e a seguir
pelos testemunhos dos tempos posteriores; b) na solene descoberta e translação
de santas relíquias; c) nas construção sobre elas de igreja e altares; d) no
estabelecimento de festas em memória de suas descobertas e translações; e) na
peregrinação para santos túmulos, e na decoração deles; f) na regra constante
da Igreja de colocar relíquias de santos mártires na dedicação de altares, ou
de colocar relíquias no santo antimension
sobre o qual é realizada a Divina Liturgia.
Antimension
Essa honra inteiramente natural dada ás
santas relíquias e a outros remanescentes dos santos de Deus tem uma firme
fundamentação no fato que Deus dignou-se a honrá-las e glorificá-las por
inumeráveis sinais e milagres — algo para o que existe testemunho através do
complexo da historia da Igreja.
Relíquia de Santo Antônio de Santana (frei) Galvão
Relíquia de Santo Antônio de Santana (frei) Galvão
Mesmo no Velho Testamento, quando santos não
eram venerados com uma glorificação especial depois da morte, houveram sinais
produzidos pelos corpos dos justos. Assim, o corpo de um certo homem morto,
depois de ter tocado ossos do Profeta Eliseu em seu túmulo, imediatamente
voltou à vida, e o homem morto se pôs sobre seus pés (II Reis 13:21). O corpo
do Profeta Elias foi elevado vivo para o céu, e seu manto, que foi deixado por
ele para Eliseu, dividiu por seu toque (do manto) as águas do Jordão para o
cruzamento do Rio, por Eliseu.
Olhando-se no Velho Testamento, nós lemos
nos Atos dos Apóstolos que lenços e aventais do corpo do Apóstolo Paulo eram
colocados sobre os doentes, e as doenças eram curadas, e espíritos malignos
saiam deles (At 19:12). Os Santos Padres e professores da Igreja tem
testemunhado diante de seus ouvintes e leitores os milagres ocorridos pelos
remanescentes dos santos, e com freqüência eles tem chamado seus contemporâneos
a serem testemunhas da verdade de suas palavras. Por exemplo, Santo Ambrósio
diz em sua homilia na descoberta das relíquias de Santos Gervário e Protásio:
"Vós conhecestes e até mesmo vistes muitos que foram libertados dos
demônios e mais ainda aqueles que não logo tocaram as vestes dos santos que com
suas mãos e foram imediatamente curados de suas doenças. Os milagres da
antiguidade foram renovados desde o tempo quando através da vinda do Senhor
Jesus, foi derramada sobre a abundante graça! Vós vistes muitos que foram
curados como se fosse pela sombra dos santos. Quantas roupas foram passadas de
mão em mão! Quantas vestes, deixadas sobre os remanescentes sagrados, e que
pelo mero toque tornaram-se fonte de cura, que os que crêem pedem de cada
outro! Todos tentam no mínimo um pouco tocar (as vestes), e o que toca fica
curado." Testemunhos similares podem ser lidos em São Gregório o Teólogo,
São Efrem, o Sírio, São João Crisóstomo, Bem Aventurado Agostinho e outros.
Relíquias de Santo Antonio de Santana Galvão, São Jorge,São Charbel e outras veneradas na Paróquia
Já no início do segundo século já
informações sobre a honra dada pelos Cristãos aos remanescestes dos santos.
Assim, depois de descrever a morte por martírio de Santo Inácio Teóforo, Bispo
de Alexandria, uma pessoa que testemunhou essa morte afirmou que "O que
restou de seu corpo (que foi feito em pedaços pelas bestas no circo), só as
partes mais firmes foram pegas e levadas para Antioquia e colocadas em linho
como um inestimável tesouro da graça que habita no mártir, um tesouro deixado
para a Santa Igreja." Os residentes das cidades, começando por Roma,
receberam esses remanescentes em sucessão naquele; e carregaram-nos nos ombros,
como São Crisóstomo mais tarde testemunhou. "para a cidade de Antioquia,
louvando o vitorioso coroado e glorificando o lutador." Da mesma forma,
depois na morte por martírio de São Policarpo como um tesouro mais precioso que
pedras preciosas e mais puro que ouro, e os colocaram "... para a
celebração do dia de seu nascimento por martírio, e para a instrução e
confirmação dos futuros cristãos."
Os remanescentes dos santos (em gregos ta
leipsana, em latim reliquiae, ambos significando o que foi "deixado")
são reverenciados estejam ou não incorruptos pelo respeito pela vida santa ou
pela morte por martírio do santo, mais ainda quando há evidentes e confirmados
sinais de cura pelas orações aos santos pela intercessão deles diante de Deus.
Os concílios da Igreja muitas vezes (por exemplo, o Concílio de Moscou de 1667)
proibiram o reconhecimento dos que passaram como santos, pela simples
incorruptibilidade de seus corpos. Mas com certeza a incorruptibilidade dos
corpos dos justos é aceita como um dos sinais Divinos de sua santidade.
Reliquia de São Pio de Pietrelcina
(Pode-se dizer que a incorruptibilidade de corpo de um morto não é garantia de
santidade: podem ser dados exemplos de swamis orientais cujos corpos estavam
incorruptos muitos tempos depois da morte (seja por meios naturais relacionados
às suas vidas ascéticas, ou por uma imitação demoníaca) e do corpo de alguns
grande santos Ortodoxos (por exemplo, São Serafim de Sarov, São Herman do
Alasca) restaram só ossos. As relíquias de São Nectário de Pentápolis (morto
1920) ficaram incorruptos por muitos anos, e então rapidamente decaíram (no
solo) deixando só ossos perfumados).
Notemos aqui que a palavra eslavônica
moschi;: "relíquias" refere-se não só aos corpos dos santos: no
eslavônico da Igreja essa palavra significa em geral os corpos que repousam
assim no Rito de Sepultamento no Book of Needs nós lemos : "e pegando as
relíquias do que repousou, nós saímos da Igreja" etc. A antiga palavra
eslavônica moschi (da raiz mog) é aparentemente da família da palavra mogila,
"túmulo." Reverenciando as santas relíquias, nós não acreditaríamos
na força ou poder dos remanescentes nos santos, mas sim ma intercessão por
oração dos santos cujas relíquias diante de nós levantam em nossos corações um
sentimento de proximidade dos próprios santos de Deus, que uma vez usaram esses
corpos.
FESTA DA ORTODOXIA
Santos Ícones
O PRIMEIRO DOMINGO DA GRANDE QUARESMA(22 fevereiro) É O
DOMINGO DA ORTODOXIA.
DIVINA LITURGIA COM PROCISSÃO DOS ÍCONES
Ele foi estabelecido como um dia memorial especial pelo Concilio
de Constantinopla em 843. Ele comemora antes de tudo a vitória da Igreja sobre
a heresia dos Iconoclastas: o uso e veneração dos Santos Ícones foi restaurada.
Neste dia nós continuamos a
cantar o tropário da Santa Imagem
de Cristo: "Nós
reverenciamos Tua sagrada Imagem, ó Cristo..."
DIVINA LITURGIA COM PROCISSÃO DOS ÍCONES
Á primeira vista, pode parecer ser uma
ocasião inadequada para comemorar a glória da Igreja e todos os heróis e
mártires da Fé da Igreja. Não seria mais razoável fazer isto nos dias dedicados
à memória dos grandes Concílios Ecumênicos ou dos Santos Padres da Igreja? A
veneração do Ícone não é mais uma peça de um ritual e cerimonial externo? Um Ícone pintado não é justamente mais
uma decoração, muito bonita de fato,
e de diversas maneiras instrutiva, mas dificilmente um artigo de Fé? Esta é a
opinião corrente, infelizmente largamente espalhada mesmo entre os próprios
Ortodoxos e Católicos Orientais. E é a responsável por um pesaroso decaimento
da nossa arte religiosa. Nós usualmente confundimos Ícones com "pinturas religiosas", e
assim não encontramos dificuldade em usar as mais inadequadas pinturas como
Ícones, mesmo nas nossas igrejas. Com excessiva freqüência nós simplesmente
perdemos o significado religioso dos Santos Ícones. Nós esquecemos do verdadeiro e definitivo
propósito dos Ícones.
Olhemos o testemunho de São João Damasceno
— um dos primeiros e maiores defensores dos Santos Ícones na época da luta — o
grande teólogo e poeta devocional da nossa Igreja. Em um de seus sermões em
defesa dos Ícones ele diz: "Eu tenho visto a imagem humana de Deus e minha
alma está salva". É uma afirmação forte e mobilizadora. Deus é invisível,
Ele vive na luz inaproximável. Como pode um homem frágil ver ou contemplar Ele?
Porém, Deus Se manifestou na carne. O Filho de Deus, Que está no seio do Pai,
"desceu do céu" e "Se fez homem". Ele habitou entre os
homens. Este foi o grande movimento do Amor Divino. O Pai Celestial foi movido
pela miséria do homem e enviou Seu Filho porque Ele amava o mundo. "Deus
nunca foi visto por alguém. O Filho Unigênito, Que está no seio do Pai, Este o
fez conhecer." (Jo. 1: 18). O Ícone de Cristo, Deus Encarnado, é um
testemunho contínuo da Igreja para aquele mistério da Santa Encarnação, que é a
base e substância de nossa fé e esperança. Cristo Jesus, nosso abençoado
Senhor, é Deus Encarnado. Isto significa que desde a Encarnação Deus é visível.
Pode-se ter agora uma verdadeira imagem de Deus. A Encarnação é uma
identificação íntima e pessoal de Deus com o homem, com as necessidades e misérias do homem. O
Filho de Deus "Se fez homem", como afirma o Credo, "e por nós
homens e para nossa salvação". Ele tomou sobre Si os pecados do mundo, e
morreu por nós pecadores na árvore da Cruz, e assim Ele fez da Cruz a árvore da
vida para os fiéis. Ele Se tornou o novo e Último Adão. A Cabeça da nova e
redimida humanidade. A Encarnação significa uma intervenção pessoal de Deus na
vida do homem, uma intervenção do Amor e Misericórdia. O Santo Ícone de Cristo
é um símbolo disto, mas muito mais do que um mero símbolo ou sinal. É também um
eficiente sinal e recordação da
presença em habitação de Cristo na Igreja, que é Seu Corpo. Mesmo em uma
pintura comum há sempre algo da pessoa representada. Uma pintura não só nos
lembra da pessoa, mas de alguma forma conduz a alguma coisa dela, isto é,
"representa" a pessoa, ou seja, "torna ela presente de
novo". Isto é ainda mais verdade com a sagrada Imagem de Cristo. Como os
professores da Igreja nos ensinaram — especialmente São Teodoro o Estudita, outro grande confessor e defensor dos
Santos Ícones — um Ícone, em certo sentido, pertence á própria personalidade de
Cristo. O Senhor está lá, nas Suas "Santas Imagens".
Por isso, nem todo mundo tem permissão
para fazer ou pintar um Ícone, se se tratar de verdadeiros Ícones. O pintor de
Ícones deve ser um membro fiel da Igreja, e deve se preparar para sua tarefa
sagrada com jejum e oração. Não se trata somente de uma questão de arte, ou de
habilidade artística ou técnica. É um tipo de testemunho, uma profissão de fé.
Pela mesma razão, a arte em si deve ser subordinada de todo o coração à regra
da fé. Há limites para a imaginação artística. Existem certos padrões
estabelecidos a serem seguidos. Em todo caso, o Ícone de Cristo deve ser
executado de maneira a conduzir à
verdadeira concepção de Sua pessoa, isto é, testemunhar a Sua Divindade, ainda
que Encarnada. Todas estas regras foram mantidas por séculos na Igreja, e então
elas foram esquecidas. Até mesmo descrentes foram autorizados a pintar ícones
de Cristo nas igrejas, e assim certos ‘ícones’ modernos não são mais do que
pinturas, nos mostrando somente um homem. Estas
pinturas falham em ser "Ícones" em qualquer sentido próprio e
verdadeiro, e cessam de ser testemunhas da Encarnação. Em tais casos, nós simplesmente
"decoramos" nossas igrejas.
O uso dos Santos Ícones sempre foi uma das
características mais distintivas da Igreja Ortodoxa e Católica Oriental. O
Ocidente Cristão, mesmo antes do Cisma, tinha pouco entendimento desta
substância dogmática e devocional da pintura de Ícones. No Ocidente ela
significava simplesmente decoração. E foi sob influência ocidental que a
pintura de Ícones também se deteriorou no Oriente nos tempos modernos. O
decaimento da pintura de Ícones foi um sintoma do enfraquecimento da fé. A arte dos Santos Ícones não é uma
matéria neutra. Ele pertence à Fé.
Não deve haver risco, nem
"improvisação" na pintura de nossas igrejas. Cristo nunca está
sozinho, afirma São João Damasceno. Ele está sempre com Seus santos, que são
Seus amigos para sempre. Cristo é a Cabeça, e os verdadeiros fiéis são o Corpo.
Nas igrejas antigas o estado completo da Igreja Triunfante estava representado
pictorialmente nas paredes. De novo, isto não era simplesmente uma decoração,
nem era uma simplesmente uma história contada em linhas e cores para os
ignorantes e iletrados. Era mais uma visão da realidade invisível da Igreja. A
companhia toda do Céu estava representada porque ela estava presente ali,
apesar de invisivelmente. Nós sempre oramos na Divina Liturgia, durante a
Pequena Entrada, "que os Santos Anjos entrem conosco para servirem
conosco...". E nossa oração é, sem dúvida, atendida. Nós não vemos os
Anjos, na verdade. Nossa visão é fraca. Mas é relatado que São Serafim
costumava vê-los, pois eles estavam lá de fato. Os eleitos do Senhor os vêem e
a Igreja Triunfante. Ícones são sinais desta presença. "Quando nós estamos
no templo de Tua glória, nós os vemos nos Céus".
Assim, é bastante natural que no Domingo da Ortodoxia nós devamos
celebrar não somente a restauração da veneração dos Ícones, mas comemorar
também o glorioso corpo de
testemunhas e fiéis que professaram sua fé, mesmo ao custo de sua segurança,
prosperidade e a própria vida mundana. É o grande dia da Igreja. De fato, nesse
dia nós celebramos a Igreja do Verbo Encarnado: nós celebramos o Amor redimidor
do Pai, o Amor Crucificado do Filho, e o Companheirismo do Espírito Santo,
tornados visíveis na companhia toda dos fiéis, que já entraram no Repouso
Celeste, na alegria Permanente do Senhor e Mestre deles. Santos Ícones são
nossas testemunhas do Reino que há de vir, e já presente.
Do
Capítulo VI, "Dimensões da Redenção," da
Collected Works of Georges Florovsky, Vol.
III
15 DE FEVEREIRO
DOMINGO DO PERDÃO (ou dos laticínios)
INÍCIO DA GRANDE QUARESMA
"Vós, Senhor, Orientador para a sabedoria e Doador da prudência,
Mestre dos ignorantes e amparo dos desafortunados,
fortalecei meu coração e dotai-o de compreensão.
Dai-me o poder da palavra, ó Verbo do Pai,
pois não deterei meus lábios para vos aclamar:
"Tende piedade de mim, ó Misericordioso!"
NA FACE DE JESUS CONTEMPLAMOS O AMOR DE DEUS
JOÃO BATISTA E MARGARIDA, DISTRIBUINDO O PÃO BENTO NO FINAL DA SANTA MISSA
Mestre dos ignorantes e amparo dos desafortunados,
fortalecei meu coração e dotai-o de compreensão.
Dai-me o poder da palavra, ó Verbo do Pai,
pois não deterei meus lábios para vos aclamar:
"Tende piedade de mim, ó Misericordioso!"
NA FACE DE JESUS CONTEMPLAMOS O AMOR DE DEUS
JOÃO BATISTA E MARGARIDA, DISTRIBUINDO O PÃO BENTO NO FINAL DA SANTA MISSA
ANTES DO INÍCIO DA DIVINA LITURGIA PEDIMOS PERDÃO MUTUAMENTE ENTRE O PADRE E OS FIÉIS PARA INCIARMOS O TEMPO DA GRANDE QUARESMA COMO TEMPO DE RECONCILIAÇÃO COM DEUS E OS IRMÃOS
DIVINA LITURGIA
DOMINGO ÁS 09:00 - 19:00
Sábado 19:00
Durante a Grande Quaresma a Liturgia dos Dons Presantificados será realizada todas as quartas-feiras ás 08:00